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 [END] - Rendição

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Josiane Veiga
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyQua Dez 09, 2009 2:03 pm

Kyuu escreveu:
oh my dear....
estou virando fa de ohmiya em vez de sakuraiba com todo esse amor meloso. <3 amo isso.
junto com cenas de ciumes, eh o melhor! <33

rs..... e agora...? desse jeito vou acabar trocando sakuraiba por ohmiya.. hum... que problema voce me trouxe agora Josi! hahaha!

hahahaa
amor, pena que essa felicidade acaba já no proximo cap..^^
Brigada pelo comentarii
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptySáb Dez 12, 2009 11:50 pm

Rendição

Capítulo XXVII

Por Josiane Veiga



--------------------------------------------------------------------------------

Sakurai tateou ao lado da cama a procura do despertador. O eletrônico tocava uma música alta e enjoativa, o que fez sua cabeça arder. Ao encontrar a peça, desligou-o e então abriu os olhos. Eram sete da manhã.

Na noite anterior, havia convencido os pais que Masaki e ele estavam revisando um novo quadro para o espetáculo da primavera. Ninguém se importou quando avisou que dormiria fora, no apartamento do amigo. Como não teriam que gravar naquele dia, queria ter aproveitado a folga para dormir até tarde – principalmente porque Aiba e ele passaram boa parte da noite transando -; porém, a intenção, obviamente, não se concretizou.

Virou os olhos para o outro lado da cama. Como sempre, Masaki havia levantado cedo. Suspirou e resolveu também se colocar de pé. Em minutos já havia tomado uma ducha e ia à direção da cozinha.

-Sho-kun – o namorado o recebeu com um sorriso. – Quer tomar café?

Ele olhou para a mesa e a viu completamente cheia de alimentos. Masaki lia o jornal e estava incrivelmente belo naquela manhã. Um sorriso despontou nos lábios de Sakurai. Era realmente um felizardo por ter Aiba em sua vida.

-Ohno-san e Nino-san não levantaram?

-Ainda não...

O moreno aproximou-se da cadeira, e sentou-se. Serviu o café e começou a bebericar com os olhos fixos em Masaki.

-Como podemos aproveitar nossa folga? – indagou ao namorado.

-Hum – Masaki suspirou. – Eu pretendo ir ver Mel-chan...

Tentando controlar sua decepção, Sho sugeriu:

-Faz muito tempo que não temos uma folga. Por que não aproveitamos o dia juntos? Podemos ir a um restaurante, ou ir a um museu.

Sempre que faziam isso, precisavam agir com tanta discrição que o fato incomodava a ambos. Nem tocar-se era permitido. Como precisavam se conter em público, os passeios não eram muito agradáveis.

-Esqueça... – murmurou Sakurai ao ver Masaki sem jeito. – Poderíamos alugar um filme e ir ver no quarto...

-Eu realmente quero ir ver Mel-chan... - Masaki confirmou. – Você pode me acompanhar – sugeriu, logo após.

A proposta não parecia atrativa a Sakurai. Arqueando as sobrancelhas, ele agiu com desdém.

-Vá você! – foi arrogante. – Irei convidar Jun-chan para assistirmos a algum evento!

Masaki deu os ombros. Sabia que nada do que dissesse iria funcionar. O namorado agia como uma criança zangada cada vez que tinha a vontade contrariada. Aiba conhecia bem demais a Sakurai para reconhecer os momentos de ceder, ou não. E aquele não era um momento para desistir dos planos.

Os olhos castanhos claros do loiro seguiram os movimentos leves de Sho. O rapper mordeu o pão e mastigou de forma negligente. Aiba não resistiu, e riu. Sho era tão adorável, mesmo com raiva. Levantou-se, então, da cadeira e foi até Sakurai. Postou-se atrás do amante, beijando-lhe o pescoço.

-Gomenasai, Sho-kun... – murmurou contra a orelha do moreno.

Sakurai até tentou resistir àquela tentativa de sedução, mas rendeu-se tão logo a pele arrepiou-se. Virou a cabeça para trás e uniu a boca a de Aiba. Foi um beijo potente e doce ao mesmo tempo.

-Aishiteru... – o murmuro de Masaki o tirou completamente do sério.

Logo as mãos abandonaram o pão e seguraram a cintura delgada do namorado. Sho puxou o corpo de Aiba contra o seu, beijando os lábios de Masaki com mais força. O gemido audível de Masaki ao sentir toda a extensão de seu delicado corpo encostando-se nos músculos fortes de Sho, excitou-o imediatamente.

-Não, Sho-kun – Masaki negou quando sentiu a rigidez do amante contra si.

-Por que não?

-Eu quero sair hoje, e não ficar no quarto com você...

As sobrancelhas negras de Sakurai elevaram-se.

-Não gosta mais de ficar no quarto comigo? – provocou.

A resposta foi dita num sussurro, boca contra boca:

-Eu adoro, e você sabe! Porém, hoje você não vai me convencer.

-Não mesmo? – Sho pressionou ainda mais o quadril contra Masaki.

A resposta seguinte não foi pronunciada. O som estridente e insistente da campainha fez ambos se soltarem, impedindo que o contato mais íntimo ocorresse.

-Quem será? – Sho indagou, aborrecido.

-Deve ser Karin-chan – Masaki respondeu. – Ela me ligou antes avisando que estava vindo aqui.

-Antes?

-Mais cedo, Sho-kun – Aiba sorriu. – Karin-chan também gosta de levar ao nascer do sol.

Sabendo que a produtora que acompanhava a banda há quase uma década não estranharia a presença do rapper no apartamento de Masaki, Sakurai seguiu Aiba. Mesmo que Karin não tivesse ciência da verdade sobre o relacionamento dos dois, alguma desconfiança devia ter tido, pois seguidas vezes, tanto Sho quanto Aiba acabavam dando alguma mostra. E, mesmo que ela soubesse da verdade, era de confiança da JE, e não falaria sobre o que se passava nos bastidores a nenhum jornal.

-Karin-chan! – Masaki exclamou ao abrir a porta.

Porém, não houve nenhum cumprimento alegre em retribuição. Tampouco Masaki ou Sakurai sorriram ao perceber quem acompanhava a produtora.

Sentindo um frio intenso na espinha, Masaki deu dois passos para trás. Teve medo de perder a força nas pernas naquele instante; entretanto, para sua sorte, Sakurai estava atrás de si, e o sustentou apenas com a respiração contra sua nuca. Sho dava-lhe forças mesmo sem tocar-lhe. Mesmo assim, sentia um medo pavoroso ao encarar o homem de olhos escuros que acompanhava a produtora.

-Senhor Ninomiya... – o saudou, sem jeito. – É uma surpresa vê-lo aqui...

Lembrava-se claramente daquele mesmo olhar frio o recriminando há anos atrás. O pai de Nino trocara poucas palavras com Aiba, mas sua expressão de repugnância era tão nítida, que Masaki, mesmo tantos anos depois, ainda sentia-se diminuído perto dele.

-Não estou aqui porque eu quero – o homem mais velho avisou com a voz forte e insensível, enquanto adentrava a sala espaçosa. – Vim buscar meu filho – comunicou, gelado.

Aiba sentiu uma mão em seu ombro... a mão de Sho.

-Seu filho? Nesses anos todos nunca apareceu para saber de Kazu-chan, e agora... – Sakurai começou, mas foi interrompido.

-Sho-kun – Karin tentou aparentar calma. – O pai de Nino-san entrou em contato com a JE ontem, e os executivos o comunicaram onde Nino-chan se encontrava.

-Kazu-chan está se recuperando de um acidente – Sakurai insistiu.

-Vai se recuperar ao lado da família... – Ninomiya disse.

-Que família? A mesma que o deixou adolescente sozinho em um apartamento?

Prevendo que os dois homens entrariam em conflito, Karin voltou a interferir.

-Sakurai-kun, o senhor Ninomiya é pai de Nino-chan e têm direitos...

-Nino-chan é maior de idade! – Sho quase gritou. – E este homem não tem nenhum direito sob ele!

-Será que os jornais pensarão a mesma coisa?

A verdade apareceu subitamente a Sakurai. O homem estava chantageando a JE? Estava prometendo ir à imprensa se não pudesse ver o filho?

-Graças a Kami-sama, o Japão ainda é um país que prega a moral e a honra – a voz firme de Ninomiya fez Sho tremer. – Sei que toda a imprensa ficará ao meu lado quando eu expuser o tipo de gente que são vocês do Arashi! Vou pedir ajuda a sociedade para recuperar meu filho!

-Recuperar?

-Drogas, orgias... – Ninomiya acusou. – Farei qualquer coisa para ter meu filho de volta!

-Desgraçado... – Sakurai avançou sob ele. – Isso é injuria!

Para sorte do mais velho, Karin colocou-se a frente de Sakurai. Na presença da mulher, Sho recuou. Só então se deu conta que estivera prestes a bater no homem.

-Os boatos sobre drogas na JE aumentaram bastante desde que membros de outras bandas foram fotografados em atitude suspeita – Karin deixou claro sua decisão. – Vocês, no momento, estão em franca ascensão. Um rumor do tipo, agora, poderia prejudicar não só o Arashi, mas também toda a JE. Ficou decidido entre os coordenadores da agência que Nino-chan iria terminar sua recuperação ao lado dos familiares.

A voz firme de Karin irritou Sho.

-Ninguém vai tirar Nino-chan daqui.

Uma risada sarcástica veio do pai de Nino.

-Traga meu filho aqui. Quero ouvir da boca dele que não irá comigo.

~~~~~~~0000~~~~~~~

Os dedos delicados de Ninomiya deslizaram pela pele de Satoshi. Ohno sorriu. Mesmo com os olhos fechados, ele sabia que Nino agora o olhava. E tinha total conhecimento de que o amante sorria também.

Quis ver o rosto amado, e então abriu os olhos. Nino estava deitado ao seu lado, apoiado em seu braço, com os olhos brilhantes.

-Ohayou... – murmurou Satoshi.

Recebeu um beijo leve nos lábios como resposta.

-Não tem que ir gravar hoje, né? – Nino sorriu.

-Não...

-Vamos ficar juntos assim o dia todo! – o sorriso do moreno aumentou nos lábios.

-Não posso, Nino-chan – Ohno o puxou contra ele. – Eu irei ao aeroporto tentar conseguir alguma informação sobre a Audrey...

Kazunari mordeu o lábio inferior. Sabia que Ohno estava certo, Audrey estava silenciosa demais, e poderia estar armando algo. No entanto, Nino sentia que todos aqueles instantes com Ohno precisassem ser aproveitados ao máximo. Não entendia direito o que era aquela sensação, apenas a identificava como uma má impressão... como um presságio de algo ruim...

-Queria ficar assim com você pra sempre... – Ohno murmurou.

Voltaram a se beijar. Em segundos, Ohno já se postava por cima de Kazu, esfregando o membro rígido contra o abdômen do mais novo. Um gemido fraco escapou dos lábios de Nino, que estava completamente excitado.

-Oh-chan – suspirou. – Entra... – pediu, erguendo o quadril.

A risada maliciosa de Ohno o fez rir também.

-Desse jeito você destrói qualquer intenção de preliminar que eu tenha – Satoshi avisou.

Kazunari chegou a erguer a cabeça, para beijar a boca de Ohno. Entretanto, aquele beijo jamais aconteceria. Uma batida forte na porta fez ambos desviarem a atenção.

-Sim? – Ohno indagou, com a voz alta.

-Oh-chan... abra! – Era Aiba.

As sobrancelhas finas de Ohno arquearam-se numa interrogação. O mais velho saiu de cima de Kazu, e levantou-se. Vestiu um roupão que estava sobre a cadeira de canto, escondendo sua nudez. Antes de abrir a porta, ainda observou Nino, que já havia se tapado com o lençol.

-O que foi, Aiba-chan?

Porém, Masaki não estava sozinho. Além do loiro, Sho adentrou ao quarto. Os dois pareciam nervosos.

-Aconteceu alguma coisa? – foi a vez de Nino questionar.

-Vistam-se, por favor... – Aiba apressou-os. – Karin-chan está na sala... – o rapaz foi direto – com seu pai.

Kazu ficou mortificado. Quantos anos haviam se passado desde a última vez que falara com o pai? Lembrava-se bem da forma como o progenitor o tratou na derradeira vez em que o procurou. Ainda tinha pesadelos pela forma como foi abordado pelo pai a respeito de seu amor por Satoshi.

-É uma brincadeira? – a pergunta foi feita num tom baixo. – Diga que é uma brincadeira...

-Seu pai entrou em contato com a JE, e os executivos resolveram que você deve passar o restante da sua recuperação com o senhor Ninomiya – Sakurai contou. – Mas eu não vou deixar, Nino-chan! Eu o tiro daqui nem que seja...

-Sem violência, por favor! – Ohno o interrompeu. – Eu vou falar com ele...

-Não! – Nino gritou. – Não vá, Oh-chan! Meu pai te odeia!

Ódio? Ohno estranhou aquilo. Conhecera a família de Kazu de forma superficial. O próprio Nino não mantinha muito contato com os familiares. Por que então o pai de Kazunari o odiaria?

-Por quê?

-Porque eu amo você – Nino confessou. – Ele sempre soube... Aliás, foi a primeira pessoa a saber...

De repente a verdade confrontou Satoshi. Lembrou-se da forma como Nino chorou durante os momentos de separação dos pais... da maneira como se dizia culpado, mas não explicava os motivos. A dor fora tão grande, que Kazunari havia chorado em público, coisa rara de se ver para alguém tão orgulhoso quanto Nino. Era por isso que ele se culpava? O pai havia descoberto o que ele sentia por Ohno e resolvera abandonar a família?

-Minha mãe não deixou otousan me bater... – Nino explicou, como se lendo os pensamentos de Ohno. – Mas ela achou que seria bom eu sair de casa. A agência me arrumou um apartamento, e okaasan ia me visitar com freqüência. Meu pai não aceitou isso... pra ele, eu era tão desprezível que não merecia nem ser considerado filho...

Lágrimas surgiram nos olhos de Ohno. Então Nino havia sofrido tudo aquilo por causa dele? Por que o mundo considerava o sentimento deles tão sujo? Por que teriam que esconder o que sentiam para que pudessem viver em paz?

-Então, por que diabos, ele está aqui? – Sakurai indagou, irritado. – Além disso, depois de tudo que ele fez, como se atreve a te procurar?

-Eu não sei... – Nino gemeu. – Não quero ir com ele...

-Você não vai! – Masaki foi firme. – Vista-se e vamos todos juntos a sala, enfrentá-lo.

Nino negou com a fronte.

-Tenho medo, Aiba-chan – confessou.

-Estamos do seu lado – Ohno sentou-se na cama e segurou as mãos de Nino. – Por mais cruel e assustador que seja seu pai, pense que vai estar cercado por pessoas que amam você...

Aquelas palavras firmes e o contato de Ohno em suas mãos acabaram convencendo Nino. Isso e o fato de que não queria ser um covarde aos próprios olhos, sempre evitando encarar a lembrança do homem que o criou. Até quando fugiria?

-Vai ficar do meu lado? – Perguntou ao namorado.

-Para sempre – Ohno respondeu.

~~~~~~~0000~~~~~~~

-Não gosto de cachorros – Ninomiya comentou a Karin. – E esse vira-lata me irrita – seu olhar estava fixo em Junior.

A mulher de cabelos negros observou o cão que, em silêncio, os olhava.

-Sei que esse tal de Aiba gosta de animais – Ninomiya continuou -, mas ter um cachorro desse porte em um apartamento é de uma irresponsabilidade sem tamanho. Imagino o que dizem os vizinhos... – recriminou.

-Não é de Aiba-chan – Karin defendeu o loiro. – O cão pertence à Satoshi-san.

Ao ouvir o nome do líder do Arashi, o olhar do pai de Nino obscureceu.

-E o que o cão dele faz no apartamento de Aiba? – perguntou, apesar de temer a resposta.

-Ohno-san está aqui – ela respondeu. – Pelo que eu sei, o Riida é quem está cuidando de Nino.

A produtora assustou-se com a reação a seguir do homem. O moreno bateu com o punho contra a parede próxima. Seu rosto demonstrava o quanto estava possesso de raiva. Todavia, ele nada disse.

E o silêncio se seguir durante alguns segundos, até a entrada dos quatro membros do Arashi.

Ohno veio à frente, seguido de Sakurai e Aiba. Nino foi o último a entrar na sala, e permaneceu atrás dos amigos, como se buscasse proteção.

-Pegue as suas coisas, pois virá comigo! – a voz austera de Ninomiya arrepiou Kazu.

Tantos anos longe um do outro, e seu pai nem ao menos o cumprimentou.

-Ele não vai a lugar nenhum! – Ohno rebateu. – Com que direitos pede isso?

-Sou o pai!

-Devia ter se lembrado disso antes! – Sho resmungou. – Nem sei por que tiramos Nino-chan da cama!

-Meu filho irá comigo agora, ou farei um escândalo na TV! – o homem ameaçou.

-Por favor, isso não é necessário! – Karin interveio. – Não podemos chegar a um acordo? Se Nino-chan quer ficar com os amigos, talvez o senhor possa vir visitá-lo!

O homem riu da proposta.

-Está fora de questão! – Respondeu. – Kazunari não fica nem mais um segundo aqui, na presença desses...

-Desses o quê? – Sakurai perdeu a paciência.

No entanto, o pai de Nino não lhe deu atenção. Focou em Kazu.

-Estou lhe dando mais uma chance de sermos pai e filho novamente. É sua última chance, então não a desperdice... – falou, de forma amena. – Venha comigo, e eu lhe perdôo por tudo que já fez...

-Perdoar? Não há nada para se perdoar! – Ohno interrompeu. – Nino-chan não cometeu nenhum crime!

-Cale essa boca! – Ninomiya rebateu. – A desgraça que se abateu sob minha família também é sua culpa!

-Não vou deixar que fale assim do sentimento que me une a Nino-chan! Não me importo com sua opinião! Nós nos amamos, e ninguém pode mudar isso!

Karin arregalou os olhos perante a confissão, mas manteve-se em silêncio. Contudo, o pai de Nino não agiu da mesma forma.

-Seu ordinário miserável! – Ninomiya o insultou. – Como se atreve a falar assim? Como ousa expor essa imundícia para mim?

-Nino-chan e eu somos duas pessoas honestas, que vivemos de forma digna, e decente. Ninguém pode dizer nada contra nossa moral! – Ohno se defendeu. – Diante de tantos filhos que cometem coisas horríveis contra seus pais, o senhor se apega a uma escolha pessoal de seu filho para condená-lo? O nosso amor não prejudica ninguém... O que vivemos é entre nós dois, e ninguém é lesado por isso!

Negando com a face, o pai de Nino berrou:

-Não ficarei ouvindo esse tipo de coisa! – após, encarou o filho. – Vamos logo!

-Ele não vai! – apesar do tremor, Masaki também se pronunciou. – O senhor não entendeu isso ainda?

-Ele vai! – Ninomiya afirmou. – Ou todo o Japão vai ficar sabendo o que vocês fazem nos bastidores!

-Se fizer isso – Sho ridicularizou -, estará me prestando um favor, pois eu sempre quis contar pra todo mundo mesmo!

-Sho-kun! – Masaki o censurou.

O moreno deu os ombros.

-Só estou dizendo para o pai de Nino ir à imprensa. Aproveita e diga que eu fico todas as noites aqui com Masaki. Vai me fazer um favor... Nem vou precisar explicar mais nada a minha mãe! Para mim, seria o paraíso!

O olhar de descrédito do pai de Nino foi o anúncio do pior.

-Você acha que eu irei à imprensa para falar dos atos repugnantes, sórdidos e imundos que vocês praticam um com o outro? - ele deu um sorriso falso. – Ninguém precisa falar o que o Japão inteiro tem certeza! É só olhar para vocês para saber que são uma cambada de seres repulsivos!

-Vindo de você, isso é até um elogio! – Sakurai replicou.

-Minhas palavras serão seguidas de provas. Todo mundo sabe que vocês vivem em função um do outro... que não se separam para nada... Ao provar que meu filho está viciado em drogas, e vivendo de forma asquerosa, não haverá um pai nesse país que não me dará apoio.

-Do que está falando? – Ohno indagou. – Nino-chan não usa drogas!

-Não mesmo? Eu vi fotos que dizem o contrário.

-Oh Kami-sama! – gemeu Karin, prevendo o pior.

Todos os membros se encararam. Tais fotos existiam, e apesar de serem frutos de uma armadilha, tinham o poder destruir a carreira de Kazunari.

-Audrey... – Nino murmurou.

-Sim! – o pai confirmou. – Sua namorada me contou tudo – o homem parecia encantado pela americana. – Tem sorte de ter uma mulher como ela apaixonada por você!

-Sorte? – Kazu parecia incrédulo. – Não posso acreditar que esteja dizendo isso...

Porém, o pai parecia insensível aos seus olhos marejados de lágrimas.

-Se não vier comigo, vou à imprensa e digo que eles – apontou os membros do Arashi – lhe influenciaram as drogas e orgias homossexuais.

Dessa vez Masaki teve que segurar Sho, pois o moreno avançou contra o homem. Por alguns segundos, um pequeno tumulto aconteceu, e foi Ohno que pôs fim a raiva do amigo.

-Faça isso! – disse o Riida.

-Ficou louco? – gritou Karin. – Vocês cinco serão expulsos da JE se isso acontecer!

-Então nos expulsem – Ohno a respondeu. – Nino-chan é mais importante para mim do que tudo... Eu não vou deixar que o tirem de mim.

Kazunari observou o rosto dos amigos. Sabia que estavam dispostos ao sacrifício... E tudo por sua culpa! Lembrou-se da felicidade do Oh-chan quando ele lhe contara que iria realizar uma exposição no maior museu do Japão. E Sho, estava conversando sobre a possibilidade de trabalhar em um telejornal. Masaki também estava se saindo muito bem de forma solo, num outro programa de variedades. E ainda tinha Jun, que não se encontrava ali naquele momento, mas que explodira em sucesso por causa de sua mais recente novela.

Não podia! Não podia deixar que seus amigos pagassem por causa de um erro seu! Ele amava demais aqueles quatro para permitir que seus sonhos fossem interrompidos por causa de sua própria irresponsabilidade.

-Eu irei... – Nino murmurou, olhando para o chão, buscando forças no interior para não pestanejar.

Ohno assustou-se imediatamente. Voltou os olhos para o namorado, e então foi até ele.

-Olhe para mim – levantou a face de Kazu com a mão. – Não fará isso, entendeu?

-Tenho que fazer, Oh-chan... – ele murmurou.

-Não tem não! – Sho gritou. – Perdeu o juízo? Vai ficar nas mãos de Audrey, e de seu pai!

-Nino-chan... – Masaki também se pronunciou. – Nós suportaremos a pressão juntos, como sempre fizemos...

Porém, o mais novo parecia irredutível.

-Não...

-Nino-chan – Ohno puxou seu rosto e os dois se encararam. – Não posso viver longe de você, entendeu? Eu te amo... eu preciso de você...

Os dedos frágeis de Kazu tocaram no rosto de Ohno. Foram esses mesmos dedos que secaram as lágrimas que logo molharam a face do mais velho. Naquele momento, tudo que Nino desejava era ficar perto de Satoshi, mas ao mesmo tempo, queria proteger seu amor.

-Mesmo que eles aprisionem meu corpo, ninguém pode tocar no meu coração, Oh-chan... – murmurou. - E o meu coração é seu...

-Por favor...

-Eu também te amo...

-Onegai...

-Eu quero que exponha seus quadros no melhor museu de Tóquio. Fará isso, por mim!

-Estou te implorando...

Mas não houve palavras que convenceram Nino. Firme, ele soltou-se das mãos de Ohno, que insistiam em segurar seus pulsos. Caminhou então a saída. Karin e o senhor Ninomiya o seguiu. Quando a porta fechou-se, Ohno desabou em lágrimas.

~~~~~~~0000~~~~~~~

A dor de cabeça estava insuportável. Por que diabos havia bebido tanto na noite anterior? Moveu-se na cama e encostou-se num corpo quente. Abriu os olhos devagar, e observou um cabelo tingido de loiro esparramado nos seus travesseiros.

Quem era aquela mulher?

Outro par de mãos o prendeu na cintura. Matsumoto virou o rosto para trás e viu outra garota. Uma morena!

-Mas que merda! – praguejou.

Vagamente recordou-se de ter ido a uma boate na noite anterior. Lembrou-se que duas modelos estavam lá, e atiravam-se sobre ele, com evidente interesse. Sua mente confusa ainda se recordava que o coração doía por causa de Ohno Satoshi. Sentia-se isolado, sozinho e triste... então só queria se afogar em bebida e em sexo sem importância.

-Eu devia ter ido pra um motel! – murmurou.

Ao observar o local, percebeu que acabou levando as duas mulheres para seu apartamento. Isso o deixou possesso. Era muito organizado, e tratava seu quarto como um templo sagrado. Além de Ohno, nunca quis que mais ninguém adentrasse naquele lugar. Mas por causa da bebida, acabou aceitando que aquelas duas invadissem seu local mais privativo.

Levantou a mão para chacoalhar uma das mulheres ao seu lado, quando um estrondo na porta fez com que as duas abrissem os olhos. O quarto ficou iluminado, pois a pessoa que entrava no ambiente acendera o interruptor, e Jun tapou os olhos por alguns segundos, protegendo-os contra a intensa claridade.

-Jun-chan!

Matsumoto reconheceu a voz de Masaki, e tão logo os olhos pararam de arder, o mais novo também viu que Sho acompanhava o loiro.

-O que vocês querem no meu quarto há essa hora?

Ao invés de respondê-lo, Sakurai pegou os vestidos das jovens que estavam no chão e atirou-os sobre elas.

-Saiam! – Ordenou.

As mulheres pareciam desnorteadas, mas obedeceram. Respeitosamente Aiba virou-se de costas enquanto elas se vestiam, mas Sho fez pouco caso.

-Como vocês entraram aqui? – Jun insistiu.

-Eu tenho cópia da chave, esqueceu? – Aiba o lembrou.

Só então Matsumoto recordou-se que dera uma cópia a Masaki quando viajou de férias. Aiba foi à pessoa que ia ao seu apartamento para regar suas plantas, e dar comida ao peixe.

-Jun-chan – a voz melosa da modelo loira interrompeu seus pensamentos. – Vai nos ligar?

Ligar? Ele tinha pegado os telefones delas? No entanto, não pode sequer as responder, pois Sho já as segurava pelos braços e as guiava a saída.

-Ele vai ligar – Sakurai confirmou. – Bye bye!

Assim que as jovens deixaram o quarto, Sakurai fechou a porta. Jun ainda tinha os olhos inchados de sono, e parecia seriamente zangado. Nunca gostou de ser incomodado de manhã, mas o sentimento de zanga se misturava ao de alívio pelos amigos terem se livrado das modelos.

-Aconteceu uma desgraça – Masaki começou.

-Como assim?

-Nino-chan – Sho continuou -, foi embora.

Demorou alguns segundos até que a mente de Matsumoto conseguisse processar a notícia.

-Foi embora? Pra onde?

-Não temos idéia! O pai dele apareceu no apartamento hoje de manhã, ameaçou a todos do Arashi... e Nino aceitou a chantagem, e foi embora – Sakurai respondeu.

-Ele quis nos proteger – Masaki o interrompeu. – O pai de Nino está aliado a Audrey. Ele disse que iria a imprensa e falaria que Nino é apenas a ponta do iceberg.

A cabeça de Jun voltou a arder com força.

-Ponta do iceberg? – Matsumoto tentou compreender.

-O senhor Ninomiya disse que denunciaria a imprensa que todos nós usamos drogas – Masaki explicou. – Ele ameaçou a todo o Arashi!

-Inferno! – Jun reclamou. – Que denuncie! Não podemos nos curvar a vontade dele ou daquela americana maluca! Vamos atrás de Nino!

-Nino-chan se culpa pelo que aconteceu – Masaki afirmou. – Se explodisse um escândalo, ele iria morrer de tanto remorso.

Puxando os lençóis para o lado, Jun começou a ir à direção do banheiro.

-Vou me lavar rapidamente, e iremos atrás do pai dele.

-Onde? – Sho indagou. – Não temos idéia de onde eles estejam!

-E mesmo que encontrarmos, Nino-chan não virá conosco – o loiro choramingou.

Só então Matsumoto lembrou-se de Ohno. Voltou-se, preocupado, aos colegas.

-Onde está Oh-chan?

-Ele está no meu apartamento. Está muito transtornado.

-Vocês o deixaram sozinho?

-Eu liguei para a mãe dele – Aiba respondeu. – Ela já estava indo para lá.

Jun ficou boquiaberto.

-A mãe dele? Ficou maluco! Oh-chan deve estar frágil, e pode falar o que não deve!

-Tomara que fale! – Sho murmurou. – Se a verdade fosse falada desde o inicio, metade dos problemas que enfrentamos agora não estariam acontecendo.

Jun negou com a face.

-Tenho medo do que possa acontecer. Vamos voltar, e falar com o Riida...

-Não! – Sho negou. – Viemos até você para que nos acompanhe.

-Acompanhar? Para onde?

Aiba adiantou-se, e respondeu a Jun:

-Nós precisamos descobrir tudo que pudermos sob Audrey. Ela deve ter um ponto fraco... qualquer coisa! A vida dela é um mistério, e tudo que sabemos é que foi criada num orfanato...

-Qualquer informação agora, pode nos ajudar...

-E onde vocês vão descobrir o passado dela? – Jun indagou.

-Com a freira que a ensinou japonês! – Sho e Aiba responderam ao mesmo tempo.

Matsumoto revirou os olhos.

-Ficaram malucos? Nem o nome da mulher vocês dois sabem!

-Mas sabemos que ela foi missionária nos EUA, é católica, e trabalhou em um orfanato! – Sho pareceu otimista. – Por isso, arrume-se logo! Iremos a Igreja!

Continua...
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyDom Dez 13, 2009 2:40 am

Aaaaaaa o pai do Nino apareceu no ape do Aiba DDD:
*estado d choque*
Naaaaoooo nino-chan foi embora
Aaaaaa e agora???
Ê Jun nao é assim q vc se esqcera d Oh-chan tsc tsc
Ainda bem q tem o inteligente do Sho e eles vao atras da freira hehe ^^
É bem q vc disse q a felicidade acabava nesse cap
Maaaiiis!!!!
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyDom Dez 13, 2009 3:29 am

Nara
Sim amada... Nino foi embora..e pior...está nas mãos de Audrey e de seu pai... situação super complicada e vou ter que me virar em mil pra conseguir desembaraçar o que eu msma criei..hauahauahua

Mtooo obrigada pelo coment. flor
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptySeg Dez 14, 2009 3:10 pm

oh sh*t. apenas me diga que essas duas modelos nao tem nada a ver com a americana louca...
my..... jah basta de confusao para o Arashi tadinhos....
nem consigo imaginar o que voce vai fazer com o Nino-chan a partir de agora.... rs...
mas.... porque serah que sempre vem a minha cabeca a imagem do Riida em um cavalo branco vindo resgatar sua donzela preciosa? hahahah.

oh dear.... espero ansiosamente para conhecer essa freira, que alias, torco para que ela tambem entre nesse barraco e de no minimo, uns puxoes de orelha na idiota lah.... <3
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptySeg Dez 14, 2009 4:45 pm

Kyuu escreveu:
oh sh*t. apenas me diga que essas duas modelos nao tem nada a ver com a americana louca...
my..... jah basta de confusao para o Arashi tadinhos....
nem consigo imaginar o que voce vai fazer com o Nino-chan a partir de agora.... rs...
mas.... porque serah que sempre vem a minha cabeca a imagem do Riida em um cavalo branco vindo resgatar sua donzela preciosa? hahahah.

oh dear.... espero ansiosamente para conhecer essa freira, que alias, torco para que ela tambem entre nesse barraco e de no minimo, uns puxoes de orelha na idiota lah.... <3

Não... não tem. As modelos foram só umaszinhas que o Jun conheceu e traçou pq tava bebado.Na verdade, ele sofre por não ser correspondido, então se deita com qualquer uma..sem se importar...

acho q se o Ohno desse uma chance, Jun seria o cara mais fiel do mundo...

Ahhh amiga..Nino vai sofrer tanto... vai até apanhar... vai ser mto triste...
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptySeg Dez 14, 2009 4:48 pm

Amadas... Pra quem não viu... fiz um top pra rendição no orkut:

http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=50121937&tid=5414947659878718672&start=1
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptySex Dez 18, 2009 7:45 pm

DDDD:
capitulo mega tenso ~
man... tá mt mt mt mt mt empolgante ler isso o_o
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyDom Dez 20, 2009 5:04 am

Rendição

Capítulo XXVIII

Por Josiane Veiga

Nota da Autora: Se você é religioso, daqueles fanáticos, NÃO LEIA esse capítulo. Porque ele é muito polêmico, e eu me recuso a ficar discutindo religião com qualquer pessoa. Bom... eu (a autora) sou religiosa. Sou cristã praticamente de uma denominação religiosa (o nome não vem ao caso agora), conheço a Bíblia ( fiz mais de 4 cursos bíblicos, entre eles apocalipse e Daniel) e sou diretora da classe bíblica da minha igreja há quatro anos; portanto, conhecimento bíblico não me falta! O que me falta é alienação! Eu simplesmente uso a mente - às vezes - ao invés de engolir tudo que os lideres religiosos querem que a gente engula! A freira que aparecerá neste capítulo é baseada TOTALMENTE em mim (não, não sou católica e muito menos freira, nem sou baixa, ou acima do peso... só usei a base psicológica, ok?)... Usei-a para enfim poder responder algumas indagações que estavam me fazendo, principalmente em comunidades do orkut. Misao vai dar uma mostra do passado de Audrey (preparem-se... nem tudo é o que parece...), e principalmente vai expor minhas próprias opiniões sobre o tema homossexual. Sei que se algumas pessoas lerem este capítulo vão cair matando em cima de mim... mas eu não ligo! O dia que perder a coragem de escrever o que penso, podem me enterrar, porque estarei morta!



--------------------------------------------------------------------------------

-É esse o lugar?

A pergunta de Matsumoto fez com que Masaki olhasse para o banco de trás. O membro mais jovem do Arashi se encontrava sentado na parte traseira do veículo de Sho. Jun parecia um rei, na sua pose arrogante. Mas, mesmo assim, Aiba sorriu ao responder:

-É sim.

Apesar das previsões negativas de Matsumoto, foi relativamente fácil conseguir o nome da religiosa a qual procuravam. Como já imaginava Sakurai, católicos eram uma minoria... e freiras eram mais raras ainda. Ao entrarem em contato com a entidade que administrava o grupo religioso no país, descobriram que apenas uma mulher havia ido fazer campo missionário nos EUA nos últimos vinte anos, e que ela fizera aquilo apenas para adquirir experiência para vincular um orfanato no Japão. Em menos de uma hora, já estavam a caminho do “Orfanato para meninas de Tókio”.

-Bem assustador, né? – Foi a observação de Jun ao olhar com mais calma ao ambiente.

Sakurai havia estacionado o carro perante o enorme prédio de tijolos marrons. Algumas árvores secas, castigadas pelo intenso inverno que viviam, asseguravam ainda mais o estilo gótico do lugar.

-Não dá arrepios um lugar assim? – indagou Masaki.

-Um pouco – confirmou Sho. – Vamos entrar?

Os três abandonaram o carro, e seguiram em fila indiana até a maciça porta de madeira. Por alguns segundos se encararam, como se decidissem quem iria bater no cedro envernizado. Suspirando, Jun deu um passo à frente:

-Vocês são dois covardes! – murmurou.

-Precaução não é covardia – Masaki se defendeu, postando-se atrás do amigo.

-Precaução de quê? – Jun se irritou.

-Olhe pra esse lugar – Sho intrometeu-se. – Não te dá arrepios?

-Deve estar cheio de fantasmas aí... – Masaki completou.

Já perdendo a pouca paciência que possuía, Jun bateu com força na porta.

-Não é você – dirigiu-se a Sakurai -, a pessoa mais racional do mundo, que não crê em nada sobrenatural?

-Realmente, fantasmas não existem! – afirmou o rapper.

-Oh! – exclamou o mais novo. – O que faz então atrás do Aiba?

-E se eu estiver errado? – replicou.

Jun não resistiu, e soltou uma gargalhada. Foi no meio do riso que a porta se abriu. Na frente deles, uma jovem noviça os observava com curiosidade.

-Em que posso ajudá-los? – indagou a mulher.

-Ela não parece assustadora... – Murmurou Aiba, que prontamente recebeu um cascudo na cabeça, dado por Matsumoto.

Assim que os dois atrás de si aquietaram-se, Jun dirigiu-se a jovem.

-Estamos à procura de uma freira chamada – o moreno pegou um pedaço de papel do bolso, e leu nele o nome – Sautou Misao.

A jovem sorriu.

-A Madre superiora? – ela deu passagem aos três. – Queiram me acompanhar - solicitou.

Ao invadir aquele lugar, uma coisa ficou clara aos três membros da banda: a aparência externa do lugar não representava seu interior. O local era bem iluminado, com paredes claras, e limpas. E, em especial, as crianças que passavam por eles eram bem alimentadas e vestidas.

-É raro ver um orfanato assim... – murmurou Jun, recordando-se das gravações em abrigo para crianças que fizera anteriormente.

-Nós usamos um padrão americano para criação das crianças – a noviça explicou. – Sabemos que nada substitui a família, mas na falta dela, tentamos dar todo o amor que pudemos. Além disso, nos finais de semana, as crianças vão ao asilo, fazer companhia aos idosos abandonados. Acaba se tornando uma troca de amor.

Os três ficaram impressionados.

-Tudo aqui foi projetado pela madre – a jovem continuou, orgulhosa. – Ela é a pessoa responsável pela idéia do asilo, por exemplo.

-Deve ser uma pessoa admirável... – murmurou Aiba.

A moça os levou até a parte inferior do local. Logo chegaram a porta dos fundos, que dava vista para uma extensa área de lazer para crianças. Algumas meninas faziam bonecos de neve no chão, e uma senhora roliça as observava com um sorriso no rosto.

-Aquela é a Madre... – avisou a noviça.

Assim que cumpriu sua incumbência, a noviça deu as costas aos rapazes, e voltou para dentro do orfanato. Os três membros do Arashi agora se encontravam a observar a mulher baixa e de evidente peso acima da média.

-Ela é diferente do que eu imaginava... – murmurou Masaki.

-Como assim?

Ao ouvir a questão de Jun, o loiro virou-se para ele.

-Imaginava alguém mais sombria. Nunca pensei que a mulher que ajudou a criar Audrey pudesse ser capaz de brincar no gelo com crianças.

Como se predissesse que era observada, a mulher virou-se em direção aos três. Manteve o mesmo sorriso que dava as meninas enquanto caminhava em direção aos homens.

-Conheço vocês – a voz dela era aguda e firme. – São artistas da TV!

Matsumoto curvou-se.

-Sou Matsumoto Jun – cumprimentou. – E esses são meus amigos: Masaki Aiba e Sakurai Sho.

Atrás da freira, as meninas soltavam risadinhas. Claramente estavam encantadas pelas presenças ilustres.

-É um prazer conhecê-los – sorriu. – Chamo-me Misao.

-O prazer é nosso, senhora Misao – Sho curvou-se também, respeitosamente.

-Oh não! Nada de senhora! É tão estranho, e eu não sou tão velha! Chamem-me de Misao-chan, como todas as crianças!

Colocar aqueles três homens num padrão infantil causou simpatia instantânea nos três.

-Gostaríamos de falar com a senhora em particular.

A freira manteve o sorriso enquanto assentia com a face, concordando. Com um gesto com a mão esquerda, solicitou as crianças que se afastassem. Após isso, guiou os jovens até um banco que se fixava aos pés de uma cerejeira.

-Desculpem, mas minhas pernas não agüentam tanto tempo de pé – falou, ao sentar-se no banco branco.

Aiba sentou-se ao seu lado, enquanto Jun e Sho mantinham-se de pé, a frente deles.

-Viemos até a senhora porque soubemos que trabalhou em um orfanato nos EUA – começou Jun.

-Sim – ela confirmou. – Fui voluntária lá durante cinco anos.

-E quanto tempo faz isso? – indagou Sho.

-Cerca de dez a quinze anos atrás. As datas não me são nítidas, pois não sou boa com números.

Aquela não era uma boa notícia. Se a mulher não era capaz de saber a data em que foi missionária no estrangeiro, tampouco se lembraria de uma menina americana. Mesmo assim, resolveram tentar.

-Durante aquele tempo, a senhora ensinou japonês a uma menina chamada Audrey?

Os olhos escuros da mulher se iluminaram.

-Audrey Morgan! – ela reconheceu o nome de imediato. – Sim! Eu fui especialmente encarregada de cuidar dela, pois era uma criança depressiva, que não conseguia criar amizades com as outras crianças. – O olhar ficou interrogativo. – Como sabem?

-Nós conhecemos Audrey – Jun respondeu. – Viemos até a senhora por causa dela!

-Aconteceu alguma coisa com ela? – a mulher pareceu preocupada. - Ela está bem?

-Bem até demais! – Sho rebateu. – O que vamos conversar com a senhora é sério demais, mas não temos escolha!

~~~~~~~0000~~~~~~~

O vento gelado mexeu o véu que cobria os cabelos da senhora. O olhar dela era vazio, e triste. Após Sakurai relatar tudo que tinha para contar, a mulher permaneceu em silêncio durante alguns minutos, como se meditasse sobre as palavras.

-A culpa é minha – ela murmurou, abatida.

-Como? – Masaki estranhou. – Por que diz isso?

-Quando eu conheci Audrey, ela era uma criança muito tímida. Praticamente não falava nada, e vivia como se houvesse criado um murro em volta de si. Minha idéia então, de ensinar a língua japonesa para ela, foi uma forma de quebrar aquela barreira, e conseguir me tornar amiga. Como eu não tinha livros do idioma, resolvi que uma forma simples de ensinar a língua, seria mostrando vídeos de programas japoneses para ela. Eu tinha muitos, pois assistir a nossa televisão era uma forma de me sentir próxima de nosso país.

-Ainda não consegui entender o porquê de sua culpa... – Aiba a interrompeu.

A freira suspirou.

-Esse menino, Ninomiya Kazunari, já aparecia nos programas de televisão da época. Eu lembro-me claramente disso, pois ela falava o nome dele com freqüência. Aliás, depois que Audrey virou fã de Ninomiya Kazunari, ela passou a ser tagarela. O assunto era apenas ele, o que ele falava, como ele agia, suas novelas, seus filmes, e após ele se tornar um arashi, suas músicas.

-Audrey é fã de Nino? – Jun pareceu espantado. – Isso... é... impossível...

-Por que seria? – a freira indagou. –Quando voltei para o Japão, começamos a trocar correspondência, e eu mandava todo o material que conseguia sob Kazunari para ela.

-Mas como Nino pode ter uma fã que detesta Oh-chan? – Jun insistiu. – E quanto a nós? Ela nos olha com tanta raiva que dá até arrepios.

A freira baixou a face.

-Em uma de suas últimas cartas, Audrey disse que estava terminando a faculdade de cinema, e que havia conseguido um estágio em Hollywood. Eu fiquei muito feliz por ela... mas para meu pesar, o único interesse que ela tinha era se aproximar de Ninomiya, já que sabia que o ídolo havia sido convidado para estrear um filme dirigido por americanos. Encerrou aquela missiva dizendo que estava feliz porque, enfim, ele estava afastando-se de vocês.

-Se afastando de nós? – Sho repetiu. – Isso nunca aconteceu.

-Aconteceu, na mente dela. – Confirmou a mulher. – Audrey detestava os fanservice, e achava que o líder de vocês era um aliciador, que abusava da ingenuidade de Ninomiya.

-Oh-chan abusando de Nino-chan? – Masaki quase riu. – O correto seria o contrário!

-Depois dessa carta, ela não me escreveu mais. Sinceramente, não pensei que fosse realmente fazer o filme ao lado dele... isso me surpreendeu.

-O fato é que ela fez o filme – Jun a interrompeu. – E também armou contra Nino e agora o tem nas mãos – acusou. - Oh-chan está sofrendo muito por causa disso – Jun deixou escapar.

-Eu gostaria de ajudar, mas o que poderia fazer? – a freira indagou. – Não vejo Audrey frente a frente há muito tempo... e mesmo que fossemos mais próximas, duvido muito que ela me ouvisse.

-É verdade – Masaki suspirou. – Depois de ouvir tudo isto, percebo que Audrey jamais vai desistir do Nino-chan.

-Por isso que eu digo que sou culpada. Se eu não tivesse apresentado os programas para ela, o rapaz não teria caído em tamanha armadilha.

Sho moveu a cabeça negativamente.

-Não deve se culpar! – Foi firme. – Se Audrey é uma pessoa maligna, a senhora não tem culpa nenhuma disso!

Foi à vez de a freira negar com a face.

-Ela não é má! – defendeu a americana. – Ela é apenas solitária e triste...

Jun não resistiu a um sorriso irônico.

-Solitária e triste? Aquela garota é uma louca que está fazendo duas pessoas que se amam muito sofrerem! Se realmente amasse ao Nino-chan, iria deixá-lo ser feliz ao lado da pessoa que ele ama, que é Oh-chan!

-Jun-san! – Sho o recriminou com a face.

Matsumoto encarou o amigo.

-O que foi?

-Ela é freira – Aiba respondeu. – Não aceita essas coisas... – explicou, num murmuro constrangedor.

Misao observava as reações dos jovens a sua frente, sem esboçar nenhuma atitude escandalosa. Era calma e tranqüila, mesmo diante de assuntos que não faziam parte de sua rotina.

-Do que estão falando? – Jun arqueou a sobrancelha.

-Oh-chan e Nino-chan! – Sho explicou. – Entre nós, é natural falar disso. Mas a senhora Sautou é uma religiosa, e certos tipos de assuntos não devem ser citados na frente dela. Por respeito.

Só então Jun notou que falava naturalmente sobre homossexualismo na frente de uma freira. Pelo pouco que sabia, os cristãos não aceitavam aquele tipo de comportamento, e Sho estava certo na questão de respeito. Falar de sexo gay na frente de uma religiosa era o mesmo que oferecer bebida alcoólica a um muçulmano, ou carne de porco a um judeu.

-Você é muito fofo! – Misao exclamou para Sho. – Poucos jovens respeitam uma mulher freira hoje em dia.

-Ah... obrigado! – Sakurai ficou sem jeito.

-Aliás, poucos jovens respeitam as diferenças hoje em dia... Seja ela qual for! – completou a mulher.

Uma luz surgiu nos olhos de Sakurai ao perceber ali o momento perfeito para discursar um pouco. Afinal, ele adorava demonstrar seu conhecimento para os outros.

-O artigo dezoito dos direitos humanos fala que todos têm direito a seu credo, e não devem sofrer nenhum tipo de ridicularização por isso...

A mente da freira acompanhou a de Sakurai.

-Isso é verdade! – Ela falou, firme. – Concordo inteiramente com você.

-No entanto – Jun intrometeu-se -, da mesma forma que os religiosos querem respeito, deviam respeitar também aqueles que são diferentes... como os gays, por exemplo.

Sentiu o peito estufar de orgulho por ter soltado suas farpas. Porém, logo a respiração foi solta, diante da resposta da mulher:

-Concordo com você também!

-Anh? – a indagação foi feita pelos três.

-Mas, os cristãos não odeiam os homossexuais? – Matsumoto questionou.

Misao deu-lhe um belo sorriso ao responder.

-O verdadeiro cristão não odeia ninguém. Ao contrário, Cristo foi à pessoa que mais amou nesse mundo, e Ele nos pede para amarmos também...

-Mas na Bíblia... – Sho começou, mas foi interrompido por Misao.

-A Bíblia também diz que as mulheres não devem abrir a boca dentro das igrejas, e toda dúvida que tiverem, devem questionar seus maridos em casa... Sabem quem escreveu tamanho trecho machista?

-Deus? – Masaki chutou.

-Não, o apóstolo Paulo! Esta aí o problema! A Bíblia foi escrita por homens, que sempre expuseram suas opiniões pessoais. Não me levem a mal, não estou desacreditando minha própria fé, e sim apenas dizendo que existem coisas lá que tem um “Q” de opinião pessoal. Por isso que Deus pede que estudem as escrituras, e não engulam tudo sem raciocinar!

Os três estavam tão espantados que não esboçavam reação.

-O fato é: Cristo ama a todos e não faz acepção de pessoas. Se alguém é gay ou hetero, só deve prestar contas a Deus, e a ninguém mais – a mulher foi firme. – É diferente quando alguém mata ou rouba, porque daí tem obrigação de dar contas à sociedade também...

-A senhora tem certeza que é freira? – Jun não resistiu.

-A senhora tem certeza que é a freira que criou Audrey Morgan? – Sho reformulou a questão.

Uma risada escapou dos lábios da mulher. No entanto, tão logo o riso se fez ouvir, ela também se calou. De brilhantes, seus olhos ficaram tristes.

-Audrey tem seus motivos...

-Motivos? – Masaki se manifestou. – Que motivos podem ter ela?

~~~~~~~0000~~~~~~~

O silêncio no apartamento de Masaki só era quebrado pelo som da respiração de Junior. Ocasionalmente, Satoshi ouvia sua própria respiração carregada pelas lágrimas. Mas, fora isso, nada mais podia se escutar.

Silêncio...

Por que a impressão que tinha era de que a vida sem Kazunari seria vazia... oca? Não viveu tantos anos num amor platônico, sem esperança de realização? Então por que agora a simples chance de não poder mais ter Nino o desesperava tanto?

Ohno sentiu a culpa apertar seu peito. Por que agira com tanta irresponsabilidade, e menosprezara o poder de Audrey? Estava tão doente de amor que cegou-se na sensualidade de Ninomiya, e não foi capaz de ir resolver a pendência com a americana antes de viver aquela paixão!

...Viveu tanto tempo sem Nino-chan... Entretanto, agora não mais teria forças para isso! No passado, ele apenas vivia um sonho que jamais pensou que fosse se realizar. Não conhecia o gosto de Kazu, nem a forma como o mais novo se entregava a ele. Porém, agora o cheiro do namorado era seu oxigênio, e se alimentava da presença de Nino. Sentia vontade de morrer só de pensar na possibilidade de nunca mais poder se aproximar do amado...

E Kazu? Como estaria nas mãos do pai que sempre se envergonhara dele? E Audrey? O que ela poderia fazer contra Nino-chan?

Deslizou os dedos pelo pêlo castanho do cachorro, que deitou sua cabeça no colo de Ohno. O Riida estava sentado ao chão, olhando para o nada. Precisava pensar... mas não sabia o que fazer.

-Não posso viver longe dele, Junior-chan – murmurou ao cachorro.

O cão, no entanto, nem se mexera. Continuou parado no mesmo lugar, e não erguera o rosto para o dono.

Todavia, Ohno Satoshi não notara aquilo. O rapaz não havia olhado para seu animal, e continuava a manter os olhos fixos na parede, vendo e não vendo ao mesmo tempo. A impotência que o tomava era tão forte que o líder pensou que ela fosse sufocá-lo, e matá-lo lentamente.

-Satoshi...

A voz feminina, de início, não provocou nele nenhuma reação. Continuou a manter a mesma postura, como se estivesse inacessível a qualquer pessoa.

-Filho... – a voz insistiu.

Só então levantou os olhos vermelhos para cima. Ao vê-lo naquele estado, sua mãe se assustou. O rapaz tinha o olhar encharcado pelas lágrimas, o nariz vermelho, e a boca seca. Parecia ter voltado do inferno, e não estar num confortável apartamento no centro de Tókio.

-Okaasan... – A voz de anjo a chamou. – Mãe... – ele repetiu. – Mãe, eu não vou agüentar...

Quando Aiba havia lhe ligado na manhã, e pedido que fosse com urgência até seu apartamento, o rapaz loiro fora breve. De início, a senhora Ohno não se assustou, afinal, era comum crise de artistas. Os cinco eram excêntricos como quaisquer grandes gênios da arte, e o filho poderia apenas estar passando por algum breve tormento de inspiração. Porém, conforme ia dirigindo para a residência de Aiba, uma aflição a tomou.

A porta do apartamento estava aberta, e sem cerimônia, a mulher entrou. Foi guiada até o quarto pelo choro leve do filho, e sentiu-se tocada ao encará-lo sentado ao chão, com se estivesse numa profunda agonia.

Ajoelhando-se perante o rapaz, ela abriu os braços e aninhou-o no peito, como se Satoshi tivesse cinco anos, e esfolara o joelho. Mas a senhora Ohno sabia que a depressão do filho tinha raízes mais graves.

-O que aconteceu? – perguntou, com a voz leve.

-Eu menti pra senhora... – a voz de Satoshi era grave, rouca. – Sempre menti...

-Do que está falando, meu amor?

Por alguns segundos, ele tentou conter os soluços que lhe escapavam da garganta. A mulher respeitou aquilo, e deixou-o se acalmar antes de continuar.

-Okaasan – gemeu. – Lembra-se de quando eu lhe disse que Nino-chan e eu estávamos fazendo uma música, e me mudei pro apartamento dele?

-Sim, foi logo depois de você adotar o Junior – falou ela, indicando o cachorro com a face.

O animal sentiu o cheiro da mulher assim que ela entrou no apartamento, e saiu do colo de Ohno tão logo a presença dela se confirmou no quarto. Agora o cão se encontrava sentado a uma curta distância, observando seus donos.

-Mãe – Ohno continuou –, nunca houve essa música...

-Não? – a senhora não conseguia entender onde o filho queria chegar.

-Não, nunca – Satoshi confirmou.

Mordeu o lábio inferior. Sentiu receio de continuar. Não queria ver nos olhos da sua progenitora o mesmo nojo que o pai de Nino deixava transparecer. Não queria perder o amor da mãe, apesar de ter consciência de que se ela não o amasse pelo que era, o sentimento jamais seria verdadeiro.

-Nino-chan e eu... – ele começou.

-Eu sei... – a senhora Ohno o interrompeu. – Sempre soube... – confirmou.

Por alguns segundos, Satoshi sentiu como se o ar parasse, e todo o universo estivesse focado nas palavras da mulher.

–Lembro-me como se fosse hoje quando você me apresentou Kazu-san. Você lembra disso?

-Sim – Ohno não conseguia parar de tremer. – Foi quando a senhora foi me buscar na agência.

-Eram tão pequenos... – a recordação a tomou. – Tão crianças... – sua voz se tornou um sussurro. – Jamais deixaria de notar... Afinal, você sempre foi meu bebê, e eu era extremamente cuidadosa com a sua vida.

Os dedos dela acariciaram os cabelos de Satoshi.

-De início, não fiquei assustada. Pensei que fosse coisa de criança. Logo vocês já estavam na adolescência, e Nino-chan tinha suas namoradinhas – a voz dela voltou a ficar alta. - Não vou mentir... quando ele me apresentou a primeira namorada, fiquei tão aliviada...

Ohno sentia os seios da mãe subindo e descendo, como se ela buscasse respirar, mas tivesse dificuldades.

-Mas os namoros dele nunca duravam muito, e os olhos dele sempre seguiam você. Eu amava Nino-chan, mas ao mesmo tempo o odiava, porque não queria que ele se atraísse por você...

-Mãe...

-Eu sou de uma outra época, Satoshi. Tem coisas que serão sempre difíceis pra eu entender, mas isso não quer dizer que eu não o ame, ou a Nino...

-Eu sei...

-Mas, como tudo na vida, um dia a situação não deu mais pra ser negada. Então, eu conversei com seu pai...

-Otousan? – Satoshi ficou preocupado e surpreso. Jamais desconfiou que o pai soubesse de algo.

A senhora assentiu.

-Ele sempre viaja muito por causa do trabalho, mas eu o considero um bom pai. Tenho orgulho de ter dois filhos com ele – a voz dela era apaixonada.

Ohno não pode deixar de sorrir. A voz da mãe, ao falar do pai, era uma carícia. A forma como a entonação acontecia deixava claro os sentimentos dela para o homem. Será que a voz dele mudava também quando o nome de Nino era mencionado?

-Quando eu contei tudo a ele, seu pai ficou preocupado. Naquela noite, ele não dormiu...

-Eu sinto muito... – Ohno murmurou.

-Porém, no dia seguinte – a mulher continuou -, ele desceu para o café da manhã sorrindo. Eu estranhei aquela reação, mas não pude deixar de me comover quando me disse os motivos.

-E quais eram?

-Lembro-me como se fosse hoje – após uma breve pausa, continuou. – Seu pai disse exatamente assim: “Nós temos um filho maravilhoso! Eu tenho muito orgulho dele, você não?”.

Os olhos de Satoshi voltaram a inundar-se pelas lágrimas. Ele tentou as conter, mas sem sucesso. Molhou a blusa da mãe com elas, mas a senhora Ohno não parecia ter se dado conta.

-Depois, ele começou a expor todas as suas qualidades. Começou com seu dom de liderança, avançou pela sua arte, e terminou com o seu apego a família. No final, ele chorava junto comigo. Creio que seu pai notou que o que conta realmente é o caráter... e o seu, meu filho, é grandioso!

O silêncio voltou a reinar. Ohno agradeceu aos céus por sua mãe não o ter renunciado, e o pai ter sido compreensivo.

-Algum tempo depois, Nino-chan foi chamado para gravar o filme - a voz dela continuou. – Seu pai ficou muito feliz por ele. Quer saber o que ele disse?

-O quê?

-“O Nino-san do Oh-chan é realmente talentoso”.

Não merecia aqueles pais maravilhosos. Envergonhou-se pelas mentiras. Sempre teve a família ao seu lado, então porque não confessara tudo antes? Sabia que a resposta era o receio de perder todo aquele vinculo tão profundo.

Naquele instante, as lágrimas voltaram com força, mas Ohno não chorava por si. Seu pranto era pro Kazu, que jamais havia sido amado daquela forma.

-Quando você disse que estavam fazendo uma música juntos, e foi morar com Nino-san, seus olhos tinham um brilho especial. Foi impossível você me enganar – ela riu. – Mas então Audrey surgiu...

-A senhora pareceu gostar dela... – Ohno lembrou.

-Eu comecei a pensar que talvez estivesse enganada. E realmente simpatizei com ela! Mas, lembro o quanto seus olhos ficaram tristes pela presença dela... então, naquela noite em que eles vieram nos visitar, eu mandei você buscar o café na cozinha... Lembra-se disso?

-Sim. E Nino-chan me seguiu... – Ohno recordou.

-Fui eu que o mandei atrás de você...

Ohno entendeu. A mãe, às escuras, tentara ajudá-lo.

-Mãe, Nino-chan não estava doente agora... – ele contou, trazendo a atual verdade à tona.

-Imaginei. Mas, e Audrey? Vocês não têm o direito de enganá-la. Não tenho nada contra o amor que os une, mas não devem abusar dos sentimentos de ninguém. Se quiserem ficar juntos, Nino-chan deve acabar o namoro com ela!

Passando a língua sobre os lábios secos, Ohno tentou explicar:

-Mãe...

-Escute-me, Oh-chan – a mãe foi firme. – Muitas pessoas acham que é imoral ser gay. No entanto, não criticam quando um heterossexual adultera. Quero que fique bem claro pra você a minha opinião: Tudo que machuca e fere uma terceira pessoa é imoral.

Ele entendia onde a mãe queria chegar. Orgulhou-se profundamente pela firmeza de caráter que ela demonstrava.

-Não existe nenhum namoro... – explicou.

-Como assim? Nino-chan me apresentou a moça como namorada!

-É uma longa história...

-E você não vai sair daqui antes de me contar tudo direito!

Continua...

Nota final: O capítulo já estava longo demais, e eu não quis continuá-lo, pois já o estou achando estafante. Portanto, o restante da conversa de Ohno com a mãe, e do arashi com a freira vai continuar na próxima semana.

[i]
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyDom Dez 20, 2009 7:43 am

wow. tenso. concordo.
e... yeah. nenhum problema com religiao, se ninguem quiser me alienar com isso. XD
respeito a religiao de cada um, mas apenas peco que nao tentem empurrar isso pra cima de mim. XDDDD
anyway.

Josi escreveu:
O dia que perder a coragem de escrever o que penso, podem me enterrar, porque estarei morta!
wooooooow! Josi para presidente agora! <3 duuuude~! simplesmente AMO esse seu lado. XD hahaha. por isso que sua fic eh tao encantadora. <33333

e posso dizer que amo a mae do Oh-chan? finalmente alguem que os apoia!
meus deuses! seria demais eles terem que enfrentar tudo sozinhos!
niguem eh superman nao?
e....

me senti um pouco desanimada agora....
droga. eu queria que a freira desse mais que puxoes de orelhas na Audrey, mas ela eh pacifica demais para isso! droga.....

ainda posso esfolar o pai do Nino? Por favor Josi? ou essa vai ser a tarefa do Oh-chan? hahaha.
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyDom Dez 20, 2009 9:36 pm

Eu nao tenho problema nenhum c/religiao, cda um cre no q quer

Waaa essa freira é mto boazinha, tem um jeitinho td fofinho e é tao sabia e mente aberta
ms ainda acho q Audrey tem sim problemas
entendo q ela goste da Audrey ou se culpe, ms...
Achei engraçado Jun flando na maior naturalidade sobre homosexualismo na frente dela e Sho reprimindo-o
Essa parte do Ohno c/ a mae dele foi mto emocionante
eu chorei / FATO ç_ç
Foi mto bonito e as coisas q o pai dele disse a mae dele tbm foi mto lindo *----*
Nhaaa o Junior é a coisa mais fofa *-----*
Nao demore p/ postar o proximo cap please
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptySeg Dez 21, 2009 1:21 am

aah
que dó da freira
como alguem tão boa pode se sentir culpada por ter criado alguem tão má ?
a mãe do ohno ... AAH, não tenho palavras . amei ela.
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptySeg Dez 21, 2009 6:43 pm

Kyuu

Yes amiga...hiper tenso.. mas deveras recompensador...afinal, toda obra que a gente consegue tratar de polemica com responsabilidade é um presente ao autor^^

Ahhh.. eu me considero audaciosa nessas situaçoes.pq eu escrevo msm a perigo de ser xingada e tal.. eu acho que alguem tem que dar a cara a tapa.... Rendiçao é escrito por uma envangelica, que acredita no amor e não olha o sexo! Mta gnte acha que os evangelicos sao uma cambada de preconceituosos, mas eu to aqui pra dizer que nem todos sao assim.. eu nao sou! Mesmo que os evangelicos me destroçem por isso, eu to dando a cara a tapa..hehehe


Mãe do ohno é minha deliciiaaaa.. adoroooo ela...

A vida da Audrey é o motivo do aparecimento da freira..preparem-se pro prox. cap... mta coisa vai ser revelada...

Nara

A Audrey tem problemas..e serao revelados no prox. cap..prepare-se amiga..vai ser coisa de deixar o cabelo em pé...
O sho é liberal com ele... mas ele respeita a religiao dos outros... ele é como eu..ahauahauahaua.. alias, ele é baseado em mim..hehehe
A cena do ohno e da mae me fez chorar mtooo
Mtooo obrigada pelo comentario amiga...


Mii

Ai amiga..se eu falar agora... vou estragar a surpresa... mas sera algo bem inimaginavel...
Mtooo obrigada pelo carinho
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptySeg Dez 21, 2009 7:29 pm

Citação :
A Audrey tem problemas..e serao revelados no prox. cap..prepare-se amiga..vai ser coisa de deixar o cabelo em pé...
O Q???? aiai assim nao da
mais em pé do q ja ta? shahshashahsha
assim vc vai me deixar careca d tanto arranca os cabelos
ahsahshahshasha xDD
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptySeg Dez 21, 2009 11:07 pm

HHAHAHA
Mas é que vai ser uma coisa meia...improvavel..
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyDom Dez 27, 2009 12:24 am

Rendição

Capítulo XXIX

Por Josiane Veiga

Nota da Autora: Aka Futai é uma (mais uma) personagem fictícia que será citada nesse capítulo, ou seja, a mulher NÃO EXISTE. Rsrsrs. Aliás, a historia dela surgiu de uma conversa minha com a autora de Guardians: Luciane Rangel, mãe (criadora) de duas fantásticas personagens homossexuais.




--------------------------------------------------------------------------------


A música sacra tinha uma melodia tão suave, que Masaki fechou os olhos por alguns segundos, permitindo que a composição invadisse sua alma. Sempre amou a música. Considerava-se eclético, mas admitia que aquela delicada melodia era especial.

Quando abriu os olhos novamente, percebeu os olhos de Sakurai sob si. A forma afetuosa com que o namorado o encarava, deixou um sorriso macio nos lábios de Aiba.

“Eu te amo”.

Quando os lábios de Sho moveram-se para pronunciar a frase, o rosto de Aiba enrubesceu. Sakurai, obviamente, não disse aquilo em voz alta. Mas o simples fato do homem ter mexido a boca para demonstrar aquele sentimento, já enchia seu coração de ternura.

Desviou os olhos do amante, e voltou-os para a sala branca. As paredes eram cercadas por estantes repletas de livros e uma mesa de mogno marrom dava a aquele lugar certo requinte. Atrás da mesa, Misao Sautou sentava-se em uma cadeira estofada. Com uma das mãos gordinhas, ela indicou as cadeiras a frente.

-Sentem-se.

Os três jovens obedeceram rapidamente. Pela primeira vez desde que conheceram a freira Sautou, tinham a impressão de que era realmente religiosa. Anteriormente, no pátio do orfanato, a simplicidade dela havia-os deixado mais a vontade. Porém, dentro daquelas paredes, sua postura parecia mais séria.

-O que quero contar a vocês não deve sair dessa sala - avisou.

-Não podemos prometer isso – Jun respondeu, apressadamente. – Se for algo que possa ajudar nossos amigos, usaremos a informação.

Os olhos escuros da japonesa demonstraram desânimo.

-Me sinto antiética ao falar do assunto – reclamou. – Nunca falei sobre isso com ninguém.

Aiba se manifestou:

-Por favor, madre! Estamos implorando!

A mulher de roupa escura apoiou os cotovelos sobre a mesa. As mãos seguraram seu queixo e, naquele instante, parecia meditar sobre a circunstância.

-Não sei se valerá de alguma coisa o que vou dizer – Masaki continuou -, mas Nino-chan e Ohno-chan se amam desde que eram crianças. O sentimento deles nunca se desviou ou enfraqueceu. Separá-los é o mesmo que ir matando-os aos poucos...

Misao observou os olhos do loiro, enquanto ele falava. Quanta sinceridade havia naquele olhar! Mesmo assim, teria ela o direito de mexer num passado a tanto enterrado? Sim, se o mesmo passado fosse o responsável pela dor daqueles a sua frente agora.

-Eu tinha cerca de trinta e cinco anos quando a organização católica japonesa resolveu abrir este orfanato – ela contou. – Não lembro-me direito o motivo, mas fui escolhida para ir aos EUA, fazer um treinamento especial na administração da obra filantrópica.

Os três membros do Arashi permaneciam num silêncio mórbido, ouvindo cada palavra com devida atenção.

-Quando lá cheguei, fui designada a cuidar de uma criança especial.

-Como assim especial? – indagou Sho.

-A mãe dessa criança era garçonete. Havia morrido numa overdose de cocaína. A criança foi testemunha da morte da mãe. Daquele momento em diante, ela perdeu a fala.

-Que triste... – Masaki suspirou. – E após a overdose da mãe, foi entregue aos seus cuidados?

-Não. Tinha família. O irmão, e o padrasto. Não houve nenhum tipo de disputa judicial, pois o lado materno não havia se manifestado.

A mulher pareceu mais incomodada que antes. Novamente o silêncio preencheu aquela sala.

-Essa criança é Audrey? – indagou Sakurai. – Eu lamento muito que a vida dela tenha sido tão difícil, mas não justifica sua homofobia! – disse, ríspido.

Indiferente a manifestação de Sho, Misao continuou:

-Quando a mãe morreu, Audrey tinha oito anos. O irmão tinha cinco. Mesmo sem falar, era a menina que cuidava do mais novo.

-O que aconteceu com esse irmão? – indagou Jun – Onde podemos encontrá-lo?

-No cemitério.

-Como assim?

-Está morto. Enforcou-se no aniversário de seis anos.

Os três ficaram estáticos com a notícia.

-Quando a polícia chegou a casa em que Audrey morava, e encontrou o corpo do menino, o mesmo foi submetido a exames. Descobriu-se então que o padrasto o violentava.

-Kami-sama! – Aiba murmurou. – E Audrey?

-Ela também foi submetida a exames... mas, por sorte, o homem não havia tocado nela. Quando foi preso, o homem admitiu que sentia desejos pelo menino.- A freira respirou fundo, buscando ar antes de continuar. – E Audrey acompanhou o irmão sendo submetido à tamanha violência, sem poder fazer nada. Ela era só uma criança, e não tinha forças para lutar contra aquele monstro. Entretanto, ela se culpa... sempre se culpou, pois era a mais velha e considerava-se responsável.

Sho levantou-se da cadeira e foi à direção da enorme janela de vidro. Lá fora, meninas - da idade que Audrey teria quando foi forçada a tamanho horror – brincavam despreocupadamente.

-O que aconteceu a esse homem? – Jun indagou.

-Prisão perpétua – Misao respondeu.

Masaki voltou o olhar para o namorado. O mesmo parecia absorto em pensamentos. Levantou-se também, e foi até ele. Pousou uma das mãos no seu ombro, tentando chamar-lhe a atenção.

-Percebe o que se passa na mente dela? – Sho sussurou.

Porém, suas palavras foram ouvidas por todos naquela sala.

-Sho-kun... – Aiba murmurou.

-Audrey olha para qualquer homem que sente atração por alguém do sexo masculino, e vê o próprio padrasto. Pela aparência frágil, Nino acabou se tornando a exceção. Nino é como se fosse o seu irmão, que ela ama demais, e a quem quer proteger. Ohno é o vilão, o seu repugnante, que abusa do fraco Kazunari.

-Ela é doente – Matsumoto replicou. – Não deve meditar nas suas esquisitices.

-Não penso assim – Sakurai murmurou. – Agora eu entendo porque ela nos odeia tanto – ao dizer isso, o rapper encarou o namorado. – Audrey não é só alguém preconceituosa. Depois de tudo que ela passou, é normal que ela confunda homossexualismo com pedofilia.

-Está querendo dizer que ela acha que somos pedófilos? – Masaki indagou. – Isso é um absurdo.

-Muitas pessoas acham isso dos gays. Poucos percebem a loucura que é tal idéia – Misao suspirou. – Não existe nenhuma ligação, mas as pessoas insistem nesse conceito, para ter um motivo plausível para ficar contra os homossexuais.

-Audrey não vai desistir – Sho a interrompeu. – Afastar Ohno de Nino é a forma que ela encontrou para se redimir pelo irmão.

-E Nino-chan ter aquela cara de bebê deve ter ajudado muito! – Jun riu. – Pelo menos temos uma boa noticia: não é no dinheiro dele que a mulher está interessada. Audrey não vai usar aquelas fotos contra Kazu-chan!

-Também acho – Aiba concordou.

-No entanto – Sho falou -, a situação mudou. Não podemos simplesmente atacar.

-O que quer dizer? – Masaki indagou.

-Que eu creio que nos devemos ajudá-la.

-Ficou maluco? – Jun reagiu, num salto. – Não somos irmãos de caridade para ficarmos tentando dar uma força para aquela louca. Com tudo de ruim que ela já fez contra nós, e você ainda pensa em...

-Jun-chan – Sho o interrompeu. – Se livrar de Audrey não vai mudar a opinião que ela tem de nós... de todos que são diferentes...

-E daí? Que se dane!

-Você não é gay... – Masaki o interrompeu. – Não sabe qual é a sensação de ser olhado de forma preconceituosa...

-Nem você sabe! – Jun rebateu. – Ninguém desconfia de você! Ohno-san e Nino-san são bem óbvios, mas você e Sho são muito discretos.

Masaki sorriu. O simples fato de ele fazer aquilo calou Matsumoto. Sabia que o amigo iria se manifestar, e então esperou. Em poucos segundos, a voz doce de Aiba invadiu o ambiente.

-Há três anos atrás, eu resolvi que devia contar a mãe de Sho-kun sobre meu relacionamento com o seu filho...

Sakurai ficou pasmo, e Jun mortificado.

-Marquei com a senhora Sakurai em um restaurante. Almoçamos juntos, rimos das histórias sobre a JE... enfim, um dia perfeito. Eu sei que ela me ama como filho, e então, enquanto a conversa fluía, enchi-me de coragem. Estava pronto para abrir meu coração...

-E o que o impediu? – Sho estava curioso... e chocado.

Por que Masaki nunca havia lhe contado aquilo? Não fora essa a principal divergência entre eles? Se soubesse que Aiba havia tentado tornar público o relacionamento deles, jamais teria sido tão bruto.

-No momento em que abri a boca para contar tudo, Aka Futai(1) chegou ao restaurante. Sabem quem é ela?

-Sim – Jun respondeu. – É aquela diretora de teatro, não?

-Hai – Masaki afirmou com a cabeça. – Aka-san era conhecida por sua expressão triste. Dizem que ela nunca havia amado alguém... e que era muito infeliz.

Aiba manifestou um triste sorriso.

-Mas naquele dia, ela nos cumprimentou com um sorriso enorme. Seus olhos brilhavam, e ela parecia pisar nas nuvens. Assim que ela se afastou, a senhora Sakurai cochichou algo pra mim que me fez perceber o quanto o preconceito pode machucar.

-O que minha mãe disse? – Sho indagou.

-“Coitadinha... dizem que arrumou uma namorada...Veja só, Aiba-chan... tão bonita, e é lésbica”. – prossegue. – Eu sei que a senhora Sakurai não me disse aquilo por mal, pois afinal de contas, ela desconhece a minha condição sexual. Mas suas palavras me fizeram perceber algo tão importante: durante tanto anos em que Aka Futai era uma pessoa solitária e triste, ninguém se importou o quanto ela era infeliz. Agora que ela havia encontrado o amor, ninguém pareceu notar sua felicidade... tudo que viam é o quanto ela é diferente. Naquele instante, eu prometi a mim mesmo que não contaria nada a sua mãe, Sho-kun – olhou o namorado -, pois ninguém vai se importar se estamos felizes ou não, tudo que vão ver é o quanto somos diferentes dos outros homens. Vão nos olhar, e nos enxergar doentes.

Masaki se preparou para a explosão de Sakurai. Sabia que dizer aquelas palavras poderiam afastar o namorado de si. Sho era audacioso, corajoso e livre. Ele não gostava de amarras. Masaki era o oposto. Tinha limitações, e não podia lutar contra elas. No entanto, foi com alivio que sentiu os braços de Sakurai o puxarem contra si, e o envolver em um casto abraço.

-Vocês dois! – Matsumoto exclamou. – Não esqueçam onde estão!

Soltaram-se imediatamente, e olharam para a freira. Para alívio, a viram sorrindo em suas direções.

-Vocês podem ajudar Audrey – ela afirmou. – Então eu imploro que o façam...

-Não concordo... – Jun reclamou.

Porém a voz de Aiba o interrompeu:

-Semana que vem é Natal...

-Eu sei – Jun suspirou. – Será que dá pra gente falar do seu aniversário depois?

-Semana que vem é Natal – Masaki insistiu. – Dizem os ocidentais que é época de perdão, não? Então eu acredito de verdade que a gente possa perdoá-la, e ajudá-la. Estou disposto!

-Eu também – Sho sorriu.

-Vocês dois ficaram malucos! – Matsumoto reclamou. – Mas, que inferno, o que eu fiz a vida toda que não fosse seguir suas idéias absurdas?



--------------------------------------------------------------------------------

-O pai de Nino-chan veio aqui? – A voz da senhora Ohno fez o filho a encarar.

Estavam na cozinha, tomando o café que descansava na cafeteira elétrica. Abrir o coração para a mãe trouxe a Ohno uma nova dimensão, como se fosse um guerreiro forte pronto a batalha.

-Hai – murmurou.

-E Nino-chan foi com ele?

-Nino-chan só quis nos proteger – Ohno o defendeu. – Kazu-chan não teve uma infância fácil, e nem uma adolescência tranqüila. Sua vida foi envolta por momentos bem difíceis. Então, por este motivo, sempre teve a maldita idéia de que não deve causar mais problemas...

A mulher bebeu um pouco do café. Sua mente raciocinava rapidamente todas aquelas descobertas.

-O pai de Nino nunca foi um homem fácil – disse, por fim. – Ele foi criado numa escola masculina... a família dele leva muito a sério as tradições. Tenho certeza que devia sonhar com um belo casamento com uma moça japonesa de boa família.

-Mas para isso, Nino não devia ter sido artista! – Ohno reagiu. – Não aceitam o Nino-chan do jeito que é, mas aceitam o dinheiro dele!

-Não é os atacando verbalmente que você vai resolver alguma coisa... – A mãe o repreendeu.

-Por que não posso atacá-los? Não o deixaram órfão de pais vivos? Não o abandonaram sozinho no mundo?

-A vida não é “preto no branco” como você acha! – A senhora Ohno suspirou. – Nino-chan não é filho único, e sua mãe tentou manter a família unida, apesar da forma como se desestabilizou. O pai de Nino reagiu muito mal às circunstâncias, e para evitar que a situação do lar piorasse, ela incentivou Nino-chan a sair de casa. Eu não vou dizer a você que faria a mesma coisa, mas compreendo a atitude dela.

Ohno parecia espantado.

-Você sabia, mãe? Você sabia os motivos pelos quais Nino-chan havia saído de casa?

-Não ouse me cobrar lealdade, já que você mesmo mentiu pra mim durante tanto tempo!

Envergonhado, Satoshi baixou a fronte. Mais uma vez, ele entendia que havia puxado pelo lado paterno da família. A mãe era muito sagaz e inteligente.

-O que devo fazer? – Ohno murmurou, após um tempo.

Sentiu os dedos claros da mãe pegando nos seus. Levantou os olhos e observou aquele rosto amigável, sorrindo para ele:

-Você o ama?

-Muito.

-Então lute por ele. Ou acha que ficar aqui no apartamento de Aiba-chan, chorando por Kazunari, vai ajudar em alguma coisa?

-Eu sei que não, mas não tenho idéia do que fazer. Não sou o tipo de pessoa que tem planos mirabolantes. Sou muito simples, mãe...

-Mas tem amigos. E onde eles estão agora?

-No orfanato...

A mulher arqueou as sobrancelhas.

-Que orfanato?

-Audrey foi criada por uma freira japonesa. Estão lá atrás dela, tentando descobrir algo.

A mãe sorriu:

-E o que faz agora na minha frente que não está lá com eles?



--------------------------------------------------------------------------------

O trajeto do apartamento de Masaki até a estrada que os levava em direção norte, foi feito em total silêncio. Para sua sorte, o pai não havia gritado com ele, como fazia diversas vezes durante a adolescência.

Porém, aquela fria calma também o assustava. Mas, por quê? Já não era mais um garoto, que morria de medo do pai descobrir sobre seu amor secreto. Agora já era um homem, dono do seu próprio nariz. Mas, seria mesmo? Se fosse realmente, estaria, naquela hora, almoçando com Oh-chan e não viajando ao lado de um homem que o olhava com tanto asco.

De repente, notou que de fato era um escravo. Naquele instante, era completamente manipulado por Audrey, mas antes dela, também nunca fora completamente livre. E, se fosse honesto consigo mesmo, não seria jamais. Por ser tão diferente, se quisesse ter alguma paz, teria que esconder os sentimentos do seu coração.

-Onde estamos indo? – perguntou após tanto tempo de silêncio. – Onde está me levando?

Imaginou se o pai o responderia. Sabia que aquele homem tinha nojo dele, e então mesmo um simples dialogo, o irritava.

-Estou o levando até uma casa que aluguei, nas montanhas.

O pai o estava afastando do mundo? Por Deus, era crueldade demais. Abriu a boca para protestar, quando viu o pai bater com força no volante. Enfim, havia liberto o monstro violento que sempre existira dentro daquela casca grossa.

-Que teatro foi aquele na casa de Masaki Aiba? – Esbravejou o senhor Ninomiya. – Parecia uma mulherzinha se escondendo atrás de Ohno Satoshi!

Não respondeu. Por que o faria? Sabia que o pai apenas iria se irritar ainda mais se ousasse explicar os sentimentos que o aproximavam do Riida. Fechou os olhos, e ficou agüentando quieto o berro do mais velho:

-Olhe pra você! Tem dinheiro, fama, boa aparência física! Teve as mais belas japonesas como namoradas, mas se atreveu a colocar tudo isso no lixo por causa de um ato sujo! Eu preferia te ver morto a gay!

“Oh-chan... Oh-chan”, focou sua mente.

Era somente um nome... apenas um apelido carinhoso... mas era tudo que ele tinha naquele instante.

...E, talvez, seria tudo que ele teria pelo resto da vida...

Enquanto o pai gritava sua raiva e atirava sob Kazunari suas acusações, Nino divagava nas lembranças...

“Eu amo tanto você, Nino-chan. Eu te amo tanto que aceito sua escolha, mesmo que esta não seja ficar comigo...”

Oh, Satoshi! Se você soubesse. Nunca houve escolha. Nino nunca teve o direito a optar por você. Kazunari sempre teve que esconder o que sentia, e, quando enfim criou coragem para viver aquela paixão, tudo que havia conseguido era trazer dor para aquele a quem mais amava.

-Portanto – ouviu a voz do pai -, faça por merecer o amor daquela garota!

Com a cabeça baixa, Nino foi incapaz de se negar. Sentiu-se covarde, mais uma vez. Aquela sensação já era tão bem conhecida. Vergonhosamente, fraqueza era sua maior característica em relação a sua família.

-Chegamos.

Assim que o senhor Ninomiya avisou, ele observou a casa a que atingiam. O carro estacionou à entrada, e tão logo o veículo estancou, uma mulher morena abriu a porta da frente, e correu a direção deles.

-Nino! – Audrey gritou, atirando-se nos seus braços. – Você está bem? – Indagou, ansiosa.

Kazunari agora estava de pé, encarando a mulher com os olhos frios. Ele não reagiu ao toque dela, nem ao menos lhe sorriu. Deteve-se em olhá-la de forma calculista, como se a medisse.

-Eu arrumei seu quarto – ela avisou, puxando-o pelo braço. – Vai ter uma estadia muito feliz! Poderemos ter um tempo só pra nós dois, afastados de todos. Será nosso tempo para nos conhecermos melhor, antes de irmos juntos pros EUA.

Kazu continuou em silêncio, mantendo-se alheio as palavras da mulher. Obviamente, o rapaz a ouvia, mas não fazia nenhum caso.

Quando entrou na casa, não reparou nos móveis finos, nem na aparência maravilhosa do lugar. Tudo que pensava era que preferiria estar num casebre horrível, mas com Ohno. Também não reparou na conversa animada da americana, e apenas a deixou guiar a si para um espaçoso quarto.

O pai sumiu de suas vistas, assim que a porta da suíte se fechou. Estava lá sozinho com Audrey, mas, estranhamente, não sentiu nada pelo fato... apenas indiferença.

-Sei que está zangado – a moça começou. – Mas, um dia, você vai me agradecer muito por tudo isso.

Silêncio.

-Eu te amo tanto... por que não entende?

Só então Ninomiya a olhou.

-Eu te dou todo o meu dinheiro pelas fotos...

-Anh? – A expressão dela era confusa.

-As fotos que você tirou. Eu te dou tudo que tenho... tudo... pelas fotos.

-Eu só quero você...

Nino respirou fundo, buscando paciência.

-Não me importo mais com o que fizer comigo, mas quero impedi-la de prejudicar meus amigos.

Os belos olhos amendoados dela obscureceram-se. Perplexo, Nino viu lágrimas.

-É isso que você acha? Crê que eu quero dinheiro? Que tudo que me importa é acabar com seus amigos?

-E não é?

-Somente se eles não desistirem de você! Atacá-los é a forma que tenho de te proteger...

-Me proteger?

-Eles influenciaram você, Nino – Audrey explicou. – Eles o fizeram acreditar que você gosta daquele tal de Satoshi. Mas isso é impossível, porque você é homem. Você deve fazer sexo com uma mulher... amar uma mulher... me amar...

-Isso não vai acontecer...

-Aquele maldito líder o dominou... o fez acreditar numa perversão... num ato imundo...

Quem ela era pra se atrever a falar de Ohno na sua frente? Cegando-se, Kazu pegou os braços de Audrey e a puxou contra ele.

-Eu sou o passivo – contou, baixo. O olhos dela arregalaram-se. – E, quando Ohchan me penetra, eu sinto muito prazer... eu adoro...

-Cale a boca!

-A sensação que tenho quando sinto o órgão longo e macio de Ohno entrando dentro de mim é indescritível... porque eu sei que é lá que ele deve estar...

-Você não sabe o que diz!

-Não é sexo... nunca foi! Sexo é apenas desejo, mas quando Ohno entra em mim, não é meu corpo que ele invade, é meu coração. Ele aquece minha alma – Nino aumentou mais a voz. – E eu o amo... e você nunca – apertou mais o aperto – nunca – repetiu, categórico – nunca vai mudar isso!

-Amor? – A voz de Morgan estava embargada pelas lágrimas. – O que isso pode ter de amor? Amor é um sentimento direito, correto.

-E isso eu vivo com Ohchan! – Nino retificou. – Quando eu estou com ele, eu sei que ali é o meu lugar. Entre nós, não existe fingimento... com ele, eu posso ser o que eu realmente sou...

As lágrimas de Audrey já molhavam todo o rosto da jovem. Mas, para surpresa de Kazu, ela não gritou, nem esbravejou contra aquela determinação:

-Eu vou te ajudar...

-O quê? – Nino ficou confuso.

-Você vai ficar curado dessa doença e tudo vai ficar bem.

Após dizer essas palavras, ela deu as costas a Kazu, e saiu, batendo a porta.



--------------------------------------------------------------------------------

Melanie Vardin abriu a porta do apartamento assim que a campainha tocou. Masaki Aiba havia lhe mandado uma mensagem pelo celular no dia anterior, avisando que iria passar o dia na sua presença.

-Sim? – disse, assim que abriu a porta.

A decepção a tomou por não ser o rosto do loiro a sua frente. Um pequeno japonês a entregou um buquê de flores, e afastou-se educadamente.

Fechou a porta, tentando evitar as lágrimas.

Aiba lhe telefonava todo dia, mas por conta da agenda estafante, quase não vinha vê-la. Sentia falta do seu sorriso, e da sua voz doce. A presença de Masaki era um alento a sua alma.

Olhou o buquê. Rosas brancas, suas favoritas. Uma pequena missiva estava por cima das flores.

“Tive problemas, e não pude ir até você. Mas gosto muito da linda Mel-chan, né? E do bebê de Sho-kun também! Irei até você assim que puder. O telefone da minha agente está embaixo, e tudo que precisar, é só ligar... não se acanhe, por favor...

Seu amigo,

Masaki Aiba”


Seu amigo... amigo... Única pessoa que havia lhe estendido a mão em toda a sua vida, dando-lhe carinho e tratando-a com respeito. Único homem que não tentou levá-la a cama, ou barganhar favores...

Seu amigo...

Masaki Aiba era seu amigo!

E ela, o que fazia?

Melanie Vardin caiu ao chão, em lágrimas, enquanto o remorso a dominava...

Continua...
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyDom Dez 27, 2009 5:31 pm

Aii q triste a historia da Audrey TToTT
nunca imaginaria q ela tivesse um passado assim
entendo do pq ela agir assim, embora isso nao justifique
ms q é triste é Ç_Ç
Essa mae do Ohno é maravilhosa *------*
*fã da mae do Ohno haha*
Maaaiis
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyDom Dez 27, 2009 6:24 pm

aaaaaaah
se nao fosse a audrey, eu até teria dó dela
e o que sera que ela vai apronta ? :T
boom, como sempre né.. tá de parabéns *-*
ameei o capitulo
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyTer Dez 29, 2009 8:55 pm

Nara^^
Sim flor.. ela na verdade é doente. Passou por 3 grandes traumas: morte da mae, morte do irmão e estupro do irmão, e nao recebeu nenhum tratamento..cresceu com os padroes morais invertidos...
Vai ser legar trabalhar essa personagem agora^^

Brigada pelo comentario amore^^




Mii
A Audrey ainda terá grandes participaçoes amore^^ vai ser bommm lidar isso...hehehe
Mtoo obrigada pelo carinho
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyDom Jan 03, 2010 4:36 am

Rendição

Capítulo XXX

Por Josiane Veiga

Nota da Autora: Cap 30! Nossa! Um marco! Primeiro fanfic que escrevi que chega tão longe(em nº de capítulos). Quero agradecer demais a todos que acompanham.. a todos que me receberam com tanto carinho nesse fandom. Obrigada por cada comentário, por cada elogio ^.^E capítulo mais curto, pois essa semana não estive muito bem (inspiração).




--------------------------------------------------------------------------------


-De jeito nenhum! – Exclamou Karin.

A mulher japonesa caminhou por entre os corredores do estúdio de televisão. Três jovens homens seguiam atrás dela, com os passos tão apressados quanto os seus.

-Karin-san! – Sho esbravejou. – Não posso acreditar que você vai se recusar a nos fornecer o endereço de onde Nino-chan está!

A moça virou-se para trás, e encarou o moreno.

-Pois acredite.

Após isso, continuou a caminhar despreocupadamente. Ela cruzava por outras pessoas, e as cumprimentava de forma negligente. Logo alcançou sua sala, e adentrou. Só então percebeu que os três continuavam no seu encalço.

-Eu tenho dois scripts dos programas pra revisar – avisou. – Poderiam dar-me licença?

Masaki negou com a face.

-Tente nos entender, Karin-san... só você pode nos ajudar.

-Precisamos saber qual é o endereço de onde Nino-chan se encontra – Matsumoto ajudou a insistir.

Um suspiro zangado escapou dos lábios dela:

-Por Kami-sama! O pai de Nino o levou esta manhã! Não conseguem ficar poucas horas separados?

-Não podemos explicar agora – Sho insistiu -, mas precisamos ir vê-lo!

-Prometi ao Sr. Ninomiya – Karin moveu a mão, deixando claro sua negativa -, de que não falaria nada a ninguém. Além disso, serão poucos dias, afinal, eu notei que Nino-chan estava muito bem de saúde – ela resmungou.

Pegos na mentira! Sho, Aiba e Jun não puderam sequer retrucar aquela frase. Era bem verdade que eles inventaram a agência de que Kazunari estava doente. Entretanto, nenhum deles pareceu envergonhado pela inverdade.

-Karin... – Sho voltou a falar.

Porém, naquele instante, uma quarta pessoa entrou na sala da executiva. Ohno Satoshi vinha com uma postura firme e séria. Ele caminhou alguns passos, e postou-se ao lado dos amigos. Seu olhar era intenso, duro. Os demais membros da banda pareceram estranhá-lo, como se acabassem de ver um fantasma. Seu líder era doce e gentil. Quase ingênuo. Todavia, o Satoshi de agora era tremendamente assustador.

-Dei-nos o endereço – ordenou o mais velho a Karin.

-Eu prometi...

-Agora!

O timbre do Riida era baixo. Nenhum sinal de irritação, apenas de secura.

-Por que querem o endereço de Kazunari-chan? – A mulher pareceu obstinada. – Vocês têm duas tomadas de gravações ainda hoje! Aguardem até a próxima semana, quando o amigo de vocês aparecer...

-Se não nos der o endereço agora – Ohno a interrompeu – não haverá gravações hoje, nem amanhã, nem nunca mais – ameaçou.

Os olhos dos companheiros se arregalaram. O que diabos o Riida estava falando? Havia enlouquecido? Mesmo assim, apesar do descrédito com que ouviam aquelas intimidações, não ousaram desmentir o companheiro.

-Está brincando? – Karin parecia enfurecida. – Vocês têm contrato...

-Dei-me o endereço – ele repetiu, categórico.

-O que está acontecendo com você? – De raiva, seu rosto se tornou uma máscara de preocupação. – Sempre foi tão responsável. Aliás, vocês cinco sempre foram um exemplo para os outros jovens da agência. Como pode agora falar de descumprir um contrato de forma tão banal?

No entanto, era como se a voz dela fosse atirada às paredes. Ohno nada parecia compreender. O olhar continuava firme e duro.

-Vou sair do estúdio agora, e vou atrás do endereço. Vou revirar Tókio, mas vou conseguir a indicação de onde Nino-chan está. Você pode me ver dar as costas agora, ou me alcançar o endereço. O que vai escolher?

Karin tamborilou o dedo indicador na mesa de mogno, enquanto parecia pensar. Seu olhar não desviou de Satoshi, e a mulher parecia seriamente surpresa por aquela faceta de Ohno, que tão poucas pessoas já haviam visto.

Não demorou muito, e a moça abriu a bolsa. De lá, tirou a agenda. O endereço se encontrava no meio das folhas. Ela mesma copiou em um pedaço de papel e entregou ao líder da banda.

-Obrigado, Karin-san – Ohno murmurou.

-Ter o endereço não é garantia de que vai conseguir ver Ninomiya-san – avisou. – O pai de Nino-chan pode não deixar nenhum de vocês entrarem na casa.

-Deixe conosco.

Após isso, Ohno deu às costas a mulher, e saiu da sala apressadamente. Não olhou para trás em nenhum momento, mas sabia que os amigos o seguiam. Logo chegaram ao camarim, e ao entrarem, trancaram a porta.

Só então, Ohno pareceu soltar a respiração e voltar ao antigo Satoshi.

-Oh-chan – Masaki parecia espantado. – Quem foi aquele lá no escritório da Karin-san?

-Não parecia você... – Jun concordou. – Foi realmente assustador...

Ohno sorriu.

-É um personagem. Às vezes eu o treino em frente ao espelho... – explicou. - Como diversão. – Acrescentou. - Ajudou-me hoje, então estou feliz pela excentricidade.

-Personagem? – Sakurai se manifestou. – E que personagem é? Aliás, pra que você treina um personagem tão... intimidante?

-Não tenho idéia... – Ohno murmurou, incomodado pela própria excentricidade. – Quem sabe algum dia alguém não me dê um personagem de um assassino ou coisa do tipo?

-Quem seria maluco em lhe dar tal personagem com essa cara de anjo que você tem? – Indagou Sho. Entretanto, pareceu mudar de idéia em seguida. – Enfim, se alguém der-lhe tal personagem, tenho certeza que você vai ganhar muitos prêmios de melhor ator!

-Ok. Ok! – Jun interrompeu o diálogo. – Vamos voltar ao assunto principal? Oh-chan, temos que conversar sob Audrey!

-Depois – Satoshi voltou o corpo para a porta. – Agora eu vou atrás de Nino-chan.

-Espere – Jun o segurou pelo braço. – Não antes de nos ouvir...

-É, Oh-chan – Masaki concordou. – Você precisa saber quem é Audrey...

-Eu sei quem ela é – Ohno reclamou. – Uma bruxa maldita, ruim, mesquinha...

Sho adiantou-se e se postou a frente do líder.

-Não... – Sho o interrompeu. – Audrey é doente, Oh-chan...

Aquela afirmação do rapper fez Ohno arquear as finas sobrancelhas.

-Doente? Do que estão falando?



--------------------------------------------------------------------------------

Após Sakurai terminar todo o relato, o líder do Arashi sentou-se no sofá. Audrey realmente não era uma pessoa normal, e sim, uma vítima da vida. Uma criança que foi exposta a três grandes traumas – a morte da mãe, o estupro do irmão e, por fim, a morte do mesmo irmão – e que não recebeu nenhum tratamento adequado, era incapaz de dominar as próprias emoções. Como as entidades da época não perceberam a necessidade de auxiliar psicologicamente aquela menina?

Era próprio de Satoshi a piedade. Era de seu caráter. Criado por uma mulher forte como a senhora Ohno, o homem cresceu tendo como espelho uma mãe extremamente humana, que lhe ensinou sentimentos como compaixão.

-Temos duas escolhas... – Sho voltou a falar. – A primeira é mandarmos matar Audrey, pois só assim ela desistiria de Nino-chan...

Obviamente, essa alternativa era descartada pelos quatro, e foi dita apenas como forma de ilustração.

-E a segunda? – Ohno questionou.

-A ajudarmos...

-E como faríamos isso? – Ohno moveu a cabeça negativamente. – Alguém aqui já percebeu que ela é o tipo de pessoa tão transtornada mentalmente que se tornou quase uma maluca?

-Nós temos obrigação de tentar – Sho o respondeu. – Qualquer alternativa. Vamos primeiro conversar com ela... se não funcionar, então iremos usar outro método.

Era em momentos como aquele que a humanidade de Sakurai se manifestava. Para ele, auxiliar uma terceira pessoa era uma obrigação moral. Por sorte, tinha amigos que compreendiam seus sentimentos, e apoiavam-no.

-Não posso ir até Audrey... – O Riida murmurou. – Imagino o que ela sente quando me vê... Compreendo que quando me tratava bem, era apenas uma forma de que eu não suspeitasse seus verdadeiros sentimentos para comigo.

Um silêncio reinou por alguns segundos dentro do camarim. Sho e Aiba aproximaram-se instintivamente um do outro, como se buscassem palavras para tentar aliviar o clima. Mas foi Jun, que indo até Ohno, e pousando a mão pálida no ombro do amigo, fez com que a situação amenizasse.

-Não devo ir até Nino-chan agora – Satoshi suspirou. – É melhor que dois de vocês vão primeiro. Acredito que devo ficar afastado para não prejudicá-lo ainda mais.

Matsumoto sentiu como se aquelas palavras fossem ditas com tamanho esforço que Ohno se segurou para não cair em lágrimas. E qualquer sofrimento que fosse sentido pelo Líder, era naturalmente captado e experimentado pelo próprio Jun.

-Quando Nino-chan esteve no hospital logo após o acidente – Ohno contou – ele me disse que tentava se afastar de mim para que eu não sofresse, mas que o resultado era sempre me fazer chorar. Agora eu consigo entender direito o que ele queria dizer...

Dessa vez Masaki também se aproximou de Ohno, e o abraçou.

-Sho-chan e eu iremos até Nino-chan. Vamos fazer de tudo para ajudar vocês dois, eu prometo.

-Eu sei disso, Aiba-chan... – o sorriso triste de Satoshi trouxe lágrimas aos olhos límpidos de Masaki.

-E eu irei ficar com você aqui – Jun se manifestou. – Vamos fazer as gravações de hoje para não enlouquecermos a Karin-chan – o mais novo tentou rir.

-Você e Nino-chan não estão sozinhos – Sho murmurou, um tanto incomodado com aquela cena emotiva.

Vendo a preocupação estampada nos olhos dos companheiros, Ohno por fim deu um sorriso verdadeiro.



--------------------------------------------------------------------------------

-Por que o pai de Nino-chan o levou para tão longe da cidade? – Masaki indagou, enquanto observava a paisagem da janela do carro de Sakurai.

-Não longe da cidade, e sim longe de nós... – Sho corrigiu. – Uma casa nas montanhas realmente foi uma boa estratégia. Nino-chan ficaria isolado lá, só com Audrey...

-E ela poderia seduzi-lo? – Masaki suspirou. – Como se um amor como o que Kazu-chan sente por Oh-chan pudesse ser esquecido tão facilmente.

Sho concordou. Infelizmente, Audrey não estava em condições de ser racional, e o senhor Ninomiya estava desesperado tentando mudar a opção sexual do filho. Pobre Nino-chan nas mãos de duas pessoas desequilibradas pelo desespero.

-Lá está a casa – Sakurai disse, assim que avistou a residência de paredes claras. – Enfim chegamos... – murmurou.

Tão logo o carro estacionou à frente do casarão, os dois saíram do veículo. Sho fez a volta pela frente do automóvel e ficou ao lado do namorado.

-O que vai dizer a ela? – Masaki murmurou.

-Não tenho idéia. – Pela primeira vez, Sakurai parecia inseguro. – Não sou psicólogo – gemeu. – Gostaria de ter passado em uma biblioteca antes de vir pra cá, para pegar algum livro sobre psicologia...

Aiba sorriu perante aquelas palavras. Era da personalidade do namorado agir daquela forma, buscando amparo nos livros.

-Eu te amo, Sho-kun... – disse, baixinho.

Perante as palavras, Sakurai encarou o amante:

-Por que está me dizendo isso?

-Fiquei com vontade. Não posso?

-Pode – sorriu. – Mas é estranho você dizer isso aqui, em frente a esse local...

Aiba suspirou.

-Se nós estivéssemos passando pelo que Nino-chan e Oh-chan estão passando, eu morreria, Sho-kun...

Os olhos do moreno se escureceram.

-Eu nunca pensei sobre isso, mas admito que a possibilidade de ter nossa família contra nós me assusta.

-Consegue me entender agora, não é?

Sho assentiu com a face.

-Eu sou livre de espírito, e teria coragem para enfrentar a tudo e a todos – suas palavras eram carinhosas. – Entretanto, eu sei agora que tem coisas que eu posso enfrentar... mas talvez não queira encarar.

Masaki segurou o braço de Sho. O olhar de ambos se encontraram.

-Sua mãe é muito importante pra mim – Masaki suspirou. – Não quero enganá-la a vida toda... mas ainda acho que não estou pronto para contar a ela. A senhora Sakurai sonha em vê-lo casado com uma moça japonesa de boa linhagem, de sangue nobre...

-Eu sei – Sho gemeu. – Acho isso tão antiquado. Mesmo que não fosse você meu amor, eu gostaria de escolher a mulher a qual desposaria.

Masaki baixou a fronte.

-Nós nunca iremos nos casar, Sho-kun...

-Existem países que conseguiríamos nos unir... Sinceramente não sei se no Japão teríamos algum apoio... mas se você desejasse, poderíamos...

-Não, Sho-kun. Eu quero e prefiro a discrição. Por respeito a sua mãe...

Sakurai compreendeu, e ressaltou:

-Eu não preciso de um papel ou de uma cerimônia para te amar e respeitar. Existem milhões de casais casados tanto no civil quanto no religioso que nem se amam, nem se respeitam...

-Eu sei...

A conversa poderia ter prosseguido por horas, mas os dois optaram por encerrá-la ali, já que o local não era o apropriado para esse tipo de discussão.

-Vamos? – Sakurai indagou, antes de começar a caminhar em direção a porta.

Quando chegaram à entrada, estancaram. Foi Masaki que, após alguns momentos de hesitação, apertou a campainha. Segundos se passaram antes da porta se abrir.

-Vocês dois...

Por frações de segundos, o casal Sakuraiba notou que a morena americana que os atendera não pareceu surpresa ao vê-los.

-Trouxeram? – ela perguntou, dando passagem.

Os dois entraram na casa, seguindo os passos da morena. A sala de entrada era equipada com sofás, e Audrey sentou em um deles, encarando os homens.

-O quê? – Sho demonstrou confusão.

-As roupas de Nino – a mulher explicou. – Quando veio essa manhã, Nino não trouxe nenhuma bagagem. Achei que vieram trazer os pertences dele.

-Não... não trouxemos nada... – Masaki disse, envergonhado. – Viemos falar com você...

O som do relógio de parede foi o único barulho ouvido durante alguns segundos, já que a mulher parecia realmente surpresa.

-Comigo? – As sobrancelhas escuras dela, elevaram-se. – Nem precisam começar! Eu já sei o que vieram me dizer, mas adianto que não, não vou trocar Nino por dinheiro nenhum. Admito que quero ser atriz, e ser a namorada de um astro vai fazer um bem muito grande a minha carreira, mas independente disso, eu amo Nino e meu desejo é ficar com ele, mesmo que Kazunari não queira mais ser ator.

Quando a moça despejou aquelas palavras, Sho e Masaki se encararam. Não esperavam aquela reação.

-Nós estivemos essa manhã com uma freira chamada Sautou Misao. Reconhece o nome? – Sho começou.

Silêncio.

-Sabemos que a madre superiora a criou, Audrey...

O olhar de ódio que a morena os focou arrepiou o casal.

-Nós sabemos o que você passou – Masaki declarou. – Estamos aqui porque queremos...

-Os dois – ela o interrompeu – saíam agora!

-Audrey... – Sho tentou.

-Sumam daqui!

O grito dela foi tão forte que em segundos tanto Nino quanto seu pai estavam na sala. Em princípio, os olhos de Kazunari alegraram-se ao ver os amigos, porém, notando o olhar assustado de ambos, Nino também ficou sério.

-O que está acontecendo? – O Sr. Ninomiya indagou.

Mas Morgan já não conseguia responder. Seus soluços invadiram o ambiente, e lágrimas vieram aos borbotões. Até Kazu pareceu assustado com a reação, pois nunca pensou que aquela mulher pudesse chorar.

-Vão embora! – Ela gritou mais uma vez.

-Só queremos ajudá-la – Masaki insistiu.

Kazu não pode deixar de se surpreender com aquilo. O que estava acontecendo? O que os amigos estavam fazendo?

-Não ouviram a moça? – Seu pai gritou antes mesmo que ele esboçar qualquer reação. – Sumam daqui, e não voltem mais!

Conhecendo o próprio pai e temendo pelos colegas, Nino tentou alertá-los.

-Por favor, vão.

A dor do afastamento que Nino-chan sentia era palpável tanto a Sho quanto a Aiba. Dessa forma, os dois apenas tentaram transmitir seus sentimentos a Kazu com o olhar.

“Amamos você”

Quando a porta se fechou, Nino encarou Audrey. Esperava que o teatro dela chegasse ao fim tão logo visse os amigos dele indo embora, mas para sua surpresa, ela continuava a ofegar e a chorar, num misto de dor e raiva.

-Você está bem? – O pai dele ajoelhou-se perante a moça que ainda estava sentada no sofá. – Quer que eu traga uma água com açúcar?

As mãos dela tremiam, e seus olhos demonstravam um pânico impressionante.

“Que atriz”, pensou Kazu.

-Preciso ficar sozinha... – por fim, a mulher conseguiu dizer.

-Tem certeza?

-Absoluta – pareceu decidida. – Preciso ficar sozinha – repetiu, e correu em direção ao quarto.

Nenhum dos homens a seguiu, então a moça sentiu-se segura para chorar com privacidade. Quando trancou a porta do quarto, encostou-se na parede.

O que aqueles dois malditos iriam fazer contra ela?

Seu caminhar estava cambaleante, mas a americana conseguiu chegar até a bolsa que se mantinha ao lado da cama. Nunca seu celular pareceu com as teclas tão duras quanto aquele dia, pois Audrey digitou o número errado por três vezes. Quase estava desistindo de fazer a ligação, quando se lembrou da agenda eletrônica que o aparelho tinha. Procurando pelo nome, por fim, conseguiu seu intento.

-Audrey... – a pessoa do outro lado da linha pareceu surpresa ao falar com ela.

-Sho Sakurai e Masaki Aiba estiveram aqui – falou, zangada. – Estão juntos, unidos! Você não presta nem para separá-los...

-Fiz o que pude! Mas eles são muito leais um ao outro!

-E aquela garota que pagamos para separá-los...?

-Parece que os uniu mais... – a voz do outro lado da linha respondeu. – Não sei o que fazer...

Audrey suspirou.

-Pressione-a. Faça com que ela saiba meu objetivo. E você, faça alguma coisa para separá-los. Não me importo com o que, mas faça!

Um silêncio constrangedor do outro lado da linha a irritou.

-Me ouviu?

-Eu amo o senhor Aiba – a voz confessou.

-Não me interessa isso! – esbravejou. – Mas lembre-se que se não fosse por mim, você nunca estaria trabalhando ao lado dele!

-Eu sei... te agradeço por isso...

-Não fiz isso por bondade! Convenci a executiva deles a contratá-lo para que me ajudasse, e você me prometeu, Jean!

-Eu sei, Audrey...

-Quero ver Masaki Aiba e Sakurai Sho se odiando! E seu tempo está se esgotando...

-Farei isso...

Tão logo o rapaz confirmou o que ela queria ouvir, Morgan desligou o aparelho.

-Tão sujo quanto eles... – murmurou, ainda olhando o celular.



--------------------------------------------------------------------------------

-Você quer comer alguma coisa? Sei que não almoçou, e não faremos nada até Aiba-chan e Sho-chan chegar – Jun falou entrando no apartamento de Masaki. – Acho que Aiba deixou pão na geladeira, e eu posso fazer um sanduíche pra você...

-Estou sem fome...

A voz triste de Ohno deprimiu Jun.

-Mesmo sem fome, você precisa comer! – Foi em direção à cozinha, quando lembrou-se de algo e voltou. - Onde está Junior?

-Minha mãe o levou hoje de manhã...

-Vai ficar aqui no apartamento de Aiba ou voltará para casa?

-Não existem motivos para eu ficar aqui... – Ohno suspirou. – Enquanto você prepara um lanche, vou ir arrumar minha mala...

Jun concordou.

Em passos lentos, Ohno aproximou-se do quarto onde havia vivido aqueles poucos dias de felicidade ao lado de Nino. Quando chegou a porta, encarou a cama de lençóis claros e sorriu. O cheiro de Kazu ainda estava naquele quarto, assim como o travesseiro ainda parecia um tanto amassado. Foi tudo tão rápido... ainda naquela manhã estava a fazer amor com a pessoa que tanto amava, e agora sofria porque não tinha esperanças de voltar a viver aquilo.

-Nino-chan... – gemeu, ao entrar no quarto.

Caminhou devagar em direção ao roupeiro, e abriu as portas do móvel. Por alguns segundos, olhou lá para dentro, como se nada visse. Mas logo sorriu. Suas camisas e as de Nino estavam juntas, como se não se importassem em dividir o espaço.

Puxou vagarosamente um casaco cinza de lã que Nino usava com freqüência dentro do apartamento. Satoshi agiu por instinto quando segurou a peça contra o rosto e aspirou ao resto do perfume de Kazu que ainda estava lá.

-Oh-chan...

A voz de Matsumoto fez Ohno virar o rosto em direção ao rapaz. O amigo o encarava com ternura.

-Tudo vai ficar bem – disse, tentando dar forças ao mais velho.

Uma lágrima desceu pela face do mais velho.

-Sei que pode parecer ridículo, mas pra mim, é como se Nino-chan fosse uma outra parte da minha alma... uma extensão do meu corpo... Quando estou perto dele, eu sou feliz.

Jun se aproximou de Ohno e o abraçou. Por Deus, como doía ao seu coração ouvir a voz de Satoshi dizendo aquilo.

-Mesmo quando não estávamos juntos como casal – o Riida continuou, não notando o olhar lacrimante do companheiro de banda -, só o fato de que ele estava perto de mim, me deixava feliz. No entanto, depois que ficamos juntos, minha necessidade dele se tornou muito mais forte. Não existe espaço para a alegria se Kazu-chan não está por perto...

-Não diga isso...

-É verdade!

-Não é! Você é um homem incrível, Riida! Uma pessoa que tem tantas qualidades! Não precisa colocar a sua felicidade nas mãos de Nino-chan dessa forma!

O que estava dizendo? Matsumoto tentou se calar, mas não conseguia.

-Você pode amar de novo e ser amado, Riida!

O olhar descrente de Satoshi parecia tão surpreso quanto o de Jun. Matsumoto queria se calar, e Ohno não entendia o motivo pelas frases duras.

-Nino-chan é único pra mim, Jun-chan. Não se trata de colocar minha vida nas mãos dele, porque eu não dei nada a ele. Não se pode dar algo a alguém que já pertença a essa pessoa.

Foi rápido. Rápido e rasteiro. Jun aproximou os lábios de Ohno e o beijou de forma intensa, como se quisesse desmentir aquelas palavras. Satoshi não manifestou reação, pois parecia espantado demais para resistir.

Notando o estado apático de Ohno, Matsumoto por fim o soltou. Seus olhos transbordavam lágrimas, e o moreno estava tão envergonhado que não conseguia sequer erguer os olhos para Ohno.

-Me perdoa, Riida... – murmurou. – Eu não sei porque disse e fiz isso...

-Mas eu sei... – Ohno rebateu. – E lamento tanto... – a voz de Satoshi sumiu por alguns segundos. – Você é uma pessoa incrível, Jun-chan. É lindo, inteligente, rico, famoso e tem tantas qualidades que eu poderia ficar horas elogiando você... – o murmuro do mais velho ficou mais audível. – Você merece ser feliz...

-Mas não serei ao seu lado, né? – Jun indagou, com a voz mortificada.

-Não posso dar meu coração a você, Jun-chan... – Ohno anunciou, de forma cautelosa. – Não posso dar o que não me pertence...

Compreendendo as implicações daquelas palavras, Jun começou a se afastar.

-Me desculpa Oh-chan...

-Jun-san...

-Eu realmente preciso ir pra casa…

-Não, espere...

-Eu preciso ficar sozinho. Por favor, não ache que eu estou magoado, ou com raiva. Nem pense que eu quero separá-lo de Nino-chan... tudo que eu quero é vê-lo feliz... – Continuou, de forma nervosa. – Mas eu não posso impedir meus sentimentos... então... eu preciso de um tempo...

Ohno assentiu com a face.

-Eu te amo, Jun-chan... – confessou. – Você é meu amigo...

Essa foi à última frase que Matsumoto ouviu antes de sair pela porta e correr para longe de Satoshi.

Continua...
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyDom Jan 03, 2010 7:26 am

meeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeu deus *o*
to meeeeeeeeeeeega chocada o-o
nossa, não tem nem o que falar da fic, tá perfeita demais *o*
e parabéns pelo 30º capitulo, a fanfic inteira, tá linda, de verdade
amei amei amei amei amei *u*
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyDom Jan 03, 2010 7:28 pm

Wow Ohno encarando dessa forma a Karin
realmente é cmo se fosse outa pessoa
Aiai essa cena final do Jun c/ o Ohno
tadinho do Jun amar tanto alguem e nao ser correspondido TToTT
Jun merece tanto ser feliz
alias tds eles merecem
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyDom Jan 03, 2010 9:30 pm

Mii e Nara^ ^
Obrigada pelos comentarios^^
Realmente, Jun foi o personagem sofrido do cap. É mto triste amar e não ser amada...
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Josiane Veiga
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptySáb Jan 09, 2010 8:30 pm

Rendição

Capítulo XXXI

Por Josiane Veiga

Nota da Autora: Mais uma vez o capítulo ficou grande demais, e cenas que deviam acontecer nele, simplesmente terão que ser deixadas para o próximo. E dessa forma, lá vai Rendição aumentando ainda mais em capítulos sem previsão para o fim. Sinceras desculpas por ter dado spoilers que simplesmente não se realizaram neste capítulo!


Os dois dias que se seguiram à saída de Ninomiya do apartamento de Masaki foram difíceis e cruéis aos membros da banda.

Desesperados por tentar achar uma solução para o caso de Audrey, Sakurai e Aiba ficaram divididos entre procurar um psicólogo ou fazer uma denuncia formal a polícia (mesmo sabendo que essa última opção não faria a menor diferença, pois com o apoio do pai de Kazu, Audrey havia tornado-se imune a qualquer acusação).

Acabaram optando pela internet, pois o medo de um escândalo maior ainda os rondava. Se um psicólogo acabasse contanto a imprensa sobre a situação que viviam - e o casal Sakuraiba bem sabia que a imprensa pagaria uma fortuna por uma informação daquelas -, colocariam em perigo a carreira de Kazu; e, afinal, ser um artista era tudo que o amigo mais prezava.

Entretanto, na internet também não existiam grandes informações sobre o problema de Morgan. Mesmo assim, nenhum deles pensou em desistir, e continuavam a procurar.

Foi entre esse redemoinho de assuntos pendentes que Matsumoto pediu dois dias de folga. Os amigos preocuparam-se imediatamente, mas, por telefone, ele os tranqüilizou. Queria apenas descansar, foi o que disse. Aiba e Sho estranharam imediatamente aquele pedido, afinal, naquele momento, precisavam estar unidos para tentar resolver o problema de Nino. Mas, vendo o olhar estranho que Satoshi teve quando Jun fez a solicitação, resolveram se calar.

Então, dentro dos camarins, agora apenas três dos cinco membros da banda estavam trabalhando. Naquele dia, haviam gravações importantes a serem feitas. Por sorte eram quadros externos, em que uma dupla apenas era necessária. Apesar de estarem reprisando alguns programas no horário (a justificativa usada era que dois dos membros - Jun e Nino - estavam doentes), os programas da próxima semana tinham que ter novidades.

-Eu posso ir com algum de vocês, e o outro descansa - Ohno sugeriu.

O líder sabia que os seus amigos estavam cansados, pois passavam a noite estudando livros e artigos sobre abuso infantil.

-Não, Oh-chan! - Masaki negou. - Você não tem dormido, nem se alimentado direito. Está muito cansado, e precisa de repouso. Sho-chan e eu iremos gravar a externa, e queremos que você vá descansar.

Ohno moveu a cabeça negativamente.

-Estou sendo um inútil. – Recriminou-se. - Se não fossem por vocês dois, estaria completamente perdido.

-Não diga isso! - Sho falou, levantando-se do sofá. - Você não é uma máquina para não se sentir abatido. Qualquer pessoa ficaria abalada por uma situação dessas. Está passando por um momento tão difícil.. é natural que sofra.

-Mas Nino-chan precisa de mim agora - Satoshi suspirou. - E, no entanto, estou aqui, sem saber o que fazer...

-É por isso que você tem amigos - o sorriso de Masaki foi tranqüilizador. - Não se preocupe. Na próxima semana Nino-chan vai voltar ao estúdio, e nós iremos resolver tudo.

-Isso se Audrey não decidir levá-lo embora do país antes!

-Não permitiríamos! - Sho reagiu. - Confie em mim, Oh-chan!

Poucos minutos depois, Sakuraiba saía do camarim para gravar o quadro do programa, e Ohno continuava sozinho, observando as paredes...

~~~~~~~0000~~~~~~~

No primeiro dia na casa que o pai tinha alugado, Kazunari havia ficado no quarto, chorando sua mágoa e ódio. Entretanto, no segundo dia, mais calmo, o rapaz resolveu que não devia ficar se deprimindo naquele lugar. Se conhecia bem os amigos, sabia que eles deviam estar pensando num jeito de tirá-lo daquela confusão.

Pensando sobre isso, sentiu-se inquieto. Por que cargas d´agua Sho e Aiba haviam aparecido para falar com Audrey? E por que ela chorou? Sabia que aquelas lágrimas eram provavelmente as coisas mais falsas do mundo; mas, mesmo assim, sentiu-se estranho ao vê-las. Devia estar se tornando um idiota, afinal depois de tudo que aquela mulher já havia feito contra ele, teve pena.

Kazu começou a caminhar pelos corredores da mansão. Não sabia exatamente o que procurava, mas queria se distrair. A casa era grande, e havia muitos quartos vazios. Por sorte, Audrey estava lendo um livro na sala, e o pai havia saído para buscar lenha para a lareira. Podia olhar tudo com privacidade, sem receio de ser pego.

Os passos leves o levaram a um passeio que o entreteve por meia hora. Pela primeira vez desde que se afastou dos amigos, Nino conseguiu sentir alguma tranqüilidade. E, sem notar, chegou rapidamente à última ala da residência. Um quarto escuro, onde eram mantidos alguns objetos que pareciam velhos e sem valor.

A sujeira do ambiente não o espantou, e se desvencilhando de uma ou outra teia de aranha que encontrava pelo caminho, começou a revirar as caixas que lá estavam.

-Hum... - gemeu quando tocou em uma caixa preta. - Uma TV! - Exclamou, feliz.

Não aparentava ser velha, nem estar estragada. Percebendo na hora que o televisor havia sido levado para aquele quarto por causa de sua presença na casa, Nino compreendeu que o pai e Audrey não queriam que ele tivesse qualquer contato com o mundo externo.

Incentivado por pensamentos infantis de desobedecer à vontade paterna, Kazu conseguiu tirar a televisão da caixa. Era pesada, mas apesar de ser magro e ter um corpo aparentemente frágil, o moreno a levantou e a pousou sobre uma mesa. Olhou ao redor a procura de um interruptor, e quando viu uma pequena tomada escondida atrás de um armário, sorriu de satisfação.

Momentos depois, ele tentava sintonizar o canal de televisão que naquele momento estava transmitindo os amigos. Sem uma antena adequada, a sintonia foi difícil. Apesar da dificuldade, conseguiu. A imagem não era perfeita, mas ao fundo, ele podia ver os amigos... e a si mesmo.

-Estão reprisando nossos programas?

Por que fariam aquilo? Quando ele viajou para os EUA, os colegas apresentavam os programas normalmente. Considerando que os membros continuavam a apresentar programas inéditos depois que ele, supostamente, estava se recuperando do atropelamento, nada mais natural que agora também ainda estivessem seguindo o mesmo cronograma.

A não ser que algum deles estivesse doente. Afinal, com dois membros a menos, era inviável a transmissão.

"Oh-chan!"

Se alguma coisa tivesse acontecido com Ohno, Nino jamais se perdoaria. A angústia começou a tomar-lhe conta. Satoshi era o mais velho dos cinco e sempre foi calmo e sereno. Sabia sair de situações complicadas com facilidade; entretanto, Nino tinha consciência que a situação era complexa e que o Riida estava sofrendo por sua causa.

O mais jovem nem notou quando as lágrimas começaram a cair como uma cascata abundante pelo seu belo rosto. Tremendo, ele ajoelhou-se perante a tela da televisão, e ergueu as mãos. Os dedos claros tocaram o vidro gelado, no instante que a câmera dava um foco em Satoshi. O coração de Kazunari disparou naquele momento.

Abrindo o espaço de visão, a câmera agora dava um "close" em Ohno e Nino.

Kazu sorriu, ainda chorando. O amor deles era tão óbvio. Como alguém não podia notar os olhares brilhantes, mesmo anterior à descoberta da paixão? Prestando atenção, Nino agora podia ver a si mesmo dando pequenas espiadelas ao Riida, e, em especial, observando por seguidas vezes, a boca do mais velho. Lembrou-se que sempre teve fascinação pelos lábios de Satoshi, e às vezes esquecia-se de que estava na TV e acabava encarando aquela boca majestosa por mais tempo que a discrição exigia.

De repente, notou o olhar de Ohno sob si. As palavras ditas ele não fez caso, pois não importava o assunto, afinal, o belo sorriso do líder continuava o mesmo. Satoshi sempre sorria para Nino, deixando claro o quanto era feliz quando estava ao seu lado.

As lágrimas continuaram a descer de forma silenciosa, como uma dança melancólica sobre a face do moreno. Os dedos acariciavam a tela fria da TV como se estivessem tocando a face suave de Ohno.

Fechou os olhos por alguns segundos e ficou a ouvir a voz suave do Riida. Era a voz de um anjo, com um timbre tão belo que nenhuma fã do Arashi tinha dúvidas sobre a perfeição.

-Aishiteru - murmurou, incapaz de se conter.

Infelizmente, queria mais. Não só dizer aquilo olhando para os olhos límpidos do homem que amava através de um aparelho elétrico, mas também expressar seu sentimento com paixão, sexo e prazer.

O amor entre eles era puro... e a química era forte. Não um sexo carnal, vazio... e sim um ato de amor, que os unia ainda mais... que os tornava uma só alma, uma só carne... um só sentimento...

Soluçou.

As lembranças dos momentos em que passou no apartamento de Masaki vieram a mente. Foram tão poucos dias... mas foram os momentos mais importantes da sua vida. Se morresse agora, já teria válido a pena viver só por ter experimentado aquela sensação de pertencer a alguém, e ter a pessoa amada para si. Foram um casal por poucos dias... mas puderam viver aquele sentimento com verdade e sinceridade.

Um som abafado, rápido e contido, o fez abrir os olhos. Estava tão absorvido nas lembranças e em assistir aos amigos na TV que se esqueceu completamente que fazia aquilo em terreno inimigo, e que deveria ser cuidadoso.

Olhou para o canto, onde estava a porta. Com os olhos esbugalhados, viu o pai furioso, o observando.

Levantou-se imediatamente da frente da TV, e ficou de pé. Sabia o que viria, afinal, passara por momentos tão angustiantes quanto aquele quando era um adolescente. Por ser tão delicado e frágil, nunca se defendeu... e mesmo agora, mais velho e mais capaz, continuava a ser um garoto medroso perante aquele homem.

-O que estava fazendo? - O homem indagou, nervoso.

O corpo de Nino começou a tremer. Não era um simples receio, e sim um pavor enorme.

-Estava assistindo meus amigos... - murmurou.

"Kami-sama... me ajude...", implorou em pensamento.

Como queria que Oh-chan estivesse ali naquele momento. Satoshi teria se colocado a frente do Sr. Ninomiya, e protegido Kazu com o ímpeto de um apaixonado.

Entretanto, Nino estava sozinho. Desamparado perante aquele olhar demoníaco que provocava pesadelos no rapaz desde que era uma criança.

-Acha que sou algum idiota? - Os passos do pai começaram a se mover em direção ao jovem. Conforme ele ia avançando, Kazu recuava. - Crê mesmo que eu não vi o que estava fazendo?

Kazunari manteve-se calado. Queria correr, fugir dali, mas a saída era bloqueada pelo corpo másculo do mais velho. Então, tudo que podia fazer era tentar se manter o mais afastado que podia.

-Eu amei você... - A confissão do pai o surpreendeu. - Quando sua mãe falou que estava grávida, eu torci para que fosse um menino. Quando você nasceu, tive orgulho... um filho homem que me traria felicidade... - O timbre mudou da tristeza à arrogância em segundos. - Mas você cresceu, e tornou-se essa... coisa...

-Otousan... - Nino tentou o interromper.

-Tive tantos sonhos para você - o Sr. Ninomiya continuou, indiferente à dor estampada nos olhos do filho. - Tantos projetos - admitiu. – No entanto, conforme os anos iam passando, eu via meu filho se transformar... em você...

Aquele homem nunca havia manifestado qualquer sinal de amor para com ele. Mesmo assim Kazu sentia o coração aos pedaços em ouvir aquelas palavras. Pelos céus, nunca fora seu objetivo despertar a raiva e o rancor do próprio pai. Ao contrário! Quantas vezes não chorou escondido por não ter ninguém da família com ele quando precisava?

Como numa brincadeira de mau gosto, a mente começou a se lembrar de um momento doloroso do passado. A comemoração pelo primeiro prêmio que o Arashi havia recebido por vendagem de CDS. Os pais dos outros membros haviam organizado uma festa surpresa, e ao chegarem à casa de Masaki naquela noite, foram surpreendidos pelos familiares.

Porém, não havia ninguém lá para ele. Ninguém apareceu para abraçar Kazu ou dizer-lhe palavras de felicitações... Enquanto observava os abraços e o carinho manifestado por aqueles pais e mães, Kazunari se encolhia em seu próprio canto, como um estranho... um telespectador anônimo, um intruso daquele momento feliz.

Os olhos queimavam, mas o - na época - adolescente se recusava a chorar. E tudo que fez foi ficar vigiando a cena, com um intenso sentimento de ciúme no coração.

"Nino-chan", a voz de Ohno o fez encarar o amigo, que havia deixado os pais para se aproximar do mais novo.

Naquele canto escuro, tantos anos atrás, o Riida não havia feito nada para consolar Nino. Nenhuma palavra ou colocação constrangedora. Também não tentou obrigar Kazunari a ir até os outros, participar de uma alegria que não era sua. Tudo que Ohno fez foi unir suas mãos as do mais novo, e segurar os dedos firmemente. Era tão claro que Ohno estava dizendo, através de uma ação, que era a família de Nino, que o moreno comoveu-se.

"Arigatou, né Oh-chan", recordava-se de ter falado, num murmuro que só Ohno foi capaz de ouvir.

Foi então que Satoshi sorriu. Nino podia se lembrar disso tão vividamente como se a cena tivesse ocorrido há poucas horas. Um sorriso que ele guardaria para sempre.

"Sempre vou estar perto de você, Nino-chan... sempre"

A voz de Ohno ainda ecoava na sua mente, quando Nino voltou a encarar o pai. De repente, o olhar assustado e cabisbaixo de Kazunari desapareceu. Como se adquirindo uma força poderosa, se manifestou:

-Eu lamento muito não ser o que o senhor sonhava... - Falou, comedido. - Mas este que está na sua frente agora é o que eu sou... é o Kazunari verdadeiro!

O mais velho negou com a face:

-Audrey tem razão... você está doente...

-Não, otousan - o rapaz rejeitou aquelas palavras. - Doentes são vocês dois. Eu sou uma pessoa saudável, feliz ao lado dos meus amigos. Sou alguém que trabalha muito, tenho sucesso, talento... fãs. Eu sou alguém que tem orgulho de ser quem sou!

-Sabe muito bem que não é disso que eu estou falando! - O homem indicou a TV com a cabeça, e então voltou os olhos para o filho. - O que fazia aqui quando entrei? Chorava olhando a imagem de outro homem na televisão!

"Sempre vou estar perto de você, Nino-chan... sempre"

Então o amor era isso? Era a coragem que aparecia em momentos como aquele?

-Oh-chan é...

-Não fale! - O interrompeu. - Não diga nada que vá se arrepender depois! Um dia você vai se lembrar dessa conversa com vergonha! Pense na vida que terá nos EUA, ao lado da Audrey. Aquela mulher tem fibra, e é a pessoa certa pra você!

-Eu nunca terei vida ao lado da Audrey. Pode ser que usando de suas estratégias mesquinhas ela consiga me manipular... mas nunca vai ter meu coração.

-Nao sabe o que diz...

-Quem não sabe o que diz é o senhor - foi a vez de Nino de irritar. - Por que não pode aceitar meus sentimentos? Entenderia se ficasse contra mim por eu ser uma pessoa má, um ladrão, um assassino, ou coisa do tipo. Mas, se portar contra mim por causa do que sinto por Oh-chan...

-Cale a boca - gritou. - Preferia que você fosse a pior pessoa do mundo, ou que estivesse morto, do que ouvi-lo falar essas coisas!

-Pois lamento, mas estou vivo...

-Chega disso! - O pai resolveu dar-lhe as costas. - Desligue essa porcaria de TV! – Ordenou. - Também esqueça de uma vez aquela cambada de veados que você chama de amigos, e desça até a sala. Audrey está lá, e quero que você vá ter com ela.

Um ódio descomunal tomou o coração de Kazunari.

-Você pode me obrigar a ficar aqui, mas nunca poderá me obrigar a gostar daquela mulher! - A elevação do timbre deu uma leve rouquidão a Kazu. - E respeite meus amigos! Não tem o direito de falar assim deles!

-E não é o que são? A própria Audrey acredita que a má influencia deles acabou por transformá-lo no que é hoje!

-Sou homossexual desde que era criança! - Nino confessou. - Eu nasci assim!

-Mentira! - O pai berrou, voltando-se novamente para ele. - Antes daquele tal de Ohno Satoshi ter aparecido na sua vida, você não havia gostado de nenhum garoto!

-Nem de nenhuma garota... - Nino riu. - Ohno simplesmente foi meu primeiro amor. - A face da Kazu se tornou serena. - Meu primeiro, último e único amor... eu o amo mais que tudo na vida.

Mal havia terminado aquelas palavras, Nino sentiu a face arder por um soco que recebeu do pai. Leve e magro como era, não tinha estrutura física para suportar tamanha agressão, então caiu com força contra a televisão. Derrubou-a no chão, e fazendo um enorme estrondo. Por sorte, na hora que a TV caiu, o fio que a ligava a energia elétrica foi puxado e a mesma desligou-se. Dessa forma, Nino não tomou nenhum choque.

Sentiu uma dor enorme no nariz, mas não teve tempo sequer de levar a mão para cima, a fim de verificar se havia sangue. Foi erguido do chão rapidamente, e recebeu outro soco, dessa vez em cima do olho.

A dor, tanto física quanto psicológica estava arrasando com ele. Mas havia também certo alívio. Durante toda a vida não viveu assombrado por aquele instante? Se o pai o matasse agora, pelo menos Kazu teria paz.

-Moleque desgraçado! - Ouviu o pai gritando.

Tentou levantar o braço para evitar outro soco, mas não conseguiu. Só então notou que havia caído pela primeira vez em cima do braço, e que este parecia machucado. Porém, a simples menção de levantar a mão, incitou ainda mais o ódio do pai. Sabendo que qualquer manifestação de defesa iria causar mais danos, ele simplesmente desistiu e aquiesceu. Já não mais fazia barulho. As lágrimas eram silenciosas. Sentiu outro soco, mas não fez caso. Já nada mais importava. Não estava naquele lugar, sendo agredido uma vez após outra! Estava no apartamento de Masaki, na cama com Ohno, estava no palco de algum show, brincando de Ohmiya Sk, fazendo comida na cozinha de Jun e o ouvindo reclamar da sujeira... Estava na casa de Sho, jogando videogame com o amigo... enfim, estava longe... estava na infância que não teve, nas brincadeiras que não viveu, no amor que não ganhou.

-Solta ele! - Uma voz feminina gritou ao longe.

Audrey...

Kazunari sentiu vontade de gargalhar ao perceber que ela o estava salvando de ser morto a pancadas. Que ironia! Virou os olhos, e viu a morena agarrar o pai e o puxar pra trás. Uma mulher de corpo delicado como o dela não aparentava tanta força, mas agora ela demonstrava que as aparências enganavam.

-Ele me provocou... - O Sr. Ninomiya explicava a ela.

No entanto, nenhuma explicação pareceu adiantar. Tremendo, a mulher o empurrou para trás. Os dois estavam de frente um para o outro, e a vantagem física do homem era superior ao da americana. Mesmo assim, o olhar agressivo dela deixava claro que, num impasse, ela sairia vitoriosa.

-Não me interessa seus motivos! - O grito dela fez a cabeça de Kazu girar. - Olhe o que fez! Veja como ele está! Que tipo de homem é você para agredir alguém tão sensível quanto Nino?

-Ele assumiu na minha frente que ama aquele tal de Ohno!

-Isso não justifica seus atos! Não lhe expliquei que Nino está doente, e precisa de ajuda? Agindo com covardia dessa forma, você não auxilia em nada!

-Audrey...

-Quero que saía desse quarto - ordenou, apontando a porta com o dedo indicador. - Eu cuido de Nino agora! Quero vê-lo afastado daqui!

-Precisa me entender... - ele ainda tentou.

-Não vou entender nada! Você poderia tê-lo matado!

Um choro compulsivo tomou seu pai. Nino via a tudo indiferente, como se estivesse assistindo a um filme na TV. Não tinha forças para reagir, ou levantar-se. Mas, mesmo tão alheio ao que se passava, conseguiu raciocinar que era a primeira vez que via o pai em lágrimas.

-Por que ele não pode ser como os outros garotos? - O tom desesperado do Sr. Ninomiya fez o olhar de Audrey suavizar. - Por que Deus me puniu com um filho assim? O que eu fiz para merecer um filho assim?

Até ouvir aquilo, o coração de Nino estava fechado, mas naquele instante, a dor voltou. Ele também se perguntava isso... Por que não era amado pelo próprio pai?

-Tenha calma, Sr. Ninomiya - a voz de Audrey fez o homem suspirar. - Deixe-me cuidar de Nino com calma e depois conversamos.

Quando o pai enfim deixou o quarto, Nino respirou fundo, e fechou os olhos. Desmaiou.

~~~~~~~0000~~~~~~~

-Nino-chan!

A súplica de Ohno foi dita num tom urgente. Por que seu coração estava disparado daquela forma? Que angustia absurda era aquela?

Havia dois dias que não conseguia dormir a noite. O organismo parecia reclamar a ausência de Nino no leito, e Satoshi estava exausto pela insônia. Quando Masaki e Sakurai saíram para gravarem a externa, Ohno se sentou no sofá. Cochilou quase sem perceber. Não teve sonhos, apenas relaxou.

Então acordou sobressaltado. Sentia dor no corpo todo, e parecia prestes a ter o coração saltando pela boca.

Naquele instante, a porta se abriu e o rosto de Matsumoto apareceu. Ohno sentiu-se surpreso ao vê-lo, afinal, o mais novo iria retornar ao trabalho apenas no dia seguinte.

-Riida... - Jun murmurou.

O moreno estava obviamente sem jeito. Mas a angustia que dominava Ohno não deixou espaço para questionamentos.

-Seja bem vindo, Jun-chan - disse rapidamente. - Preciso sair... – completou, com a voz afetada.

Os passos pareciam tão rápidos que Satoshi pensou que a qualquer hora as pernas iriam enrolar-se uma na outra, o derrubando. Não conseguia manter o controle sobre o próprio corpo, e com custo segurou os braços para não empurrar Matsujun quando o mesmo se colocou a sua frente.

-Oh-chan - o amigo insistiu -, nós precisamos conversar...

-Agora eu não posso - respondeu. - Depois nós conversamos, ok? - Tentou ser educado.

Satoshi Ohno amava Matsumoto Jun. Não era o amor que dedicava a Ninomiya, mas era intenso. Um amor fraterno, que deseja o bem. Sentiu pesar ao ver os olhos tristes de Jun, mas não tinha tempo agora... o desespero para ver Nino era mais forte.

-Aconteceu alguma coisa? - Jun indagou.

O líder pensou em não responder. Não devia mais colocar os amigos em situações difíceis por sua culpa. No entanto, sabia que Jun esperava lealdade dele, e então contou:

-Vou ver Nino-chan...

-Por quê? - O tom preocupado de Jun o deixou ainda mais alarmado. - Ocorreu algo?

-Não sei - Ohno respondeu.- Mas, meu coração está angustiado. Eu preciso ver Nino-chan... nem que seja de longe. Preciso saber se ele está bem.

Dizendo isso, cruzou por Jun e saiu do camarim. Seu caminhar logo se transformou em uma corrida, e o mais velho chegou ao estacionamento rapidamente. Só então lembrou que não sabia dirigir.

Levou a mão rapidamente ao bolso, a procura do celular. Sentia-se tão inútil, por não poder ao menos pegar um carro sozinho, e ir até Nino. Começou então a procurar na agenda eletrônica do aparelho, o telefone de um posto de táxi que usava com freqüência.

-Oh-chan - a voz de Matsumoto o fez se virar em direção ao amigo.

Jun sentiu-se condoer ao observar aqueles lindos olhos negros repletos pelas lágrimas.

-Vou chamar um táxi - Ohno explicou. A voz falhou no instante em que as lágrimas começaram a descer pelo rosto.

-Eu levo você, Oh-chan... - Matsumoto ofereceu-se.

-Não é necessário... - Satoshi negou, mesmo sabendo que não tinha condições de chegar a casa em que Nino estava sem ajuda.

-Me deixa fazer isso - Jun implorou -, por favor...

Meia hora depois, estavam a caminho da casa afastada da cidade. O silêncio no carro só era quebrado pelo som de um ou outro veículo que passava por eles na rodovia. Pareciam dois estanhos, e a situação era por deveras incomoda, afinal, eram grandes amigos.

Mesmo assim, Satoshi sentia-se extremamente egoísta naquele momento. Não conseguia pensar em Jun, ou na dor do amigo. Todos os seus pensamentos estavam centralizados em Kazu. Nunca havia sentido uma sensação daquelas antes. O que poderia ser?

-Oh-chan... - Jun quebrou o silêncio de repente. - Eu preciso te dizer uma coisa...

-Não precisa falar nada - Satoshi o interrompeu. - Entendi o que aconteceu, Jun-kun... e não vejo porque você deva ficar se martirizando. Eu amo muito você, e quero muito que seja feliz...

Os dedos pálidos de Matsumoto apertaram o volante com força.

-Mesmo que não queira me ouvir, eu preciso falar. Me culpo pela forma com que agi! Eu nunca deveria ter feito aquilo, ou dito aquelas palavras...

-Jun-chan...

-Riida, eu não sei como posso me redimir, mas peço que por favor, esqueça aquela situação. Não consigo parar de pensar em quanto minha atitude foi covarde, afinal, aproveitei-me que Nino-chan não está presente, e abusei da sua confiança. Entretanto, por mais difícil que seja acreditar, amo Nino-chan, e não quero que você o abandone...

-Eu sei disso...

-Mas eu te amo também - Jun continuou, segurando-se para não cair em pranto. - Eu não agüento vê-lo sofrer tanto... - murmurou, com um fio de voz.

Silêncio novamente.

Ohno era capaz de entender aquilo. Não foi exatamente isso que viveu quando achava que Kazu amava Audrey? O problema era o que falar... como responder ao amigo? Como consolá-lo? Como se desculpar por não corresponder aos sentimentos dele?

-Não é engraçado isso, Oh-chan? - Jun quebrou o silêncio novamente.

-O quê?

-O Japão inteiro acha que eu tenho todos que eu quero aos meus pés. Entretanto, a única pessoa que eu realmente desejo não me quer...

Satoshi sorriu:

-Não devia dizer isso... não parece você.

Jun não resistiu, e sorriu também:

-É verdade! Lamentos não fazem parte da minha personalidade.

Por alguns segundos o olhar de ambos se cruzou. Sorriram.

-Estou perdoado, Oh-chan?

-Não há o que perdoar. Sinto-me verdadeiramente honrado pelos seus sentimentos, e sei que algum dia você vai sentir o amor verdadeiro por alguém que o mereça.

Jun suspirou.

-Essa pessoa teria que ser muito especial, Oh-chan – Matsumoto suspirou. – Só alguém muito peculiar para conseguir roubar seu lugar no meu coração...

Ohno não respondeu. O que poderia dizer? Qualquer palavra que fosse pronunciada poderia demandar emoções que não seriam reais. Ele poderia ferir o amigo, ou dar-lhe uma esperança vazia. Dessa forma, inteligentemente, ficou quieto.

-Lá está a casa, Oh-chan...

A mansão era vista ao longe por Ohno. Já era final da tarde, e o sol no poente estava avermelhado. A natureza tornava aquele ambiente quase irreal, belo em excesso. Mas, Satoshi era incapaz de notar qualquer coisa. Assim que o carro estacionou, saltou do veículo e correu em direção ao casarão.

-Espere, Riida! – Ouviu Matsumoto gritando.

Mas o mais velho não se conteve. Em segundos estava à porta, batendo com força na superfície de madeira.

-Nino-chan! – Gritou. –Nino-chan!

A porta se abriu no mesmo instante que Matsumoto havia chegado atrás de si. O rosto do pai de Kazunari fez tanto Ohno quanto Jun recuarem, assustados.

-O que você quer? – O homem mais velho indagou.

-Por favor – Jun se manifestou -, poderíamos falar com Kazu-chan?

-Não! – Berrou o Sr. Ninomiya. – Vão embora agora daqui!

-Por favor – o mais novo insistiu. – Só um minuto...

-Eu só quero olhar pra ele – A voz de Satoshi se elevou. – Só quero ver o rosto dele. – O Riida tentou conter as lágrimas na frente daquele homem, mas não teve sucesso. – Por Kami-sama, tenha piedade... – implorou.

Os olhos do pai de Nino se tornaram ainda mais obscurecidos, raivosos. Ele deu dois passos a frente, mas Satoshi não recuou, ficando parado no mesmo lugar. De frente àquele homem, o líder da banda enfim compreendeu o motivo de Nino-chan ter tanto pavor do pai. O Sr. Ninomiya era alguém que transbordava agressividade pelos poros.

-Kami-sama? – A voz era irônica. – Como um sujo como você se atreve a falar o nome de Deus? Saía já daqui, ou eu juro que o mato!

Para surpresa do homem mais velho, o rapaz moreno que acompanhava Ohno se colocou em defesa do líder.

-Pois não vai tocar um dedo no Riida! – Jun gritou. – Ou eu juro que arrebento você!

Matsumoto era pacífico por natureza, mas não aceitaria ver ninguém ameaçando Satoshi passivelmente. Contudo, apesar de estar enfrentando o pai de Kazunari, o homem sequer o olhou. Sua raiva estava totalmente focada em Ohno.

-Nunca mais você vai pôr os olhos no meu filho! – O Sr. Ninomiya falou com seriedade. – Nunca! Kazunari irá para os EUA, viver ao lado de Audrey. Sua influência negativa sob ele acabou!

Um soluço sofrido escapou dos lábios de Ohno.

“Mesmo que eles aprisionem meu corpo, ninguém pode tocar no meu coração, Oh-chan... E o meu coração é seu...”

Ohno olhou para cima. A janela do segundo andar estava com a luz elétrica acesa. Isso significava que Kazunari poderia estar lá.

-Nino-chan... – Gritou, indiferente a raiva do homem. – Por favor, apareça!

-Ele não vai aparecer – o mais velho riu. – Não percebeu que acabou? Meu filho está feliz ao lado de uma mulher! Esses atos imundos que praticavam nunca mais vão acontecer!

As palavras do homem fizeram os olhos de Satoshi soltarem faíscas:

-Imundo? Nino-chan e eu nos amamos. Você não é capaz de entender isso, porque é incapaz de amar! Mesmo seu próprio filho você nunca amou!

-Como se atreve? – Ninomiya guspiu as palavras. – Seu sujo! Como se atreve a falar assim comigo?

-Eu amo seu filho! – Ohno exclamou. – Nunca vou desistir dele! – Avisou. – Audrey e você poderão fazer o que quiserem, mas não podem separar um amor como o nosso!

-Amor? O que há de amor na perversão?

Sabendo que aquele combate não teria fim, Matsumoto foi até Ohno, e tentou levá-lo consigo:

-Desista, Oh-chan! – Murmurou a Satoshi. – Ele não vai nos deixar passar! Temos que voltar quando esse homem não estiver de vigília.

-Não posso... preciso ver Kazu...

-Entenda! Só está aumentando a raiva dele, e quem poderá pagar por isso é Nino-chan – Jun falou com sabedoria. – Ele está cego no seu preconceito. Vamos embora...

O choro voltou. Sentia como se alguém houvesse pegado uma faca e cortado uma parte dele. E essa parte agora estava ficando para trás.

-Eu te amo, Nino-chan... – sussurrou.

-Ele não pode te ouvir, Oh-chan – Jun continuou a puxar o amigo.

-Não posso ir e deixá-lo aqui – Ohno queixou-se. – Nem ao menos pude ver o rosto dele...

Jun afastou o olhar, tentando esconder as lágrimas.

-Tenha fé – disse, por fim. – Você perdeu a batalha, mas a guerra continua.

Chegaram ao carro. Ao longe o pai de Nino os olhava com um sorriso vitorioso na face.

Os olhos de Ohno voltaram para a janela, numa esperança vã de ao menos ver a sombra de Nino, mas nada aconteceu.

Dor...

Pressionou os lábios. O choro compulsivo o tomou, e então ele desistiu. Mas cedeu apenas momentaneamente.

-Vou voltar, Nino-chan – prometeu. – Me perdoa por não tê-lo visto hoje, mas não quero prejudicá-lo ainda mais – disse, como se Nino estivesse ali, ouvindo suas palavras. – Me perdoa... eu te amo tanto...

Jun observava ao amigo com a garganta ardendo de vontade de chorar. Nem sabia que alguém pudesse amar daquela forma. Compreendeu naquele instante a intensidade dos sentimentos de Satoshi. Aproximou-se do amigo e abriu a porta do carro esportivo, o empurrando lá pra dentro.

-Eu te amo, Nino-chan – ainda ouviu Satoshi confessar com lágrimas antes de fechar a porta do veículo.

Quando o carro se moveu em direção à auto estrada, alguém enfim surgiu a janela. Num misto de sentimentos conflitantes, Audrey tocou com a testa na vidraça, e permitiu que pequenas lágrimas escorressem por sua face clara..

Continua...
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 EmptyDom Jan 10, 2010 1:25 am

Aiii q raiva desse pai do Nino
Malditooooo
cmo se atreve a bater nele desse jeito
pela primeira vez fiquei feliz pela Audrey ter aparecido
sabe-se la o q mais esse homem teria feito
nao qro nem pensar
Oh Oh-chan nao sofra assim
aii q dor o meu peito vendo o riida e o Nino sofrerem TToTT
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MensagemAssunto: Re: [END] - Rendição   [END] - Rendição - Página 12 Empty

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