Título: Véspera de Natal
Gênero: comédia / YAOI / oneshot
Classificação: +16
Postado também em: http://lady-nymus.livejournal.com/ (meu LJ)
- Essa é uma versão Yaoi de uma história que escrevi pra um concurso temático em outro fórum.
- Essa fanfic só existe porque uma amiga pediu.
- Tô zuando um personagem nela, eu não me sinto ofendida por isso, não se sinta também.
POV KameEstava nevando. Tinham anunciado uma nevasca pra aquela madrugada. Olhei novamente pro relógio na parede e conclui que meu namorado só podia ter se perdido em algum dos montes de neve que se acumulavam na calçada. Sorri. De alguma forma, eu não achava isso impossível. Isso porque meu namorado era um tipo, que embora aparentasse segurança, era completamente perdido. Achava que era uma coisa fofa dele e sempre estava me divertindo com isso.
A sineta da porta tocou, anunciando um novo cliente. Eu voltei-me a porta e meu namorado irrompeu por ela, sem fôlego e com a touca cinza torta na cabeça. Seu estilo era bem diferente do meu, Jin se vestia como uma estrela pop japonesa, o que de fato ele era. Música pop nunca foi a minha sonoridade, então, embora ele fosse meu namorado, eu o apoiava em sua carreira, mas não fazia ideia do que ele cantava pra aquele bando de meninas histéricas. As vezes, eu pensava no que as fãs fariam se soubessem que ele é gay e esse pensamento podia me divertir por horas.
Tive que sorrir novamente, agora com um pouco de paixão. O que eu, hard-rock-boy, que trabalha numa loja de artigos eróticos, tinha de especial para namorar Jin Akanishi? Eu não sabia responder, acho que nem ele. O fato é que estamos juntos há quase dois meses, ele é um cara bacana e muito acanhado quando se trata de sexo – eu trabalho numa sexy shop, o que ele espera? Que eu não vá querer provar algumas das coisas que eu vendo? E não que eu tenha levado algo que pudesse ofendê-lo, mas a primeira vez que sugeri um gel afrodisíaco, ele me olhou como se eu fosse louco (o que naturalmente não posso negar) e depois concordou quando eu expliquei o que aquilo fazia – ainda assim, Jin era fantástico.
É, pensar que a grande estrela pop Jin Akanishi era um garoto tímido me fazia estremecer. Eu tinha muitos pensamentos pervertidos a respeito. Não era sempre que a loja estava com clientes e eu tinha algumas horas de ócio. Desde que comecei a sair com Jin, passava boa parte do tempo pensando nele. Acho que isso é o que chamam de paixão, quando sua mente fica tomada pela presença do outro. Ou talvez eu nunca tenha me apaixonado de verdade ou daquela forma.
Nos conhecemos num bar. É... Há quem diga que o grande amor pode ser encontrado entre copos de cerveja, de tequila ou de vodca. Eu nunca acreditei nisso. Achava depressivo essa história de “grande amor”, “amor pra uma vida inteira”, “amor de outras vidas”, “amor eterno” e blá blá blá. Pois é, eu paguei a língua. Eu olhei, ele estava lá no bar e foi isso. Conversamos um pouco, eu achei que era conversa demais, e acabamos transando depois disso. Na verdade, eu fui um pouco persuasivo, felizmente eu sou bom nisso.
Tá, eu sei, você vai pensar “como assim, sem romance? Sem saber quem era? E se fosse um assassino? Blá blá blá...”. Eu nunca tive tempo pra romance, ainda não tenho. Nunca foi difícil pra mim arrumar companhia. Fazia algum tempo que não dormia com alguém e bem, Jin Akanishi estava lá e estava querendo. Parte por causa da quantidade de tequila ingerida por ele, parte porque eu sei que meu charme é efetivo quando eu o coloco em prática. De qualquer modo, ele beijava bem, tinha um cheiro gostoso e tinha mãos atrevidas. Eu gostava de tudo isso, então foi assim que resolvi dormir com ele na mesma noite.
– Gomen! – Jin disse rápido. Sempre achei que ele treinava suas “desculpas”, afinal, ele era mesmo meio relapso, devia se meter em confusões sempre.
– Sem problemas. – Respondi e me aproximei dele. Jin sempre ficava encabulado quando eu tomava a iniciativa. O beijava da mesma forma. Ele sempre ficava envergonhado todas as vezes que me via e depois agia como um namorado normal. Acho que ele não está acostumado a ter um namorado, devia ser um desses tipos que fica por alguns dias e larga. Ajeitei o gorro dele, sorrindo um pouco com a cor vermelha que tomava conta do rosto dele. – Estou feliz que tenha vindo.
– Você já vai fechar a loja?
– Não. Ryo não apareceu, ele disse pra esperar.
Ryo Nishikido era meu patrão, igualmente gay, daqueles gays afeminados. Uma figura. Era conhecido em todo o bairro por suas apresentações e suas fantasias. O conheci quando trabalhava no café da frente, meio período, lugar que ele frequenta. Na ocasião, ele estava vestido de Sailor Fighter de Sailor Moon e ia participar de um desfile cosplay em algum lugar que não me recordo o nome. Gostava de Ryo. Ele não fazia perguntas estúpidas, sempre perguntava se o sexo com Jin era bom, pagava bem e era divertido. Para um homem mais velho, ele estava sempre com seu sorriso jovial e animado como um garoto. Se ele pedia pra esperar um pouco mais e passasse meu horário, eu esperava. Não porque sou boa pessoa, mas porque vou ganhar dinheiro com isso.
– Eeeh~... – Jin falou e roubou um beijo, sorrindo ainda tímido. Eu sentia meu coração batendo tão rápido e minhas mãos estavam ansiosas. – Então, vamos esperar. Eu gosto de ver você trabalhar.
Jin sempre olhava a vitrine do balcão. Mudamos todos os dias os acessórios. Ryo gostava sempre de coisas novas, de novidades, de tudo mudado. Era por isso que ele não tinha um namorado fixo, nunca se acostumaria a ter apenas uma só pessoa e a odiosa rotina. Tínhamos colocado alguns acessórios com temas natalinos naquela semana e por mais que isso pudesse ser estranho, vendia.
As vezes, eu notava o olhar de interesse de Jin em algo da vitrine e quando ele erguia os olhos pra ver se eu o estava olhando, virava o rosto, ficando encabulado. Certamente ele achava que eu iria achá-lo um pervertido por isso. Se ele pudesse ler meus pensamentos, nunca mais teria vergonha de olhar por algo e achar interessante.
– Você gostou de algo? – Perguntei, usando minha voz casual de vendedor. Jin me olhou e riu, apontando pra uma cueca decorativa.
– Isso vende?
– Vende. – Eu ri com ele. Aquela peça era realmente ridícula. Tanto tempo trabalhando ali, eu havia descoberto que julgar o gosto alheio não ia me fazer vender mais. Eu não usaria e se algum parceiro usasse, acho que não haveria sexo e sim muitas risadas. – Não ficou interessado, não é?
– Zen-zen! – Jin respondeu rápido fazendo um gesto com a mão grande que indicava negação. Eu contive um suspiro. Achava mesmo uma gracinha quando ele fazia essas coisas. Ele pareceu lembrar de algo, tirou o celular do bolso e olhou o aparelho, seu rosto sendo tingido novamente de vermelho.
Fiquei curioso e ele me deu o aparelho para que eu entendesse. Além de estrela pop, bonito, Jin também era rico. Tinha um celular bonito e último modelo. Não sabia se ele comprava ou se ganhava por causa das propagandas que ele fazia pra companhias de celulares. Eu queria um modelo daqueles, mas tinha vergonha de pedir um e nunca teria dinheiro pra comprar – sim, eu penso bem no que gastar meu dinheiro e celular caro e moderno não é uma prioridade. Meu aparelho parecia tão atrasado... Tão sucateado perto do dele. Tinha uma foto nessa de papel de parede e eu sorri.
Ele ganhou um beijo demorado por isso. Adorava deixá-lo sem ar, com os lábios inchados, os olhos brilhantes e cheios de ansiedade. Então, depois de deixá-lo nesse estado propositalmente, eu voltei minha atenção ao aparelho.
A foto tinha sido tirada na Torre de Tóquio que estava com a decoração de natal. Jin, que nunca tinha ido a Torre naquela época do ano, agia como um garotinho fascinado com um brinquedo novo. Talvez eu tenha me apaixonado por ele nesse dia. Como alguém poderia ser tão encantador? Eu tinha vontade de tirar sua roupa e amá-lo ali mesmo, mas como não podia – embora eu tenha desejos secretos de ser preso por atentado ao pudor – me contentava em ver o sorriso dele e seus olhos brilhantes.
– A foto ficou bonita. – Comentei, sorrindo.
– Eu também achei. – Ele murmurou, tão tímido que eu sentia meu coração derreter diante tamanha fofura (?).
– Você é uma gracinha, Jin.
– Eu gosto de você, Kame-chan.
Eu sorri, feliz pela declaração. – Me mostra o quanto você gosta de mim, Jin...
Ele segurou meu rosto com a mão quente e me beijou. Eu tinha fechado os olhos e me entregado aquele sentimento. Por alguma razão, meus sentimentos não eram tão puros ou castos como os de Jin. Logo eu o estava acariciando, mordendo seu pescoço e ele estava rendido as carícias e não se importava mais nem com o lugar onde estávamos. Tudo bem, poderíamos fazer algo ali, dava tempo. Sempre havia tempo para sexo rápido.
Foi quando a sineta da porta soou novamente e nos largamos com uma rapidez impressionante. Eu estava ajeitando meus cabelos picados quando fitei a porta para olhar pro suposto cliente e explodi em gargalhadas. Jin não entendeu e quando ele olhou pra porta, cobriu a boca a tempo de não gargalhar.
Ryo aproximou-se de nós vestido de Papai Noel Sexy e Gay. Não havia nenhum problema em se vestir de Papai Noel, mas de rosa-choque? Botas envernizadas que iam até os joelhos, um curto shorts de algo parecido com couro, um cinto tão brilhante quanto as botas, o top terminava no meio do peito sem cobrir a barriga dele. Ainda usava luvas com pelugem sintética e suspensórios ridículos que eu não entendia onde se encaixavam naquela fantasia. O cabelo negro dele estava lambuzado de gel e usava um gorrinho de lado – e sabe-se lá como aquilo estava preso ali e nem ousei perguntar. Ryo sempre caprichava em suas fantasias, se superava a cada vez que aparecia na minha frente.
– O que foi? – Ryo perguntou, deixando o saco do Papai Noel no chão e curvando-se para pegar algo dentro do saco.
Jin, que era mais alto do que eu, ficou as minhas costas e me abraçou. Fez isso pra esconder a ereção que agora apertava contra mim. Eu suspirei, meu corpo ansiando por tocar o dele inteiro.
Assim como eu, ele achava Ryo um ícone cosplay gay. Agora, achávamos Ryo um Papai Noel Muito Gay de Suspensórios. Nem quis saber onde ia ser aquele concurso bizarro de fantasias e Ryo nem se deu ao trabalho de explicar também. O que diriam as crianças diante tanta difamação da imagem do “bom velhinho”? As vezes, me surpreendia com a imaginação humana pra fantasias eróticas, embora a de Papai Noel tivesse vendido bem nesse mês. Bem... Então não, eu não estava surpreso.
– Nada. – Eu tratei de responder e segurei o braço de Jin que passava pelo meu corpo. Como eu adoro seu abraço. Certamente o melhor lugar do mundo é onde eu possa tocar Jin.
Ryo ignorou nossas risadas e lançou uma revista de fofocas em cima do balcão. Jin a reconheceu, murmurando o nome e pegando pra ver. Bem, aquele tipo de leitura não me atraia, mas Jin deveria conhecer porque provavelmente já tinha aparecido naquelas páginas. Ryo se aproximou do balcão, usando um ridículo gloss rosa e ergueu a sobrancelha fina, prestando atenção as ações de Jin.
Jin gritou. Eu achei que foi de espanto e quando o olhei, ele estava com a revista próxima do rosto murmurando coisas em inglês. Olhei pra Ryo, um pouco confuso com o que estava acontecendo. Tentei ver a revista e Jin não deixou. Ele fechou a revista e a enrolou.
– O que foi? Deixa eu ver também. – Pedi.
– Não... Claro que não!
Olhei pra Ryo. – O que tem na revista, Santa? Não é o Jin fazendo alguma coisa que eu não posso ver, é?
– Não! – Jin gritou, se defendendo. – Não é nada disso.
– Então deixa eu ver!
Devia ter sido a cara que eu fiz, sei lá. Jin ponderou alguns minutos e então me ofereceu a revista enrolada. Eu sorri pra demonstrar que preferia um namorado que não escondesse nada ou não teria sexo mais tarde. Sexo. Eu estava pensando nisso ainda, porque estava excitado. Ryo chegou uma má hora.
Tudo bem, me concentrei na revista. Tinha um cara na capa e um mosaico para ocultar suas partes íntimas. Eu não conhecia aquele rapaz mas Jin estava vermelho ao meu lado e pensei que talvez ele conhecesse.
– É alguém que você conhece? – Eu perguntei, folheando a revista e soltando uma exclamação alta depois. O rapaz tinha sido fotografado nu. Meus olhos estavam acompanhando as linhas do corpo dele e certa parte da anatomia. Certo. Ver coisas como aquela não ajudavam a não pensar em sexo. De repente, minha calça estava apertada e isso me incomodava muito.
Eu acho que o Jin notou meu olhar de deleite, sem saber o que acontecia com meu corpo, porque ele arrancou a revista da minha mão e a fechou com força exagerada.
– Você... – Ele disse, me olhando. – Tava olhando demais.
– Mas Jin, ele estava pelado! Como eu poderia não olhar? Alias, foi uma bela visão de alguém nu.
– Você acha mesmo? – Ele perguntou bravo. – Yamapi vai passar o Ano Novo comigo. Você vai ficar olhando pra ele assim?
– É seu amigo??? Me apresenta! – Ryo se meteu em nossa conversa, sua voz soando estridente demais.
– Ele não é gay! – Jin defendeu o amigo como se fosse algum problema ser gay. Entendi o que ele defendia, mas eu tinha natureza maldosa, sempre tive. E se havia algo que me dava prazer era judiar de Jin.
– Não precisa ser... Eu não saio só com gays, queridinho! E olha que pra um garoto ele é extremamente bem dot...
– Jin não quer saber sobre isso, Ryo. – Eu o cortei antes que meu chefe começasse a falar baixarias e deixasse Jin ainda mais constrangido. – Deixa eu ver se entendi. – Eu olhei pra Jin, usando meu olhar sádico, me divertindo com a expressão furiosa em seu rosto. – Seu amigo que saiu peladão numa revista vai vir aqui no Ano Novo? Eu vou conhecê-lo? Ou vai querer ficar sozinho com ele?
– Não... Eu não vou fazer nada disso. Eu não vou ficar sozinho com ele pelado!
Eu ri porque sou malvado. Ryo começou a se abanar com as mãos e eu ri do gesto afetado, quando ele pegou a revista e abriu na página do tal Yamapi nu e olhou com bastante atenção.
– E um “
ménage à trois” ele não topa?
Tive que perguntar. Jin ficou furioso, agora de verdade e caminhou pra porta pra ir embora. Eu estava rindo, alcancei a minha bolsa e desejei um bom natal a Ryo, e corri atrás do meu namorado. Ele estava quase na rua quando eu pulei a suas costas e o abracei com força.
– Você é sem graça.
– Eu sei. – Estava rindo ainda. – Mas eu gosto de você e achei que íamos fazer algo na véspera de natal... Algo como terminar o que estávamos fazendo lá dentro... O que você acha?
– Eu não sei...
– Eu não resisto de brincar assim com você, me desculpe. Eu não quero nenhum outro, eu quero só você. – Disse, ficando na frente dele.
Jin deu um sorriso tímido, já convencido pelo meu tom de voz carinhoso. Dei um beijo rápido nele.
– Mas eu vou adorar conhecer o seu amigo...
– Kameee!
FIM.