Johnnys Brasil
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 [END] Eu Não Te Amo

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Nara
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Kitty
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySex maio 21, 2010 8:50 pm

Oii Nara!!

A ingenuidade do Kame chega a ser irritante nessa fic, né? XD... Mas, no, fundo, acho ele é tão kawaii por isso hehehe

Obrigada por continuar lendo ^^

Oi Gê!!!!!

Obrigada por marcar presença por aqui tb! ^^
É, no Nyah já estão todos os capítulos hehehe (Sim, essa fic tem um fim por mais que não pareça hahahaha)

E obrigada por continuar lendo ^.~! (Sei que não é fácil tantos capítulos hehehe)

Beijosss
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Kitty
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySex maio 21, 2010 8:54 pm

Perdidos

1

Era incrível, Koyama pensava, como Kamenashi era um excelente profissional. Enquanto Yamapi e, até mesmo Jin, estavam visivelmente aturdidos e mais calados que o normal durante a gravação de um programa musical, o caçula do KAT-TUN conseguia demonstrar toda a sua desenvoltura diante do público como se a briga deles de poucos dias atrás nunca tivesse acontecido.

Koyama não tinha como saber que se afogar no trabalho era um modo desesperado de Kamenashi fugir dos problemas em que ele se encontrava. Aliás, ele nem ao menos podia imaginar quais eram as preocupações do rapaz, apenas sabia que a briga com Yamapi prejudicaria o seu líder, que já estava em uma situação complicada desde que se envolveu naquele acidente com a cantora de enka.

Yamapi estava passando por um momento difícil e, para Koyama, era o que mais importava. Por isso, não pode evitar se zangar com as iniciais do KAT-TUN. Por intuição, tinha plena convicção de que Akanishi era o centro de toda essa bagunça, certamente a discussão entre Pi e Kamenashi era por causa daquele rapaz desmiolado.

Com discrição, ele olhou para o integrante do KAT-TUN. Jin fitava os próprios pés, de vez em quando erguia o olhar para a platéia. Evitava Kamenashi. Na verdade, Jin parecia evitar qualquer pessoa e seus olhos se concentravam mais em objetos inanimados.

Será que Jin percebia a encrenca em que tinha enfiado Yamapi? Era o que o Koyama se perguntava.

2

Jin deixou os olhos correrem pela platéia. Tentou conter aquela ansiedade que se agitava em seu peito. Ainda seria devido à briga com Kazuya? Ele sabia que não era só isso. Não queria admitir, mas estava cada vez mais incomodado diante dos fãs...

Racionalmente, ele sabia que era impossível prever como seus gestos seriam interpretados pelo público, mas isso não o impedia de se sentir jeito. Estava sentindo enjôos, sua garganta parecia ter fechado, começava a suar frio. Era a primeira vez que se sentia desse jeito em uma gravação.

Não era o primeiro programa que ele participava depois de descobrir sobre Sayuka. Conseguiu realizar outras atividades em que era necessário o contato com os fãs sem grandes problemas, mas, ele notou, que à vontade em fugir deles aumentava pouco a pouco e agora ele chegar a ter reações físicas. E isso era o que mais o preocupava.

Ele desejava poder ir logo para casa e dormir. Não estava confortável, o programa era uma chatice, e não conseguia se concentrar no que os apresentadores perguntavam. Muitas vezes ficava um tempo considerável em silêncio, repetindo a pergunta, tentando decodificá-la e só então respondia.

Durante o intervalo, aproveitou para jogar uma água fria em seu rosto e, quando retornava do banheiro, escutou alguém da equipe de produção perguntar se ele estava drogado. Ignorou o seu espírito que desejava socar aquela pessoa e foi retocar sua maquiagem.

Quando o programa terminou, ele foi o primeiro a ir embora, queria sair dali antes que os próprios fãs conseguissem deixar o local e fizessem um plantão na saída do prédio. Não conseguiu evitar todos, havia um pequeno tumulto quando ele saiu com o carro, mas ele conseguiu contorná-lo e foi embora.

O que está acontecendo comigo, afinal?

Ele se irritou com a própria covardia.

3

Kazuya interpretou a pressa de Jin como uma artimanha do mais velho em evitá-lo. Ficou triste com a atitude, mas preferiu não demonstrar. Continuou a interpretar o Kamenashi de há poucos minutos, o sorridente mestre de cerimônias do KAT-TUN, e aceitou jantar com Koki e Maru antes de ir para casa. Precisava se distrair. Junno e Ueda, cansados, recusaram o convite e foram embora juntos.

Quando estava de saída do camarim, a porta foi aberta por Yamapi. Este ignorou a presença de Kamenashi, evidentemente ainda chateado, e perguntou por Jin. Foi Koki quem o informou de que o amigo já tinha ido embora.

- Ora, ele ia me dar carona! – Yamapi se revoltou.

- Por que não janta com a gente? – sugeriu Maru, querendo aliviar a tensão entre os dois grupos – Te deixo na sua casa depois...

- Valeu, mas vou recusar desta vez. Se eu correr, ainda pego uma carona com o Ryo. Até mais, bom trabalho a todos!

Kamenashi se manteve em silêncio enquanto o integrante do News permaneceu no local. Com a saída de Pi, Koki se aproximou e colocou uma mão no ombro do caçula.

- Né, Kazuya... Uma hora vocês vão ter que se entender... Você não pode ser aquele quem dá o primeiro passo?

- Aonde vamos comer? – Kamenashi preferiu mudar de assunto.

O rapper suspirou e preferiu não insistir, percebendo que o amigo ainda estava muito zangado com o que quer que tenha acontecido entre Yamapi e ele.

4

- Akanishi-san, preste mais atenção, por favor.

Jin, constrangido com aquela bronca, fez que sim e mordeu os lábios, irritado consigo mesmo. O coreógrafo não fez questão de esconder a sua impaciência. Não que Yokota-san fosse uma pessoa de pavio curto, longe disso, mas, naquela manhã, Akanishi estava conseguindo errar todos os passos.

- Ok, intervalo. – Yokota os liberou.

- Hey, Jin, tudo bem com você?

A preocupação de Koki era evidente em seu tom de voz. Jin lhe sorriu, querendo tranqüilizá-lo e disse, em um sussurro cúmplice:

- Dormi tarde ontem, estou morrendo de sono!

- Baka!! – Koki riu e lhe socou – Seja mais responsável!

- Isso, vindo de quem vem, não tem muito crédito, né?

- Repete se tiver coragem! – Koki usou um palavreado bastante informal, encarnando o seu personagem de My Boss, My Hero.

- Oh, perdão! – a ironia de Jin era óbvia.
Nakamaru e Ueda estavam conversando em outro canto da sala. Junno, apesar do intervalo, repetia os últimos passos, sozinho, em um canto da sala. Kamenashi não pode comparecer ao ensaio por conta das gravações da novela.

Ueda mal escutava o que Maru dizia, observava a Jin com bastante atenção.

5

- Ok, esta cena ficou ótima! Vamos gravar a sua parte, Ito-san.

- Hai! – respondeu uma mulher alta e elegante. – Bom trabalho, Kazuya! – ela sorriu ao passar pelo garoto.

- Arigatou! Dê o seu melhor, Misaki-chan! – ele desejou.

Kamenashi deixou o estúdio de gravação, dirigindo-se para o seu camarim. Ali, banhou-se e se arrumou para ir embora, quando seus olhos caíram no calendário. Os dias estavam passando com tanta velocidade. Na próxima terça-feira seria o aniversário de Jin. Provavelmente, ele comemoraria durante este fim de semana.

- Eh... Eu nem me dei conta de que já estávamos tão perto.

Kazuya suspirou ao se lembrar de que ainda estavam brigados, mas se animou ao pensar em comprar um presente para Jin. Com a disposição renovada, ele foi para o shopping mais próximo e percorreu as lojas que sabia serem as preferidas do namorado.

6

- Eu vou com você. – Jin foi enfático – Quando você está pensando em ir?

Yamapi girou os olhos. Por que seu melhor amigo tinha que ser alguém tão teimoso?

- Eu estou com o fim de semana livre, então penso que irei neste. – ele explicou.

- Ótimo, eu também estou livre!

- Isso não significa que você irá comigo!

- Por que não posso ir? – ele emburrou – Afinal, esse problema é meu!

- Por que você vai ficar ansioso, vai torrar minha paciência e, se não descobrirmos nada, vai ficar deprimido e, se descobrirmos algo, vai ficar impaciente pra fazer alguma coisa e vai fazer merda!

Jin riu com a explicação, mas ria porque tinha que admitir que Pi estava certo. Ao escutar o amigo, ele podia imaginar a si mesmo em todas aquelas situações.

- Mesmo assim, Pi, isso não é motivo para me deixar de fora. Eu quero ir com você visitar o pai de Nakamura!

- Ótimo, avise ao Kamenashi, mas não diga aonde vamos.

- Eh?

- Não quero mais presenciar nenhuma crise de ciúmes, ok?

- Ah, Pi! Perdoa a minha tartaruga! Ele não tem culpa por ser incrivelmente louco por mim! Compreenda-o, por favor!

- Você não tinha essa certeza toda no ano passado, não é verdade?

- As coisas mudam, né? Então, como faremos? Que horas saíremos? Tenho que levar que tipo de roupas? Que tipo de cidade é? Lá faz frio ou calor à noite? Onde ficaremos hospedados? Quando voltamos?

Yamapi o olhou com impaciência. Suspirou, levantando a sua franja no processo. Ele se perguntava se Jin havia percebido que suas perguntas continuavam sem respostas enquanto elaborava outras. Não, Jin queria apenas irritá-lo, ele percebeu. Suspirou de novo.

7

Chegou em casa já de noite, carregado de sacolas. Não resistiu e acabou comprando algumas coisas para ele mesmo. Ele separou as compras em cima da cama e guardou os presentes de Jin no armário. Depois, pegou o telefone e ligou para o namorado.

Jin demorou a atender. Kazuya já estava quase desistindo, temendo que o mais velho tivesse reconhecido o seu número e estivesse disposto a ignorá-lo, mas ele atendeu. Uma voz sonolenta e rouca se fez ouvir do outro lado da linha. Kazuya sorriu.

- Te acordei?

- Eu estava só cochilando, tudo bem.

Eles caíram no silêncio, um percebendo a timidez do outro. Jin, orgulhoso, esperou, não ia ser o primeiro a dizer alguma coisa, ainda que lhe doesse escutar apenas a respiração de Kazuya, o qual, por sua vez, estava reunindo coragem.

- Jin... Eu...

- Un?

- Me desculpe... Eu não quero continuar brigado com você. Desculpe as coisas que eu te disse...

-... Você estava de cabeça quente e, no final, eu também... Ao invés de te acalmar, fiz justamente o contrário, né? Acho que nós dois acabamos exagerando... Mas você não exagerou só comigo, não é mesmo?

- Jin, não começa... Por favor.

- Ok, não vamos falar nisso agora. Mas vamos falar sobre isso ainda, ouviu? – ele disse em um tom de falsa autoridade – E como vão as gravações?

- Cansativas... – ele reclamou – Não estou conseguindo me concentrar muito bem... Acho que preciso de um tempo, na verdade...

- Tire uns dias para você depois dessa novela.

- Acho que não vai dar, tem outros projetos rolando...

- Então, aproveite suas folgas com você mesmo, Kazu.

Kazuya entendeu a indireta. Jin não queria mais que ele passasse tanto tempo com Tsubasa. Ele tinha que reconhecer que estava sendo desgastante o ritmo desde o acidente com Akeko.

- Talvez eu deva, mas... Eu queria aproveitar com você. Este fim de semana nós estamos livres, porque não antecipamos a comemoração do seu aniversário?

- Meu aniversário? – por um momento, Jin tinha se esquecido de que estava tão próximo – AH! É na próxima terça!

- Não fale como se você tivesse se esquecido! – ele riu.

- Eu me esqueci! – ele admitiu.

- Baka! Quem esquece de algo assim? O seu aniversário cai na terça... Aposto que o pessoal vai querer comemorar, então eu pensei que nós podíamos antecipar uma comemoração só nós dois...

Jin fechou um dos olhos, ao perceber a encrenca em que estava se enfiando. No entanto, tinha que dizer a verdade a Kazuya. Pensou que deveria ser sincero e firme, não podia abrir brecha para o pequeno demonstrar seu ciúme.

- Ah, Kazu, na verdade... Eu tenho outros planos.

- Eh?

- Uma viagem.

- Para onde você vai?

- Não sei direito ainda...

- Quando você vai?

- Sexta à noite...

- Você vai com a sua família?

- Mais ou menos. – Jin fechou os dois olhos desta vez.

- Você vai com o Yamapi?! – a pergunta era carregada de ciúme.

- Sim, já tinha combinado com ele.

- Você combinou de viajar com ele enquanto estávamos brigados?

- Eu briguei com você e não com ele, até onde eu me lembre!

- Sim, mas brigamos por causa dele!

- Não foi bem assim, Kazu e... Ah, eu não vou discutir com você por telefone!

Kazuya engoliu o seu desgosto, afinal, ligou para pedir desculpas. Ainda que o ciúme continuasse a beliscar seu coração com aquela situação toda. Por que Jin fazia isso sabendo o quando lhe incomoda a relação deles? Para Kazuya, tratava-se de pura provocação. Desta vez, no entanto, estava decidido a não perder para seu temperamento impulsivo. Estava determinado a manter a calma.

- Ok... Me desculpe. Aproveite a viagem.

Jin foi capaz de perceber o esforço do seu pequeno em dizer aquilo. Sorriu.

- Nós faremos alguma coisa no outro fim de semana, pode ser?

- Acho que tenho alguns eventos de promoção da novela, mas eu te confirmo... Em todo caso, terça-feira nós estaremos juntos... Com todo mundo. – ele suspirou – Mas teremos outras oportunidades, não é? Temos muito tempo pra isso, né?

- Temos sim... – Jin respondeu um pouco vago – Estamos juntos... Afinal...

O silêncio mais uma vez veio perturbá-los. Eles o quebraram com uma despedida. Em cada apartamento, ambos fitavam o telefone por algum tempo, mesmo depois de encerrada a ligação. A sensação de que algo havia se partido entre eles era insuportável.

8

- You had a bad day... You're taking one down... You sing a sad song just to turn it around... You say you don't know... You tell me don't lieeeeeee!

- Ah! Urusai! (Barulhento/irritante!) – Yamapi murmurou, inclinando a cabeça para o lado direito, tentando salvar seus ouvidos dos gritos de Jin. – Você quer me fazer bater o carro? Se quiser, me pede, que é mais fácil!

- Você teve um dia ruim, Pi? – ele brincou e, diante do olhar do amigo, logo se comportou: - Ok, parei. Você não gosta dessa música? É uma letra bacana!

- De quem é?

-Daniel Powter! Ele é canadense... Ou americano? Ou inglês? Enfim...

Jin se distraiu com a paisagem da estrada e se calou, Yamapi agradeceu mentalmente por aquele momento silencioso, que, para seu azar, durou pouco.

- Ei, Pi, falta muito?

- Você perguntou isso há cinco minutos atrás...

- Cinco minutos fazem muita diferença! Nesse tempo, você pode sofrer um acidente, descobrir quem é o assassino do filme, fazer um gol! – ele riu – Agora, até lembrei da Yuko...

O interesse de Yamapi pareceu despertar.

- Yuko? Por que essa lembrança tão antiga?

Jin não notou o incômodo na voz do amigo.

- Ah, eu não te contei? Ela voltou a morar no bairro dos meus pais... Ela jantou com a gente lá em casa no dia anterior ao que você foi lá...

- Hum... E como ela está?

- Bonita.

Jin voltou a olhar pela janela. A tarde já estava chegando ao seu fim e um pedaço do céu já estava com uma coloração alaranjada.

- Ela realmente ficou muito bonita.

- Ela já era naquela época.

- Sim, mas ela não era nada vaidosa... Agora ela se arruma! – ele riu – E continua com o mesmo bom humor, mesmo... – ele calou-se ao se recordar dos problemas da amiga – Ela passou por alguns apertos... Na verdade, ela ainda carrega um grande problema em suas costas, mas seu humor continua inabalável.

- Vocês sempre foram muito parecidos...

- Hã?

Pi olhou de relance para Jin e riu, voltando a prestar atenção na estrada. Apesar do riso, em sua mente, ele refletia naquela informação.

Yuko está de volta?

9

Era uma hospedaria pequena e discreta, localizada em uma cidade do interior. Yamapi estacionou o carro e Jin desceu, sentindo o cheiro de grama molhada. Sentiu-se bem.

- Então é aqui? – o mais velho questionou.

- Sim. Não é tão longe da cidade em que Tsubasa nasceu... Isso possibilita um contato freqüente entre Nakamura-san e Mariko.

- Entendo. Vamos?

Yamapi abriu o porta-malas e entregou a mochila de Jin, pegando a sua e trancando o carro em seguida.

O estabelecimento mantinha uma arquitetura tradicional. O chão era de madeira, e o telhado, pagode. Assim que entraram, pensaram que o local estava abandonado. Não havia o menor sinal de gente, mas, pela limpeza do lugar, era visível que alguém morava ali.

- Moshi, moshi? Tem alguém aqui? – Jin se aproximou do balcão, procurando por alguma campainha ou algo do tipo.

Alguns minutos de espera e uma senhora baixa, com as costas bastante encurvadas, surgiu por trás de uma porta. Seus cabelos grisalhos estavam presos em um coque e ela limpava as mãos no avental branco que usava, manchando-o com molho de tomate.

- Em que posso ajudá-los? – sua voz era rouca e tinha um sorriso gentil – Na verdade, no momento, só há um quarto disponível, vocês se incomodam?

- Não, tudo bem... Mas, na verdade, além de um quarto, nós queríamos falar com o senhor Nakamura. Ele é o dono daqui, não é? – Yamapi foi direto.

- Oh? Koichi-kun? Ele viajou urgentemente para Tóquio...

- Eh??

Jin e Pi se entreolharam. Se soubessem que o velho iria para Tóquio...

- Ele deve retornar domingo, vocês querem esperar? Mas peço, por favor, que, se for problema, retornem outro dia... Koichi-kun finalmente teve notícias de seu filho...

- Eh?? De Satoshi? – Yamapi se mostrou surpreso.

- Sim, você o conhecia?

- Hum... Não pessoalmente, na verdade.

- Pois ele teve notícias e foi atrás delas. Deve voltar no domingo...

- Vamos esperar? – Jin perguntou – Eu estou livre o fim de semana toda.

- Vamos esperar. A senhora pode nos reservar esse quarto livre?

A senhora, Nakaema Yooko, fez os acertos necessários e logo depois chamou um ajudante para guiá-los até o quarto.

- O jantar será servido às 21h. – ela os avisou.

10

- O que será que ele descobriu? Será que o encontrou?

Jin notou que Yamapi parecia mais animado que ele próprio com essa notícia. Se Nakamura encontrou seu filho, então este poderia colocar Tsubasa contra a parede e fazê-la confessar sua infertilidade a Kazuya... E, então, de uma vez por todas, essa história terminaria.

- Não sei... Espero que sim. – Jin respondeu, jogando sua mochila na cama.

Yamapi, então, reparou que aquele era um quarto de casal. Só havia uma cama. Girou os olhos, imaginando o escândalo que Kamenashi armaria sobre isso.

- Temos algum tempo antes do jantar... Quer tomar banho?

- Pode ir primeiro, vou logo depois...

- Ok!

Jin pegou uma toalha dentro do armário e depois se trancou no banheiro. Yamapi deixou a sua mochila e a de Jin sobre uma poltrona e depois deitou, com os braços atrás da cabeça. Fechou os olhos, tentando esquecer o fato de que eles dividiriam uma cama pela primeira vez depois que eles transaram em seu apartamento...

No entanto, ele não parava de pensar naquela noite. Lembrou-se do corpo desnudo de Jin e de seu olhar tão frágil...

No que diabos eu estou pensando?


A imagem da boca de Jin grudada à sua aumentou a temperatura corporal de Yamapi.

Não é momento para lembrar dessas coisas, baka!!

Repreendia a si mesmo quando a porta do banheiro se abriu e de lá Jin saiu com a toalha enrolada na cintura. Ainda não tinha se secado, a água escorria pelo seu tórax, escorregando por suas pernas e chegando ao chão.

- Pi, eu estava pensando...

Yamapi fechou os olhos.

- Jin, você tá molhando todo o chão! Se troque devidamente primeiro!

- Não, escuta o que eu tenho pra falar!

Jin se aproximou da cama e o cheiro de sabonete se tornou mais forte. Yamapi abriu os olhos e eles percorreram o corpo do amigo mais uma vez. Preferiu fitar o teto.

- Tá, se veste primeiro. – ele disse, tentando não soar nervoso.

- É que eu pensei que...

- Quer colocar a roupa antes?

- Não, Pi, olha só...

A velocidade com que Yamapi agiu surpreendeu a Jin, que mal se deu conta de quando o amigo saltou da cama. Piscou e Pi estava diante dele, empurrando-o com toda a sua força de volta para o banheiro e fechando a porta em seguida.

- Pi? – Jin piscou os olhos, confuso.

11

- Que estúpido! Como ele pode ser tão distraído? – Yamapi resmungava, ainda segurando a maçaneta da porta.

Yamapi estava mais irritado consigo próprio por perder o controle sobre seus sentimentos dessa forma. Indagava-se o motivo para isso. Talvez, ele ponderava, ouvir aquele nome depois de tanto anos trouxe de volta a insegurança que sentia na época em que era apenas um estudante colegial...

Eu não sou mais um menino para me sentir ameaçado por Yuko... E, além disso... Jin ama o Kamenashi.

Ele tentava ser racional, mas não podia ignorar aquela preocupação de que Yuko o afastaria de Jin voltasse a incomodá-lo. Os dois eram parecidos demais, era o que mais lhe preocupava. E eram parecidos no que dizia respeito à própria liberdade...

Yuko não era uma menina comum. Odiava fazer “coisas de menina”, sempre foi em uma direção contrária ao senso comum. Praticava esportes, vivia entre os meninos. Era livre, gostava de romper com tudo o que a fizesse se sentir presa.

Yamapi tinha medo de que uma hora, Jin também decidisse romper suas próprias correntes... E pensar em Jin distante, fez despertar todos os seus desejos pelo melhor amigo, como se seu corpo quisesse aproveitar cada segundo ao lado dele.

- Pi? Tudo bem?

Ele olhou na direção de Jin, que abriu a porta um pouco, apenas o suficiente para colocar a cabeça para fora e encarar o amigo.

- O que você queria dizer?

- Ah, eu só estava imaginando que se Nakamura está em Tóquio, nós podíamos pedir para ele ficar por lá e nos encontrar, não?

- Hum... Vamos falar com Nakaema. Você já se vestiu?

- Não, eu...

- Baka, se arrume logo! – ele desceu a mão na cabeça do amigo.

- Ittee... – ele reclamou, fechando a porta.

12

O plano de Jin não deu certo porque Nakamura-san não deixou contatos, Nakaema explicou. Ele saiu às pressas, sem nem ao menos pensar em pegar seu celular. O jeito era esperar ele retornar ou torcer para que ele ligasse.

Frustrados, Yamapi voltou para o quarto e foi tomar banho. Jin preferiu ficar na varanda da hospedaria, sentindo a brisa noturna refrescar sua pele ressecada pela água quente. Espreguiçando-se, jogou-se em um banco que havia ali e fitou a escuridão da noite.

Não havia muitas casas ou lojas por perto, então, mal havia iluminação além da própria hospedaria. Jin conseguia enxergar o carro de Pi, mas, além dele, era o mais completo breu. Ouviu o barulho de grilos. Relaxou. Ali, sentiu uma paz que há muito não desfrutava. Cobiçou aquela tranqüilidade e começou a lamentar o momento em que teria que deixá-la para trás.

Pensou em Kamenashi, sentiu sua falta. Pegou o celular e discou. Algum tempo se passou até o pequeno responder.

- Olá, Kazuya...

- Jin? Já chegou... Já chegou aonde quer que você tenha ido?

Jin riu daquela mágoa, um tanto infantil, de Kazuya por não ter lhe contado o destino da sua viagem.

- Chegamos há quase duas horas... O que você está fazendo de bom?

-... Eu estou no apartamento de Akeko.

O coração de Jin se contraiu.

- Ela me ligou assustada, Jin. Não pude deixar de vir...

- Você disse que precisava de um tempo, Kazuya.

- Eu sei, eu preciso, eu não estava mentindo... Mas como eu poderia recusar?

- Recusando. A não ser que você realmente quisesse estar aí com ela!

- Jin, entenda, ela perdeu o nosso filho e nunca mais poderá ter outro, você consegue entender isso?

Um filho que nem existe!


- Além disso, você está viajando com o Yamapi, não?

- Não dá para comparar...

Ao que Kazuya prontamente rebateu:

- Claro que não! Eu estou com uma mulher debilitada que não para de chorar e você está com um cara que te ama e provavelmente vão se divertir muito...

- Você não sabe do que está falando!

- Se eu não sei, é porque você não me conta!

- Kazu, eu liguei para dizer que estou com saudades, não para brigar com você!

O outro lado ficou em silêncio. Jin podia escutar a respiração do pequeno.

- Mas não fui eu quem começou a brigar... – ele comentou, manhoso. – Eu queria estar com você, não com Akeko.

- Domingo à noite eu devo estar de volta, posso dormir no seu apartamento?

- Combinado! Preciso desligar, Jin...

- Ok, até domingo!

- Até mais... Aproveite a viagem... Mas não muito!

Jin não conteve o riso.

- Arigatou. Pode deixar, apreciarei com moderação!

Ele desligou e fitou o aparelho. Sentiu a vontade de desmascarar Akeko aumentar. Agora, mais do que antes, torcia para que Nakamura tivesse encontrado seu filho e que este fosse capaz de provar que aquela era uma gravidez falsa. Queria que isso acontecesse o quanto antes, para que não houvesse tempo de Kazuya lhe trair novamente...

Não queria desconfiar do pequeno, mas não conseguia controlar seus pensamentos e era inevitável se lembrar de como foi ele o traiu sem a menor hesitação. Ainda que a foto tenha sido uma armação de Tsubasa, não justifica o sexo em si. Ela não podia obrigá-lo a transar... O sexo aconteceu porque Kazuya sentiu vontade.

E se ele sentisse vontade de novo? Afinal, não ignorava que o pequeno andava irritado e enciumado. Ele poderia repetir o erro.

- O que eu estou pensando? – ele se repreendeu.

O ciúme que sentia era intenso, assim como a amargura pela traição. Sentia seu sangue esquentar ao se recordar de quando Kazuya lhe contara que o filho de Tsubasa era seu. De quando o pequeno lhe confessara que o havia traído.

A paz que ele sentiu minutos antes de fazer a ligação havia sido totalmente dissipada.

13

Ele voltou para o quarto no momento em que Yamapi estava retornando para o banheiro, tendo esquecido uma peça de roupa importante. Jin o flagrou de toalha, com a cueca em mãos.

O fato de ambos ficarem constrangidos foi o que tornou a situação constrangedora. Isso porque, em outra época, eles agiriam normal. Não era algo novo um ver o outro se trocar. Isso aconteceu inúmeras vezes enquanto Pi passava uma temporada na casa de Jin.

Agora, porém, era diferente. Ambos se recordaram da noite em que transaram.

- Eu vou terminar de me trocar. – Yamapi quebrou o silêncio.

- Ah, ok... Te espero para jantarmos depois.

- Não demoro. – ele fechou a porta do banheiro.

Não lembrava que a barriga do Pi estava tão definida... E? Mas no que eu estou pensando?

Sacudiu a cabeça, tentando se livrar daqueles pensamentos e também da tentação em querer se vingar de Kazuya.

Jin se jogou na cama, fitando a porta do banheiro, quando se lembrou daquele vídeo feito por Harada. Ele podia ouvir os gemidos de Kazuya e Akeko.

14

Após o jantar, eles deram uma volta pela cidade e acabaram em um barzinho. Por sorte, os freqüentadores do local não eram fãs do mundo pop. Alguns até os reconheciam, mas não davam muita importância.

Beberam e riram como há muito tempo não faziam.

Jin deixou suas costas caírem na cadeira e se espreguiçou. Olhou pela janela. A brisa noturna bateu com certa força em sua bochecha quente. O álcool já começava a fazer efeito, ele sentia-se muito contente, rindo a toa, fazendo comentários cada vez com menos sentidos.

Yamapi não acompanhou o ritmo do amigo. Manteve-se sóbrio, pois sabia que um deles deveria manter a lucidez para conseguirem retornarem à hospedaria. Deixou que Jin aliviasse todo o seu cansaço naquela noite e depois emprestou seu ombro a ele para ajudá-lo a caminhar quando foram embora.

Enquanto caminhava, tentando ignora ro peso extra em seu ombro, Yamapi refletia sobre as palavras de Tsubasa.

- Está dizendo que é amor? Isso faz menos sentido ainda... Como o não querer ficar com a pessoa que se ama pode ser amor? Você tem que lutar com todas as suas armas para conquistá-la e não ser tão passivo!


Sim, muitos o considerariam passivo. Talvez, até idiota, por permanecer ao lado de Jin dessa forma, sufocando seus sentimentos, desejando sempre o seu bem-estar, protegendo sempre a sua felicidade.

No entanto, apenas ele, Pi, sabia o quanto Jin lhe foi essencial para superar certos tumultos em sua vida. Quando ele precisou morar em sua casa, quando o mais velho escutou sobre seus problemas com o pai... Somente ele poderia explicar o quanto foi importante ouvir o riso de Jin em certos momentos, como aquele desmiolado conseguia fazê-lo rir quando queria chorar, e, principalmente, como Jin dividiu suas lágrimas em momentos testemunhados apenas entre eles.

Ele poderia muito bem explicar a importância do mais velho em sua vida. Contudo, ele sabia que a pessoa a quem realmente importava saber tudo isso era ele próprio. E que, tudo o que fazia por Jin, nada mais era do que uma forma de agradecer.

15

Kazuya, apoiado no terraço de Akeko, observava a Lua enquanto fumava. Estava agitado, não conseguia dormir, ao contrário da cantora que, depois de tomar um calmante, dormia tranqüilamente. Ele não queria e nem precisava recorrer a remédios. Ele sabia muito bem o motivo de sua insônia.

Você sempre confiou muito em seus parceiros amorosos, né Kazuya? Eu teria ficado morta de ciúmes em ver meu namorado viajar com um rapaz que eu sei que o ama... Eu ficava morta de ciúmes quando você me falava de Akanishi, quando nem mesmo você sabia que o amava... Somente o fato de você pronunciar o seu nome com um carinho amistoso eu já me mordia por dentro...

Akeko estava errada, Kazuya admitia a si mesmo. Ele não estava agüentando esse maldito ciúme acelerar seu coração e encher sua mente de recordações que apenas aumentavam a sua aflição.

Não sabia o que fazer. Se colocasse esse sentimento para fora, certamente discutiria com Jin. Guardá-lo, porém, estava acabando com ele.

- Maldição... – ele sussurrou – O que eu faço?

Odiava sentir-se tão desorientado. Não conseguia reconhecer a si próprio.

Volte logo, Jin.

16

O peito de Yamapi subia e descia em um ritmo hipnotizante. Jin não conseguia desgrudar seus olhos daquela imagem. Até mesmo dormindo, seu amigo não perdia a postura, continuava atraente com aquele jeito de não demonstrar seus sentimentos.

A bebedeira já tinha perdido a sua força depois que deixou boa parte da janta na privada. Pi o ajudou a se lavar e o ajeitou na cama. Jin não dormiu muito, no entanto. Sem saber o motivo, despertou no meio da noite e a presença do amigo logo atraiu a sua atenção.

Deitado ao seu lado, Jin podia aspirar todo o seu perfume. Era gostoso. Era aquele que ele o tinha presenteado. A essa altura, o perfume que ele comprou já devia ter acabado e provavelmente já era outro refil. Era algo sem importância, mas, por alguma razão, o agradou saber que Yamapi havia adotado aquele perfume como seu.

Não queria admitir, mas sentiu vontade de beijá-lo. Jin não saberia explicar o que era esse sentimento. Não era o mesmo que sentia por Kazuya, definitivamente, não. Sabia bem o quanto Yamapi era especial para si, sabia muito bem o que ele representava em sua vida. Mas, então, porque esse desejo agora?

Talvez fosse pela carência que sentia. Não estava em uma boa fase, precisava de companhia, Kazuya estava distante... Kazuya estava com a ex-namorada. A ex-namorada que provavelmente tentaria seduzi-lo mais uma vez. O pequeno não tinha tempo para ouvir os problemas do namorado carente... Um namorado emocionalmente abalado há muito tempo. Um namorado chato, ele se definiu.

Por que insistia tanto no relacionamento com Kazuya? Ele se perguntou. Por que não tentava com Pi? Não ignorava os sentimentos do melhor amigo, não ignorava o quanto ele lhe apoiava... Pi era a sua alma gêmea... Por que não tentar?

Sem saber ao certo o que fazia, Jin tomou impulso e subiu sobre o corpo do amigo, que não despertou, apesar do peso do outro. Aproximou seu rosto ao de Pi, sentindo a sua respiração. Fechou os olhos e levou sua boca até a de Pi...

- Não faça isso.

Jin abriu os olhos, espantado. Yamapi continuava com os olhos fechados.

- Você vai se arrepender e só te fará sofrer mais.

- Pi...

- Sabe Jin, boa parte das suas confusões seria evitada se você não agisse por impulso. Se você está confuso, não faça nada. Fique quieto, tranque-se em seu quarto e durma.

- Você realmente me conhece... – ele riu, deitando-se sobre o peito do amigo.

- Claro que sim. – ele disse, batendo nas costas do mais velho. – Você é uma pessoa simples de se entender.

- Ora, vai à merda...

- Mas é por isso que você é especial...

- Por que você sempre tem que ser mais maduro que eu? Eu sou o mais velho!

- Por que você fica incrivelmente mimado ao meu lado!

- A culpa é sua, você me criou assim!

- Eh?? Do que você está falando? Quem te criou foram seus pais!

- Mama Pi!

- Isso de novo?? – ele resmungou, empurrando Jin para o seu lado da cama – Dorme e não enche o saco!

- Ah, Pi, você é tão quentinho...

Jin tentou voltar para cima de Yamapi, mas este lhe deu às costas. Jin riu e o abraçou e sua risada aumentou quando o mais novo tentou se soltar de qualquer jeito. Ele colocou mais força em seu abraço e não permitiu que ele se libertasse. Cansado, Yamapi cedeu e eles dormiram…

17

Eles tiveram notícias de Nakamura no domingo ao final da tarde. Ele ligou para a hospedaria avisando que teria que atrasar seu retorno por algumas complicações que surgiram. A pedido dos rapazes, Nakaema o informou sobre o interesse deles em vê-lo na capital e Nakamura aceitou encontrá-los.

Uma vez tendo acertado um encontro, Yamapi e Jin pagaram as contas e regressaram para Tóquio.

Já era madrugada quando eles se encontraram, mas Kazuya não se importou com o atraso. Depois de muito tempo, eles estavam juntos de novo. Amaram-se no apartamento de Kamenashi, deixaram rastros do que sentiam um pelo outro na sala, no quarto, no banheiro... Em cada gesto, em cada ato, havia tanto desejo e desespero. Precisavam eliminar a saudade que um sentia do corpo do outro, da presença do outro, do cheiro do outro...

Kamenashi afogava a dor da perda de um filho e a sua insegurança nos lábios de Jin e este, por sua vez, esparramava todas as suas incertezas e medos pelo corpo do caçula. Nunca antes o sexo foi tão forte, nem tão intenso. Kamenashi penetrava a Jin, Jin penetrava a Kamenashi. Seus gemidos se confundiam, suas bocas se misturavam. Cada um fazia questão de deixar a sua marca no outro, no pescoço, no tórax, em qualquer canto, sugando até a última gota de suor. E, mesmos exaustos, ele não se sentiam satisfeitos... Pois, por mais que insistissem, eles não conseguiam se encontrar.
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySáb maio 22, 2010 4:55 pm

essa cena do Pi de toalha hein
*hanaji*
é né Jin dificil resistir ao Pi 8D~
Mama Pi hsahshahsa XDD adorei essa
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySáb maio 29, 2010 2:37 am

Sim, muito difícil resistir ao Pi... E de toalha, então? hahahahaha ^.~!!!

Obrigada por ler e comentar!!

Beijosss
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySáb maio 29, 2010 2:48 am

Distâncias

1

Era um quarto de hotel bastante simples, mas aconchegante. Jin agradeceu a xícara de chá e Yamapi imitou o seu gesto. Eles observaram aquele senhor se acomodar em uma poltrona à frente do sofá em que dividiam e levar à boca a própria xícara, que continua café. Tanto Jin quanto Yamapi puderam notar o nervosismo do senhor, suas mãos tremiam. Era um tremor leve, parecia que Nakamura estava tentando se controlar ao máximo.

- Desculpe-nos por fazê-lo ficar tanto tempo em Tóquio. – Jin começou. – Não pretendíamos prendê-lo por uma semana, mas...

- Oh, não se preocupem com isso! Eu também não consegui resolver minhas pendências tão cedo, teria que ficar de qualquer modo. Além disso, imagino que o assunto que vamos tratar seja importante. – Nakamura afirmou, lançando um olhar de cumplicidade a Yamapi.

O integrante do News fez que sim.

- É sobre Tsubasa, mas antes... Soubemos que localizou seu filho.

O olhar daquele homem pareceu ter envelhecido mais dez anos. Estava inconsolável. Baixou a fronte, relembrando os últimos dias que passou em Tóquio. Ainda não lhe era possível acreditar em tudo o que aconteceu com Satoshi. Lembrando-se que estava com visitas importantes, ele se recompôs.

- Sim, finalmente achei meu filho. – e se calou.

- Por favor, Nakamura-san! Precisa nos deixar entrar em contato com ele... Precisamos provar que a gravidez de Tsubasa era falsa...

- Infelizmente, isso eu não posso permitir. – ele foi enfático.

Jin ficou apreensivo diante daquela convicção, mas o ânimo de Yamapi não se abalou. Determinado, ele insistia.

- Nakamura-san, a situação é grave! Precisamos colocar seu filho e Tsubasa frente a frente, pois ela está torturando um amigo nosso dizendo que perdeu um filho que não existia! Tenho certeza de que o senhor compreende...

- Desculpe, meus jovens. Acho que não fui claro... Não é que eu não queira que vocês o encontrem. Eu, mais do que qualquer pessoa, eu gostaria de derrubar a máscara de Tsubasa... Mas, para meu filho, isso já não é mais possível. É verdade que eu o encontrei. Não foi nas condições que eu esperava, mas, talvez, nas condições que ele merecia.

Os olhos de Nakamura se tornaram lacrimejantes. Ele interrompeu o que dizia por uns instantes, emocionado.

- Meu filho está morto. – ele concluiu, com a voz embargada pelo pranto que tentava conter.

- Ehh? – Jin exclamou.

- O que aconteceu? – perguntou Yamapi por impulso, desesperado por saber que a única pessoa que podia provar que Tsubasa é infértil estava morta.

- Disseram que foi um acerto de contas. A polícia não soube dar detalhes, mas tanto o assassino quanto meu filho estão mortos... Houve alguma discussão, eles estavam armados e então atiraram um contra o outro. – ele conseguiu controlar a emoção – Eu assisti a essa notícia na época. Não reconheci meu filho porque não foi divulgada nenhuma foto dos envolvidos e também... Ele havia alterado seu nome. Era por isso que eu não conseguia localizá-lo de modo algum... Mayumi, minha ex-nora, foi quem recebeu a notícia... Como ela mora nos Estados Unidos, até conseguir me avisar, demorou um pouco e só agora consegui visitar o seu túmulo... Fiquei preso aqui em Tóquio para conseguir mudar o nome do meu filho em sua lápide. Não podia permitir que ele continuasse usando um nome falso.

- Eu sinto muito... – Jin disse.

- Deve ser bastante doloroso... – Yamapi se compadeceu.

- Talvez tenha sido melhor assim. – Nakamura suspirou resignado - Meu filho já não tinha mais correção... Há uma determinada idade em que não se pode mais recomeçar. Eu não soube guiá-lo ao caminho certo quando devia, seu destino não podia ser outro... Em todo caso, eu sinto muito que, justo quando ele poderia ser útil para alguém, isso já não seja possível...

- Não há o que se fazer quanto a isso... – Yamapi comentou – O senhor não tem mesmo nenhuma prova quanto à infertilidade de Tsubasa?

- Apenas o depoimento do meu filho... Ele saberia indicar onde a operação foi realizada e ali talvez houvesse algum registro das conseqüências daquela cirurgia... Mas eu, infelizmente, não poderei ajudar quanto a isso. Não faço a menor idéia de onde foi, naquela época eles foram escondidos. Já eram independentes pela lei, tanto Satoshi quanto Hirina... Eles não precisavam prestar contas para ninguém. E, de fato, aquela foi a última vez que meu filho veio procurar algum conforto em mim, quando soube que tinha deixado aquela mulher estéril...

Ele se calou. Yamapi também ficou em silêncio, em respeito ao sentimento daquele homem. Jin, por sua vez, não disse nada, não sabia o que dizer ou o que pensar. Se Nakamura Satoshi estava morto, então ninguém poderia contestar a gravidez de Tsubasa...

- Eu realmente sinto muito. – Nakamura preferiu quebrar o silêncio – Mas acredito que vocês queriam falar sobre outro assunto comigo, não?

Pi se ajeitou no sofá.

- Ah, sim. – ele começou – Naquela época, eu perguntei a Mariko se ela conhecia Harada Takeshi, mas me garantiu que não conhecia ninguém com esse nome na cidade em que Tsubasa morou. Aconteceram algumas coisas depois e descobrimos um outro nome... Queríamos saber se vocês conhecem Kirisawa Makoto, pois se provarmos alguma ligação entre Tsubasa e Kirisawa...

Yamapi não foi capaz de completar a sua frase, o transtorno no rosto de Nakamura era tão evidente que congelou as suas palavras.

- Kirisawa Makoto é o nome que Satoshi adotou há dois anos... – ele explicou, confuso – O que isso significa? Como vocês o conheceram como Kirisawa?

Pi e Jin trocaram olhares. O primeiro via diante deles a porta que levaria ao verdadeiro caráter de Tsubasa. Kirisawa era Satoshi... Satoshi era o primeiro namorado de Tsubasa e a fez abortar. Satoshi colocou aquela foto na mochila de Pi e no mesmo dia Tsubasa seduziu Kamenashi... Era uma ligação que o caçula do KAT-TUN não poderia ignorar.

Jin, porém, se atentou a outro fato que, para ele, era o mais importante. Estava diante do avô de Sayuka. Engoliu em seco, sentindo-se desconfortável.

2

- Oh, que coisas horríveis Satoshi foi capaz de fazer... – Nakamura desabafou, após ouvir os relatos de Yamapi.

Yamapi não entrou em detalhes. Contou por alto que Kirisawa se infiltrou na agência em que trabalham para prejudicar um amigo deles. Contaram como ele chantageou Harada a participar do plano apelando ao seu desespero de pai, sendo esse o motivo que os levou à morte, mas não contaram as chantagens sexuais sofridas por Jin, nem às chantagens em relação ao KAT-TUN. Era desnecessário tanto detalhe. O fato de que Kirisawa brincou com a vida de uma criança já era mais que doloroso para velho Nakamura.

- Acreditamos que Tsubasa também esteja envolvida... E que ela tenha feito o que fez para ficar com o rapaz que ela diz ser pai dessa criança. A criança não existe e agora ela o faz sofrer com a “perda” desse bebê. – resumiu Yamapi – Precisamos que o senhor conte tudo o que sabe para o nosso amigo.

- Eu ainda devo ficar alguns dias em Tóquio... Quando quiserem que eu me encontre com o rapaz, posso falar com ele... Alerto que não posso dizer mais do que eu já disse a vocês.

- É o suficiente! – garantiu Yamapi – Muito obrigado, Nakamura-san.

Yamapi e Jin se despediram. Já na rua, o mais novo notou o silêncio de Jin, mas não pode questioná-lo o que acontecia, uma vez que seu celular tocou. Era Koyama, bronqueando-o para que não chegasse atrasado para um compromisso com a banda.

Jin estava com o resto do dia livre, recusou a carona de Pi para não atrasá-lo ainda mais. Por isso, os dois amigos se despediram rapidamente.

- Ânimo Jin, estamos quase chegando ao fim! Bem, preciso ir... Nos falamos depois, ok?

- Arigatou, Pi! Por tudo o que tem feito...

- Deixa disso. Isso não combina com você! – ele sorriu e entrou em seu carro.

Yamapi foi embora, sem perceber que Jin ainda permaneceu parado onde estava, olhando para cima, para o prédio em que acabou de sair, mais precisamente para a janela que julgava ser a de Nakamura. Estava incerto sobre a forma como deveria abordá-lo, mas sabia que não sossegaria agora que tinha conhecimento de mais um parente de Sayuka.

Cansado da própria indecisão, Jin decidiu seguir o que seu espírito lhe ordenava. Por impulso, retornou para dentro daquele prédio.

3

Kazuya sorriu, um sorriso cheio de cansaço, diante da imagem adormecida de Akeko. Fechou a porta do dormitório e seguiu para a sala, a tempo de ver Mitiko entrando.

- Kamenashi-san.

Ele a cumprimentou com um aceno de cabeça. Estava tão cansado, que nem ao menos tinha energia para cumprimentá-la adequadamente.

- Akeko?

- Ela está dormindo. Comeu um pouco mais que ontem... Acho que logo mais poderemos levá-la para sair e tomar um pouco de Sol... Ela está se animando novamente!

Mitiko assentiu e observou para si mesmo o quando aquele menino era maduro. Tão jovem e tão responsável, cuidando de uma mulher que tinha idade para ser sua mãe. Cuidando de alguém que ele julgava ter perdido o seu filho. Ainda assim, em nenhum momento, Mitiko o viu perder as forças. Seu rosto transmitia um cansaço natural, até mesmo a sua personalidade estava um pouco abatida, mas Kamenashi não fugia de suas responsabilidades.

Responsabilidades que não existem, ela pensou.

- E Kamenashi-san, você já almoçou? – ela perguntou, enquanto terminava de descalçar seus sapatos. Deixou a bolsa em cima de uma mobília.

- Comi junto com Akeko... E você? Quer que eu esquente? Ainda sobrou bastante coisa e...

- Não se preocupe comigo, obrigada.

Kamenashi estranhou o modo como aquela mulher o olhava e ficou um pouco incomodado.

- Bem... Já que você está aqui, acho que vou indo para casa...

- Anoo... Kamenashi-san? Você tem um tempinho? Preciso conversar com você...

Curioso, ele fez que sim.

4

- Nakamura-san... O senhor tem uma visita. – a voz da recepcionista anunciou através do telefone.

- Quem é? Não estou esperando ninguém...

- Akanishi Jin.

- Akanishi Jin? Peça para ele subir, por favor.

Nakamura abriu a porta e se deparou com um aquele rapaz que estivera há pouco tempo em sua companhia. No entanto, ele notou uma mudança brusca em sua aparência. Com os ombros baixos, aquele menino parecia estar com medo...

A si mesmo, Nakamura refletia o quanto Tsubasa Akeko teria torturado aquele rapaz... Sim, não lhe passou despercebido o quando Akanishi se mostrava aflito ao mencionar aquela mulher e, mesmo narrando problemas como se fossem de outras pessoas, ele foi capaz de notar a amargura naqueles olhos castanhos...

- Com licença, Nakamura-san... Mas será que poderíamos conversar um pouco mais?

Ele sorriu para tentar confortar o jovem e abriu espaço para ele entrar. Novamente, o garoto se acomodou no mesmo lugar em que esteve há poucos instantes.

Jin apertava os próprios dedos nervosamente. Ponderava se estava sendo imprudente demais em se colocar diante de mais um familiar de Sayuka dessa forma. Poderia conter o ódio de Nakamura quando lhe revelasse que a neta cometeu suicídio por sua causa?

Ainda que aquele senhor não reagisse de forma agressiva e revelasse como realmente aconteceu a morte da garota, Jin se perguntava se ele teria coragem de realmente descobrir a sua culpa.

Nakamura se acomodou em frente a ele e esperou. Consciente de algo incomodava o garoto, esperou que ele se sentisse à vontade para iniciar a conversa. Jin ainda demorou algum tempo, até que finalmente escutou a própria voz, insegura, perguntar:

- O senhor é avô de Sayuka, não é verdade?

- Minha neta tinha esse nome. – ele respondeu, ainda mais curioso com o que o rapaz teria a lhe dizer. – Você também a conheceu?

- Honestamente, eu não sei. – ele riu da resposta estranha – Mas Kirisaw... Digo, Nakamura Satoshi afirma que ela se matou por minha causa.

Jin viu o homem a sua frente arregalar levemente os olhos, não era, afinal, uma declaração difícil de surpreender alguém. Nakamura piscou os olhos repetidas vezes, absorvendo aquela informação.

- Eu realmente não sei o que aconteceu... Eu não me lembro de Sayuka... Mas seu filho tinha um ódio intenso contra mim.

- E por que você está tocando neste assunto de novo? Ambos estão mortos. – foi o comentário seco daquele homem.

Jin recuou um pouco diante de tal atitude, mas logo se convenceu de que não poderia esperar uma reação branda de Nakamura. Não era um assunto que uma pessoa poderia compreender facilmente.

- É porque eu não me lembro de Sayuka... Eu gostaria de entender o que realmente aconteceu e, de algum modo, reparar o que quer que eu tenha feito...

- Você deveria deixar os mortos em seus túmulos, rapaz. – ele disse – É melhor para você... Viva a sua vida.

- Eu não posso continuar agindo como se não soubesse de nada... A cada garota que eu vejo, eu me pergunto se aquele seria o rosto de Sayuka... Se uma resposta atravessada que eu dê em alguma entrevista poderá resultar na morte de outra pessoa... Se um simples silêncio meu pode afetar alguém da mesma forma que afetou a sua neta... Eu sei que isso é irracional, mas eu não consigo controlar mais! Eu preciso saber o que foi que eu fiz... Eu... Eu...

O rosto de Nakamura se abrandou diante o desespero do jovem. Fechou os olhos e balançou a cabeça, negativamente.

- Eu não posso lhe ajudar... Na época da morte da menina, eu já estava tomando conta da hospedaria e mantinha pouco contato. Apenas soube que ela voltou chateada de um show e no dia seguinte estava morta... Tomou uma grande dose de medicamentos contra depressão.

Jin se mostrou decepcionado. Pensou que finalmente poderia resolver este assunto com Nakamura, mas isso não aconteceria. Teria que carregar este peso em seu coração para o resto de sua vida?

- Talvez... Uma pessoa possa lhe ajudar. – ele disse, incerto – Mas não sei se é uma opção viável... Mayumi, a mãe de Sayuka, não mora mais no Japão. Posso lhe fornecer o endereço dela, se você estiver disposto a falar com ela... Só peço que, se ela não quiser falar sobre o assunto, que respeite o seu desejo. Mayumi foi embora do país por não agüentar a crise que abateu sua família.

Jin concordou. O velho, então, se levantou e caminhou até uma cômoda, onde pegou um par de óculos e um caderno de notas. Escreveu o endereço ali, arrancou o papel e o entregou ao jovem. Akanishi guardou o papel em sua carteira e, então, indagou:

- Ela foi enterrada ou cremada?

- Cremada. Suas cinzas estão com a mãe.

Subitamente, uma idéia lhe veio à mente.

- O senhor poderia me informar quando foi que ela morreu?

Nakamura lhe responde. Jin agradeceu a informação e, depois de se desculpar inúmeras vezes com aquele homem, foi embora. Com aquela informação, tentaria se recordar em qual show Sayuka deveria ter assistido e, quem sabe, conseguiria se lembrar de algo ou de alguém que pudesse lhe dar alguma pista do que aconteceu naquele dia?

5

Kamenashi, atordoado com o que Mitiko lhe contou, andava a esmo por um parque próximo. Não conseguia acreditar que o problema de Akeko era mais sério do que ele pensava.

- Não havia bebê algum... – ele estava incrédulo.

Todo esse tempo, toda as discussões com aquela mulher, todas as brigas com Jin... E, no final, Akeko estava doente. Uma gravidez psicológica...

Ela não tinha culpa por ter agido do modo que agiu, afinal, acreditava que estava grávida e, pior, pensava que tinha perdido o filho pela segunda vez. Kamenashi se penalizou com a condição da ex-namorada, mas, no momento, estava confuso com seus próprios sentimentos.

Nunca teve um filho.
Nunca perdeu um filho.

Sentiu-se um idiota por ter discutido com Yamapi, motivado pela dor de ter perdido um filho. Envergonhou-se, mais uma vez, do modo como agiu com ele e com Jin. O fato de não ter conhecimento dessa doença até então não diminuía a intensidade do seu remorso... Isso porque ele se culpava pela falta de interesse naquela gravidez...

Se ele tivesse sido firme e insistido em acompanhar Akeko em alguma de suas idas ao obstetra, teria descoberto a verdade. Poderia ter convencido a ex-namorada a procurar um tratamento. Poderia ter amparado aquela mulher e evitado tantas lágrimas a ela e a ele...

Poderia ter impedido alguns sofrimentos a Jin...

Kamenashi decidiu não se abater novamente. Não se deixaria esmorecer pela culpa. Desta vez agiria e faria o que tem que ser feito. Ainda não era tarde, Akeko poderia procurar ajuda médica, era um assunto delicado, mas ele não desistiria dela. E, quanto a Jin, ainda poderia recompensá-lo de alguma forma.

Chega de chorar por seus erros, Kazuya.

Ele estava firme. Naquele momento, ele não tinha idéia de que talvez já fosse tarde demais...

6

Quando a noite caiu, Jin sentia-se inquieto em seu apartamento. Descobriu qual show Sayuka teria ido, mas isso não ajudou a sua mente a se recordar de ninguém em especial. Lembrou-se de que foi um dia em que algumas fãs puderam entrar no camarim após a apresentação... Mas não se lembrava de ninguém em particular.

Ele precisava conversar com alguém. Ainda não podia procurar Kazuya, pois não poderia ser completamente sincero com o seu pequeno, ele ainda acreditava em Tsubasa. Além disso, sendo honesto consigo mesmo, ele admitia que não sentia vontade de procurá-lo agora e não conseguia compreender o significado disso.

No entendo, deixou isso de lado, tinha que resolver aquele sentimento que o incomodava em primeiro lugar, aquele que vinha deixando-o cada vez mais confuso e com uma vontade maior de jogar tudo para cima e ir embora de uma vez por todas... O incômodo em continuar sendo um Johnny e a responsabilidade que isso trazia. O sufoco que sentia diante das gravações com o KAT-TUN, o medo que sentia diante das fãs...

Pi...

A imagem do loiro veio naturalmente em sua cabeça. Sim, seu melhor amigo o escutaria e lhe diria o que deveria fazer. Devia finalmente contar a ele sobre Sayuka. Estava decidido a procurá-lo, quando a campainha tocou.

Arqueou a sobrancelha, não estava esperando ninguém. Sua surpresa foi misturada a uma grande curiosidade quando encontrou Koyama em frente a sua porta. Ele estava sério.

- Podemos conversar, Jin?

O tom bravo de Koyama o deixou quase sem reação. Deu um passo para o lado, oferecendo passagem para o integrante do News.

Koyama, depois de devidamente acomodado no sofá e recusado algo para beber, encarou Jin e foi direto ao assunto:

- Por favor, se afaste de Yamapi.

Jin arregalou os olhos com aquele pedido. Teve vontade de rir, era inimaginável que alguém lhe pedisse algo assim, mas se conteve diante da expressão séria do outro rapaz.

Koyama tratou de se explicar:

- Não estou dizendo para você deixar de ser amigo dele, mas, por um tempo, fique longe... Os últimos tempos têm sido complicados... A situação de Pi na banda está um pouco tensa... Você sabia que essa última viagem de vocês dois rendeu mais um isolamento a ele?

- EH? Eu não sabia! – Jin se perguntava porque o amigo não o teria procurado antes?

- Nós tínhamos alguns compromissos no domingo e ele nem ao menos ligou para desmarcá-los.

- Ele tinha dito que estava livre...

- Obviamente, ele mentiu. Yamapi faz qualquer coisa por você... Será que você não poderia fazer algo por ele de vez em quando?

O tom de acusação de Koyama não agradou a Jin. O membro do KAT-TUN se perguntava se o outro estaria insinuando que ele se aproveitava dos sentimentos de Yamapi.

- Desculpe, Jin, se estou parecendo um pouco grosseiro... – Koyama voltou a si, depois de desabafar, e sua expressão se tornou mais suave, assim como sua voz: - Mas é que às vezes parece que você não percebe os problemas do Yamapi.

- Você devia ter mais consideração com os sentimentos dos outros, Bakanishi! – Ryo disse, irritado.


As vozes de Koyama e de Ryo, em sua mente, pareciam idênticas. Eles estavam certos... Aliás, ele próprio tinha consciência de que estava em débito com seu melhor amigo, principalmente no último ano. Talvez, fosse melhor se afastar.

- Eu peço desculpas... – Jin disse em um tom mais baixo - Eu não imaginava que ele estava se envolvendo em tantos problemas por minha causa. – seu olhar vagueava pelo apartamento, mas não tinham coragem de cair sobre o visitante - Não se preocupe, Koyama, vou dar um espaço para o Pi se ajeitar novamente com a sua própria vida.

- Eu agradeço, Jin. Será por um tempo curto...

- Sim, será. – ele sorriu, embora fosse um sorriso curto – Por favor, se o Pi estiver com muitos problemas, me avise novamente, ok?

- Eu o farei... Bom, não vou mais te incomodar!

Ficaram um momento em silêncio. Era uma situação estranha e constrangedora. Por fim, Koyama se levantou e Jin o acompanhou até a porta. Suspirou, cansado.

- Acho melhor dormir... – ele olhou para o relógio em cima do móvel. Ainda não eram nem vinte horas, mas estava completamente fatigado.

7

O plano de dormir cedo de Jin falhou. Recebeu um convite para jantar com Kazuya e, apesar de não se animar completamente com a proposta, achou que devia aceitar a companhia do seu namorado. Ele tinha que se esforçar para fazer o relacionamento dar certo.

- Fazia tempo que eu não vinha aqui! – Kazuya comentou, sorridente, ao adentrar o apartamento de Jin.

Eles decidiram ir para o apartamento do mais velho depois que saíram do restaurante. O mais velho ficou para trás, fechou a porta e ficou descalço, deixando seus tênis ao lado dos de Kazuya. Por um instante, ainda ficou observando o namorado remexer em seus móveis, notando as pequenas mudanças desde a última vez em que esteve no local.

- Kazu, quer tomar alguma coisa?

- Cerveja!

- Vou buscar, peraí...

Ele sumiu por alguns instantes e depois retornou, com as bebidas. Encontrou o namorado totalmente à vontade em seu sofá, quase adormecido. Kazu endireitou-se e agradeceu a bebida.

Eles beberam em silêncio. Kamenashi preparava cuidadosamente as palavras que diria a Jin e este, amuado, ainda sofria o baque que o encontro com Nakamura lhe causou. Pensava em Sayuka.

Decidindo, por fim, o que diria, o caçula se aproximou do mais velho, aconchegando-se ao seu lado e lhe retirou a lata de cerveja. Jin o observava com curiosidade e um sorriso divertido. Então Kazuya encostou seu rosto ao peito do mais velho, abraçando-o com firmeza.

Jin foi encoberto pelo calor do garoto, que o apertava cada vez com mais força, como se temesse que a qualquer momento o outro pudesse escapar. Riu, não entendendo a atitude do mais novo, mas retribuiu ao abraço e esfregou suas costas com carinho.

- Né, Jin?

- O que foi?

- Tenha um pouco mais de paciência, ok? Prometo que esse período turbulento vai acabar em breve... Apenas preciso convencer Akeko a procurar um médico, está bem?

Jin não respondeu. Sentia-se estranho em ver Kazuya tão dedicado a uma mulher falsa e inescrupulosa como ele julgava Akeko. Ainda não poderia contar ao seu pequeno sobre as descobertas com Nakamura, queria que Kame escutasse do próprio senhor a história de Satoshi e Hirina.

Kazuya ergueu o rosto na direção de Jin, estranhando o seu silêncio. Para não perturbar o namorado, Jin lhe sorriu e Kame procurou por seu beijo. Jin lhe atendeu, colando seus lábios aos de Kazuya. Beijaram-se por um longo tempo, cada um querendo sentir todo o sabor do outro ao máximo possível.

A mão de Jin alcançou a nuca do pequeno, massageando-a. Em retribuição, sentiu a mão do pequeno deslizando por baixo de sua camisa, percorrendo seu peito, demorando-se em seus mamilos, apalpando-os com certa agressividade.

Jin, contudo, parou o beijo de forma abrupta. Não conseguia sentir o gosto de Kamenashi... Não sentia seu coração disparar, não sentia a maciez de seus lábios, nem ao menos o calor do corpo do pequeno... Franziu a testa. Tentou beijá-lo mais uma vez. Não funcionou. Interrompeu o beijo e deitou Kazuya no sofá. Antes de se inclinar sobre o pequeno, porém, ficou um instante admirando aquele garoto.

O caçula lhe sorria com bastante confiança, nem ao menos percebia o seu mal-estar. Jin lhe sorriu também e deitou-se sobre ele, tomando aquela boca mais uma vez. Enquanto suas línguas se entrelaçavam, porém, Jin começou a se inquietar.

Ele mal registrou o toque de Kazuya em seu sexo, ainda por cima das roupas. Notou vagamente o movimento do namorado, irritando-se consigo mesmo por se distrair em um dos raros momentos em que estava tranqüilo com o caçula. Percebeu, então, que fazia muito tempo que eles não ficavam juntos sem discutir uma vez sequer... Mas, por alguma razão, ele não conseguia desfrutar da situação.

Aflito, percebeu que não conseguia sentir o prazer costumeiro com as carícias de Kamenashi. Isso nunca tinha acontecido antes, nem com Kazuya, nem com nenhuma das garotas com quem ele já se relacionou. Nervoso, voltou a beijar o namorado com mais violência.

Jin sentiu-se impaciente. Ponderou que o local não estava ajudando a sentir desejo pelo pequeno. Puxou-o pelo braço e o levou para o seu quarto. Ali, mais confortável, poderia relaxar e aproveitar totalmente o sexo com seu pequeno.

Era o que ele pensava.

8

Não era um beijo doce e lento, como o pequeno esperava e queria, mas um beijo cheio de vigor, paixão, e desespero. Os gestos de Jin começavam a se tornar cada vez mais brutos e cheios de energia. Com apenas um movimento, arrancou-lhe a camisa e a regata, sem nem ao menos desabotoar a primeira. Segurou com força o braço do mais novo e o levou para a cama.

Kazuya o viu subir sobre si com certa impaciência e o deitar na cama rapidamente. Ele nem teve tempo de se posicionar melhor na cama, a sua nuca logo encontrou o final do colchão, deixando sua cabeça pender para trás, de modo que seu pescoço ficou entregue ao mais velho. Jin não perdeu tempo e o atacou ali sem se importar com as marcas que deixaria.

Kamenashi estava um pouco inquieto com a atitude do namorado, não conseguia reagir, Jin estava estranho. Encarou o namorado, que simplesmente mantinha os olhos fechados, sem ver, ou sem querer ver, a sua expressão confusa.

Jin não entendia o que estava sentindo. De repente, aquela atração que sentiu por Kazuya desapareceu por completo quando começou a beijá-lo. Isso o abateu tanto que já não sabia o que estava fazendo. Invadiu a boca do pequeno de qualquer jeito, avançava até com certa fúria, na esperança de reencontrar o apetite sexual de minutos atrás...

Não é como se tivesse perdido o tesão por completo. Notou que seu membro estava reagindo, mas alguma coisa estava errada. E Jin estava consciente de que o problema estava nele e não em Kazuya.

- Jin!

A voz do rapaz não foi suficiente para afastá-lo, apenas quando percebeu a resistência das mãos de Kamenashi foi que Jin interrompeu seu beijo e abriu os olhos. Ele viu uma pequena linha de sangue no lábio inferior de Kazuya...

Ficou surpreso e assustado, não tinha percebido que tinha usado tanta força naquela mordida. Afoito em encontrar aquela ligação que sentiu entre eles nas outras vezes, ele não percebia realmente suas ações.

- Jin, o que foi?

Ele viu os olhos brilhantes de Kazuya, tão assustado quanto ele, que molhou os lábios para limpar a pequena ferida. Sem saber o que fazer, ele deixou sua mão acariciar o rosto do pequeno até repousar um dedo naquele lábio. Não conseguia dizer uma palavra.

- Talvez... – Kazuya começou a dizer diante do olhar estranho do mais velho. Jin parecia incomodado com a sua presença. -... Seja melhor eu ir embora...

- Talvez... Seja.

Jin saiu de cima do pequeno, deixando-o livre para partir. O pequeno ficou imóvel por um tempo, processando a resignação de Jin com certo alarde. Por que o mais velho desistiu tão facilmente?

Enquanto Kazuya se vestia, Jin continuou deitado na cama. Nem ao menos o acompanhou até a porta, sabendo que o caçula conhecia o esconderijo de sua chave reserva e que ele mesmo fecharia a porta. Permaneceu onde estava, aturdido, confuso e aflito.

E ele nem ao menos poderia ligar para Yamapi.

9

O que aconteceu?

Essa era a pergunta que Kamenashi se fazia enquanto aguardava no ponto por um táxi. Riu, nervoso, não conseguia aceitar que tinha sido repudiado por Jin. Estariam eles tão distantes um do outro a esse ponto?

Jin já não sentia desejo por ele?

Fez sinal ao táxi, entrou e disse o seu endereço. Cabisbaixo, tentava encontrar um meio de resolver esse problema.

10

Estava ficando cada vez mais insuportável, essa era a conclusão de Jin sobre a própria situação. Muito tempo depois que Kazuya foi embora, ele continuava na mesma posição, mas só agora ele finalmente tinha entendido o que aconteceu.

Há muito tempo que havia perdido o interesse em continuar na banda. Há muito tempo que não se sentia mais à vontade para continuar no mundo do entretenimento. Esse mundo pop-star já não lhe despertava o interesse. Contudo, Kazuya era o seu motivo para permanecer onde estava.

Agora, porém, nem mesmo Kazuya conseguia retirá-lo daquela depressão. Ali, deitado no escuro do seu quarto, ele percebeu que nada mais lhe importava...

Como foi que ele chegou a esse ponto?

Haveria algum modo de reverter essa situação?

Quais as conseqüências disso?

Precisava conversar com alguém... Pensou em ligar para Ryo, porém, seu celular tocou antes e aquele nome no visor o fez sorrir.

Yuko.
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptyDom maio 30, 2010 5:15 am

aeeee finalmente Mitiko contou p/ o Kame
tbm quero saber o que fez a Sayuka se matar
aaa Koyama falando p/ Jin se afastar do lider hehe
confesso q amei essa parte, ta na hora ja de Koyapi ficarem juntos
Kitty vai demorar mto p/ isso acontecer? *-*
ow mas sua fic ja ta acabando? :/
ja q as revelaçoes ja estao surgindo
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySeg maio 31, 2010 12:20 am

Oii Nara!

Finalmente o Kame descobriu alguma coisa sobre a Akeko rsrsrsrs!
Sobre a Sayuka, mais para o final! ^.~

Sim, Koyapi está cada vez mais próximo *.*! E o amor do Keii é tanto que ele até se atreveu a pedir ao Jin que se afaste *.*!

A fic está perto da reta final, tem menos de 10 capítulos agora ^.~!

Obrigada pelo comentário!

Beijoss
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySeg maio 31, 2010 12:28 am

EUA



1



- Você sabe o que isso significa, não sabe?



Ito-san, com as mãos cruzadas em cima da mesa, olhava atentamente para o jovem sentado a sua frente. Ele viu quando o rapaz desviou o olhar para encarar o próprio tênis e notou o quanto ele ficou incomodado com o que escutou. Era evidente, portanto, que Jin sabia muito bem o que aquilo significava, ainda assim, fizera a pergunta.



- Sim, eu sei. – ele assentiu, ainda sem olhar para aquele homem.



- Miura-san, por algum motivo, pediu para ter paciência com você. Aconteceu alguma coisa na época em que Harada foi transferido, tenho certeza de que é por causa disso que há uma atmosfera mais tolerante em relação a você, Akanishi. E eu não estou criticando isso... Não fui informado sobre o que aconteceu naquela época, mas, para o seu próprio bem, preciso dizer que você precisa se esforçar mais. Pode ser difícil, mas se você não superar isso, eu não posso garantir continuar conseguindo mais trabalhos para você...



- Gomen, Ito-san.



- Não é um pedido de desculpas que eu quero, rapaz. – ele abrandou o tom – Eu estou preocupado com a sua carreira. Esta é a segunda novela em que sua participação era praticamente certa e foi cancelada em cima da hora. Ninguém disse claramente, mas é evidente que o seu desconforto na frente das câmeras está sendo notado, Akanishi. Eu precisava lhe informar isso. Vamos encontrar um modo de superar isso, certo?



- Farei o meu melhor, Ito-san.



- Eu tenho certeza que sim.



Jin assentiu em silêncio e Ito-san o dispensou. O assessor fitou as costas de Jin enquanto ele saía de sua sala e, mesmo após a porta se fechar, ele não desviou a trajetória de sua atenção. Conhecia aqueles sintomas. Akanishi Jin não seria o primeiro a desistir de trabalhar naquela empresa, afinal. Muitos outros, antes mesmo daquele jovem nascer ou mesmo dele próprio começar a trabalhar na Johnnys, já haviam desistido...



Ito apenas se perguntava quanto tempo levaria até que Akanishi Jin pedisse para sair da empresa? Suspirou, talvez fosse melhor não tentar mais programar nenhum projeto para Akanishi e se concentrar nos próximos trabalhos de Kamenshi, este sim, em uma evidente ascensão nas novelas.



2



Eles combinaram de se encontrarem em um café próximo do apartamento dela. Uma casa de aparência discreta, pequena e agradável. Quando Jin chegou, logo avistou aquela jovem de cabelos negros, presos em um coque, agitando seus braços em sua direção.



- Ah! Mais um pouco e certeza de que eu teria em meu corpo cafeína suficiente para uma semana! Está atrasado! – ela reclamou, terminando a sua segunda xícara.



- Gomen, tive uma reunião justo na hora em que deveria sair... – ele se desculpou.



Yuko sacudiu a cabeça, compreensiva e perguntou como andava o trabalho. Jin lhe deu uma resposta vaga, pois um atendente se aproximou para anotar o seu pedido. Somente quando voltaram a ficar a sós foi que ele desabafou.



- Está sendo bastante cansativo... E hoje eu ainda tomei bronca! – ele riu, debochando da própria situação.



- Né, Jin... Os jornais andavam comentando que você anda irritado com a imprensa.



Ele riu.



- Isso não é verdade.



- Mas eu vi uma entrevista sua e você parecia bem distraído... Mais do que o normal, eu quero dizer!



- Ei! Que imagem você tem de mim afinal? – ele riu - Não é verdade que eu esteja irritado com a imprensa, mas não que eu não esteja desconfortável. Né, Yuko... Aconteceram algumas coisas e eu já não estou bem certo se quero continuar fazendo esse tipo de trabalho...



Jin se surpreendeu com a facilidade que teve em contar seus medos para Yuko. Não era muito fácil lidar com suas próprias fraquezas, mas a sua amiga ouviu tudo em silêncio, sabendo o momento certo para brincar e o momento certo em dar a sua opinião, de modo que ele não se sentiu constrangido em nenhum instante.



Obviamente, Jin não pôde ser totalmente franco. Contou apenas que não se sentia mais confortável com sua carreira depois que foi seqüestrado pelo pai de uma fã, que o acusava pela morte da filha. Não contou tudo o que Kirisawa lhe fez.



- Os médicos disseram que o meu estado foi uma conseqüência do choque... Mas, mesmo depois que eu acordei, não me sinto melhor.



- Não é a toa que sua mãe se mostrou tão preocupada aquele dia... – Yuko comentou – Mas, Jin... Você não devia se torturar tanto... Suas brincadeiras na época do colégio ás vezes faziam algumas garotas chorarem, não lembra?



- Fazer uma garota chorar e fazer uma se matar é um pouco diferente, eu diria...



- Você não pode controlar a reação das pessoas. Só pode ser você mesmo... Você não pode mudar achando que vai proteger as pessoas a sua volta... Isso é impossível!



- Eu sei disso! – ele comentou, meio irritado – Eu sei muito bem disso, mas meu estômago parece que não sabe, minhas pernas parecem que não sabem, meu corpo não reage como se entendesse isso... Meu corpo está tão estranho, que ele nem reage mais àquela pessoa...



O sorriso triste de Jin deixou Yuko penalizada. Ela segurou em sua mão.



- Ei, não fique assim... Se você ama de verdade essa pessoa, tenho certeza de que vai superar essa fase! Tenho certeza de que o que você está precisando é de descanso, Jin... – Yuko disse, gentilmente – Um período longe de tudo isso o fará perceber o caminho que você realmente quer seguir. Não um descanso de uma ou duas semanas e não um descanso em Tóquio... Você já pensou em sair do país?



- Há muito tempo que eu venho pensando nisso... Mas eu preciso resolver algumas coisas antes... – e ele pensou em Tsubasa e Kamenashi.



Após um longo gole do milk-shake que ela pediu – afinal, já estavam conversando há um bom tempo e seu estômago não agüentaria mais café – Yuko pareceu pensar em algo e, animada, disse:



- Ei, Jin... Eu estou pretendendo ir para os Estados Unidos... Por que você não vem comigo?



- Eh? Estados Unidos? Por que?



Yuko desviou o olhar e sorriu amargamente.



- Minha mãe teve que fugir para lá por causa daquele cretino...



- Verdade? Como ela está?



- Longe dele, com certeza ela está bem... Ela já me passou o endereço e quer que eu vá o quanto antes. Eu ainda preciso tirar visto e passaporte, essas coisas demoram e eu estou em um emprego bacana... Eu penso que devo ir no mês de setembro ou em outubro... Por que você não tira umas férias lá com a gente? Você não precisa ir comigo, posso ir primeiro enquanto você ajeita suas coisas.



- Estados Unidos, é? – ele refletiu naquela proposta.



Ainda ficaram algum tempo ali, até anoitecer, e depois foram jantar em um restaurante próximo. Era madrugada quando Jin deixou Yuko em casa e foi para seu apartamento.



3



A raiva que ela sentia naquele momento era difícil de mensurar. Por mais que tentasse, não era capaz de compreender o que era aquilo que unia seu Kazuya àquele jovem desmiolado... Porque ela não conseguia mais se reaproximar do ex-namorado? Akeko gostaria muito de entender.



Estavam juntos praticamente todos os dias e ele lhe dedicava uma atenção especial por conta da perda do bebê...



Meu bebê...



Contudo, nem a morte do filho foi capaz de afastar os sentimentos de Kazuya por Akanishi. Os dois estavam acumulando problemas um atrás do outro naquele relacionamento, mas eles não se separavam. Pelos desabafos ou comentários de Kazuya, Akeko estava a par de que o namoro não ia bem... Ainda assim, isso não parecia ser suficiente para atraí-lo a ela novamente...



Não posso mais lhe dar afrodisíaco, como naquela noite, ele não vai aceitar beber comigo novamente... Ela refletia, recordando-se de como o remédio que misturara ao saquê fizera um grande efeito em Kazuya naquela vez em seu apartamento quando o filho deles foi concebido.



Ah... Meu filho... Perdoe o seu pai... Não é que ele não lhe dê importância... Mas aquele moleque o fez ficar cego...




Ela esfregou o ventre com ternura.



Não se preocupe... Seu sacrifício não será em vão... Eu vou trazer o papai de volta, ok? Fique tranqüilo...



Akeko levantou da cama e foi até a estante de sua sala. Dentro de um vaso, pegou uma chave e em seguida caminhou até a lavanderia do apartamento. Ao menos, quando o apartamento foi projetado, aquele quarto era para ser o espaço para lavar, secar e passar as roupas, mas ela mal o usava, normalmente mandava suas roupas para lavar. Usava aquele local para deixar móveis velhos, assim como aquela escrivaninha ao fundo, ao lado de vassouras e produtos de limpeza.



Encaixou a chave na fechadura e escutou o clique. Abriu as portas e pegou aquela caixa de madeira envernizada. Retirou a tampa e encontrou o último presente de Kirisawa. Talvez, Satoshi tivesse consciência de que seu último ato seria arriscado e quis garantir a sua felicidade...



- Satoshi... Makoto... Arigatou, né? – ela disse com dificuldades, atrapalhada pelo choro ao se recordar com carinho de seu primeiro amor.



Ela olhou para os dvds que estavam ali. Todas as gravações de Akanishi e Harada, que, apesar do original ter sido roubado de Harada, Kirisawa possuía cópias com ele, já que era necessário para ele conferir com os próprios olhos a dor de Akanishi.



Estava em dúvida sobre se deveria chantagear Akanishi mais uma vez ou, talvez, ser mais ousada e mudar o alvo de suas chantagens... Será que Kazuya teria a mesma coragem e o mesmo senso de proteção por Akanishi?



Não pode chegar a uma conclusão, ouviu a porta da frente sendo fechada.



Kazuya.



Aflita, guardou aquele trunfo de qualquer jeito e trancou a escrivaninha. Estava já saindo do local quando deixou a chave cair. No escuro, não a viu e a chutou para embaixo do móvel. Antes que pudesse tentar resgatá-la, porém, Kazuya adentrou ao local.



- Akeko? O que faz aqui no escuro?



- Ah, eu... Eu estava pensando em começar uma faxina... Meu apartamento ficou muito abandonado esses últimos dias... Pensei em me distrair um pouco... – ela disse, levando a mão até o ventre.



- Sente-se bem para isso? – ele perguntou preocupado – Não devia fazer esforços desnecessários.



- Eu não estou debilitada fisicamente, Kazu... Não mais... Mas tem razão... Acho melhor deixar isso para outro dia...



- Venha, vamos para a sala. Trouxe aquele filme que você gosta, vamos assistir?



- Vamos! – ela assentiu – Você chegou cedo...



- Tive dois compromissos cancelados hoje por conta de uma mudança brusca de programação na emissora e aí me liberaram.



Envolvida pela companhia do rapaz, Akeko se esqueceu completamente da chave e aproveitou o perfume e o calor do corpo de Kazuya enquanto assistiam ao filme juntos. Adormeceu em seu colo.



4



Kame a levou para o seu quarto e a cobriu com edredom. Saiu do quarto e fechou a porta. De volta à sala, ele pensou em assistir outro filme, mas, ao se aproximar da prateleira de dvds da cantora, seus olhos caíram para aquela sujeira. Deslizando o indicador pelo local, ele notou a quantidade de poeira que se acumulou em seu dedo. Decidiu o que faria.



Ele aproveitaria que Akeko estava dormindo para fazer uma faxina na casa. Sabia o quanto a ex-namorada não gostava que tocassem em seus objetos, nunca o permitia ajudá-la a organizar a casa, mas, nos últimos dias, por causa de seu estado de saúde, a faxina ficou em segundo plano. Lembrou-se de que esse fato estava começando a incomodar Akeko, então achou que faria bem se a ajudasse com esse assunto.



Não tinha alternativa, arrumaria a casa da cantora às escondidas. Ao menos, na sala e na cozinha e, se desse tempo ajeitaria o banheiro também.



Ele riu sozinho, prevendo a bronca que tomaria, mas era uma causa nobre. Além disso, enquanto estivesse entretido nessa obrigação, ele deixaria de pensar na recusa que sofreu de Jin. Sua mente ficaria ocupada e ele deixaria suas preocupações de lado. Ao menos, durante esse tempo.



Começou pela cozinha, ajeitou a louça e depois limpou o chão. Passou pano na sala e arrumou os objetos fora de ordem. Quando terminou, devolveu os utensílios de limpeza a lavanderia. Quando puxou as luvas que usava, porém, seus anéis acabaram sendo puxados juntos e caíram no chão.



Kamenashi teve que deitar no chão para resgatar um dos anéis que rolou para baixo da escrivaninha.



- Are? O que é isso? – ele perguntou quando pegou aquela chave – Hum... De onde será?



Quando se levantou, tentou encaixar a chave na escrivaninha e teve a confirmação de que era dali. Abriu as portas e olhou rapidamente o seu conteúdo. Sem muito interesse, estava preste a fechar quando viu aquela caixa mal fechada. Seu senso de organização não permitiu que ele deixasse aquilo daquele jeito e foi ajeitá-la, porém, seus olhos caíram no título de um dos dvds que estavam ali.



Akanishi Jin. 06/06/2005.




- O que é isso? – ele estreitou os olhos, uma suspeita começando a se agitar em seu peito.



Ele estava abrindo o dvd, quando escutou os passos de Akeko. Fechou a escrivaninha e guardou a chave em seu bolso, por puro reflexo. Saiu da lavanderia e a encontrou na cozinha.



- Onde você estava Kazuya?



- Eu dei uma geral no seu apartamento... Sei que você não gosta, mas estava precisando e você queria mesmo ajeitar. Deixei as coisas de limpeza exatamente onde estava antes. – ele sorriu.



- Não precisava se dar a tanto trabalho... – ela retribuiu o sorriso.



- Tudo bem... Você precisa de mais alguma coisa?



- Não, querido, vá para cansa descansar.



- Eu volto amanhã!



- Estarei te esperando!



5



O constrangimento entre eles era notório até para os demais integrantes do KAT-TUN, quando Jin e Kamenashi se olharam pela primeira vez depois do incidente no apartamento do mais velho. Isso aconteceu quando eles se encontraram logo cedo para uma gravação externa e os dois chegaram ao mesmo tempo no local combinado para encontrar a equipe de produção.



O mal-estar era tão grande que eles não conseguiram trocar mais do que algumas sílabas durante o dia todo. Kamenashi se manteve na companhia de Junno e Ueda, enquanto Jin não se cansava de perturbar Nakamaru com ajuda de Koki.



Já na metade da gravação, porém, Jin recebeu uma mensagem de Yamapi no celular.



Nakamura-san conseguiu finalizar os procedimentos e alterou o nome de Kirisawa para Nakamura Satoshi em seu túmulo... Ele diz que precisa voltar para sua cidade. Consegue levar Kamenashi para falar com ele até amanhã?




A resposta de Jin foi:



Consigo. Eu o levarei amanhã. Combine o horário com Nakamura, Pi. Arigatou.



Poucos dias se passaram desde a conversa com Koyama, mas Jin estava cumprindo a sua promessa. Não procurava o melhor amigo para lhe dar mais problemas... No entanto, não poderia deixar essa situação pela metade. Assim que Nakamura conversasse com Kamenashi e a questão fosse resolvida, ele se afastaria de vez de Yamapi pelo tempo que fosse necessário. Era o que devia fazer para ajudá-lo, acreditava.



Jin guardou o celular em seu bolso e, aproveitando os minutos finais do intervalo, se aproximou de Kamenashi. Ele ria de alguma coisa que conversava com Koki e Junno.



- Podemos falar um instante? – Jin os interrompeu.



Kamenashi fez que sim, então Jin o segurou pelo braço, puxando-o para um canto, longe dos ouvidos atentos dos outros membros do KAT-TUN.



- O que foi, Jin? – ele perguntou, curioso.



- Amanhã, preciso que você venha comigo a um lugar. Tudo bem?



- Anooo... Amanhã eu disse a Akeko...



- Não importa o que você disse a ela. – ele foi ríspido – Desta vez, deixe-a de lado, ok? Eu preciso que você venha comigo, pode fazer isso?



Surpreso com aquele tom, Kamenashi aquiesceu, mesmo não gostando do modo como Jin lhe tratou. O mais velho percebeu a grosseria e esfregou o braço do caçula, com carinho, era o máximo que poderia fazer na frente de tantas pessoas.



- Gomen, mas é muito importante para mim, ok? Muito mesmo.



- Tudo bem, Jin, eu vou. Vou ligar para a assessora de Akeko e avisá-la de que não poderei fazer companhia a ela amanhã...



O pequeno lhe deu as costas, ainda chateado. Jin sabia que não era apenas porque ele se mostrou tão bravo agora. No fundo, o que incomodava o pequeno – e a ele também – era aquela atmosfera estranha no namoro deles.



6



Ele escutava atentamente a todas as palavras ditas por Nakamura-san. Sentado na poltrona ao lado, Jin observava com muito interesse as reações de Kazuya. O rosto do pequeno mudou diversas vezes a sua expressão.



Primeiramente, ele estava curioso, depois, tenso, por fim, incrédulo. Ele viu Kazuya desviar seus olhos para o chão diversas vezes, tentando digerir as informações que ouvia, em silêncio, mas era fácil perceber o seu desgosto. Algumas vezes, parecia que ele tentaria argumentar, mas a sua voz não era ouvida. As suas palavras travavam em sua garganta por alguma razão que, naquele momento, Jin não poderia descobrir qual era.



Kazuya se manteve praticamente em silêncio por todo o momento depois que escutou a história de Nakamura. Para Kamenashi, o que aquele homem lhe dizia não combinava em nada com a personalidade que ele conhecia de Tsubasa. Era difícil acreditar.



De repente, o ambiente se tornou mais abafado para o caçula. Sentia-se sufocado em cogitar que tudo o que estava escutando pudesse ser verdade. Vagamente, ele registrou o olhar preocupado de Jin, mas não conseguia lhe dar atenção naquele momento. A sua mente estava embaralhada com aquelas informações.



Possibilidades, ele se corrigiu. Não passavam de possibilidades. Forçava a sua mente a se atentar ao fato de que não havia nada além do relato de um pai amargurado. Além disso, a principal prova contra Tsubasa Akeko era que ela foi namorada de Nakamura Satoshi no passado, o rapaz que a obrigou a abortar.



Até essa parte da narrativa, nada provava que Akeko não fosse algo mais além de uma vítima de Satoshi. Ele ponderava que, como pai, Nakamura poderia estar se recusando a crer que seu filho fosse um homem cruel e desprezível por conta própria, sem a influência de ninguém, e que aquele senhor preferia colocar a culpa em outra pessoa, em Akeko no caso, para confortar a própria mágoa em relação ao filho.



Olhou mais uma vez para o sorriso de Akeko e Satoshi naquela foto envelhecida em suas mãos. Nakamura pediu a Nakaema que lhe enviasse o seu álbum de fotos e, dessa forma, Kamenashi não poderia contestar o namoro de Satoshi com a cantora.



Ainda que aquela imagem carregasse mais de duas décadas, o sorriso de Akeko era facilmente reconhecido. E, ele devia admitir, Kirisawa não mudou muito, conservou o máximo que o tempo permitiu de sua juventude. Não podia alegar que eram outras pessoas...



Sem que tomasse consciência, fitou o teto. Um gesto automático, queria evitar o rosto ansiosos dos outros homens daquela sala, ao mesmo tempo, seu corpo buscava uma forma de escapar daquele ambiente pesado que começava a sufocá-lo. Respirou fundo.



- Isso é inacreditável... – ele deixou escapar de sua boca – Vocês realmente acreditam que Akeko está envolvida com tudo o que Harada e Kirisawa fizeram?



- Kamenashi-san... É difícil acreditar que, com um rosto tão angelical, ela seja capaz de fazer tantas maldades. – Nakamura afirmou – Mas, se ela não ficou estéril quando abortou, foi suficientemente fria para fazer meu filho acreditar. Eu sou testemunha das lágrimas que ele despejou por causa desse fato...



Kamenashi sabia que, nesse ponto, Nakamura estava com a razão. Akeko se tornou estéril depois do primeiro aborto. Ele não poderia dizer isso àquele homem, precisava manter sigilo sobre o assunto conforme prometera à Mitiko. Ele só poderia contar para Jin e Yamapi sobre a doença da cantora quando não estivessem na presença de mais ninguém.



- Eu sinto muito por seu filho. – Kamenashi disse – Mas nada disso prova a culpa de Akeko. Se o senhor não tiver mais nada a me dizer, eu prefiro ir embora...



- Kamenashi... – murmurou Yamapi.



- Kazuya, você... Ainda acredita naquela mulher, depois de tudo?



- Eu não vou discutir isso com vocês agora. – foi a resposta firme e o pequeno voltou a encarar o senhor – O senhor tem algo mais a me dizer?



Nakamura balançou a cabeça, negativamente. Kazuya se despediu formalmente e foi o primeiro a sair. Antes que Jin e Yamapi pudessem ir atrás do rapaz, escutaram o lamurio de Koichi:



- O mesmo semblante... O mesmo olhar confiante de Satoshi... Talvez, o amigo de vocês já esteja envolvido demais com aquela mulher...



Jin encarou Koichi por um momento, estupefato com aquela idéia de que Kamenashi teria o mesmo destino de Satoshi. Ele não permitiria que Tsubasa destruísse o seu pequeno assim como fez com o filho de Koichi. Ainda não era tarde demais. Saiu da sala, sem dizer nada, e correu atrás de Kazuya.



Yamapi se despediu corretamente de Nakamura e em seguida foi atrás dos outros dois.



7



Quando Yamapi os alcançou, eles já estavam no saguão do hotel. Jin segurava o braço de Kamenashi, mas antes que eles provocassem um escândalo na frente de tantas pessoas, o integrante do NEWS conseguiu convencê-los a irem para o seu apartamento, que era o mais próximo de onde estavam.



As iniciais do KAT-TUN concordaram e eles foram para o carro de Yamapi. O caminho até o apartamento de Pi foi feito no mais completo silêncio. Até mesmo Jin não conseguia encontrar nada para ser dito que não fosse relacionado ao assunto.



Dentro do estacionamento, Yamapi desligou o carro e foi o primeiro a dizer algo:



- Talvez vocês dois devessem conversar sozinhos...



- A essa altura do campeonato você já está mais do que envolvido nisso tudo. – Kamenashi disse e saiu do carro.



Jin girou os olhos, entediado com aquela animosidade de Kamenashi para com Yamapi. O loiro apenas sacudiu os ombros e também saiu do carro. Os três subiram novamente em silêncio até o andar em que Yamapi morava.



Kamenashi e Jin logo se acomodaram. Yamapi foi buscar cervejas. Ainda era cedo, mas diante do assunto, era melhor tentar relaxar. Jin aceitou de bom grado, mas Kame recusou.



- Ok, chega desse silêncio. – Jin disse – Diga-me, Kazu, você ainda não está convencido da culpa de Tsubasa?



- Jin... O que vocês de fato de me contaram? – ele questionou, embora para si próprio fosse evidente a insegurança em sua voz. – Apenas que Akeko namorou Kirisawa...



- Apenas?? Ela tem uma ligação com aquele sádico! – Jin riu, perplexo – E ela te seduziu no mesmo dia em que aquela foto apareceu na mochila do Pi! E o Pi só esteve com o Kirisawa, logo...



- Ok. Se ela é culpada por ter sido namorada do Kirisawa, eu também sou culpado por ter sido namorado da Tsubasa? – Kamenashi se revoltou – Pode ter sido uma estranha coincidência!



- Assim como aquele dia em que vocês transaram em seu apartamento?



Yamapi olhou para Jin e em seguida para Kamenashi, ambos já estavam irritados. Definitivamente, ele sentia que devia ter ido tomar cerveja no terraço... Olhou para a lata e tomou um gole.



- Tudo bem, se você quer acredita nisso... – Jin desdenhou – E o que me diz sobre a gravidez dela? Acredita que ela estava grávida e que ela perdeu seu filho? Nakamura-san não teria porque mentir para prejudicar Tsubasa!



Kamenashi engoliu em seco. Abaixou o tom de sua voz quando disse:



- Não, ela não perdeu meu filho.



Jin já abria aboca para argumentar, quando sua mente processou aquelas palavras captadas pelos seus ouvidos. Ergueu a sobrancelha, surpreso, deixando sua voz morrer em sua garganta.



Yamapi olhou para Kamenashi com mais atenção.



- Akeko nunca engravidou uma segunda vez. – ele disse, finalmente olhando para Jin – A sua assessora me revelou que ela anda muito doente... Ela me mostrou alguns exames da época em que Akeko sofreu aquele acidente na escada. Akeko estava com gravidez psicológica... Ela não poderia engravidar, é o que afirmavam aqueles exames, mas seu corpo estava mesmo se preparando para gerar uma vida, embora ali não houvesse nada além de um vazio... A empresa da Akeko preferiu ocultar a doença e divulgar que a cantora perdeu a criança por conta da sua idade...



Kazuya riu amargurado.



- Isso prova que ela não é essa pessoa que vocês descrevem, não? Ela não tentou me enganar deliberadamente com aquele filho. Ela era a única quem estava sendo enganada da forma mais triste que possa existir...



Aquela informação surpreendeu aos amigos, que não estavam preparados para uma situação como essa. Yamapi tentava encontrar um modo disso ser mais um golpe de Tsubasa, mas Kamenashi contou que os exames estavam assinados pelo diretor do hospital e que, portanto, seriam difíceis de serem forjados. Ele lembrou que na época em que a mídia divulgou sobre a perda do bebê, o hospital não deu nenhuma declaração.



Jin, atordoado, balbuciou:



- Você não pode ignorar a ligação entre Kirisawa e Tsubasa... Você não pode se comparar à Tsubasa... Uma vez... Quando ela te visitou na Johnnys, eu a encontrei na entrada... Subimos junto no elevador e ela disse que fomos ingênuos em crer que um relacionamento homo poderia dar certo.



- Isso mostra que ela é preconceituosa, mas não cúmplice de uma tentativa de homicídio, Jin!



Jin, impaciente com aquele argumento, não conseguiu impedir a sua voz de soar extremamente enciumada quando retrucou:



- Você não quer enxergar a culpa de Tsubasa, não é?



- Não, eu não quero. – Kamenashi foi firme – Eu não quero mesmo!



Jin o olhou com mágoa, mas o pequeno não lhe deu espaço para reclamar. Ergueu-se rapidamente e foi embora.



- Kamenashi! – Yamapi tentou se levantar com a mesma velocidade e impedi-lo de partir, mas apenas encontrou uma porta fechada com força em sua cara. – Você tinha razão Jin, esse rapaz é incrivelmente teimoso!



Jin não lhe respondeu. Paralisado com a reação do pequeno, Jin ainda ficou um bom tempo no sofá, tentando refletir naquela resposta... Não foi possível compreendê-lo, apenas se sentiu irritado com aquela resposta atrevida.



8



Já não conseguia agir com clareza. Andava automaticamente para uma direção qualquer, deixava suas pernas se acelerarem cada vez mais sem que soubesse com exatidão para onde ia.



Kazuya sabia que, mais uma vez, tinha deixado o namorado furioso com a sua teimosia, mas... Será que Jin poderia compreender o que ele estava sentindo no momento?



Não é que ele não podia crer na culpa de Akeko. Ele simplesmente não queria admitir, porque, no fundo, ele já sentia a desconfiança se transformar em certeza de que a ex-namorada não era a pessoa que ele imaginava.



Quando ouviu toda a história, sentiu crescer aquela plantinha que foi brotada em seu coração, quando Akeko lhe contou que sabia sobre o seu namoro com Jin. Ainda que ela tenha dado uma explicação bastante plausível, dizendo que soube pelo próprio Jin, um dia quando se encontraram em um restaurante, no fundo, aquele fato o incomodava. Como Tsubasa poderia estar tão a par dos seus sentimentos?



Além disso, seria acreditar demais em uma coincidência como aquela em seu apartamento. Estava tão vulnerável com a possibilidade de Jin lhe trair com Yamapi, pois na época não sabia quando aquela foto havia sido tirada, que se entregou facilmente ao charme da cantora, que lhe visitara com o seu melhor vestido e uma garrafa de saquê, bebida para a qual ele era extremamente fraco.



Contudo, o que lhe deu a certeza da culpa da cantora, foram àquelas palavras de Harada, naquela noite que ele jamais poderia esquecer.



- O objetivo de toda essa loucura não é o Kamenashi-san?



- Kamenashi morto não é o objetivo disso!! E sim, Akanishi!



- Definitivamente, se um morrer, o outro morre! – gritou Harada, tão nervoso quanto Kirisawa - E aquela pessoa sofrerá muito se Kamenashi morrer, não é verdade? Sofrerá por sua causa mais uma vez! Você não sente sua consciência pesar, Kirisawa? – Harada se permitiu exibir um meio sorriso. - Essa pessoa... Foi ela quem idealizou todo este plano, não é?



Agora, ele podia compreender o que o assessor queria dizer. Kirisawa, além da vingança própria, estava a mando de Tsubasa.



Estava consciente disso. Não podia ser verdade, mas era uma hipótese plausível demais... No entanto, ele não queria crer...



Ele não queria aceitar que Jin foi vítima daquela loucura por causa de uma paixão obstinada que Akeko nutria por ele. Kazuya não queria ter que pensar que se ele não tivesse contado àquela mulher sobre a noite em que Jin se declarou a ele, todo o sofrimento do namorado poderia ter sido evitado...



Não queria se sentir mais responsável do que já se sentia por Jin ter se sujeitado às chantagens de Harada para protegê-lo. Protegê-lo quando ele próprio era o culpado por todo o seu tormento...



Foi então que ele se lembrou do dvd que viu no apartamento de Akeko. E a dor que o atingiu no peito quase o deixou sem ar. Naquele momento, ele não precisava ter poderes sobrenaturais para imaginar qual era o seu conteúdo...



Aquela era uma prova concreta. Ele só precisava confirmar.



Kamenashi parou o primeiro táxi que encontrou e se dirigiu para o seu apartamento, saindo em seguida para o de Akeko. Durante o caminho, torcia que tudo aquilo se provasse falso e que, naquele dvd, ele não encontraria o que estava imaginando...



9



A campainha soou impaciente. Akeko tomou um susto com a insistência da pessoa, que, ela pensava, tinha esquecido de retirar o dedo do botão, fazendo o seu apartamento inteiro ser preenchido com aquele som.



Abriu a porta exasperada, mas a sua irritação foi rapidamente abrandada ao se deparar com Kazuya. Ela chegou a formar um sorriso nos lábios, mas, assim como a sua irritação, logo desapareceu, cedendo um lugar para uma preocupação incômoda.



Akeko teve que ser forte para controlar todos esses sentimentos. Ela havia notado que, desde a morte de Satoshi, ela andava com suas emoções afloradas, algo que realmente a incomodava, pois, desde cedo, aprendera que tinha que sobrepor a razão às suas paixões para ter o controle de sua vida.



- Kazu? Você não disse que não poderia vir hoje?



Ele entrou no apartamento sem responder aquela pergunta. Sem nem ao menos tirar os sapatos, foi em direção à lavanderia. Não se importou com os protestos da ex-namorada, que odiava a sujeira.



Akeko foi atrás do garoto e com apreensão o viu retirar uma chave do bolso e abrir a escrivaninha. Ela foi rápida em impedir que ele abrisse as portas, colocando seu braço na frente.



- Kazuya, o que está acontecendo? – ela perguntou. Precisava ganhar tempo para pensar em alguma coisa, pois era óbvio que o rapaz estava a par do que havia naquela escrivaninha.



- Akeko, saia da frente.



- Kaz...



- Saí da frente!



Ele a segurou pelo braço e a afastou da mobília. Pegou os dvds sob o olhar aterrorizado da cantora e foi até o computador dela. Trancou-se no quarto antes que Akeko pudesse entrar. Em poucos minutos, estava assistindo ao primeiro dvd, em ordem cronológica...



Enquanto o programa de exibição de vídeo abria, Kame olhou para a quantidade de dvds.



Havia muita coisa para assistir. E ele estava firme em ver tudo o que estava gravado.



10



“- Se ele não quer acreditar, não podemos fazer mais nada!”




Yamapi deixou Jin em seu apartamento e depois prosseguiu para a NHK, onde teria algumas gravações com o NEWS. No caminho, não pode deixar de se recordar do tom amargurado e da resignação que dominava o seu amigo. Ele entendia que Jin devia estar muito cansado com toda aquela situação e, impaciente como era, o irritou a resistência de Kamenashi.



Por outro lado, ele também conseguia compreender os sentimentos de Kame. Não era uma idéia fácil de se aceitar aquela. Afinal, certamente a imagem que ele tinha de Tsubasa seria totalmente destruída com tudo o que ele escutou e, tinha que reconhecer, não era uma prova concreta. Não era algo como se eles possuíssem um trunfo inquestionável como no caso de Harada, quando o gravaram praticando uma chantagem contra Jin.



Além disso, Yamapi suspeitava de que aquela tartaruga estava tendo idéias erradas sobre todo aquele assunto. Ele não podia ter certeza sobre o que era, mas, estando ele bem menos ansioso que Jin ou o próprio Kamenashi sobre aquele assunto, estando ele com seus sentimentos sob controle, pode ver o que Jin não foi capaz naquele momento. Ele viu o olhar angustiado de Kamenashi.



- Esses dois... Por que eles têm que ser tão complicados? – questionou consigo mesmo, enquanto estacionava o seu carro.



Enquanto aguardava o elevador, jogou a chave do seu carro para cima diversas vezes, ao mesmo tempo em que pensava em um jeito de ajudar aquele casal mais uma vez. Quando chegou ao camarim reservado ao News, estava mais calado que o normal, algo que foi prontamente notado por todos os seus amigos, em particular, Koyama.



O mais velho integrante do News estava terminando de fechar o casaco que usaria naquele programa quando Yamapi entrou. De costas para a porta e de frente para um espelho, ele notou seu líder ignorar as brincadeiras de Tegoshi e Massu e, com um semblante preocupado, afastou-se com o objetivo de trocar de roupa.



Yamapi estava tão concentrado dentro de sua própria mente que ele nem ao menos se lembrou de trancar a porta do banheiro, facilitando a entrada de Koyama no momento em que se encontrava apenas com a calça jeans.



Ele estava de costas e não o viu entrar. Koyama encostou a porta com cuidado, sem fazer barulho e se aproximou do mesmo modo sorrateiro. Passou seus braços pela cintura de Yamapi, que teve um sobressalto.



- Baka!! Quer me matar do coração?! – ele perguntou em um misto de riso, susto e uma ligeira irritação, que logo foi desapareceu quando sentiu o queixo do amigo repousar em seu ombro. – O que foi?



- É o Jin de novo?



Yamapi se mostrou confuso.



- É o Jin que está te fazendo carregar esse rosto tão confuso e preocupado?



Ele teve que rir e reclamou:



- Por que você tem que ser tão bom observador, Keii?



- O que foi desta vez?



- Kamenashi e Jin estão meio brigados de novo.



Yamapi não se importou em dizer livremente o problema, já não adiantava mais manter segredo mesmo, uma vez que ele falhou e acabou mostrando uma mensagem de Ryo em seu celular, cujo conteúdo denunciava a relação dos integrantes do KAT-TUN. Era Koyama quem estava a par, então Yamapi sabia que não precisava se preocupar, ainda que se sentisse mal em ter revelado um segredo de Jin, mesmo sem querer e mesmo sendo para aquele com quem vinha se abrindo cada vez mais.



- Ahhh... Você não devia se meter nos problemas deles. Ninguém devia se meter em problemas de casais alheios. – ele refletiu – Ainda mais quando o casal é tão complicado e genioso! – disse, rindo – Né, eles já são grandinhos e deveriam resolver seus próprios problemas.



- Mas o Jin e o Kame...



- Mas nada, líder! Você, por acaso, é a mãe deles?



A lembrança da voz irritante de Jin dizendo “Mama Pi” soou em suas lembranças, fazendo Yamapi rir.



- Só mais uma vez, Keii e eu prometo que os deixarei por conta própria!



- Só mais uma vez nada! Nem mais uma vez! Será que você não tem preocupação consigo próprio?



- Eu estou bem com isso, pra valer.



Koyama apertou o seu abraço e o levou diante do espelho.



- Não está... Olhe para si mesmo e diga sinceramente que você está bem.



Yamapi achou aquilo uma grande bobagem e já estava rindo, quando o seu próprio reflexo chamou a sua atenção. Ele não tinha reparado naquele tom escuro embaixo de seus olhos e nem em sua expressão cansada...



- Eu...



- Né, Yamapi? Não é ruim ajudar os amigos como você faz, não mesmo! Pelo contrário, é muito bom quando podemos fazer felizes a quem amamos, mas... Você não pode esquecer de você mesmo como tem feito! Sei o quanto se preocupa com Jin e sei que fica honestamente feliz em vê-lo bem... Mas você já cuidou o suficiente dele, com certeza ele não vai morrer se você parar um tempo para cuidar de si próprio... Ele é o seu melhor amigo, não é? Vai entender com certeza!



Ele pensou nas palavras de Koyama. E pensou na situação de Jin. Não havia mais Harada, não havia mais Kirisawa. Apenas Tsubasa ainda era uma preocupação, mas Jin já sabia do seu verdadeiro caráter, era uma questão de convencer o namorado e encontrar uma prova substancial contra ela. Os problemas do seu amigo estavam rumando finalmente para o seu desfecho... Para o verdadeiro desfecho.



Será mesmo que ele não precisava mais se preocupar?



- Não é como se fosse abandoná-lo... – Koyama sussurrou em seu ouvido – Eu apenas estou pedindo um tempo para que você possa se recuperar de modo que o amor que sente por Jin volte a ser apenas o de amizade... Por favor, Yamapi...



- Talvez... – ele começou – Eu precise de ajuda. – e sorriu.



- Com certeza terá a minha... E de todos do News! Volte para nós, líder! – Koyama lhe devolveu o sorriso.



Um pouco hesitante, Yamapi afrouxou aquele abraço, puxando as mãos de Koyama com as suas. O mais velho, pensando que ele queria se soltar, se afastou um pouco, mas ficou surpreso quando viu que na verdade Yamapi apenas queria unir as mãos às suas...



Segurando firme as mãos de Koyama, Yamapi murmurou:



- Arigatou...



Permaneceram algum tempo ali, compartilhando o carinho que um sentia pelo outro. Yamapi estava sinceramente agradecido.



Né, Bakanishi... Talvez esteja mesmo na hora de deixá-lo andar com as próprias pernas... Espero que não faça nenhuma burrada!



11



Miura-san ficou surpreso com aquela visita inesperada em sua casa, ainda mais pelo horário. Já estava quase indo dormir, quando a sua governanta veio lhe anunciar aquela presença. Vestiu-se sem muita pressa, apesar da curiosidade, não era de seu caráter ficar afobado com imprevistos. Já tinha passado há muito tempo da idade em que se afligia quando ocorriam coisas que ele não podia imaginar. Além disso, ele fazia idéia de qual seria o assunto tratado.



A sua mulher já estava profundamente adormecida e nem ao menos percebeu quando ele saiu do quarto. Quando alcançou o seu escritório, pois havia recomendado que levassem o visitante para ali, o cumprimentou com bondade:



- Boa noite, Akanishi.



O jovem sacudiu a cabeça, timidamente.



- Desculpe vim tão tarde e sem avisar... – ele começou.



- Tudo bem... Eu imaginava que, cedo ou tarde, você me procuraria... O fardo está pesado demais, não é?



O olhar bondoso daquele diretor desarmou Jin totalmente. Constrangido, ele apenas pode sussurrar:



- Eu não agüento mais...



- Eu deveria ter lhe dado um descanso mais cedo... – aquele homem disse, benevolente – Mas achei que talvez você preferisse ficar com seus amigos já que o debut estava tão próximo.



- Eu também acreditei que ao lado de pessoas importantes em minha vida, seria capaz de superar o que aconteceu. – ele confessou – Só que... As coisas não pararam de acontecer! – ele riu – Primeiro Harada, depois Kirisawa, depois aquela doença...



E Tsubasa... E Kamenashi. E os fãs...
Jin completou apenas para ele mesmo.



- Bem, meu jovem... Eu posso fazer alguma coisa por você?



- Eu gostaria de pedir um favor, Miura-san.



- Estou ouvindo.



- Eu gostaria de sair do Japão.



Miura reclinou-se em sua poltrona, com as mãos unidas sobre a mesa, olhando atentamente o olhar cansado daquele garoto. Sua mente, trabalhando há anos naquela agência, já calculava automaticamente os prejuízos, mas fazia isso consciente de que aquele pedido seria atendido.
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySeg maio 31, 2010 9:53 pm

aeee finalmente tomou uma atitude em Kame
otimo agora ta vendo os dvds uhuu o//
aaaaa mais momento Koyapi *------*
amooooo
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptyQui Jun 03, 2010 2:38 am

Sim, sim!! Kame tomou uma atitude *.*!!
É, Pi vai se entregar em breve para Koyama ^.~... Mas espero que não se decepcione, pois, o casal protagonista é Akame, então Koyapi acaba ficando de segundo plano!

Obrigada por comentar!!

Beijosss
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptyQui Jun 03, 2010 2:55 am

Obstáculos

1

Se ao menos eu tivesse preservado o sentimento de Jin... Por que fui contá-lo a Akeko?


Kamenashi pausou o vídeo e abaixou a fronte. Suas pernas, dobradas em cima da cadeira, estavam na altura ideal para que seus joelhos servissem de apoio aos seus braços e estes, por sua vez, era o conforto para sua cabeça.

Não era a primeira vez que via o sofrimento de Jin. O impacto não foi tão grande quanto naquele dia em que o namorado fez a denúncia contra Harada. Naquele tempo, ele se viu diante de cenas que nunca em toda sua vida seria capaz de imaginar. Agora, porém, ele já sabia o que o aguardava e, mesmo com cenas que eram inéditas, o choque já não foi tão grande...

Contudo, porque não conseguia parar de derramar tantas lágrimas? Porque o remorso lhe era tão grande sendo que sabia ser ignorante em todos aqueles acontecimentos? Porque era tomado por um sentimento tão ruim, tão ruim, que tinha vontade de rasgar a própria pele e retirá-lo à força de si mesmo?

Quando passou a amar tanto a Jin que somente o pensamento de que ele poderia ter evitado o sofrimento do rapaz o perturbava a ponto de não conseguir sequer ficar de pé?

Sabia que era inútil culpar-se dessa forma. No entanto, era uma forma desesperada de tentar partilhar as dores sofridas por Jin. Aceitar aquela culpa era um modo que Kamenashi enxergava para dividir o peso jogado nas costas do namorado, ainda que fosse tarde demais para isso.

Era a única coisa que ele poderia fazer naquele momento.

2

A bondosa Mariko a envolveu em seus braços após contar sobre o acidente de seus pais. Hirina encolheu-se no peito daquela mulher, sentindo-se segura com o seu calor. O afago em seus cabelos foi como um perdão pelo ato que cometera. Sentiu-se bem.

- Não se preocupe Hirina, eu cuidarei de você até que atinja a maioridade e seja capaz de viver por si própria, não se preocupe...

A menina não disse nada, apenas deixou suas lágrimas escorrerem para que Mariko voltasse a lhe consolar.

Alguns dias depois, Satoshi veio lhe visitar. Ela estava sentada na cama, observando a paisagem pela janela, com o queixo encostado no parapeito. Ela o viu pular o portão do jardim e se aproximar.

- Hirina!

O olhar apaixonado daquele menino a fez sorrir.

- Satoshi...

- Eu sinto muito por seus pais... Eu queria ter ido ao velório, mas estava de suspensão no colégio e...

- Agora, poderemos ficar juntos para sempre. – ela disse, sorridente.

A expressão confusa do rapaz apenas aumentou o sorriso de Hirina. Quando ela começou a rir, notou que ele ficou desconfortável em um primeiro momento, mas em seguida ria com ela.

As risadas atraíram a atenção de Mariko, que logo veio com uma vassoura nas mãos para expulsar Satoshi.

- Ora, moleque infernal! Não se aproxime de Hirina! Você é uma péssima influência... Não deveria estar na escola?

Hirina olhou divertida enquanto Satoshi fugia do ataque de Mariko. Era uma cena engraçada, principalmente por saber que não tinha com o que se preocupar em relação a Mariko. Mesmo não gostando de Satoshi, ela nunca seria um empecilho em seu namoro, afinal, Hirina sabia como dobrar aquela mulher. Bastava um sorriso entristecido para amolecê-la.

O portão foi fechado com força.


Akeko estava sentada no chão de seu corredor, olhando fixamente para a porta fechada de seu quarto. Kazuya já estava lá há muito tempo. Já não tinha mais como se iludir, ele sabia sobre tudo...

O que deveria fazer? Ela se perguntava, enquanto desenhava um coração imaginário no chão. Enquanto procurava por uma resposta para o seu problema, acabou se perdendo em recordações de sua infância. Lembrou-se de como foi obrigada a retirar o primeiro obstáculo de sua vida.

Seus pais eram contra o namoro com Satoshi e, sendo eles seus responsáveis, representavam uma ameaça ao seu futuro. Precisava afastá-los. Começou a assistir escondida às aulas de mecânica em seu colégio, cuja matéria era obrigatória apenas para os rapazes, e entendeu o funcionamento de um carro. Soube como ele funcionava e as suas principais engrenagens. Depois disso, pesquisou acidentes de carro em diversos jornais antigos na escola e na biblioteca da cidade. Por fim, tornou-se órfã.

No momento em que se recordou de como Mariko enxotara Satoshi de sua casa, a porta a sua frente foi aberta. De lá, um atordoado Kazuya saiu. Ele estava um pouco desorientado, talvez por ter passado tanto tempo na frente do computador – quase oito horas, Akeko observou – ou talvez pelos vídeos que assistira.

A segunda opção parecia ser a certa. Akeko nunca o viu tão pálido e nem com marcas tão vermelhas em seus olhos... Teria chorado tanto assim? Seu coração doeu ao pensar em quão intenso era o amor de Kazuya por aquele rapaz arrogante. De que modo permitiu que ele se envolvesse tanto assim por Akanishi?

Onde foi que errou?

Por um momento, Akeko pensou que Kazuya não tivesse a visto ali, sentada, ele continuou a andar como se fosse passar por cima dela, mas, na verdade, ele apenas se aproximou o suficiente para segurar em um de seus braços e a ergueu.

Uma vez de pé, seus olhos se encontraram. Os olhos de Kazuya a atemorizaram, ela nunca o viu daquele jeito. Repleto de rancor. Kazuya não tinha um forte físico ameaçador, porém, os seus olhos... Os seus olhos refletiam sempre o que ele carregava em sua alma. E, naquele momento, não havia espaço para nenhum outro sentimento que não fosse de desprezo, asco, repugnância.

Então, Tsubasa soube que não havia mais jeito. O final estava ali, diante dela, nos olhos de Kazuya. Não haveria um meio de ludibriá-lo ou de sair inocente em toda aquela história... Ele já não acreditaria mais nela.

Kamenashi não disse nada, a arrastou para dentro do quarto. Enquanto era puxada, Akeko deixou sua mente viajar ao passado mais uma vez.

Ela não era uma mulher fraca. Destruiu diversas barreiras ao longo de sua vida. Ela era consciente de toda as dificuldades pela qual tivera que atravessar. Não seria Kazuya quem a faria fraquejar, seria?

O seu segundo obstáculo foi o pai de Satoshi. Não precisou fazer muito, Satoshi já lhe pertencia, apenas precisava criar coragem para enfrentar a família. Convenceu-o e eles partiram da cidade para a capital.

Uma vez com Satoshi, era preciso cuidar de sua carreira. Pouco a pouco, começou seu primeiro passo como cantora de Enka... E, então, engravidou. Ela ficou radiante com o fruto do amor entre eles, mas Satoshi a convenceu de que aquele filho era apenas mais um obstáculo. Ela deveria, portanto, acabar com ele.

Aceitou o aborto sem arrependimento. Na realidade, o único obstáculo que ela sentiu algum remorso foi o quarto.

Satoshi começava a se tornar inconveniente para o seu trabalho. Conseguiu, então, que ele se apaixonasse por outra pessoa, mas Akeko nunca imaginou que a sua ausência lhe trouxesse uma dor tão grande...


- Eu não queria acreditar que você fosse uma pessoa tão fria, Tsubasa.

O fato de ele usar o seu sobrenome artístico a despertou de suas recordações. Ela percebeu que estava sentada em sua cama, de frente para o computador. Akeko viu a imagem congelada do rosto de Akanishi Jin, que mantinha os olhos fechados e os lábios franzidos, em uma evidente forma de tentar conter a dor que sentia naquele momento em que foi filmado.

Naquela cena, o ângulo era o rosto do rapaz e uma parte do seu tronco, de modo a apenas enxergar duas mãos grossas e grandes segurando em seu quadril. Akeko se lembrou de como Kirisawa ficou satisfeito com aquela imagem. Sorriu.

Ela era uma pessoa fria? Jamais. Todos os seus atos foram motivados pelo amor que sentia a Kazuya, ele não conseguia compreender isso? Assim como no passado foi movida pelo seu amor a Satoshi. Apesar dela ter o afastado, logo foi consumida pelo remorso... Sentiu a sua falta, queria-o de volta... Por Deus, como sentiu saudades dele...

Anos se passaram e a saudade de Satoshi apenas crescia. Quando eles se reencontraram, viu, com pesar, que ele tinha uma filha... Aproximou-se novamente, tornaram-se amante, separaram-se de novo quando Sayuka cometeu suicídio.

Sayuka era o seu quinto obstáculo. Apagar a presença de Mayumi da vida de Satoshi foi tão fácil, que ela nem poderia considerá-la um desafio. A menina, essa sim, parecia ter um lugar muito seguro no coração de seu Satoshi. Era preciso afastá-la.

Aproximou-se lentamente da garota, conquistou sua confiança, e, pouco a pouco, foi lhe quebrando a sua auto-estima. Não era algo difícil, ainda mais quando ela entrou na adolescência. Adolescente são complexados por natureza. Uma ou outra idéia jogada em sua mente tornava uma grande catástrofe em suas cabecinhas...

Akeko só não podia imaginar que a sua estratégia, ao invés de trazer Satoshi de volta, o afastou mais uma vez. Abatido com a morte da filha, ele sumiu sem deixar o menor vestígio. Naquela época, Akeko experimentou o desespero pela primeira vez.


Suspirou, pesarosa em se recordar daquela fase em que chegou, até mesmo, a pensar em cometer suicídio, não podia reconhecer a si mesma, ficou tão fragilizada. Ela se dedicou ao trabalho para superar aquela crise... E, então, ela conheceu aquele menino encantador.

Kamenashi Kazuya estava correndo pelos corredores daquela emissora de TV, entretido em alguma brincadeira. Apesar de ser extremamente responsável, às vezes ele acabava sendo influenciado por seus amigos e se deixava ser um rapaz de dezoito anos, como era a sua idade quando o conheceu.

Ela estava saindo de seu camarim para começar a sua gravação quando esbarrou com ele. Foi ao chão.

- OH! Eu sinto muito!! – ele apressou-se em dizer e a ajudou a se levantar.

No momento em que suas mãos se tocaram, ela foi capaz de sentir todo o calor que aquele menino emanava... Seus olhos se encontraram e o olhar dele, ainda infantil, foi capaz de alcançar a parte mais profunda de Akeko.

Ele sorriu e se desculpou mais algumas vezes, partindo em seguida com a mesma velocidade com a qual a derrubara.

Após o programa, Akeko encontrou em seu camarim um convite para jantar como uma forma de pedir desculpas pelo esbarrão. Que garoto atrevido!

Ali foi o começo do seu sentimento por Kazuya, que apenas cresceu de uma forma monstruosa com o passar dos dias... Ela teve medo.

Não queria amar outra pessoa como amou a Satoshi, tinha medo de se envolver muito e ser abandonada novamente. Esse era o seu maior terror. Contudo, incapaz de se proteger do carisma de Kamenashi, foi exatamente o que aconteceu... E, então, apareceu o seu sexto obstáculo: Akanishi Jin.


Kazuya, que um dia a mirou com tanta devoção, agora a olhava com... Ódio? Ela ficou surpresa, acreditava que Kazuya não fosse capaz de odiar a ninguém, quanto mais a ela. Agora, ele estava a acusava com palavras tão frias e cruéis.

- Você não vai dizer nada? – ele se revoltou - Por que, Tsubasa? O que Jin lhe fez, afinal? O que foi que eu fiz?? Por que você nos castigou dessa forma? Sim, porque toda a tortura que você planejou contra Jin, de alguma forma, me atingiu também... Jin sofreu muito fisicamente e emocionalmente... E por ele ter sofrido tanto assim por mim, chego a pensar que todo o pesar que eu possa sentir não será suficiente para compensá-lo.

Ah... Quanta paixão... Esse sentimento, Kazuya não deveria direcioná-la para outra pessoa que não fosse ela. Akeko sentiu seu peito inflar, irado.

- Por que? – ela riu – Eu sempre soube que seria trocada por aquele moleque... E eu podia ficar parada? Não podia. – ela falava suavemente, como se fosse algo bastante óbvio. – Eu precisava lutar para proteger o que era meu! O que ainda é meu!!

Kazuya ficou chocado com aquela frase calculista. Tsubasa falava como se o assunto fosse um jogo em que não se devia perder.

- Né, Kazu? Eu aprendi a lutar pelo o que eu quero. – ela prosseguiu - Nunca desistir até conseguir o que eu desejo, era essa a filosofia que me regeu até aqui. Eu não deixaria um pivete como Akanishi Jin atrapalhar a minha felicidade.

A sua frente estava uma outra mulher, pensava Kazuya. Quando aquelas palavras saíram da boca de Tsubasa, seu olhar se transformou de tal modo, que todo o seu rosto se alterou. Ele não conseguia reconhecer aquele semblante.

- Tudo isso começou quando você estrelou aquela novela, Gokusen 2... – o olhar perdido de Akeko demonstrava que ela estava revivendo àquela época em sua mente. – Eu pude sentir a ameaça de Akanishi... Qualquer comentário sobre ele, você o fazia com um sorriso tão bonito... Seu tom de voz mudava quando falava nele, quando pensava nele... Aquelas noites em que eu o ajudei a decorar suas falas, eu fui testemunha dos olhares que você entregaria a ele... Aquilo foi me destruindo pouco a pouco...

Kazuya também se recordou daquele tempo e pensava que Akeko estava errada. Ele estava totalmente entregue à paixão que sentia pela cantora, não podia flertar daquele modo com Jin como ela alegava... Ou poderia? Será que ele já sentia algo por Jin naquela época e não era capaz de perceber?

- E foi então que Satoshi apareceu de novo em minha vida... Mas ele apareceu como Kirisawa Makoto. Ele queria se vingar de Akanishi pela morte de Sayuka... Eu o apoiei, porque dessa forma ele o afastaria de você...

Akeko segurou a mão de Satoshi, enquanto ele acabava-se em lágrimas. Como um homem como ele poderia ser tão fraco? A sua aparência, naquele instante, pareceu a ela algo muito repugnante.

- Né, Satoshi... A culpa da morte de Sayuka foi daquele menino, Akanishi Jin... Sayuka estava tão contente em poder vê-lo em um show... Ela estava deslumbrada... E você se lembra, não se lembra? De como ela entrou chorando em casa após o show, não se recorda? Não sei o que aconteceu, mas foi algo que a fez decididamente escolher a morte... Esse menino não pode ficar impune, querido. Eu o ajudarei e você me ajudará... Como antes, não é? Quando éramos apenas nós dois...

- Satoshi tinha uma certa influência... – Akeko recomeçou o relato – Até mesmo sob o nome de Kirisawa. Não foi difícil a ele conhecer as pessoas certas para conseguir se infiltrar na Johnnys. Ele descobriu que Harada precisava de um doador para o filho... Por tanto, aquele homem seria capaz de fazer tudo para salvá-lo. Primeiramente, indicou Kirisawa para trabalhar como assessor do News... Dessa forma, Satoshi sempre estaria próximo do assassino de Sayuka.

- Jin não é um assassino!

A cantora nem ao menos prestou atenção ao rosto indignado do rapaz. Prosseguiu, como se estivesse falando apenas com ela mesma, como se suas palavras não estivessem sendo pronunciadas de verdade e ela as ouvia apenas mentalmente.

- E naquele dia, em frente à agência, eu esperei Satoshi me avisar quando o jovem estivesse se aproximando do prédio e só então eu o deixei sair do carro, fazendo Akanishi finalmente me conhecer, finalmente perceber que havia uma mulher em sua vida. Eu o beijei consciente de que isso perturbaria aquele rapaz a tal ponto que vocês brigassem...

- Eu não posso acreditar... Até isso foi planejado? Até a minha briga com o Jin?

- Eu não achei que fosse tão rápido. – ela riu – No mesmo dia, Akanishi foi para a sala de Harada... Então, a vingança de Satoshi teve início... Achei que, ao final dela, Akanishi não teria forças para sequer olhar em sua direção... Mas eu não consigo entender de onde aquele rapaz tirou tanta energia. Pensei que fosse Yamashita quem o apoiasse tanto, então tentamos afastá-lo. A suspensão daquele integrante do NEWS não foi suficiente para que Yamashita deixasse Akanishi de lado...

Kamenashi se lembrou do vídeo produzido por Jin para denunciar Harada. Até mesmo a crise do NEWS daquela época havia sido uma artimanha de Harada, era o que eles pensavam na época. Agora, ele sabia que isso também havia sido obra da cantora.

- Foi então que eu pensei que um bebê poderia nos reaproximar e você perceberia que é a mim que você realmente ama... Mas como poderíamos fazer um filho se você estava tão longe de mim? Foi Satoshi quem conseguiu fazer você e Yamashita trabalharem juntos em uma novela, aproximando-os, para então lhe denunciar o sexo entre Akanishi e Yamashita... E, então, eu pude voltar para os seus braços.

Ali estava, a confissão de como Akeko o manipulou como um boneco de marionete. Mais do que os vídeos a que assistiu, muito mais do que as palavras de Harada e a declaração de Nakamura, ali estava uma prova irrefutável.

Enganado desse modo, Kamenashi sentiu-se como um estúpido. Mordeu os lábios, irritado. Àquela altura, ele já não conseguia discernir quem era o alvo de sua fúria. Akeko ou ele próprio?

Como pude ser tão imbecil?

- Contudo... Um bebê não foi capaz de trazê-lo de volta. – ela comentou, com desgosto.

O sempre justo Kamenashi Kazuya já não podia mais ignorar a culpa daquela mulher... Não que houvesse alguma dúvida, depois de assistir a todas as violações a Jin, mas agora ele não poderia mesmo hesitar em cometer alguma injustiça, já que ela confessou toda a sua participação. Muito pelo contrário. Agora, ele queria cometer uma injustiça. Ele queria atingir aquela mulher de alguma forma que a fizesse se arrepender de todos os seus passos.

Foi movido por esse sentimento que Kazuya não teve a menor consideração pela doença da cantora.

- Você não devia brincar em gerar uma vida dessa forma, Tsubasa. – ele a repreendeu – Talvez, o fato de você ter se tornado infértil no passado foi algo providencial para que uma vida não tivesse sido perdida agora...

Ela o olhou com surpresa e com algum abalo.

- Eu não sou estéril!! – ela rugiu - Aqueles exames estão errados!! Eu abortei, é verdade, mas eu não fiquei estéril... Eu fui capaz de gerar um filho seu! – ela se desesperou – Eu senti o seu coração aqui dentro! Ele estava vivo até Yamashita me derrubar da escada e...

- Chega dessa história! – ele berrou - A verdade, é que você se jogou, não é? – ele a encarou – Se você estivesse mesmo grávida, isso não mudaria o fato de que você se jogou friamente pensando que mataria o meu filho!

Encostada na parede dessa forma, Akeko tentou raciocinar com rapidez, porém, foi capaz apenas de balbuciar:

- Eu precisava trazê-lo de volta, Kazuya!

- Você é louca! – ele não agüentou mais e levou as duas mãos à cabeça, jogando seus cabelos para trás, atordoado – Você é completamente louca... E eu sou um maldito imbecil! Como não fui capaz de perceber o quanto você é desequilibrada?

Não era de seu caráter reagir de forma tão agressiva com alguém, mas Kamenashi nunca havia se deparado com alguém tão mesquinho, egoísta, frívolo, e obcecado quanto Akeko. Sabia que a gravidez psicológica era uma doença grave e que pode ter alterado a personalidade da cantora, mas ele conseguia enxergar um traço de maldade em todos os atos cometidos por ela muito antes dela adoecer... Além disso, no fundo, a raiva que sentia daquela mulher o impedia de ter qualquer tipo de misericórdia.

Ele não se importou com o seu choro, não mais, não desta vez. Ele já não podia afirmar que eram lágrimas sinceras. Aquela mulher que ele amou não passava de uma farsa... A verdadeira Akeko era Takada Hirina, uma mulher capaz de tudo para conquistar o que deseja.

Eles ficaram em silêncio até a respiração de Kamenashi retornar ao ritmo normal. Conseguindo diminuir a sua revolta, ele exigiu que ela terminasse a sua história.

Akeko não prosseguiu de imediato, as lágrimas lhe atrapalhavam o discurso. Quando enfim pode continuar, ela voltou ao ponto em que pediu a Satoshi para retirar Akanishi de uma vez por todas de sua vida.

Uma dor aguda a assolou ao se lembrar da morte de Satoshi. Era uma tristeza verdadeira, mas nem a sua sinceridade era capaz de alcançar Kamenashi naquele momento.

- Até da morte, aquele menino escapou... O que ele tem, afinal? – ela indagou, consternada – Por que eu não consegui retirá-lo do meu caminho? Eu fiquei desorientada com a morte de Satoshi, mas, naquele ponto, eu já não podia retroceder... Eu deveria continuar em frente, por Satoshi. – ela sorriu de leve – Eu sabia que Yamashita lhe provocava um grande ciúme. Pensei em acusar Akanishi de me fazer perder meu filho... Mas não estava segura de que você acreditasse em sua culpa. Então achei melhor acusar Yamashita... Assim, Akanishi ficaria ao lado do melhor amigo e você do meu...

- Ah, não! – ele se levantou do banco, inconformado, e ficou de frente para Kazuya - Não começa com isso, Kazu! Se for assim, eu posso muito bem pensar que Tsubasa se jogou da escada pra ter a sua atenção! Ela te ama, afinal!

- Que ridículo!

- Mas está funcionando, não? Estamos aqui discutindo por isso, não estamos?


Kazuya se deu conta de que, na época em que brigou com Yamapi, Jin já estava consciente dos atos de Akeko. Muito provavelmente, Yamapi também já sabia... Constatar isso o fez se sentir muito infantil por ter discutido com o integrante do News daquela forma.

Fechou os olhos, inconformado. Abriu-os logo em seguida, ao sentir a mão quente de Akeko em seu rosto. Ela estava a sua frente, sorrindo-lhe. Ele sentiu repulsa e tentou se afastar, mas ela lhe segurou com firmeza.

- Kazu... Se você não tivesse descoberto tudo... Você teria voltado para mim, não teria? Você me ama, não ama? – Eu te amo, Kazuya...

Ele não acreditou no que estava ouvindo.

- Você nunca me amou. – ele sacudiu a cabeça com convicção – O que você sentiu foi uma espécie de obsessão... Eu duvido que alguém como você consiga entender o que é amar outra pessoa!

Akeko não saberia escolher o que lhe doía mais: ouvir aquela acusação ou o olhar rancoroso de Kazuya.

Nunca o amou? Ela riu. Gargalhou.

Se ao menos ele pudesse enxergar a extensão de seus sentimentos... Se ao menos ele pudesse tocar em seu coração e sentir a intensidade com a qual ele se agita diante de sua presença... Talvez ele pudesse compreender o seu amor. Talvez...

- O irônico é que se você não tivesse feito absolutamente nada, talvez estivéssemos juntos até hoje. – ele riu com sarcasmo. - Se eu fui capaz de perceber e ser tocado pelo amor de Jin, foi por reconhecer o quando ele se sacrificou pela banda e por mim...

Kazuya se lembrou de como o namorado o procurou naquela noite chuvosa em que dormiram no carro do mais velho. Jin estava tão aflito, tão perdido, tão solitário. E tudo por culpa daquela mulher com quem ele estava dormindo naquela mesma noite.

- O que eu sinto por ele despertou diante de todo o sofrimento que você proporcionou a ele... – ele voltou a desabafar - É verdade que muitas vezes eu penso se eu já não o amava antes de tudo isso, mas, mesmo que isso for verdade, eu só fui capaz de enxergar meu próprio sentimento graças a você Akeko... Nesse sentido, eu lhe agradeço por não me permitir passar o resto da minha vida ao lado de uma mulher egoísta, fria e sádica. – ele segurou com força aquelas mãos pequenas e macias, usava de tanta força que aqueles dedos chegaram a estalar.

- É claro... – Kazuya prosseguiu - Eu não desejo o sofrimento do Jin jamais... Mas se foi necessário ele passar por isso para que eu finalmente entendesse o que ele significa pra mim, então eu lhe agradeço e te garanto que não permitirei que ele sofra mais.

Afastou as mãos de Akeko de seu rosto e a empurrou de volta para a cama.

- Eu não posso afirmar, só o próprio Jin poderia fazer isso, mas eu penso que ele também não teria se declarado a mim se não fosse pelo desespero que Harada lhe provocou. Depois que ele disse que gostava de mim, ele adotou uma postura de que tudo não passava de uma brincadeira... Se você não tivesse se intrometido, talvez o que ele sente por mim hoje não fosse tão forte, ele teria se entregue ao amor de Yamapi mais cedo ou mais tarde, e nossos caminhos não teriam se unido como aconteceu.

O discurso de Kamenashi a abateu. Com a cabeça baixa, ela refletia no que ele lhe dizia naquele momento.

Ela era o principal motivo por seu plano ter falhado?

- Isso... Isso quer dizer que eu perdi para mim mesma?

- Que droga, isso não é um jogo! – ele explodiu – Você brincou com muitas vidas de um modo leviano e com uma crueldade que eu não acredito que nem mesmo os humanos são capazes! Eu não sei mais o que você é, Tsubasa... Você está totalmente perdida... Você já não é mais humana...

- Eu me tornei um obstáculo? – ela murmurou.

- O que você disse?

- Um obstáculo... Eu me tornei um obstáculo a mim mesma? Por minha causa, eu te perdi?

- O que você está dizendo?

Ela, no entanto, não lhe respondeu. Jogada na cama, olhando para o colchão, um olhar perdido, ela percebeu que estava terminado. Não havia mais nada a ser feito.

Tsubasa se deu conta de que ela havia se tornado um obstáculo em sua própria vida...

E, no final, Hirina tinha que admitir a sua derrota ou...

Tenho que retirar todos os entraves de minha vida...

3

Akeko tentou impedi-lo de sair do quarto, dizendo coisas que não tinha o menor cabimento naquela ocasião. Ela chorava, dizia que o amava, implorava para ele ficar, mas ele já não suportava mais ficar diante dela. Deixou-a para trás e saiu do apartamento, levando os dvds consigo e todas as chaves do apartamento, tentando evitar a fuga da cantora.

No elevador, os últimos acontecimentos vieram lhe perturbar ainda mais o seu espírito, porém, foi firme e encarou todas aquelas lembranças. Ainda não era o momento de se entregar ao remorso.

Kazuya sabia que se desabasse não seria capaz de se levantar tão rápido, por isso, estava firme em não fraquejar até levar aqueles dvds para a Johnnys, afinal, Akeko merecia ser punida. Estava a um passo da rua quando algo começou a incomodá-lo. Era sensação estranha, um pressentimento.

“Eu me tornei um obstáculo a mim mesma?!”

Kazuya, então, compreendeu a intenção de Akeko e o verdadeiro motivo para o seu desespero... Não era o fato de ter sido revelada, de ter perdido o seu amor ou ainda o temor em ser denunciada... Não era nada disso que a afligia.

Tornando-se um obstáculo, Akeko estava disposta e se destruir. Ela tinha que ser a vencedora no final de tudo.

4

Satoshi... Eu ainda não perdi...


Descalça, ela caminhou até o banheiro. Abriu o armário de remédios e escolheu alguns, aleatórios, não fazia a menor diferença. Apertou a cartela com alguns comprimidos, libertando-os um a um.

Eu vou retirar todos que atrapalhem minha vida...

Akeko já não percebia as próprias lágrimas, estava firme em seu propósito. Não perderia para Kazuya, não perderia para ninguém. Não perderia para si mesma.

Só mais um pouco, Satoshi... E logo estaremos juntos...

Ela engoliu os comprimidos.

Juntos de novo...

Deitou-se no chão e fitou o teto. Não foi capaz de não sentir medo, mas também já não precisava mais ser forte. Abraçou o próprio corpo e encolheu as pernas, em posição de feto.

Meu filho... Satoshi... E eu...

Juntos para sempre.

Seu corpo sacudia tamanha era a intensidade com que chorava.

5

Voltou apressado para o apartamento e, como previu, a encontrou no chão do banheiro, ainda consciente, rodeada por inúmeros remédios...

- Maldição! – ele gritou – Você não vai fugir!

A mente de Kamenashi fervilhou. Pensou em diversas atitudes a se tomar em um momento como esse, mas logo tratou de acalmar a si mesmo. Não poderia permitir que Akeko escapasse dessa forma.

Sacou o celular do bolso e ligou para a emergência. Passou o endereço do apartamento e ouviu atentamente as instruções que lhe passaram para os primeiros-socorros.

6

- Fazem dois dias que vocês não se falam? – a voz de Yamapi soou preocupada, quando Jin lhe contou que não via Kamenashi, em um momento em que se esbarraram nos corredores da agência.

Jin colocou as mãos dentro dos bolsos da frente de seus jeans e começou a se balançar, apoiando-se nos calcanhares, enquanto confirmava, com um tom de voz que demonstrava a sua preocupação:

- Eu não falei mais com ele depois que ele saiu do seu apartamento. Eu não sei o que ele está pensando de tudo isso... Quero dizer, sei que ele não acreditou que Tsubasa fosse culpada, mas não sei o que ele pensa sobre nós depois disso...

- Como assim “sobre nós”?

- Eu quero dizer que não sei se ele ficou incomodado, se está envergonhado, se está bravo com a gente por termos remexido tanto no passado de Tsubasa.

- Por que não liga para ele?

Yamapi não precisou ouvir a resposta de Jin. Antes disso, já tinha notado o semblante cansado do amigo e preveu que ele já não se importava mais.

- Não há mais nada a se fazer... Se ele quer continuar acreditando em Tsubasa, não posso fazer nada... Apesar de que a idéia dele continuar ao lado de uma pessoa como ela não me agrade muito... Eu não posso obrigá-lo.

Yamapi repousou a mão no ombro do amigo, mas não conseguiu consolá-lo. A porta atrás de si, que era do seu camarim, foi aberta e Koyama disse:

- Pi, temos que ir para a NHK, você está pronto?

- Já vou me arrumar, Keii...

Um rápido olhar entre Koyama e Jin foi o suficiente para constrangê-los. Por sorte, Yamapi não reparou o mal-estar entre os amigos. Quando a porta se fechou, deixando-os novamente a sós, Jin se apressou em dizer:

- Arigatou, Pi... Finalmente, essa história louca em que me vi envolvido e que você se envolveu por vontade própria... Terminou, né?

- Un? Por que esse tom emocionado? – ele gracejou – Até parece que está se despedindo!

Jin apenas lhe sorriu. Yamapi não percebeu o olhar emocionado de Jin, apenas considerou como um brilho agradecido o que viu neles.

- Não deixa de ser! – Jin disse com cautela - Vou passar uns dias ocupados com a minha família, uns parentes estão na casa dos meus pais, então ficaremos um tempo sem nos vermos, né? Acho que até mesmo nem voltarei para meu apartamento...

- Isso já aconteceu antes e você não ficou desse jeito! – ele riu – Ah, quer dizer que Akanishi Jin se tornou mais sensível?

- Para de me zoar quando eu estou tentando ser legal com você! – ele brincou – De qualquer jeito, dê o seu melhor em seus projetos, ok? Quando eu estiver livre, te ligarei, certo?

Yamapi fez que sim e então eles despediram.

Bye, bye... Pi.

Deu as costas a Jin e entrou no camarim do News, sem imaginar que só voltaria a encontrar seu amigo no aeroporto.

7

Seguiu para o camarim da banda e, ao entrar, notou o alvoroço que estava ali. Foi abordado de imediato por Junno, que, sem nem ao menos cumprimentá-lo, indagou:

- Você esteve com o Kame?

A má educação em Junno não era algo costumeiro, isso logo deixou Jin preocupado.

- Não. Por que? O que aconteceu?

Ueda, que havia desligado o celular naquele momento, foi quem respondeu:

- Ele deveria ter ido a um compromisso da novela e não apareceu... Nem ao menos ligou para desmarcar a agenda. Ele também não atende ao celular.

As sobrancelhas franzidas de Jin provaram que ele tão pouco conhecia o paradeiro da tartaruga.

8

Abriu os olhos e constatou, de novo, que estava viva. Akeko percebeu que tinha fracassado. Logo reconheceu que ainda estava no hospital.

- Olá...

Ela reconheceu a voz rapidamente, apesar de ainda se sentir desorientada depois de ter dormido a base de sedativos. Havia perdido o controle no dia anterior e chegou até a agredir a enfermeira.

- Mitiko... – ela sussurrou.

- Espero que esteja mais calma hoje...

- Estou um pouco fraca...

- Não é para menos, tentou se matar e ainda fez toda aquela bagunça ontem.

Akeko não respondeu. Mitiko suspirou e se controlou, não devia deixar sua amiga mais nervosa.

- Ora, vamos... Descanse. Você vai precisar de muita força...

Akeko não fez questão de tentar entendê-la. Já não lhe importava, afinal, qualquer coisa que acontecesse já seria torturante... Tudo o que desejava era poder ir ao encontro de Satoshi. Somente ele a compreendia. Somente ele lhe dedicava amor incondicional...

Tinha que encontrá-lo...

9

Mitiko saiu após ter certeza de que sua amiga estava dormindo novamente. Na ala de espera, ela encontrou Kamenashi, que, assim que a viu, se levantou e veio ao seu encontro.

- Como ela está?

- Ela dormiu de novo, mas acho que já não há mais risco. Em todo caso, há um policial no quarto dela. Akeko não vai conseguir se matar ou fugir. – Mitiko afirmou.

A assessora estava um pouco seca, mas Kamenashi achou uma reação natural. Apesar de tudo, Mitiko era uma amiga incondicional. Era uma pena que Akeko não soube apreciar o quanto valia aquela amizade em sua vida... Apesar de ficar a par de todos os atos cometidos pela cantora, Mitiko permaneceu ao seu lado. Não a julgou, não a condenou. Continuou fiel ao sentimento que as unia ao longo dos anos.

- Entendo... – ele murmurou.

- Você quer vê-la?

- Definitivamente, não.

- O que você sentia por ela desapareceu por completo?

- O que eu sentia por ela... Nunca existiu. – ele comentou com amargura – Foi tudo uma ilusão e, agora que eu sei disso, sinto como se uma parte de mim nunca tivesse existido. A parte em que Tsubasa habitava foi retirada de dentro de mim. Não há absolutamente nada... E isso é o que dói mais.

A assessora assentiu, compreendendo que era esperar de mais que aquele jovem guardasse algum tipo de consideração pela amiga. Ela não poderia culpá-lo por não tentar perceber o quão doente estava a cantora. No entanto, ela tinha que admitir que as marcas que Kamenashi carregaria por causa daquele relacionamento com Tsubasa eram profundas demais.

- Fique tranqüilo, Kamenashi-san. Agora, acabou... Você pode descansar.

Ele sacudiu a cabeça.

- Não. Agora é que começa o mais difícil. Reconstruir o que Tsubasa quebrou...

10

Ele estava terrivelmente cansado, percebeu quando apertou o botão do elevador. A perspectiva de que poderia voltar para sua casa fez com que todo o seu cansaço se fizesse sentir. Há dois dias que não dormia. As imagens do dia em que Akeko tentou se matar se confundiam com o que aconteceu no dia anterior e há poucos instantes. Kamenashi não conseguia distinguir os limites que separavam aqueles momentos em três dias. Em sua cabeça, tudo era contínuo. E isso era cansativo.

Precisava de descanso, seu corpo queria dormir, sua consciência pedia para ser desligada, mas seu coração só conseguia pulsar um pedido: encontrar Jin. Não estava em condições de encará-lo agora, mas queria tanto vê-lo, receber o seu abraço e o seu sorriso e, enfim, confortá-lo. Dizer aquelas palavras de Mitiko.

Agora, tudo acabou.

Sim, tudo acabou.

Seu coração estava dolorido com essa realidade, mas, ao mesmo tempo, estava aliviado. Agora, não havia impedimentos entre Jin e ele. Agora, a relação finalmente se baseava em duas pessoas... Contudo, ele se indagava se a resistência de Jin não seria a maior dificuldade que eles teriam que atravessar naquele namoro.

Lembrou-se de como havia sido repudiado por Jin. Os olhos castanhos o fitando com inquietação romperam em sua mente sem nem pedir licença.

Sabia que Jin estava ferido e zangado com ele.

Vou superar isso.

Agora, é a minha vez de lutar por você Jin...


Ele tentou se incentivar enquanto adentrava o elevador. Kame viu, sem realmente se importar, os andares diminuírem até alcançarem o térreo. Ali, parado, esperando chegar o seu destino, ele recordou o encontro com os executivos da Safira Star.

Depois de acompanhar Akeko até o hospital e passar algumas horas esperando até que algum médico garantisse que ela não corria mais perigo de vida, ele procurou por Miura-san. Sabia que o diretor não recusaria ajudá-lo e, em sua companhia, conseguiu se reunir com as cabeças da agência de Akeko.

Surpresa não era uma palavra que poderia definir o que estava estampado naqueles rostos tão importantes. Diante de Kamenashi e Miura-san estavam os figurões mais importantes daquela agência de talentos, a Safira Star.

Kamenashi os analisou com discrição, sempre desviando seu olhar quando um deles o mirava, em sinal de respeito. O mais importante entre eles, Ishikawa Mamoru, ainda conservava boa parte dos cabelos negros, embora já alcançasse quase sessenta anos. Era alto, mantinha sua postura reta, nem mesmo a idade foi capaz de encurvar, um bigode escovinha e um olhar carregado de asco. Ele não se importou em mostrar o quanto julgava aquelas informações repugnantes.

O mesmo olhar carregavam os outros três diretores da agência diante da história e dos dvds apresentados pelo ídolo da Johnnys Enterteinment. Kamenashi Kazuya, ao lado de Miura, faziam uma grave denúncia contra Tsubasa Akeko.

- Como vocês podem compreender, queremos uma punição justa à Tsubasa. – Miura voltou a dizer – Ela não pode ficar impune e contamos com o sentimento de justiça que a Safira Star tem tão elevado. Confiamos que vocês não poderão consentir que ela continue trabalhando com vocês...

Conturbados, os executivos daquela agência se mantiveram em silêncio. A situação era grave demais, porém Ishikawa compreendia que deveria manter as relações cordiais com a JE.

- Não podemos dizer no momento quais serão as medidas tomadas, precisaremos apurar com cautela o caso. No entanto, peço que se tranqüilizem. Certamente, Tsubasa não ficará impune.

Kame sabia que eles não poderiam condenar Tsubasa tão rapidamente. Provavelmente, uma investigação começaria até que ela fosse condenada. Acreditava que eles a puniriam, mas não pode deixar de se irritar com aquele tom cordial de Ishikawa. O que seu espírito gostaria era que Akeko fosse direto para a prisão depois que saísse do hospital.

As portas do elevador se abriram e Kamenashi mal se deu conta. Teve que sair apressado antes que as portas se fechassem novamente. Na rua, pegou um táxi e foi para a Johnnys.

11

Ele teve que ouvir um baita sermão de Ito-san, até que finalmente este recebesse a mensagem de Miura-san, explicando que Kamenashi esteve em sua companhia e por isso não foi necessário avisar a agência sobre sua ausência. Miura ordenou a Ito que mandasse um pedido de desculpas aos produtores da novela e remarcasse aquele compromisso.

Diante da autoridade de Miura, Ito logo dispensou Kamenashi. O rapaz teria algumas obrigações pelo resto do dia, mas o olhar cansado do garoto dizia claramente que ele não seria capaz de fazer mais nada.

Quanto mistério... Seria bom se um deles explicassem o que está acontecendo!
– era o pensamento revoltado de Ito.

Kamenashi deixou a sala do assessor do KAT-TUN com a recomendação de que fosse logo para casa, mas ele a desobedeceu. Seguiu para o camarim, onde sabia que encontraria Jin.

Caminhou com certa lentidão. Seu coração já estava acelerado só de imaginar o encontro entre eles. Ao se aproximar da sala, pode escutar a voz alta de Koki. Ela não estava tão alegre quanto o de costume, Kamenashi percebeu. Quanto mais passo dava em direção ao camarim, mais claro ficava que todos que estavam ali pareciam bastante agitados. Até mesmo a voz de Ueda se fez ouvir, quando pediu a todos que se calassem e apenas um de cada vez tomasse a palavra.

Já na porta, escutou:

- Onde o Kame estará? Por que ele não liga? – era Junno.

- Vocês brigaram de novo? – acusou Nakamaru a Jin.

- Isso não é da sua conta! – Jin devolveu, emburrado.

- Ah, vocês brigaram de novo! – constatou Maru.

- Ora, vamos, isso não importa agora... Temos que encontrar o Kame! O porteiro disse que ele não voltou para lá tem três dias...

Kamenashi sorriu. Não por tê-los preocupados, na verdade, odiava preocupar alguém por sua causa, mas quem deixaria de sorrir ao notar quantas pessoas se importavam de verdade com a sua pessoa?

Ele encostou a mão na porta e a empurrou, notando vagamente como esse gesto era cansativo.

Preciso dormir...

Kame foi alvejado por cinco pares de olhos assim que a porta foi totalmente aberta e ele colocou um pé para dentro da sala. Da mesma forma, aqueles cinco garotos se calaram imediatamente ao notar a sua presença. Eles agiam em perfeita sincronia.

- Gomen, minna... Não queria preocupá-los dessa form...

Ele foi impedido de prosseguir, pois o T-TUN logo o metralhou com diversas perguntas.

Onde você esteve? O que andou fazendo? Por que não avisou a ninguém? Por que desligou o celular?

Kamenashi não sabia a qual responder primeiro. Olhou para Ueda, depois para Koki, Maru e Junno. Sorriu e preferiu não responder a nenhuma. Garantiu que estava bem e então seu olhar recaiu sobre Jin. O namorado o olhava com preocupação e um pouco assustado.

- Jin...

O sussurro de Kamenashi foi o suficiente para Ueda lhe abrir passagem. Kamenashi foi em direção de Jin e, sem se importar com a presença dos amigos, alcançou os lábios carnudos do namorado.

Jin apenas arregalou os olhos, assim como Maru e Koki. Junno e Ueda trocaram olhares e riram.
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySáb Jun 05, 2010 4:29 am

essa Akeko é loucaaa demais
nao tem escrupulo algum
acaba com qualquer um q a atrapalhe
até os proprios pais, Sayuka
credooo
mas ainda bem bem q Kame ja sabe de tudo
demoro mas soube ufa
aaaa e esse beijo Akame hein e na drente dos outros membros *----*
aeeee o//
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySeg Jun 07, 2010 11:04 pm

Akeko é uma pessoa perturbada >.<, ela só enxerga os obstáculos em sua vida ... Esses dias assisti ao filme "A orfã" e visualizei a Akeko na personagem do filme hauhauhauha.

Finalmente a tartaruga está a par de tudo... Mas será que agora isso adianta alguma coisa? -.- hauhaaha

Confesso que essa cena é uma das minhas preferidas, a do beijo Akame na frente dos outros integrantes *.*! Reflete bem o estado de espírito do Kame que, naquele momento, não pensava em nada mais além do Jin! *.*

Obrigada pelo comentários!

Beijosss
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySeg Jun 07, 2010 11:07 pm

Eu não te amo?

1

Ele piscou os olhos algumas vezes, aturdido. Olhava para o rosto de Kazuya, que simplesmente mantinha os olhos fechados e não parecia que ele libertaria seus lábios tão cedo. O que estaria acontecendo com o pequeno? Era a dúvida de Jin.

Kazuya saboreou aquele beijo como se fosse o que houvesse de mais precioso em todo o mundo. Não era um beijo intenso, não. Era aquele beijo singelo, que Jin o ajudou a reaprender. Aquele contato apenas dos lábios, mas que significava muito mais do que o encontro de suas línguas. Permaneceu-se imóvel, não querendo quebrar aquele elo físico com Jin.

Apesar de aproveitar intensamente aquele momento, Kamenashi não estava inconsciente do que acontecia ao seu redor. Podia ouvir as vozes confusas de Koki e Maru questionando o que estava vendo e podia ouvir o comentário romântico de Junno:

- O amor está no ar!

E, depois, o gemido dele quando certamente recebeu alguns tapas dos amigos. Kamenashi também percebeu que alguém fechou a porta logo depois que ele beijou Jin. Provavelmente tinha sido Ueda, querendo preservar aquele flagra de outras pessoas... Ao tomar consciência disso, Kamenashi sentiu suas bochechas se incendiarem por beijar Jin na frente dos amigos. Ainda assim, não recuou.

- Eles estão mesmo fazendo isso? – indagou Maru.

Jin finalmente se recobrou do susto e, segurando Kamenashi pelos braços, o empurrou gentilmente para trás, a fim de interromper aquele ato tão insensato... Para a personalidade de Kazuya que ele conhecia, claro.

O pequeno ainda ficou com os olhos fechados. Seus movimentos estavam vagarosos devido ao cansaço que sentia. Quando os abriu, viu que Jin o olhava com curiosidade, mas não estava bravo pelo beijo tão repentino.

Antes que um pudesse dizer alguma coisa ao outro, Ueda se fez ouvir:

- Ok, nós os deixaremos a sós... Conversem. Apenas conversem, ouviu, Kame? – ele riu.

Embora de costas, os demais membros sabiam o quanto as faces do caçula deveria estar coradas naquele momento.

- Espera aí, eu ainda preciso entender o que acabou de acontecer! – protestava Koki, mas foi prontamente arrastado por Junno.

Maru ainda lançou um olhar perplexo para as iniciais do grupo, mas acatou a ordem do líder e saiu da sala. Ueda foi o último a sair, fechando a porta.

2

- Eh????? Kazuya e Jin? – Koki não se preocupou em disfarçar a sua surpresa, quando eles alcançaram o jardim da JE, um lugar tranqüilo para se conversar sobre aquele assunto.

- Namorando?? – Maru piscou os olhos repetidas vezes, completando a surpresa de Koki.

Junno olhou para Ueda e riu baixinho.

- O que? Vocês achavam que aquele relacionamento tempestuoso era apenas amizade? – Ueda riu descaradamente da ingenuidade dos amigos.

- Eu nunca percebi... – Koki admitiu, erguendo uma sobrancelha e refletindo sobre as atitudes de Jin e Kazuya -... Mas muitas coisas fazem sentido agora!

- Vocês são bem lerdinhos... Jin e Kazuya só faltaram fazer uma coletiva para declarar que estavam juntos! – caçoou Junno – Eles não são discretos como Ta-chan e eu, né? – e ele sorriu para o namorado.

Ueda apenas desviou o olhar, levemente tímido.

- EH????? – e os olhos de Koki cresceram novamente – Vocês também??

- Desde quando?? – quis saber Maru.

Junno e Ueda trocaram olhares.

- Anooo... Três anos, oficialmente. – respondeu Ueda.

- E nunca nos contaram??? – eles se indignaram ao mesmo tempo.

- Vocês nunca perguntaram! – Junno riu.

- Baka, esse tipo de coisa não se pergunta... Mas, querem saber?? – Koki sentou ao lado de Maru e tomou suas mãos.

- Koki...

- Nós também! – anunciou Koki – Eu te amo, Maru!

- Eu te amo, Koki!

Ueda riu com deboche, mas Junno ficou sinceramente surpreso.

- Isso sim, eu não esperava!

No entanto, TaNakamaru sorriu e abriu os braços, gritando em seguida:

- DA!!!!

E receberam alguns tapas em suas cabeças.

- Não brinquem com esse tipo de assunto! – bronqueou Junno – Mas... Querem saber? Vocês combinam!

- De jeito nenhum! – eles disseram ao mesmo tempo e com bastante convicção, apenas para escutarem as risadas dos amigos.

3

Assim que a porta se fechou atrás de Ueda, o silêncio reinou naquela sala. Eles mantinham o olhar na face um do outro. Jin se questionava como Kazuya poderia ter adquirido aquelas olheiras e o motivo de sua expressão tão cansada. Aproximou-se um passo e tocou aquele rosto. Com as costas da mão, acariciou-o por um tempo.

Aquele carinho era irresistível. Kamenashi fechou os olhos automaticamente, mas os abriu bruscamente pouco depois, com medo de ser vencido pelo sono.

- O que aconteceu? – a voz rouca de Jin se fez ouvir – Por desapareceu desse jeito? Onde você estava?

- Acabou, Jin... A Safira Stars já sabe de tudo...

- Eh? Do que você está falando? – ele perguntou, mesmo tendo uma idéia sobre o que o mais novo falava.

- Depois que eu deixei o apartamento do Yamapi, eu me lembrei de um dvd que eu vi no apartamento de Akeko... Aquela era uma prova substancial contra ela.

- Dvd?

- Eram as cópias que Kirisawa guardava para saciar o ódio que ele alimentava por você... Eram cópias daquelas gravações do Harada. – ele disse timidamente.

- Eh? Ainda havia tal coisa?

- Talvez fosse o próximo passo da Akeko... Eu não sei... Não importa mais, porque acabou, Jin... Ela não vai escapar.

Kamenashi se acomodou no peito do mais velho. Jin confuso, não reagiu, ainda absorvia aquelas informações. Estava crente de que o pequeno confiava cegamente em Tsubasa e, de repente, ele aparece dizendo tais coisas. Não fazia o menor sentido.

- Kazu... Eu pensei que você não tivesse acreditado em mim... Você saiu daquele jeito do apartamento do Pi que eu achei que não teria mais como te resgatar... – Ele disse, abraçando com força o garoto.

- Gomen, Jin... Podemos conversar sobre isso depois?? Eu estou tão cansado... Eu só queria mesmo te dizer que finalmente acabou!

Jin tinha várias perguntas que queria fazer ao outro, mas sorriu e as guardou para si mesmo. Esfregou as costas de Kazuya com uma das mãos e com a outra afagou a sua cabeça, embalando o outro com o seu perfume e o calor de seu corpo. Algum tempo se passou antes de Jin concordar:

- Tudo bem... Vamos conversar depois. – ele disse, depositando um beijo em sua testa – Vamos para sua ou para minha casa?

Silêncio.

- Eh? Kazuya? – Jin olhou para baixo e encontrou o rosto adormecido de Kazuya. – Tá brincando que você dormiu em pé!! – ele sussurrou indignado – Que coisa! – ele riu. – Ei, Kazu... Não tem sido fácil para você também, não é verdade?

A resposta foi apenas a respiração alta do caçula.

4

Ao abrir os olhos, ele foi contagiado pela preguiça e desejou voltar a dormir. Enrolou-se no edredom, deixando metade de sua face encoberta pelo tecido macio e quente... Suas pálpebras, pesadas, estavam prestes a se fechar novamente quando algo lhe chamou a atenção.

Quando eu vim para casa?

Kamenashi se lembrou vagamente que deveria estar no camarim do KAT-TUN, conversando e esclarecendo a situação com Jin e não em sua cama, dormindo tão confortavelmente.

Com certa relutância, deixou a cama e foi jogar um pouco de água em seu rosto. Enquanto escovava os dentes, foi abrir a janela da sala e qual não foi a sua surpresa por encontrar Jin dormindo em seu sofá.

Mais do que a surpresa por ele estar ali, Kame queria saber o motivo dele não ter dormido em sua cama. A resposta que ele deu a si mesmo não lhe agradou. Percebia o término da relação e sentiu como se um alfinete estivesse sendo espetado em seu peito esquerdo, era uma dor aguda e contínua.

Voltou ao banheiro, cuspiu a pasta de dente e enxaguou a boca. Jogou água mais uma vez em seu rosto e depois ergueu a face para se encarar no espelho. Sabia que deveria encarar a situação de uma vez por todas. Com esse espírito, ele retornou à sala.

Jin ainda dormia. Gentilmente, ele se aproximou para acordá-lo. Jin resistiu por algum tempo, deu-lhe às costas e tentou continuar dormindo, mas Kamenashi continuou a insistir, mesmo tendo consciência de que não era algo muito positivo enfrentar o mau-humor matinal daquele rapaz. Ainda mais com um assunto que não era nada agradável a nenhum deles.

- Jin... Ohayou!

- Ohayou uma ova! – ele resmungou – Oyasumi!* (*Boa noite!)

- Já são nove horas, Jin... Vamos nos atrasar!

- Só temos que ir para a TBS depois do almoço... – a sua consciência não estava tão adormecida, afinal.

- Sim, mas temos que conversar antes disso!

- Não temos não... – ele emburrou.

- Vamos... Eu não quero continuar com esse clima entre a gente...

O sono de Jin já o tinha abandonado àquela altura, mas ele se manteve com os olhos fechados. Kame tinha razão em querer conversar, mas Jin não sabia se isso traria algum resultado produtivo ou se apenas colocaria um ponto final entre eles. Confuso, não sabia se queria o término, mas também não se sentia mais à vontade com Kazuya. Como dizer isso ao pequeno?

O caçula começou a sacudi-lo, queria a sua atenção a todo custo. Jin abriu os olhos com uma expressão zangada.

- Me deixe acordar direito, então...

- Ok! Eu vou preparar algo para gente comer.

5

Saiu do banheiro e foi para cozinha. Parou na porta, observando Kamenashi preparar a refeição matinal. Kamenashi cozinhando, era uma cena que Jin sempre gostava de ver por alguma razão que ele não conseguia compreender muito bem, mas, naquele momento, apesar de apreciar a visão, sentia-se triste.

E sabia a razão disso. Era porque terminaria com Kazuya e, depois, quando a JE finalmente o liberar, ele deixaria o Japão. Jin desejava isso, queria um tempo longe de tudo, como Yuko sugeriu, queria se reencontrar e descobrir o que realmente deveria fazer com sua vida. Isso, porém, não significava que seria fácil. Não é porque estava indo por vontade própria que seria uma partida alegre.

Partidas sempre tão tristes, assim como os términos.

- Não fique aí parado! – a voz de Kamenashi o retirou de seus pensamentos – Vamos comer!

Começaram a refeição matinal em silêncio, o que fez Jin confirmar consigo mesmo que era melhor ter continuado a dormir. Para quebrar aquele gelo, ele pediu ao mais novo para lhe contar o que realmente aconteceu com Tsubasa.

Kamenashi encarou o próprio prato, remexendo em sua comida, contando com hesitação os momentos tensos com Akeko. Jin soube que o pequeno assistiu a todas as gravações – algo que o incomodou profundamente – e depois ouviu a confissão daquela mulher.

- Ela tentou se matar... – ele disse, enquanto lavava a louça, já tendo terminado a refeição àquela altura do relato. - Mas a emergência veio rápido e agora ela está internada no hospital. Depois de me certificar que ela não morreria, procurei por Miura-san e fomos fazer a denúncia na Safira. Depois eu fui para a JE. – Kame entregou o último prato para Jin secar.

- Hum... Então foi isso... Não é a toa que você mal se agüentava em pé... Mas... Agora você sabe a verdade.

O comentário de Jin ficou perdido no ar. Ele olhou para Kamenashi, que voltou a ficar de costas, apoiando-se na pia. Os ombros curvados do pequeno demonstravam o quanto ele ainda estava abatido.

- Eu... Eu não queria mesmo que Akeko fosse culpada! – Ele disse de repente - Mas não por ela... Foi por mim... Gomen, Jin, eu sou muito egoísta... Pensei apenas nos meus próprios sentimentos naquela hora, mas, era tão doloroso...

- Doloroso?

- Você não percebe, Jin? Aceitar essa história... Se Akeko fez tudo o que fez foi por um único motivo: eu... Sendo assim... Eu realmente sou o culpado por tudo o que você passou! Agora, as palavras de Harada têm sentido, quando disse que o objetivo de toda aquela loucura era eu... Você se lembra? E eu não queria carregar essa culpa... Fui fraco, gomen Jin! Foi por minha causa que você sofreu o que aconteceu... Por isso eu me agarrei a qualquer esperança de que Akeko não estivesse envolvida, porque... Como eu poderia desejar te fazer feliz se desde o começo eu só te prejudiquei?

- Não diga besteiras, Kazuya!

- É a verdade!

- Não, não é! A verdade é que, independente da participação de Akeko ou não, Kirisawa viria atrás de mim de qualquer jeito. Eu matei a sua filha, é isso o que ele acreditava, ele queria se vingar disso... Eu não sei porque ele ajudou Akeko ou ainda por que ela se uniu a ele, não sei, mas Kirisawa viria atrás de mim com ou sem ela.

- Mas...

- Talvez, ele não tentasse nos separar. – Jin admitiu - Talvez nosso namoro tivesse sido preservado, mas isso não impediria Kirisawa de ter usado Harada como usou, não evitaria as chantagens, não evitaria o meu seqüestro!

- Mas parte do seu sofrimento poderia...

- Ora, Kazu... Olha...

Jin interrompeu o que ia dizer ao perceber o choro do mais novo. Aquela cena apertou o seu coração, mas, também, deixou-lhe impaciente. Até o final, Kazuya não conseguia realmente enxergar o seu erro?

- Nada disso é culpa sua, ok? A sua culpa é diferente, não percebe? – ele perguntou, com um tom cansado.

Ele o olhou com sincera confusão. Jin suspirou. Kamenashi não percebia realmente. Tornou-se necessário dizer com todas as letras para ele.

- Não é por você que eu sofri o que eu sofri. Tsubasa e Kirisawa são dois loucos sádicos e nós não tínhamos como impedi-los. A única coisa que nós deveríamos ter feito era nos apoiar um ao outro... Mas... Em todos os momentos, você permaneceu ao lado de Tsubasa.

- Isso foi porque eu...

- Sim, eu entendo que a sua confiança nela era enorme, imensa e que você a amou de verdade, mas... E a confiança que você deveria sentir por mim? Ainda que o depoimento de Nakamura fosse uma farsa, que ele estivesse enganando ao Pi e a mim, eu queria que você tivesse ficado do nosso lado! Que demonstrasse que confiava em meu julgamento... Quando Akeko perdeu a tal criança, você ficou contra o Yamapi. Entendo o seu ciúme até certo ponto, mas... E eu? As minhas opiniões não contaram? Eu tentei justificar o Yamapi sim, por conhecê-lo melhor que você, mas você não quis ouvir as minhas opiniões, enxergava apenas uma possível traição que nunca aconteceu. E eu não preciso nem lembrar que você nem ao menos me deixou explicar sobre aquela foto com Yamapi, preciso?

Mais uma vez, Jin lhe jogava a sua traição. No entanto, Kamenashi pensava que eram as suas atitudes que faziam o mais velho sempre relembrar daquele episódio. Tinha que reconhecer seus atos.
- Você sempre permaneceu contra mim quando o assunto era Tsubasa. Em nenhuma vez você me deu algum crédito, mesmo me conhecendo há tanto tempo. E mesmo quando eu me tornei o seu namorado!

- Gomen, Jin... Eu tenho errado tanto com você, eu...

- Sim, você tem.

Aquele tom seco surpreendeu a Kamenashi. Jin não se importou com o seu assombro, prosseguiu:

- Você erra, chora e pede desculpas. E nada muda.

Kamenashi mordeu os lábios, tentando conter o choro, tentando aceitar que era tão imaturo naquele relacionamento como Jin lhe acusava. Aceitar o fato, porém, não lhe fazia enxergar o que deveria fazer para salvar aquele namoro. Aflito, já não sabia mais se teria realmente uma salvação para eles.

- Aquela vez na praia, eu já tinha lhe dito que a culpa não era sua. Que Kirisawa viria atrás de mim de qualquer jeito... Ainda assim, você quis ficar ao lado de Tsubasa por medo de algo que não existia e você sabia disso... Mas as minhas palavras parecem que não tem valor algum, certo? Eu não quero comparar o que você sentia por Tsubasa com o que você diz sentir por mim. O que eu estou dizendo é que você nunca confiou e acreditou em mim e acho que isso é o mínimo que alguém espera em um relacionamento.

- Gomen, Jin... – ele murmurou, cabisbaixo, sem coragem de encará-lo - Eu vou me esforçar para mudar isso.

Era evidente a sinceridade de Kazuya, cuja expressão arrependida e sofrida foi capaz de comover ao mais velho. Jin o olhou com ternura e deixou um sorriso se formar em seus lábios. Caminhou até Kamenashi e o abraçou.

- Isso não vai adiantar...

- Não diga isso! Eu vou mesmo dar o meu melhor e...

- Gomen, Kazu... – ele sussurrou – Mas eu... Não estou sendo totalmente sincero.

- O que você quer dizer?

Hesitou, abriu a boca, mas a sua voz não saiu. Jin buscou coragem para dizer finalmente a Kamenashi o que vinha sentido. Não podia deixar que essa situação perdurasse por mais tempo. Tinha que lhe dizer. Fechou os olhos e libertou seus sentimentos.

- Não adianta só você se esforçar para que nosso relacionamento dê certo, porque... Eu não sei mais o que eu sinto por você...

A voz suave e carinhosa de Jin não foi suficiente para disfarçar a realidade daquelas palavras e nem suavizar o impacto delas no coração de Kazuya, que alargou os olhos, espantado.

- Você... Não me ama mais? – perguntou com medo.

- Talvez... Eu não te ame mais. – ele disse, inseguro - Não é apenas a sua falta de confiança em mim... Eu... Já faz algum tempo que eu não me sinto bem com você, com a banda, comigo mesmo...

As mãos de Kazuya seguraram as costas de Jin com mais força.

- Sayuka? – ele questionou.

- Acho que um pouco de tudo... Sendo assim, Sayuka também...

- Vamos superar isso, Jin!

- Talvez seja tarde Kazu...

- Eu não vou desistir de nós, Jin! Nós, de fato, nunca começamos nada! Desde o início nós fomos peças do xadrez de Tsubasa e Kirisawa, principalmente eu. Eu apenas me movimentei como eles queriam... Não é justo que tenha terminado se nem ao menos começamos!

O mais velho não respondeu e isso foi pior do que uma negativa. O choro do caçula aumentou, sabendo o que significava aquele silêncio. Era um rompimento. Naquele momento, estavam terminando. Kazuya segurou com mais força nas mangas de Jin, como se, segurando-o dessa forma fosse possível evitar que ele fugisse do seu amor.

6

Agosto chegou e se foi com uma velocidade incrível, Kamenashi refletiu enquanto se dirigia para a Johnnys. Algumas semanas haviam se passado desde que Akeko entrou em reclusão enquanto a sua agência decidia o seu destino.

A mídia noticiou a ida da cantora ao hospital como um caso de overdose e Kamenashi ficou sabendo, através de Mitiko, que foi a própria Safira quem divulgou tal história. Ele ficou surpreso, um caso assim seria difícil de reverter a imagem da cantora posteriormente, o que o fez perceber que a intenção da Safira era encerrar de uma vez a carreira da cantora.

Para ele, isso ainda não era suficiente e reforçou o seu desejo com Miura-san, o qual aumentou a pressão na Safira Stars. A agência prometeu um julgamento para a cantora depois que a apuração do caso terminasse. Seria necessário ter paciência e esperar.

A raiva que sentia por Akeko apenas aumentava com o distanciamento de Jin. Cada dia, o mais velho se afastava mais. Kamenashi sofria em silêncio com o seu afastamento, principalmente por notar que Jin estava se isolando dos outros integrantes do KAT-TUN também. Uma parte da sua mente observou que até mesmo de Yamapi e de Ryo, Jin parecia alheio.

Ele tentava romper o muro que Jin estava construindo ao redor de si, mas era difícil. Contudo, Kamenashi estava disposto a reconquistá-lo, não desistiria dele, estava certo. Faria o que fosse preciso para recuperá-lo.

Kamenashi só não estava preparado para aquela súbita notícia. Jin estava deixando a banda.

7

- Eu estou saindo.

O silêncio se estabeleceu assim que tais palavras foram ditas no camarim do KAT-TUN. Sentado na poltrona, sem olhar para ninguém em especial, Jin anunciou a sua saída. A potência daquela notícia atingiu Kamenashi com tanta intensidade que ele teve que se sentar, sentia suas pernas fracas.

Ele também evitou os olhares de todos naquela sala, pois era consciente de que eles estavam chocados com o fato dele não estar a par daquela notícia e penalizados com a sua situação. Afinal, nenhum deles ignorava mais que as iniciais do grupo estiveram namorando, assim como souberam do rompimento pouco depois.

- Isso é uma brincadeira, certo? – perguntou Koki, esperançoso.

- Gomen, Koki.

- Por que tão repentino? – quis saber Maru, perplexo.

- Eu realmente não consigo mais... – ele desabafou.

- É temporário, não é? – perguntou Junno, sorridente – Você vai voltar depois que descansar, né?

O sorriso mais bonito do KAT-TUN morreu depois de ouvir a resposta de Jin.

- Eu não sei, mas, honestamente, acho que não.

- Maldito Kirisawa!! – Koki explodiu.

- Koki... – Ueda murmurou, repousando uma mão no ombro do amigo para acalmá-lo – Jin, você não precisa tomar uma decisão tão drástica...

- Eu não quero prejudicá-los. – explicou Jin – Não posso segurar um lugar na banda se eu nem mesmo sei se voltarei. Além disso, eu não estou deixando apenas a banda...

- Eh?? – foi o murmúrio geral.

- Eu estou indo para os Estados Unidos...

Jin desviou seu olhar de Kazuya, sentindo o soluço subir em sua garganta quando viu que o pequeno não conseguiu esconder a sua depressão ao escutar sobre a sua partida para outro país.

Era seu desejo consolá-lo, mas não poderia lhe oferecer o que ele queria: o seu amor como no início do namoro. Isso estava inalcançável. Além disso, a JE finalmente atendeu ao seu pedido e o liberou para viajar.

Ele estava livre.

Finalmente.

8

Sua cabeça rodopiou. O soco que o atingiu foi tão forte que o deixou tonto e sem ar. Kamenashi nem ao menos foi capaz de disfarçar e ele percebeu isso quando Junno, ao seu lado, perguntou se estava se sentindo mal. Não respondeu.

Não bastou apenas o rompimento. Jin agora estava deixando tudo para trás. A banda, o seu país, os seus familiares e seus amigos. A melancolia que o dominou era indescritível, fazendo-o perder as palavras. Permaneceu em silêncio, fitando os próprios pés.

9

O ambiente estava insuportável. Todos compreendiam o sentimento de Jin, mas a falta que ele faria seria imensurável, tanto profissionalmente, quanto na vida particular de cada um deles. Em especial na de Kamenashi.

- Quando você parte? – Maru quis saber.

- Vou anunciar para a imprensa dentro de duas semanas... Devo partir pouco depois disso, no começo de outubro...

- Quanto tempo ficará lá?

- Não sei, Junno. A JE me liberou por tempo indeterminado... Então é isso, minna. Perdoem mais uma atitude egoísta minha e eu espero que continuem o trabalho árduo que temos realizados até hoje. Eu agradeço por terem cuidado de mim durante todo esse tempo...

Os olhos de Jin passearam pelos rostos de todos, sem realmente se fixar em algum deles, incapaz de enfrentar o pesar estampado em seus amigos e em Kamenashi.

Estava terminado. Ele acabava de romper o laço mais forte que o mantinha preso àquela agência. Agora, só faltava se desligar das fãs e da imprensa.

10

A cortina azul prendeu a atenção de seus olhos por muito tempo, mas a mente de Jin estava distante. Sentia-se anestesiado, depois de tudo o que aconteceu em sua vida, e sentia como se estivesse caminhando cada vez mais próximo do seu desfecho.

Enfim, descansaria.

Vagamente, ele notou a movimentação da equipe de produção. De onde estava, pode escutar os passos dos jornalistas sendo acomodados no local em que seria realizada a coletiva.

- Akanishi-san, está pronto?

- Hai.

- Entraremos em dois minutos.

- Ok, entendi.

Alguém veio verificar se o seu microfone estava colocado de modo correto em seu paletó. Uma última passada de pó e o maquiador se afastou. Ouviu a voz do diretor indicar que ele poderia entrar.

Jin apareceu diante dos jornalistas. Ouviu o barulho dos flashes e viu aquelas luzes cegantes recaírem sobre seu corpo. Caminhou até o lugar indicado anteriormente pela produção e se posicionou de frente aos repórteres.

- Eu gostaria de pedir desculpas por essa confusão. Eu realmente sinto muito. – ele curvou a cabeça em direção aos jornalistas.

As perguntas, então, foram disparadas. A maior parte delas, ele respondeu vagamente com “Eu não posso responder quanto a isso”, “Eu não saberia dizer”, ou ainda “Eu não tenho comentário para isso”.

As informações que a mídia conseguiu obter foi que Akanishi Jin sempre teve interesse em estudar línguas e que agora seria o momento ideal. O jovem, entretanto, não soube dizer qual língua ele estudaria, nem para que país viajaria.

Em um determinado momento, alguém perguntou:

- Isso teria a ver com algum relacionamento com alguma garota?

- Eh? O que você quer dizer?

- Você não vai se casar com alguém?

A risada de Jin foi sincera quando respondeu:

- Não. Não tem nada a ver! – ele se lembrou dos boatos de que teria engravidado uma modelo menor de idade. Pensou consigo mesmo que em muitas vezes a imprensa passava longe da verdade. Riu de novo.

Depois disso, Maru e Junno vieram apoiar o amigo e invadiram a coletiva. Eles leram mensagens de apoio de Kamenashi, que pedia uma promessa de se tornarem mais maduros com esse incidente na banda.

- São boas palavras, não são? – perguntou Jin, rindo.

- É legal, não? – concordou Maru.

- Típico dele! – caçoou Jin.

Quando perguntado se retornaria, Jin foi sincero:

- Isso depende das circunstâncias, então, eu não sei... Quem sabe o que acontecerá... E quando?

A coletiva se tornou o assunto dominante dos meios de comunicação. Mensagens de Kamenashi começaram a circular em todos os noticiários, que divulgavam que o caçula do KAT-TUN, apesar de não compreender aquela decisão, estava resignado e esperava que Jin fizesse o seu melhor nos estudos. E muitos outros boatos surgiram em relação à inesperada viagem de Akanishi Jin, mas nenhum deles chegou perto da verdade.

11

- Ah!!! Estou cansado, estou mesmo cansado!

Yamapi reclamava, enquanto adentrava a casa de Koyama.

- Você está fora de forma, líder! O dia hoje nem foi tão puxado! – caçoou Koyama. – Cerveja?

- Hai, eu quero! Eu mereço um pouco de descanso! – ele ignorou totalmente a crítica ao seu condicionamento físico. – Né, e os outros?

- Massu e Tego tinham combinado alguma coisa, não me lembro agora o que era... Shige preferiu ir para sua casa e o Ryo tinha uma gravação com o Kanjani 8!

- Entendi.

Yamapi deixou os tênis próximos à porta e depois se acomodou no sofá de Koyama. Ligou a televisão e pouco depois o amigo voltava com duas latas de cervejas. Entregou uma ao seu líder e depois se sentou ao seu lado.

- Esse filme do Tarantino é bacana! – Koyama comentou.

- Kill Bill, né? Eu ainda não consegui assistir inteiro!

Assistiram ao filme com pouca atenção, muitas vezes conversavam sobre assuntos que nada tinham a ver com o que se passava na telinha. Era um clima descontraído que ambos precisavam após um dia de trabalho.

Enquanto Koyama ria de um comentário seu, Yamapi percebeu como ele ficava bonito daquele jeito. Não era a primeira vez que ele reparava na beleza do amigo e companheiro de banda. Sempre o achou uma bela pessoa, principalmente pelo seu espírito benevolente, mas, porque só agora isso fazia seu sangue começar a esquentar?

Yamapi foi tomado por uma sensação deliciosa no meio do seu peito. Era como um formigamento, como se um ar quente subisse e descesse dentro de seu corpo, bem lentamente.

- Por que está me olhando desse jeito, Pi? – Koyama indagou.

Pego no flagra, ele desviou o olhar e respondeu, um tanto tímido:

- De que jeito, baka??

Koyama riu.

- Estava tendo pensamentos libertinos, não estava?!

- Ora, não enche.

- Oh, então estava! – Koyama arregalou os olhos, rindo ainda mais.

- Baka!

Ver Yamapi constrangido era uma cena que Koyama realmente apreciava. Aquele rosto moreno levemente corado e aquele desvio de olhar, não conseguindo encará-lo, despertavam em Koyama uma vontade em abraçá-lo e protegê-lo. Abafou tal desejo, porém. Sabia que o coração de seu líder pertencia a outra pessoa. Devia esquecer seus sentimentos, portanto.

- Por que esse olhar triste?

A situação invertera. Agora, era Koyama quem ficou tímido.

- Eu? Triste? Por que eu estaria triste... Quer mais cerveja?

- Essa foi a pergunta que eu fiz, oras!

- Eu quero mais cerveja!

- Essa não baka, a outra pergunta!

- Você está vendo coisas, Pi... Eu não estou triste! Vou pegar mais bebida para nós, só um segundo!

Ele se ergueu rapidamente e foi para a cozinha, sentindo seu coração acelerado. Repreendeu-se por ficar desse jeito com apenas um olhar mais penetrante de Yamapi, mas... Era difícil resistir ao seu líder. Principalmente nos últimos meses, em que era notório que a amizade entre eles havia se intensificado e Yamapi se abria cada vez mais com ele.

Abriu a geladeira e pegou as duas latas. Fechou o eletrodoméstico, mas parou no meio do caminho. Uma lembrança veio agitá-lo ainda mais. A lembrança da sua participação em Kurosagi. O seu personagem demonstrou muita emoção ao reencontrar Kurosaki. Koyama abraçou a Pi com todo o seu carinho naquela cena. O calor e o perfume que Yamapi usava naquele dia, Koyama podia senti-los agora.

Sacudiu a cabeça, afastando essas idéias. Retornou a sala e ocupou de volta o seu lugar ao lado de Yamapi, entregando-lhe a lata. Seus dedos se resvalaram, seus olhos se encontraram.

Alguma coisa estava acontecendo ali, eles perceberam. Yamapi não conseguia definir o que estava sentindo, enquanto Koyama tentava não se iludir. O irritante, porém, era que esse estranho clima estava acontecendo com uma freqüência cada vez maior...

Por mais que eles estivessem cautelosos, eles não foram capazes de desprender os olhares. Diante da intensidade do olhar de Pi, a mão de Koyama amoleceu, deixando a lata escorregar até o chão. Nem isso os distraiu, ao contrário, foi como um sinal. Pi segurou a mão do amigo, embora a lata já não estivesse mais ali, como se essa fosse a intenção desde o início.

O que eu estou fazendo agindo dessa forma impulsiva? – pensava Yamapi.

O líder do News se lembrou que, desde que se descobriu apaixonado por Jin, sempre agiu com a máxima precaução. Primeiro, não sabia se o melhor amigo responderia a um sentimento homossexual. Segundo, Jin sempre estava apaixonado por outra pessoa. Primeiro Yuko, depois algumas outras garotas, por fim Kamenashi. Isso fez com que Yamapi sempre preferisse ser sensato em relação aos seus sentimentos, sufocando o seu amor, pensando sempre no bem-estar de Jin.

Não se arrependia. Estava convicto quanto a isso. Era grato por Jin ter lhe despertado tal sentimento, mas... Agora, ali, diante de Koyama, ele pensava se não poderia agir diferente dessa vez?

Estava incerto o que realmente estava sentindo por Koyama, mas seria errado tentar descobrir ao lado dele o que era?

Decidiu arriscar. Dar um passo em falso. Pagar para ver.

Yamapi se inclinou na direção do mais velho. Koyama o olhava com algum receio, mas não se afastou. Pi deixou seu olhar cair nos lábios a sua frente. Aqueles lábios que se abriram em um sorriso convidativo. Koyama também havia feito a sua decisão. Yamapi retribuiu o sorriso e, então, encostou sua boca a dele. Fechou os olhos um segundo após Koyama, não foi um ato consciente, mas lhe proporcionou uma vista agradável do outro se entregando a si.

Absorvidos um pelo outro, nenhum deles prestaram atenção quando a programação na televisão foi interrompida para o anúncio de um dos principais artistas da JE.

Koyama foi aquele que se deu conta primeiro da gravidade daquela notícia quando escutou a voz de Jin. Interrompeu o beijo.

- O que foi? – Pi o questionou com certa preocupação. Teria feito alguma coisa que não agradou ao amigo?

- Olhe!

Koyama indicou a televisão. Yamapi franziu a testa ao reconhecer o melhor amigo, com uma expressão cansada, pedindo desculpas pelo anúncio feito em cima da hora.

- O que o Jin está fazendo?

Eles assistiram a coletiva até o final. Depois disso, Koyama desligou o aparelho e olhou para o seu líder.

- Você quer ir até ele?

Yamapi até achou graça no tom inseguro de Koyama.

- Não, não me interprete errado. Eu só fiquei surpreso, mas, afinal... É o Bakanishi. Ele sempre decide as coisas em cima da hora... Falarei com ele depois. – ele afirmou, para tranqüilizar o outro – Agora... Onde estávamos?

Koyama riu.

- Não venha com esses clichês para cima de mim!

Eles riram e Yamapi voltou a beijá-lo.

Finalmente, o seu caminho e o de Jin estavam seguindo por rumos diferentes... Sentiria a sua falta, mas, agora, ele não tinha mais a opinião de que isso seria algo insuportável.

12

Ele desligou a televisão quando a coletiva terminou e foi para o seu quarto. Kamenashi preferiu não participar dela, já que não foi capaz de disfarçar o quanto aquela notícia o atordoara. Como poderia sorrir diante dos jornalistas se a simples menção de que não veria mais Jin dentro de poucos dias lhe doía tanto? Caso comparecesse, seria apenas constrangedor, pois certamente não conseguiria impedir que seus olhos demonstrassem o que realmente o ligava ao mais velho.

Afundou-se na cama, sem nem ao menos trocar de roupa. Kamenashi ainda não conseguia acreditar que aquilo era real. Devia ser um sonho, isso, quando acordasse perceberia que aquela separação havia sido apenas fruto de sua cabeça.

Jin estava indo embora. Por que não era um sonho?

Como seria sem ele por perto? Nunca realmente cogitou essa hipótese. Quem aliviaria o clima exaustante do dia a dia? Quem diria as coisas mais absurdas para fazê-lo rir? Quem seria aquele que estaria sonolento nos ensaios e, mesmo assim, atingiria os tons mais bonitos em qualquer música que cantassem?

E, o mais importante, quem o abraçaria com aquele sentimento tão quente e protetor? Que o beijaria com paixão e percorreria seu corpo com mãos firmes e determinadas, que conheciam perfeitamente todos os caminhos que o levavam ao êxtase?

Kamenashi se arrepiou ao relembrar cada toque de Jin. Lembrou-se de como ele aspirava todo o seu odor com prazer, sussurrava em sua nuca, mordiscava-lhe a orelha com um carinho imenso... Recordou-se daqueles lábios carnudos percorrendo seu tórax, instigando seus mamilos, deslizando até seu sexo, sorrindo com malícia...

O pequeno forçou sua mente a se concentrar em momentos menos físicos. Voltou àquele dia no camarim, quando Jin se declarou pela primeira vez. Quantas vezes não desejou retornar para aquele momento? Agora, mais do que nunca, queria ter feito as coisas diferentes. Desejava ter aceito o amor de Jin mais cedo, queria ter percebido o seu sofrimento por conta própria, ter forçado a Jin a lhe revelar que era vítima de Harada quando estavam juntos no carro do mais velho, naquela noite em que ele disse “eu te amo” pela primeira vez. Naquela época, ele sabia que algo acontecia a Jin, mas não foi forte o suficiente para arrancar dele uma confissão.

Porque ele, que nunca ficou parado diante do sofrimento de um amigo ou um familiar, não foi capaz de ajudar a quem o amava com tanta devoção? Por que não conseguiu preservar o que Jin sentia por ele? E porque seus erros tinham que ser pagos com preços tão altos?

O seu amor estava escorregando entre seus dedos. Permitiria que o sentimento entre eles terminasse desse modo?

13

No dia seguinte...

Jin ficou surpreso quando a porta do seu apartamento foi aberta subitamente. Era Kamenashi, que adentrava com a sua chave reserva estendida, provando que Jin não a tinha deixado aberta.

- Olá...

Ele estava tímido, Jin pode perceber. O constrangimento entre eles só tinha aumentado com o passar dos dias, embora o mais velho tinha que admitir que Kamenashi estava se esforçando ao máximo para não chorar na sua frente. Jin acreditava que esse era o modo que o pequeno pensou em demonstrar que estava se dedicando para respeitar o seu sentimento e a sua decisão.

- Você precisa de ajuda para arrumar suas coisas?

Kamenashi se aproximou, passando por caixas de papelão e sacos plásticos já cheios com os objetos de Jin.

- Não precisava se dar ao trabalho! – Jin agradeceu lhe passando uma caixa vazia – Por favor, coloque meus dvds e cds aí...

O pequeno lhe obedeceu e se virou em direção à estante.

- Você vai mesmo entregar o apartamento?

- Não há necessidade de continuar mantendo ele. – a resposta soou cruel, embora não fosse a intenção de Jin. Não queria brigar com Kamenashi nos últimos dias em que estariam juntos.

Jin havia decidido pelo término do namoro, mas isso não significava que não estava sentido com a decisão. Sabia que era melhor para ambos, a relação estava em um caminho que cedo ou tarde acabaria com o amor entre eles. Rompendo antes de atingir esse nível, eles poderiam preservar a amizade e o carinho que os unia durante tantos anos.

Além disso, mesmo que esteja partindo por vontade própria, não é algo que seja fácil de se lidar. Teve que ser forte para agüentar a despedida na empresa e sabia que teria que ser forte para se despedir de sua família também, quando chegasse a hora. Ainda ficaria um tempo na casa de seus pais antes da viagem e essa reaproximação tornaria sua partida ainda mais dolorosa.

Jin terminou de ajeitar a televisão em uma caixa, então se virou de costas para Kazuya e começou a montar outra caixa com objetos pequenos de decoração que havia em sua sala. Ele quase derrubou um boneco de argila no chão quando recebeu o impacto de Kazuya se jogando em suas costas.

- Por favor, não vá... – ele implorou, apertando-lhe a cintura.

Jin se surpreendeu com aquele gesto, vacilou, porém logo se recuperou.

- Eu sinto muito, Kazuya.

O pequeno o apertou com mais força.

- E se eu te pedir?

- Kazu...

- Eu estou te pedindo... Não me deixe assim!

- Será melhor assim, você verá...

- Ah-ah... Eu tinha que tentar! – Kazuya riu, tentando descontrair o clima – Eu não me perdoaria se não tivesse feito nada para tentar te impedir... Mesmo sabendo que você precisa de um tempo para você mesmo, que isso só te fará bem, eu precisava fazer alguma coisa, nem que fosse implorar desse jeito como eu estou fazendo.

- Você sempre luta até o fim, não é?

- Não diga que esse é o fim... Não é! – Kazuya o soltou e deu a volta para ficar de frente a Jin – Definitivamente, não terminou!

Jin girou os olhos. A teimosia do pequeno estava de volta. Ele não pode deixar de rir, no entanto.

- Que pequeno genioso!

O tom de voz descontraído de Jin deu esperanças a Kazuya. Afinal, o clima entre eles estava melhorando. Não que isso mudasse o fato de que o mais velho estava de partida para um outro país e sem previsão de retorno e nem era algo que pudesse fazê-lo crer que o namoro seria reatado, mas, ainda assim, o riso de Jin era um alento ao coração de Kamenashi.

Eles continuaram nesse tom amigável até terminarem de empacotar todos os pertences de Jin. Depois disso, esperaram a chegada de Reio e levaram as caixas para os carros dos irmãos Akanishi.

Poucos dias depois, Jin embarcava para os Estados Unidos.
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptyTer Jun 08, 2010 8:54 pm

Tanakamaru shahshashah aiai esses 2
Junno e Ueda q fofos
xiii Jin nao ama mais o Kame? isso é verdade? =O
aaaaaaaa Koyapi *-------*
kyaaaaa se beijaram *------*
finalmente uhuuu
ah eu sei q essa fic é d Akame, mas amo demais Koyapi
entao to mto feliz por eles mesmo o Jin indo embora
é q é emoçao demais de Koyapi *-----*
talvez qdo esse surto de Koyapi passar eu pense mais no Jin e fique: oq Jin??? embora??? ...
mas ainda to nas nuvens nhaaa Koyapi
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySáb Jun 12, 2010 11:48 pm

Amo Tanakamaru! Não entendo nada das histórias que eles contam, quando eu vejo sem legenda, mas ainda assim dou risada com eles XD!

Junda é um casal maduro e tranquilo, bem diferente de Akame XD!

O Jin está muito confuso... Na verdade, deu vontade de escrever essa fic quando eu assisti aos vídeos de quando ele partiu para os EUA. Sei lá, naquelas gravações ele parecia meio abatido e cansado... E meio confuso mesmo.

Demorou, mas finalmente teve Koyapi! Hhahauahaua! Obrigada por esperar pacientemente até aqui! ^.~ Fico contente que tenha gostado =D!!

Obrigada por ler e comentar!!

Beijoss
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySáb Jun 12, 2010 11:51 pm

Substituto

1

O dia da partida de Jin finalmente chegou e tudo parecia acontecer em câmera lenta para Kamenashi. Sentia-se como se estivesse sob o efeito de alguma droga poderosa. Não chorava mais, mas a dor em seu peito não diminuía e parecia se espalhar por todo o seu corpo, sendo essa a razão para que seus movimentos estivessem tão lerdos.

Sua mente registrava vagamente o que Koki e Maru falavam. Sabia que eles estavam tentando tornar aquele momento menos difícil. Kamenashi sorria a eles de vez em quando, sinceramente agradecido pelos companheiros valiosos que possuía, mas nada podia aliviar o seu sentimento.

A voz deles praticamente evaporou quando Kamenashi focou sua atenção para outra coisa. Seus olhos vaguearam pela sala em que aguardavam o vôo de Jin. A JE providenciou um lugar reservado para que ele e os outros artistas da agência não fossem incomodados pelos fãs ou pela imprensa. A partida de Jin seria discreta, já que o seu anúncio provocou polêmica suficiente para o KAT-TUN.

Ele viu o ex-namorado sentado ao lado da mãe, podia ver o quanto Jin estava nervoso. Ele notou os movimentos inquietos do mais velhos. Jin encheu sua boca de ar e brincou com ele, jogando de um lado para o outro, inflando ora uma bochecha, ora a outra. Estava agitado.

O pai de Jin se aproximou da família com uma bebida para a senhora Akanishi, que não desgrudava do braço de seu primogênito. Havia sido mais difícil convencer a senhora Akanishi sobre aquela viagem do que a própria JE. No fim, ela teve que ceder, sabendo que seu filho precisava descansar.

- Você poderia descansar aqui em casa!!

- Já conversamos sobre isso, mãe...

- Querida...

A voz do senhor Akanishi foi firme, embora gentil. A sua mulher logo lhe reconheceu a autoridade e assentiu. Ela, contudo, manteve-se emburrada e disse para Ryo, que estava mais próximo do que Yamapi:

- Você deveria ir junto! Que espécie de amigo é você?

- EH??? – ele exclamou, querendo dar risada – E o Reio??

- Reio, você vai para os Estados Unidos na semana que vem! – afirmou a senhora Akanishi. – Assim eu ficarei mais tranqüila, tendo alguém para cuidar do Jin.

- Nani?? Eu sou o caçula, não se supõe que o mais velho é quem cuide de mim??

- Jin, não vá!! – choramingou sua mãe, agarrando-se ainda mais ao seu braço.

- Mãe...

Um pouco distante daquela cena tão familiar, Kamenashi prestou atenção em Yuko. Aquela garota, a sua presença o incomodava. Ainda mais quando Jin a apresentou como uma velha amiga de escola. O caçula percebeu facilmente a intimidade entre eles. Teriam namorado no passado? Ele queria muito perguntar a Jin, mas reconhecia que já não tinha esse direito.


2

Ela observava a aterrissagem de um avião. Sempre gostou de aviões. Eles eram o máximo da tecnologia que desafiava a ordem natural das coisas. Afinal, homem não foi feito para voar e, mesmo assim, eles podem atravessar o oceano pelos céus. Ela achava isso incrível.

- Eu sempre soube que você o afastaria de mim. – uma voz a despertou de sua contemplação.

Yuko virou-se e sorriu constrangida para aquele rapaz.

- Gomen, Yamashita-san, eu realmente...

-... Mas eu nunca pensei que lhe agradeceria por isso. – ele riu diante da expressão confusa da garota. – Cuide bem dele, ok? Mesmo quando ele faz pose, ele precisa de alguém que olhe por ele...

Ela sorriu.

- Esse alguém sempre foi e será você, não?

- Foi... Mas, daqui pra frente, eu passo o bastão...

- Esse bastão não me pertence... Mas tomarei conta dele até que apareça algum substituto seu. – ela sorriu divertida – Nós poderíamos ter sido bons amigos, Yamashita-san... Mas você sempre me odiou!

- Eu não te odeio!

- Ah! Falou no presente! Então no passado você realmente me odiava!

Yamapi riu.

- Quando você voltar, nos tornaremos bons amigos. – ele disse.

- Você realmente me odiava! – ela ainda estava caçoando – Né, Yamashita-san... Eu sempre pensei que vocês ficariam juntos. Jin e você, eu quero dizer.

- Eh?

- Você sentia algo muito forte por ele naquela época, não?

- Era tão fácil de perceber?

- Era... Por que naquela época, você o olhava com a mesma expressão que eu olhava para você.

Dessa vez, Yamapi não deixou o rosto impassível. Demonstrou a sua surpresa.

- Eu era apaixonada por você, você era apaixonado pelo Jin e o Jin era apaixonado por mim! Por que crianças são tão complicadas? – ela riu.

- Você... Por mim? Nós...

- Sim, nós não tivemos uma relação muito amistosa, você me odiava, lembra? – ela fez questão de tocar na ferida – Mas eu adorava os poucos momentos em que pude estar com você... Passei a freqüentar mais a casa de Jin quando você esteve morando com ele. Mas, por mais que eu me esforçasse, você nunca olhava para mim! Então eu desejei que vocês fossem felizes... Por mais que me doeu fazer o Jin ficar chateado daquela forma, eu pensei que depois que ele se recuperasse, ele perceberia a pessoa que realmente o merecia!

O olhar de Yuko era carinhoso. Yamapi sentiu-se estranho com essa conversa. Por mais que os anos se passassem e por mais que viesse a conhecer Yuko, Yamapi tinha a impressão de que jamais a entenderia. Apenas aumentou a sua impressão de que aquela garota era extremamente parecida com Jin.

Ao se perceber sendo fitada com tanta concentração, Yuko sorriu divertida e fez o sinal de vitória.

3

Não era o vôo em si que o atemorizava, afinal, não era a primeira vez que viajava de avião. Além disso, não era do espírito de Jin ter medo desse tipo de coisa. Gostava de esportes radicais. Não tinha medo de arriscar a vida. O seu medo era sempre subjetivo. O seu medo vinha dos sentimentos. Era até contraditório que ele não tivesse medo de um acidente em um avião, mas temesse o futuro incerto para o qual estava direcionando a sua vida.

Afastar-se desse modo de tudo o que ele conhecia e de todos que o amavam, era algo que o assustava. Jin não esperava que fosse se sentir desse modo. Talvez, ele ponderava, era porque seu espírito estava mesmo debilitado depois de tantos golpes que o seu emocional sofreu durante o longo e torturante período de um ano e alguns meses.

Estava tão ansioso e assustado que mal conseguia dar atenção a sua mãe, que voltou a lhe pedir para que desistisse da viagem. Ouvi-la fazer tal proposta não estava ajudando o seu espírito.

- Preciso ir ao banheiro.

Com essa desculpa, ele se esquivou de sua mãe, passou por Ueda e Junno que conversavam com Ryo, driblou Kamenashi, Maru e Koki e deixou Yamapi e Yuko para trás quando finalmente alcançou o toalete.

Ali, ele molhou o rosto algumas vezes, mas a ansiedade não passava. Estava tão tenso que nem ao menos ouviu a porta se abrir ou se fechar. Nem mesmo ouviu quando ela foi trancada. Os passos daquela pessoa, então, passaram totalmente despercebidos, de modo que, quando aquelas mãos alcançaram o seu tórax, ele realmente se assustou.

- BAKA!!!! – Jin gritou, encarando o rosto de Kazuya refletido ao espelho. O pequeno o abraçava por trás e seu rosto estava apoiado em seu braço esquerdo. – Quer me matar do coração?

A mão de Kazuya subiu até a posição em que deveria estar aquele órgão e notou o quão acelerado ele estava.

- Gomen, achei que tivesse percebido a minha presença.

- Ficou óbvio que não... – ele soltou um risinho – Por que entrou tão sorrateiro, seu sacana?

- Por que não queria chamar a atenção das pessoas lá fora. Não achei que você estivesse tão nervoso assim... Você quer tomar alguma coisa? Posso ir lá fora e comprar algo na farmácia...

Jin sacudiu a cabeça.

- Estou bem. Apenas... Apenas estou um pouco inseguro. Eu não estou bem certo se essa viagem vai resolver alguma coisa.

Kamenashi o soltou e o virou gentilmente, ficando frente a frente com o mais velho.

- Você deve ir.

A determinação do pequeno surpreendeu a Jin e o magoou um pouco. Esperava que o pequeno ainda insistisse para ficar e retomarem o namoro. Não que ele estivesse disposto a voltar com Kamenashi, mas era o seu orgulho próprio que desejava um pouco de afago naquele momento. Ainda querendo ser mimado, Jin o provocou:

- Né... Eu estou inseguro. Seria uma boa hora para você pedir para que eu fique... Talvez, eu atenda.

Kamenashi riu. Como aquele rapaz podia ser tão infantil? Era a pergunta que fazia a si mesmo.

- Essa é a minha vontade. – ele admitiu – Que você ficasse e que fossemos para minha casa. Que dormíssemos juntos por um longo período. Quando abrisse os olhos, eu perceberia que você estava me protegendo, que eu estivesse envolvido em seus braços, sentindo seu calor e o seu perfume... Era isso o que eu realmente queria.

- Como a tartaruga é romântica!

- Não zombe de mim! – ele pediu rindo – Mas Jin... Você tomou essa decisão e sabe melhor do que ninguém os motivos. Então... Eu te apoio. Incondicionalmente. Peço apenas... Que você volte.

- Eu não posso afirmar isso.

- Tudo bem. Não precisa responder nada. Eu esperarei por você de qualquer jeito...

- Kazu... – Jin abaixou a cabeça – Não se prenda a algo tão incerto.

- Incerto era o que eu sentia antes... Realmente, só passamos a dar o merecido valor quando estamos a um passo de perder o que nos é mais valioso. Eu sei que ainda não te perdi, Jin. Ainda espero pela oportunidade de te provar isso... Mas entendi que não será agora. Não está sendo nada fácil te ver partir... Mas eu quero o seu bem acima de tudo...

A declaração de Kazuya era determinada, mas o que mais comoveu a Jin foi o seu tom de voz e a sua expressão, ambos serenos. Tranqüilos. Confiantes. Em algum lugar do pequeno, algo mudara. Alguma coisa se tornou mais maduro. Isso era tão evidente que fez o mais velho prometer a si mesmo que também amadureceria nessa viagem em que estava embarcando, embora não tivesse a menor idéia de como faria isso.

- E não se preocupe comigo. – Kamenashi pediu – Eu tomei a minha decisão, assim como você... Lembra-se? Realmente vale a pena amar alguém, mesmo se não for correspondido. Era essa a minha opinião quando você me perguntou sobre o amor... Você me pediu, naquele dia, para não ter pena de você... Então, agora, eu lhe peço que não se preocupe comigo. Essa é a minha decisão. Obrigado por finalmente eu ser capaz de sentir um amor que é muito real!

Kamenashi se inclinou nas pontas dos pés e depositou um selinho nos lábios de Jin. E o fitou diretamente nos olhos.

- Você só precisa se acalmar um pouco, Jin. Tenho certeza de que fará o seu melhor nos Estados Unidos e que encontrará o seu caminho. Afinal, é você. Sendo você, conseguirá com certeza... Tudo o que aconteceu despertou em você uma força incrível, Jin. Eu te admiro, muito!

- Arigatou, Kazuya.

- Seu ombro ainda está tenso... – ele riu, apertando o ombro de Jin. – Relaxe, Jin.

- Isso não é fácil!

- Então, eu vou te ajudar...

- Eu to mesmo precisando de uma massagem e... O que você está fazendo? – ele perguntou, quando viu Kamenashi ajoelhar-se diante de si. – Kazu?

- Relaxe, Jin...

Abismado, Jin o viu abaixar o seu zíper.

- Kazuya, aqui?? Agora, eu...

- Shhhiu.

Jin não pode resistir quando o mais novo ergueu o dedo indicador em cima dos lábios e olhou para cima, para a sua direção. Riu, nervoso.

- Alguém pode aparecer.

- A porta está trancada.

- Eh?? Quando você... Ahhh, Kazu!

Ele não foi capaz de perguntar mais nada depois que a boca do caçula encobriu o seu sexo de forma tão lenta. Isso aumentou a sua ansiedade. Jin jogou a cabeça para trás e segurou firme na borda da pia quando o pequeno começou a mordiscar seu órgão.

Kamenashi revezava as carícias de sua boca com suas mãos e quando estas assumiam o controle, ele se deixava observar o rosto deliciado do mais velho. Sentiu uma grande alegria por constatar que ainda era capaz de proporcionar prazer ao mais velho, depois de tudo.

Jin abriu um olho e encontrou o olhar devoto de Kamenashi. Aquela imagem o deixou ainda mais excitado. Deixou escapar um gemido leve, abafado, temendo que alguém pudesse escutá-los do lado de fora, mas o possível flagra apenas tornava a situação ainda mais empolgante.

O caçula se desprendeu do olhar do mais velho e voltou a se concentrar em sua tarefa. Estendeu a ponta da língua para fora e acariciou o início do sexo de Jin. Torturou-o com movimentos lentos e curtos, para depois prolongar a lambida e, por último, voltou a engolir o membro do mais velho, aumentando, finalmente, a velocidade de seus atos.

A mente de Jin embranqueceu e ele sentiu seu corpo estremecer quando atingiu o gozo. Seus ombros caíram levemente, relaxados. Mordia os lábios, ainda deliciado com aquele sentimento que Kazuya lhe proporcionou. Estava tão desnorteado, que foi o pequeno quem lhe arrumou, guardou o seu sexo e fechou-lhe a calça.

Em seguida, Kame pegou algumas folhas de toalha e passou pelo rosto de Jin, contemplando seus traços enquanto limpava o seu suor.

- Volte... Ok? – ele sussurrou.

Jin apenas conseguia sorrir.

4

O seu olhar marejado estava protegido atrás das lentes escuras dos óculos que usava. Kamenashi observou o avião em que Jin estava subir aos céus e diminuir cada vez mais de tamanho, até que finalmente seu coração se apertou ao constatar que ele havia partido.

Mordeu os lábios, impedindo o choro. Mal tomou consciência quando Yamapi veio se despedir, ele levaria os pais e o irmão de Jin para casa. O membro do News bateu em seu ombro, oferecendo apoio e se afastou.

Volte, Jin... Onegai.

Os demais integrantes do KAT-TUN permaneceram ao lado de Kamenashi, sem dizer uma única palavra, compartilhando do sofrimento do caçula em silêncio, mas todos a postos para fazer o que Kamenashi precisasse.

5

- Aqui está a chave.

Kamenashi estendeu a mão para pegar o objeto. Olhou agradecido para Akira, ressaltando mentalmente que ali estava um bom amigo. Akira atendeu ao seu pedido – um pedido complicado, diga-se de passagem – sem nem ao menos perguntar a razão.

- Farei o depósito mensalmente. – afirmou Kamenashi.

- Tranqüilo.

- E você pode usá-lo sempre que quiser ou precisar.

- Eu acho que não precisarei, mas, mesmo assim, arigatou!

- Eh?? Sou eu quem agradeço!

Akira lhe deixou um sorriso e partiu. Ele nem ao menos tinha saído do carro, veio apenas para entregar aquela chave. Kamenashi voltou para seu apartamento, foi até o estacionamento e entrou em seu próprio carro. Finalmente estava dirigindo. Essa foi a sua primeira conquista desde a partida de Jin, ele observou.

- Já fazem três meses... – ele suspirou.

Lembrar-se do mais velho abateu o seu ânimo. Bronqueando consigo mesmo por se deixar deprimir tão facilmente, ele afastou a imagem do ex-namorado e entrou no carro.

Dirigiu com tranqüilidade pelas ruas de Tóquio, tendo um destino certo. Dirigia sem pressa, ato inconsciente de evitar os momentos desagradáveis que certamente viveria durante algumas horas. Contudo, ele fazia questão de estar presente.

Logo chegou ao prédio que procurava, abaixou o vidro para se identificar na entrada. O funcionário, tendo recebido ordens expressas quanto à entrada daquele artista, abriu rapidamente a passagem para o estacionamento privativo da Safira Stars.

Kamenashi estacionou o carro e seguiu para o andar que Miura-san informou que o aguardaria. Ele realmente encontrou o diretor da JE ali e seguiram juntos até a sala de reunião.

- Isso terá validade legal? – Kamenashi perguntou.

- Não se preocupe, estará dentro da lei.

- Ehhhh... – Kamenashi refletiu – Eu me pergunto até onde chega a influência da JE!

- Provavelmente duas vezes mais do que você pensa. – Miura-san comentou.

- Deve ser...

Aquela sala estava com um clima bastante desconfortável. Não era um lugar adequado para ser realizado um julgamento, mas a pressão política das duas maiores agências do entretenimento conseguiu mobilizar o evento, de modo a preservar as imagens tanto da JE quanto da Safira Stars.

Eles se acomodaram no fundo da sala. Não que fosse uma sala grande, de onde estavam podiam ver perfeitamente o rosto da ré. Kamenashi fez um comentário mental de que Tsubasa Akeko mantinha a sua elegância mesmo estando em uma situação tão deprimente. Não deixava de ser triste.

Além da cantora, estavam presentes os advogados da Safira e da JE, algumas pessoas que compunham um singelo júri, alguns policiais e dois enfermeiros. Mitiko também estava presente, cumprimentou Kamenashi discretamente, e se acomodou em um lugar afastado.

Pouco tempo depois, a juíza entrou.

E o julgamento teve início.

7

As gravações finais de Tatta Hitotsu no Koi o ajudaram a abafar seus sentimentos e a saudade de Jin. Concentrado em seu trabalho, ele deixava até mesmo de pensar no julgamento de Tsubasa, que chegava a sua terceira sessão e cada vez mais próximo da condenação da cantora. Kamenashi fazia questão de estar presente em todas elas.

Tomou um banho na Johnnys e estava se preparando para ir novamente à Safira, quando Yamapi lhe pediu um tempinho. Kame estava adiantado, por isso aceitou ir até uma cafeteira próxima. Escolheram um lugar isolado, fizeram seus pedidos e depois conversaram sobre assuntos triviais, basicamente trabalho.

A atendente trouxe o capuccino de Yamapi e o café com creme para Kamenashi e depois se afastou. Então, o mais velho perguntou:

- Como você está?

Kamenashi se fez de desentendido e disse que estava cansado da correria, mas como a novela acabaria em breve, ele poderia descansar.

- Não me refiro a isso. Eu estou perguntando sobre Jin.

- Eh? Bem... Já faz três meses... – ele desviou o olhar -... E eu achei que o tempo amenizaria o que eu sinto. Sempre dizem que o tempo é um bom remédio, mas acho que não funciona com todo mundo... Ainda é tão doloroso quanto quando ele partiu.

Não era a intenção de Yamapi fazer os olhos do mais novo brilharem entristecidos daquela forma, mas sabia que Kamenashi precisava desabafar. Na empresa, ou na frente dos outros, ele sempre se esquivava e mantinha o bom humor. Com a correria do trabalho, ele não deveria ter muito tempo para organizar seus sentimentos.

- E você? Como se sente? – Kamenashi perguntou, um pouco hesitante.

- Eu estou muito bem. Sinto a falta de Jin, claro... Mas encontrei uma pessoa que me fez perceber que a minha amizade com Jin é o que eu realmente amo.

- Entendo... Isso é bom. – Kamenashi sorriu.

- Escuta, Kame...

- Hai?

- Se você precisar, você pode me procurar. Eu sei que você não me vê com bons olhos...

- Não é isso, é só que...

Yamapi sacudiu a mão, um gesto que demonstrava que ele não queria sua explicação.

- Vamos recomeçar mais uma vez. A nossa amizade. Ainda teremos algumas atrações como Shuji e Akira, certo? Vamos recomeçar.

- É um pouco estranho uma conversa tão séria assim... – ele riu – Mas obrigado pelo apoio.

- E Tsubasa?

- A condenação dela deve sair esta semana. Aliás, preciso ir para a sessão de hoje. – ele disse, fazendo um gesto para trazerem a conta.

- Posso ir?

- Não é algo muito agradável...

- Tudo bem, estou com a tarde livre. Eu queria ter ido desde o primeiro dia, mas alguns compromissos me impediram. Eu quero ver a sua condenação também.

Kamenashi assentiu. Eles pagaram a conta e partiram.

8

A imagem de Akeko o deixou chocado. Ela parecia alheia a tudo ao seu redor... Havia ficado agitada na noite anterior e tentou outra vez o suicídio, cortando os pulsos. Como estava sendo vigiada constantemente, novamente não logrou êxito e foi atendida rapidamente, não conseguindo mais do que uma leve cicatriz.

A cantora não negou nada uma única vez. Kamenashi notava que isso irritava o seu advogado de defesa que, aliás, já era o segundo desde o início do julgamento. O primeiro havia desistido, alegando ser essa uma causa perdida.
Na época da sua desistência, Kamenashi pensou que o advogado estava querendo dizer que era impossível conseguir uma pena branda para a cantora, mas agora ele entendia o que ele queria dizer.

Akeko estava disposta a perder. Ela confessava e admitia todos os seus planos, contando certas passagens com evidente cinismo. Ela alegava que estava plenamente sã, apesar do advogado ter mostrado avaliações médicas sobre o desequilíbrio mental da cantora. Kamenashi percebeu, então, que ela desejava a pena de morte.

Você não vai escapar!

Determinado, Kamenashi sussurrou a sua descoberta para Miura-san. No intervalo do julgamento, este se aproximou do advogado de acusação e contou-lhe à vontade de Kamenashi. Um pouco surpreso com aquele pedido, o advogado concordou.

Alguns dias depois, o júri finalmente chegou a uma decisão. A juíza leria a condenação de Tsubasa. Fez as declarações de praxe e, por fim, declarou:

- Tsubasa Akeko. Por ter sido cúmplice nos crimes de chantagem, atentado ao pudor e violência sexual, seqüestro e tentativa de homicídio e coação de menor, a corte a declarou culpada. A sua condenação é a pena de morte.

Um sorriso foi exibido nos lábios carmim. Ela ergueu o queixo, altiva. Havia vencido.

Contudo, o advogado de acusação interrompeu a condenação.

- Protesto.

O que provocou um mal-estar entre os jurados. Afinal, quem deveria protestar era a defesa e não a acusação.

- A acusação não aceita a pena de morte, pois vê isso como atender ao pedido da ré. Está claro para nós que, depois de duas tentativas de suicídio, a ré pretende fugir de suas responsabilidades com a morte. Além disso, a acusação não pediu a pena de morte, mas sim a prisão perpétua.

O incidente provocou apenas o adiamento da sessão por mais alguns dias, mas, no final, Kamenashi viu, com certo prazer, a cantora, desesperada, ser encaminhada para o carro que a levaria para a penitenciária.

Olhando para Yamapi, ele sorriu, cansado.

- Acabou.

- Agora sim, está terminado. – concordou o membro do News.

9

Saiu completamente esgotado daquela sessão. Horas e horas de falatórios e recordações pouco agradáveis. Ali, ele viveu momentos tensos em que Kamenashi pensou que não teria mais frieza para agüentar os olhares cínicos de Tsubasa em sua direção.

Queria ser uma pessoa melhor e compreender a doença daquela mulher, mas não era possível. Seu sangue esquentava em se recordar de como foi manipulado e dominado por uma pessoa como ela, em se recordar de como seu namoro com Jin nunca pode ter um momento de paz por causa de suas armações.

Não a culpava pelo término. Aceitava que o namoro terminou por única e exclusiva culpa sua. Não foi capaz de demonstrar o seu amor a Jin e nem de valorizá-lo como deveria. Não confiou nele quando deveria. Isso não era a questão. Mas saber que os poucos momentos convividos ao lado do mais velhos poderiam ter sido melhores se não fosse a presença de Tsubasa, que eles poderiam ter construído muito mais memórias juntos, isso ele não conseguia perdoar.

Além disso, o sofrimento que ela causou a Jin, isso era suficiente para que ela merecesse o pior dos julgamentos. Contudo, agora estava terminado. Finalmente, Jin foi justiçado. Ainda que Kamenashi desejasse que Kirisawa também pagasse de outra forma, a morte não desejada por ele até servia como uma punição. Diferente de Tsubasa.

Kamenashi sabia o quanto àquela mulher odiava a solidão. E agora, ela não poderia contar com a companhia de mais ninguém. Ao menos, não com as companhias que ela desejava, apenas teria companheiras impostas, companheiras criminosas como ela.

Kamenashi tentou afastar esses pensamentos. Não queria se transformar em uma pessoa amargurada, pois isso apenas daria a vitória a Tsubasa. Não devia se permitir mudar o seu caráter por culpa daquela infame.

Ele tinha que admitir, contudo, que até no final aquela mulher o surpreendia. Ela confessou tudo e também denunciou a própria culpa na morte de Nakamura Satoshi. Tsubasa contou como colocou a idéia do suicídio naquela menina, que era vítima de ijime no colégio.

Kamenashi se perguntava se isso poderia ser verdade. Ela deu provas de sua amizade com a garota e ainda houve o testemunho de Mitiko, que afirmou que a Tsubasa tinha uma relação sólida com Sayuka e muitas vezes a levou para passear, ainda que fosse a filha do ex-namorado com outra mulher.

No fim, foi considerada culpada.

O jovem estacionou o carro no estacionamento do prédio em que Jin morava. Cobriu os cabelos com uma touca, colocou seus óculos escuros, e foi para o elevador. Suspirou agradecido que nenhum vizinho apareceu até ele alcançar o andar do apartamento antigo de Jin.

Tirou a chave que Akira lhe entregou e abriu a porta. Sentiu o impacto em vê-lo tão deserto. A estante e o sofá ainda estavam ali, assim como sabia que a cama de Jin também continuava em seu quarto. Seguiu direto para lá.

Deitou-se e fechou os olhos, fingindo sentir o calor do ex-namorado. Era tão revigorante. Decidiu que ali seria o seu esconderijo secreto. Todos os dias em que o trabalho lhe esgotasse, quando quisesse ficar sozinho, ou simplesmente quando a saudade de Jin se tornasse insuportável, como agora, ele fugiria para este apartamento.

Não poderia explicar caso alguém descobrisse que tinha alugado o apartamento, mas estando no nome de Akira, poderia ficar tranqüilo quanto a isso. Agradeceu ao amigo mais uma vez, em pensamento.

Ele permaneceu deitado, sem realmente dormir, apenas sentindo a maciez daquele colchão... Kamenashi viu a coloração do quarto mudar quanto mais a tarde terminava, ficando no completo escuro quando a noite chegou. Não se importou. Deixou-se ficar nessa letargia, tentando acalmar seu coração, que exigia a presença de Jin.

Por impulso, sacou o seu celular. Procurou pelo número novo de Jin. Precisava lhe contar a punição de Tsubasa e, além disso, aliviar a sua culpa em relação à Sayuka. Essa idéia encheu o seu peito de coragem e animação. Queria mesmo era ver aqueles olhinhos se apertarem em um sorriso radiante quando soubesse tudo, mas se contentaria em escutar o seu riso.

Que horas são lá agora?

Kamenashi viu que já eram vinte e três horas. No lugar em que Jin está, o fuso horário é de quase cinco horas. Deveriam ser aproximadamente dezoito horas. Certamente, não atrapalharia o seu estudo se ligasse agora.

Mordeu os lábios, sentindo o coração disparar quando apertou o botão de discar. Colocou o telefone no ouvido e esperou.

Esperou.

Esperou.

E esperou...

10

Ele despertou com o barulho do seu celular tocando. A sua cabeça ainda estava confusa entre o que era sonho e realidade, mas sua mão moveu-se involuntariamente e foi em busca da origem daquele som. Agarrou o aparelho em cima da mobília ao lado da cama e viu o nome no visor.

Jin estreitou os olhos ao reconhecer aquele número.

- Kazu... – ele murmurou.

Três meses longe. Jin não pensou que o tempo passaria tão depressa. Três meses longe e nada mudou, ele estava consciente. Como poderia encarar o caçula sabendo disso? Ele ainda estava no mesmo lugar de quando partiu em Tóquio.

Estava confuso, talvez a distância só tenha piorado seus sentimentos. Além disso, como poderia atender a ligação de Kazuya tendo feito o que fez naquela tarde?

- Quem é?

A pergunta súbita o fez recusar a ligação por susto. Xingou baixo, ainda não havia se decidido se atenderia ao caçula ou não, mas em seguida deu de ombros. Talvez fosse melhor assim.

- Ninguém. – ele respondeu, recolocando o aparelho em cima do móvel, tendo desligado o telefone antes.

- Gozado, não sabia que ninguém era capaz de ligar para alguém.

- Ninguém que te interessa.

- Arredio ainda?

- Não enche.

- Você precisa crescer, Jin.

A pessoa não disse mais nada, mas trouxe Jin de encontro ao seu peito nu e acariciou seus cabelos negros e cumpridos. O ex-integrante do KAT-TUN fechou os olhos e se permitiu apreciar aquele carinho. Pouco depois, adormeceu.

11

- O telefone encontra-se indisponível no momento.

Aquela voz tão gélida atingiu o coração de Kazuya mais uma vez. Ele ainda não acreditava que Jin havia recusado a sua ligação e ainda por cima teria desligado o celular em seguida. Tentou se convencer de que o rapaz deveria estar ocupado, alguma atividade em que não poderia falar ao telefone, algo voltado aos seus estudos ou talvez algum trabalho.

No fundo, porém, ele sabia. Jin o recusava mais uma vez. Essa constatação só aumentou o seu estado depressivo. Deixou-se dominar pela melancolia. Ali, sozinho, ele não precisava ser forte para ninguém. Não precisava sorrir para nenhuma câmera, nem para nenhum jornalista ou fã. Nem mesmo aos seus amigos e familiares. Naquele apartamento, ele poderia desabafar.

E foi o que ele fez, sem imaginar quantas noites Jin havia chorado por ele naquela mesma cama.

12

A preocupação por Jin não ter atendido ou retornado a sua ligação foi dissipada quando Kamenashi se viu reunido com o assessor do KAT-TUN. Ito-san trazia uma notícia pouco agradável.

- Eu definitivamente não aceito.

Kamenashi nem ao menos deixou aquele homem terminar de declarar a sua proposta. Assim que entendeu o que Ito-san queria, deixou-se dominar pela revolta. Como ele poderia sugerir algo assim?

- Na verdade, isso foi uma decisão da diretoria. O KAT-TUN é formado por seis integrantes. A falta de Jin, um dos melhores vocalistas, está fazendo uma falta evidente. – ele explicou.

- Mas... Substituir o Jin? – quem perguntou foi Koki – Eu também não concordo.

Junno também se manifestou contra, Ueda nem precisou declarar sua posição e Maru estava tão revoltado quanto Kame. Ele disse:

- Depois de tudo o que ele sofreu para proteger a banda, vocês querem trocá-lo tão facilmente?

- Não é isso, Nakamaru-san. Acho que vocês ainda não entenderam a atitude de Akanishi-san. Ele saiu da banda. Ele não se afastou. Ele deixou o país e a banda.

- Jin vai voltar.

Aquela determinação de Kame fez todos voltarem seus olhos a ele. Maru se condoeu com o rosto confiante do caçula, mas também ficou penalizado. Em seu íntimo, Maru também acreditava que Jin não voltaria, mas não era por isso que aceitaria facilmente alguém em seu lugar. Por outro lado, era triste ver que Kamenashi mantinha acessas tais esperanças.

- Eu sei que ele vai voltar. Porque ele vai perceber que o trabalho dele no KAT-TUN não era apenas resultado de um trabalho esforçado. Cantar é o dom que ele possui. Ele não poderá ignorar qual é o seu destino de fato. Ele pertence ao KAT-TUN e o KAT-TUN pertence a ele. Não há outro “A” para a banda que não Akanishi Jin. – Kamenashi continuava a sua defesa tão fervorosa – Eu definitivamente não aceitarei isso.

- Kazu... – Koki murmurou, emocionado.

- Assim como não há outro “T” para Taguchi Junnosuke e nem para Tanaka Koki... Ou outro “U” para Ueda e “N” para Nakamaru. O KAT-TUN é formado por nossos próprios nomes. Ninguém poderá nos substituir. – ele foi firme – Não haverá um substituto para o Jin.

- Kamenashi-san. – Ito-san ainda tentava argumentar.

- Gomen, Ito-san. Eu realmente sinto muito em ser tão atrevido. Mas eu não vou aceitar. Essa é a minha decisão.

- Essa é a NOSSA decisão. – declarou Ueda.

O assessor suspirou, derrotado.

- Pois bem, eu levarei o sentimento de vocês à diretoria. Acredito, porém, que eles não desistirão facilmente.

- O senhor vai me desculpar novamente, mas eu duvido que Miura-san esteja de acordo com isso. – afirmou Kamenashi – E, mesmo que ele estiver, e se eles quiserem insistir, então o senhor faça o favor de dizer a eles para procurarem alguém para assumir o “K” também. Se alguém entrar no lugar do Jin, eu saio.

Sem mais, ele se levantou e saiu da sala.

Jin... Assim como você protegeu o meu lugar na banda, aceitando as chantagens de Harada, não permitirei que outra pessoa ocupe o seu lugar.

Ele estava determinado.
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptyTer Jun 15, 2010 5:56 pm

=O Yuko era apaixonada por Pi
*Nara Shocked*
um ultimo momento (pelo menos por enqto né ou acabou mesmo entre eles?) de Akame *-*
Prisao perpetua pra Tsubasa \o/
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptyDom Jun 20, 2010 4:07 am

Sim, a Yuko era apaixonada pelo Pi *.*... (Eu gosto da Yuko! hahaha)

Foi um Akame de despedida, mas se será o último... Continue lendo! ^.~ rsrsrs

Obrigada!!
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptyDom Jun 20, 2010 4:15 am

Ódio

1

O Sol fraco do inverno rigoroso dos Estados Unidos iluminava pouco aquele quarto. Jin não tinha a menor disposição para sair da cama. A coberta estava quente e ainda sentia sono, mas os barulhos que vinham da cozinha – liquidificador e microondas – não o deixavam dormir em paz.

Maldição. E o respeito pelo sono alheio, onde fica?

Levantou-se a contra gosto e foi para o banheiro lavar o rosto. Escovando os dentes, caminhou até a janela e constatou a neve que caiu durante a noite, mas a entrada da casa já estava devidamente limpa. Pensou em sua sorte por ter alguém tão organizado como colega de quarto.

Depois de terminar sua higiene matinal, foi até a cozinha e o encontrou usando apenas a calça moletom, exibindo seus músculos e ombros largos. Apesar do corpo másculo, o rosto daquele rapaz não era tão viril. Seus cabelos eram negros e lisos, caindo pelos ombros com uma parte presa em um coque, metade da franja caía pela lateral do rosto, cobrindo uma das sobrancelhas. Era um belo espécime coreano.

Andrew Kim preparava omeletes. Era viciado em ovos, Jin pode constatar rapidamente em sua primeira semana de convívio com ele. Este seria o cardápio diário se Jin não estabelecesse algum limite em seu companheiro.

- Ohayou. – ele o cumprimentou, sabendo que o outro era fluente em japonês, e foi até a cafeteira encher a sua xícara.

- Fale em inglês. – foi a resposta seca.

- Ohayou!

- Não veio para cá para estudar inglês?

- Também. – Jin abriu o jornal e leu algumas manchetes, em seguida disse: - Mas estamos de férias!

- Como é relaxado com os estudos... Pode viver mil anos aqui e não vai aprender nada! Além disso, EU estou de férias, já que estou em um curso regular... Mas você, que se inscreveu para um curso de seis meses, continua tendo aula. Vai matar de novo?

- Acho que vou...

- E pretende voltar para o seu país com um inglês precário como o seu?

- Meu inglês é very good!

- Tô vendo...

- Anooo... A Yuko vai me levar até o centro.

- E de que vai adiantar se você é um bundão? – ele perguntou tranqüilamente -Experimente um pedaço da omelete.

- Vai pro inferno!

- Só sabe xingar... – e ele levou um pedaço da omelete até a boca de Jin – Quer mais sal?

- Um pouco mais.

Kim arrumou o balcão que eles usavam como mesa e serviu o café. Enquanto comia, o coreano voltou a falar:

- Não adianta nada ir até lá se você não é capaz de falar com Nakamura. Para isso, fique aqui mesmo, deprimido, por mais três meses.

- Você não entende.

- O que? Eu não entendo como é matar uma pessoa? – ele riu com descaso – Logo eu?

Jin sentiu um leve arrepio pelo modo tranqüilo como Kim falava de seu passado sombrio. Aquele semblante tão delicado, em algum lugar de sua adolescência, já havia sido manchado de sangue. De outra pessoa.

- Quem não entende o que é matar alguém é você, Jin! Quem não entende o que é uma decisão, é você!

- Você não entende como eu me sinto.

- Honestamente, não mesmo. – ele engoliu o último pedaço da sua omelete, então disse:- Mas sei que você está perdido por causa dessa menina... Sayuka. Só que você não tem mais dez anos... Você fará vinte e três. Já atingiu a maioridade no Japão há muito tempo. E neste país também. Quando você vai virar homem?

- Por que não me diz claramente o que quer, droga?

- Se eu disser, não adianta nada. Você continuará sendo um menino que apenas sabe o que é ser um homem. Mas não será um homem.

Jin jogou o garfo no prato.

- Vou me trocar.

- Esse gênio arredio também não ajuda muito.

O japonês apenas lhe deu as costas. Kim riu. Aquele garoto era muito interessante, embora bastante confuso. Terminou o seu café tranqüilamente e depois arrumou a cozinha. Quando foi para o quarto, encontrou Jin terminando de se trocar.

- Estou indo para a academia. – ele revelou enquanto tirava a sua calça, sem se importa em ficar nu - Devo voltar só no final da tarde... – caminhou até o guarda-roupas e vestiu uma cueca e uma calça de ginástica, além de uma camiseta branca - Não ande pelo campus sozinho... Sabe que o otário do Harley e seus amiguinhos ainda estão a fim de te pegar.

- Eu devo voltar só à noite... A Yuko me dará carona na volta, não se preocupe.

- Dependendo da proteção de uma garota... Tsc... – ele foi até Jin e o beijou – Te vejo a noite então.

- Sim, você só vai me encher o saco à noite. – foi a resposta mal-educada, que rendeu apenas risos do outro rapaz. – Você pensa em ir à festa do Bryan?

- Não pensei sobre isso ainda... Você está a fim?

- Hum... Penso em dar uma passada por lá.

- Ok, iremos então.

- Não preciso de um guarda-costas! Vai se você quiser!

- Ah, Jin... – ele riu com um ar de superioridade, o que irritou ao japonês - Se eu não tivesse te encontrado a tempo no seu primeiro dia de aula... Você teria certeza de que não pode andar sem mim por esse campus.

O japonês sentiu outro arrepio ao se recordar de como foi o seu primeiro dia como calouro. Não queria descobrir, definitivamente, se Kim tinha razão em se preocupar tanto com a sua segurança. Afugentou as lembranças de quando foi cercado por Harley e mais dois rapazes, um deles do tamanho do armário – esse sim, o deixaria sem andar por um bom tempo se o pegasse – e se concentrou no presente.

- Saí da prisão para entrar em outra? – perguntou, melancólico.

- Quem manda ter esse rostinho de boneca?

- Você também tem!

- Sim, mas eu também tenho esses músculos! – e ele ergueu os braços – Coisa que os seus braços finos estão muito longe de possuir.

- Eu não sou tão magricela em meu país.

- Então, volte para lá! – foi a resposta simples do coreano - Até mais tarde, Jin.

- Até mais...

Ao menos, perto do dormitório Jin não precisava se preocupar, pois os amigos de Kim ocupavam todas as casas mais próximas e eram tão bons em briga de rua quanto o coreano era em Taekwondo.

2

A casa de muros brancos com um belo jardim, protegida por um cercado e com uma caixa de correios bem à frente era um cenário tipicamente americano, Jin pensou, apoiando o queixo na janela do carro. Era uma casa pequena, mas parecia aconchegante.

A dona do lugar era uma bela mulher, ele bem sabia, já que era um visitante costumeiro, embora a própria mulher não tenha consciência de sua existência, ele nunca chegou a sair do carro de Yuko em todas as vezes que ia até ali.

Ela mantinha os cabelos longos sempre presos em uma trança, seu corpo ainda era esbelto, e não era para ser diferente, já que praticava ginástica três vezes por semana. Jin também sabia onde ficava a academia.

- E aí, decidiu? – Yuko perguntou, mas de modo gentil, aproximando-se do ouvido de Jin. – Vamos dessa vez?

- Eu acho que sim. – ele respondeu vagarosamente, incerto – É ridículo ser assim tão medroso, não é?

- Claro que não.

- Kim acha que é...

- Kim acha?

- Ele disse que eu preciso virar homem de uma vez.

- Isso é meio difícil, já que você dorme com outros homens... – ela riu.

- Owee! – ele riu – Eu esperava um apoio e não uma piada!

Yuko apenas mostrou seus dentes a Jin.

- Ora, Jin. Aposto que você não entendeu o que o Kim quis realmente dizer... Eu quase nunca entendo o que aquele cara diz, não lhe dê tantos créditos.

- Acho que ele é uma pessoa incrível...

- Não duvido que seja... Você o ama?

- Não foi o que eu disse.

- Você já esqueceu aquela pessoa?

- Vamos entrar. – ele encerrou a conversa abrindo a porta e saindo do automóvel.

Yuko suspirou e o seguiu. Ainda levaram algum tempo, mas, finalmente, Jin apertou a campainha. Pouco depois, Mayumi abria a porta e olhava com certo assombro para aquele jovem.

- Akanishi-san? – ela piscou os olhos.

3

- Minha filha o adorava, como eu não saberia quem é você? – ela riu, servindo biscoitos aos visitantes.

Em um primeiro momento, aquela mulher ficou surpresa com a presença de um artista da JE em sua casa, ainda mais sendo o ídolo de Sayuka. Embora o motivo daquela visita não tivesse sido explicada ainda, em seu íntimo, Mayumi tinha uma vaga idéia...

Jin, constrangido com o comentário, sorriu de leve, com o olhar baixo. Yuko, embora soubesse o assunto que seria tratado ali, parecia não se intimar pelo ambiente. Sorria animadamente para Mayumi e aceitou os biscoitos rapidamente.

- Uau!!! – ela exclamou – Que delícia!! A senhora é uma cozinheira excelente!

- Arigatou. – Mayumi riu e olhou com carinho para aquela garota tão extrovertida.

- Ahhh, se minha mãe soubesse cozinhar assim! A senhora pode me dar a receita?

Enquanto as duas mulheres se entretinham naquele assunto, Jin olhou ao seu redor. Era uma casa realmente aconchegante, com cores claras, alguns retratos pendurados nas paredes, uma televisão de tamanho médio e uma lareira, que estava acessa naquele momento.

Jin se levantou em um determinado momento e se aproximou do retrato de uma jovem. A garota era pequena, estava ao lado de outras jovens que pareciam ter a mesma idade. Ela usava os cabelos curtos e com franja.

- Esta é Sayuka?

Mayumi interrompeu o riso, que havia sido provocado por algum comentário de Yuko, e desviou o olhar para o jovem.

- Ah... Você se lembra dela?

- Sinceramente? Não... E eu sinto muito por isso.

- Por que? Isso é normal! – ela riu - Vocês devem conhecer tanto genta nesse mundo da JE, não é?

- Um pouco... - ele admitiu.

Àquela altura, Jin já havia percebido que aquela mulher não lhe guardava nenhum rancor. Não conseguia compreender o motivo, já que o ex-marido possuía um ódio extremo por ele. Decidiu entrar no assunto de uma vez e escutar o que aquela mãe poderia ter a lhe dizer.

- Nakamura Satoshi me acusou de assassiná-la, Mayumi-san. Eu realmente sinto muito, eu não sei o que eu fiz, mas eu sinto muito!

Yuko olhou para o amigo, sentindo o coração doer muito ao vê-lo tão amargurado. Aquela expressão não combinava em nada com Jin. Ela, porém, desviou sua atenção para Mayumi e a viu séria. O que aquela mulher estaria pensando depois de ouvir a declaração de Jin?

Aos dois jovens, uma coisa era evidente. Relembrar a morte da filha era algo bastante doloroso e ela parecia perdida dentro da própria mente, talvez havia regressado à aquela época em que, certo dia, ao entrar no quarto de Sayuka para despertá-la, encontrou-a morta...

Yuko pensou consigo mesma que esse tipo de situação deveria ser proibida. Filhos não deveriam morrer antes dos pais, era o seu pensamento. Ela notou a expressão de Mayumi voltar a se suavizar e ela sorriu para Jin. Levantando-se, aproximou-se do rapaz.

- Você não se lembra mesmo dela, não é?

- Gomen, eu não me lembro...

- Então não se preocupe. Tenho certeza de que o que quer que você tenha feito, não foi com a intenção de machucá-la...

- Mas... Mas... Nakamura-san... Me odiou tanto... Além disso, se não fosse algo importante, sua filha não teria escolhido a morte.

-... Mesmo sendo uma pessoa muito ocupada, Akanishi-san, nós não podemos esquecer de nossas atitudes que praticamos com a intenção de ser cruel. Isso é impossível. Mesmo que a pessoa não se arrependa do que fez, ainda assim, não é algo que ela possa esquecer. Acredito que tenha sido uma maneira de Deus aplicar a sua justiça, caso a dos homens falhe, ou, ainda, quando se trata de um caso em que a sociedade não pode sequer realizar um julgamento honesto... Quem é cruel jamais esquece seus atos.

Jin a fitou, ansioso, esperando pela conclusão daquela mulher.

- Dessa forma, acredito que você não teve intenção alguma de fazê-la sofrer, já que não há o menor vestígio daquele dia dentro de sua cabeça... E sobre Satoshi... – ela suspirou – A verdade, é que ele era muito influenciado por opiniões alheias. Havia uma pessoa em sua vida que tudo o que dizia a ele virava lei dentro de sua cabeça... Eu nunca entendi aquela lealdade que ele dedicava a essa pessoa... Em todo caso, após a morte de nossa filha, Satoshi sumiu. Eu não sei quais tipos de idéias erradas ele alimentou durante esse tempo até a sua morte... Apenas sei que ele não teve a oportunidade de ler a carta que Sayuka nos deixou.

- Uma carta? – Yuko perguntou, curiosa.

- Eu a encontrei somente no dia em que comecei a arrumar os objetos em casa para me mudar de país. Espere só um minuto, Akanishi-san.

Jin concordou e a viu subir as escadas. Olhou para Yuko, que lhe disse:

- Está vendo? Não precisava ter tanto receio... Ela não te odeia... O ex-marido dela é que é um louco!

- Talvez esteja certa, Yuko... – ele ponderou, com alguma hesitação -... Mas acho que eu nunca teria pesado minhas responsabilidades se eu não soubesse do ódio de Kirisawa por mim e nem pela atitude de Sayuka.

Pouco depois, Mayumi retornava com uma grande caixa de papelão decorada com flores e corações.

- Aqui, Sayuka costumava guardar seus tesouros... Foi onde eu encontrei a sua carta. – ela explicou, enquanto abria a tampa na frente dos jovens.

Ali dentro, eles viram uma série de objetos bastante característicos de meninas no auge de seus quinze anos. Havia ursinho de pelúcia bem velho, com um dos braços com menos pêlos que o outro, cartas de amigas da infância e muitas revistas. Quase todas com Jin ou o KAT-TUN na capa, além de fotos de seu ídolo compradas como suvenir em shows.

Com autorização de Mayumi, Jin folheou as revistas, encarando a própria imagem de três, quatro anos atrás, algumas mais antigas ainda, da época em que ele entrou na JE. Aquela menina realmente o adorou, ele constatou com certa tristeza.

- Esta é a carta que ela me deixou, Akanishi-san. – Mayumi pegou um envelope branco e o entregou ao jovem.

- Posso? – Jin perguntou.

- Vá em frente.

Jin retirou a carta do envelope e correu o olho pela folha. Não era uma carta longa.

Mãe,

Eu espero que você realmente possa entender e perdoar a minha atitude tão egoísta.
Sei que devia ser forte, sei que devia me esforçar ao máximo, sei que devia ser paciente e tolerar os desafios que aparecem em minha vida.

Mas, mãe...

Eu sou fraca, preguiçosa e impaciente. E eu mereço ser punida por isso?

Não sei. Sei que está sendo cada dia mais difícil ir para a escola. Alunas mais velhas me prendem no banheiro, sujam meu uniforme, me fazem de boba. Não sou bonita e nem sou inteligente.

Sou apenas eu.

Mas eu sou não boa o suficiente, essa é que é a verdade.

Né, okaa-san...

Ontem à noite eu tive o meu maior presente. Conheci o Jin. Ainda que ele não possa sequer ter idéia da minha existência, eu estava entre as centenas de fãs, assistindo ao show do KAT-TUN. Ele não poderia nem ao menos me enxergar ou me ouvir, mas eu o via e o ouvia. Meu coração parecia que ia explodir de tanta felicidade.

Gomen, se pareço egoísta ou mimada por dizer isso, mas, eu acho que nunca fui capaz de ser igual ou mais feliz que ontem. Gomen, mãe. Eu sei o quanto você se esforça por mim, mas eu não sei explicar o que é essa alegria que eu senti ontem... Foi apenas incrível.

Agradeço por este presente que você e o papai me deram... Mesmo que o pai não esteja muito presente ultimamente, não é mesmo? Mas não o culpe, mãe, deve ser o trabalho e não deixe ele se culpar pela minha morte por causa do trabalho também...

Às vezes, temos que tomar uma decisão.

Eu já tomei a minha.

Ontem.

Durante o show.

Gomen, mãe.

Prometo que não me arrependerei.

Sayuka.


- Eu não entendo mais nada... – Jin admitiu ao final da leitura – O que aconteceu com essa menina, afinal de contas? Ela fala da morte como se fosse algo feliz e não uma atitude desesperada de quem sofre com ijime... O que aconteceu naquele show?

- Eu também fiquei muito confusa sobre isso, Akanishi-san. – o tom de voz de Mayumi era de compreensão, assim como o seu olhar - Sayuka chegou aos prantos em casa... Satoshi e eu concluímos que algo muito ruim machucou o coração de nossa menina naquele show. Não podíamos imaginar o que tinha acontecido... Mas sabem de uma coisa? Hoje, eu já consigo enxergar aquele momento de modo diferente. Sayuka chorava porque estava decidida... Ela, como ela mesma se descreveu, sempre foi uma menina fraca... E escolher a morte não é algo fácil. Mas ela estava contente com ela mesma por ter feito uma decisão... E ter tido a oportunidade de ver o artista que ela tanto admirava, acho que foi como uma despedida... Se ao menos Satoshi ou eu pudéssemos ter enxergado o que ela sofria na escola...

- A senhora não teve culpa... – Yuko afirmou, tomando suas mãos, emocionada com o desabafo de Mayumi – Os pais não são onipresentes... A partir de certa idade, eles só conseguem entrar na vida dos filhos se eles permitem.

Mayumi lhe sorriu agradecida. Então se voltou a Jin mais uma vez.

- De qualquer modo, eu não sei o que Satoshi pensava sobre isso... Mas eu não acredito que Akanishi-san tenha alguma ligação com a morte de Sayuka. – ao ver que o rapaz ia protestar, ela elevou o tom de voz e prosseguiu: - Ainda que tenha feito alguma coisa, a sua reação já prova que não foi nada demais... Você está carregando um remorso que não é seu, Akanishi-san.

Jin sentiu seus olhos lagrimejar, mas controlou sua emoção.

- Você nunca me odiou, Mayumi-san?

Ela riu diante da pergunta e da expressão temerosa daquele jovem. Parecia que aquele rapaz só tinha idade e tamanho, mas continuava uma criança por dentro.

- Eu preciso ser sincera... Confesso que por muito tempo me arrependi de ter dado aquele ingresso à Sayuka, de ter deixado que ela se envolvesse tanto com um fanatismo por alguém que não poderia retribuir o sentimento e até mesmo cheguei a desejar que vocês nunca tivessem realizado aquele show, mas... Ódio, eu nunca senti. Nem mesmo das pessoas que machucaram Sayuka na escola... Esse tipo de sentimento apenas travaria a minha vida... Escolhi continuar a minha vida. E isso pode ser muito mais difícil, pois as pessoas julgam demais uma as outras... Que mãe não odiaria o motivo pelo qual sua filha se matou?

É estranho... Jin pensava consigo mesmo. Kame, Yuko, Kim... Muitas pessoas me disseram que eu não deveria me culpar pela escolha de Yuko. Eu mesmo tinha consciência de que é impossível prever as reações das pessoas, mas... Escutar Mayumi-san afirmar que nunca me odiou, que não me culpa, sendo ela a mãe de Sayuka... É como se tirasse um bonde das minhas costas... Por que me sinto tão leve em estar diante dessa mulher?

Jin não compreendia muito bem, mas seu espírito estava recebendo um alento. A declaração de Mayumi, para ele, era como se fosse um perdão. Inconscientemente, ele precisava descobrir que alguém da família daquela garota não o considerava culpado. Era como se fosse a chave das correntes que aprisionaram a sua alma. E, naquele momento, estava sendo liberto. Afinal, qual melhor chave do que receber o perdão de uma mãe?

- Talvez... – Mayumi prosseguiu – Se eu tivesse continuado ao lado de Satoshi, também teria me contaminado por um sentimento torto, como ele. No entanto, ele sumiu. Eu perdi o chão, mas não me permiti ser absorvida por essa crise. Arrumei minhas coisas e fui embora... Parece uma fuga, não é verdade? – ela riu – Na verdade, era apenas um modo de recomeçar, já que eu não tinha do que fugir. Aproveitei a direção que a minha vida tomou e quis realizar meus sonhos de juventude... Pode ser um pouco tarde demais para esse tipo de sentimento...

- Jamais. – era óbvio que Yuko não concordaria com esse tipo de afirmação, tendo a personalidade que possuía – Se eu chegar aos noventa anos e com boa saúde, também realizarei tudo o que eu tiver vontade!

- Cala boca, Yuko! – Jin riu.

- Ora, mas é verdade! Só não farei se o reumatismo não me permitir!

Mayumi soltou uma risada com vontade. A si mesma, imaginava se Sayuka poderia ter se tornado uma mulher com tão bom senso de humor se tudo tivesse sido diferente, se ela não tivesse morrido, se tivessem conseguido salvá-la e ela tivesse uma segunda chance.

Por algum momento, ela apenas ficou observando o casal ainda discutindo sobre o assunto. Era bom ouvir a risada dos jovens novamente... Há algum tempo que só convivia com pessoas da mesma faixa etária. Mayumi sorriu e os serviu com mais chocolate e biscoitos.

4

- Frio! Frio! Friooooooo!

Yuko entrou correndo em seu carro depois que eles saíram da casa de Nakamura Mayumi. Jin não estava com tanta pressa e entrou alguns instantes depois. A garota esfregava as mãos e assoprava para esquentá-la mesmo usando luvas. Jin pensou que ela não deveria ser tão sensível ao frio, já que no Japão o inverno é bastante rigoroso.

- E se eu tivesse nascido no deserto eu seria imune ao Sol? – ela retrucou, quando ele fez o comentário – Não diga besteiras!

Ele ligou o carro e partiu.

- Né, Jin... Como se sente?

- Hum... Acho que... Aliviado. É... Aliviado. – ele deixou escapar um sorriso – Não sei explicar porque só ouvindo de Mayumi-san que eu não era capaz de me esquecer se tivesse feito algo cruel foi que eu pude me sentir bem. Eu quero dizer, muitas pessoas me disseram que eu não tive culpa...

- Certas coisas não têm explicação. – Yuko disse – Mas acho que só o fato de você estar se sentindo bem com você mesmo novamente tornou válida essa viagem aos Estados Unidos, não?

- Acho que sim. Eu não teria saído do Japão se não fosse por você, Yuko... Agradeço, de verdade!

- Que nada! Você mesmo disse que sempre pensou em sair de lá!

- É verdade. – ele suspirou – Mas sempre foi só um pensamento... E só você me deu a coragem para colocar isso em prática!

- Ok. Então seja agradecido e me leve para jantar algum dia desses. E em um restaurante bem caro!

- Um simples “de nada, eu sou sua amiga, pode sempre contar comigo”, não era isso o que você deveria responder?

- Ora, isso não enche a minha barriga! – ela reclamou – Ah, que horas vocês vão passar em casa?

- Bom... O Kim já deve estar em casa, eu vou me arrumar e daí passamos na sua casa, por volta das 22h, pode ser?

- Combinado. Vamos de carro?

- Não precisa, a casa do Bryan não é longe. Aí você pode encher a cara!

- Não fale como se eu fosse a única bêbada neste automóvel! – ela riu.

5

O som já podia ser ouvido a algumas quadras de distância e Jin podia afirmar que era bom. Isso não era uma surpresa, ele conhecia os membros daquela banda, já havia participado de outras festas em que eles comandaram o som.

Kim e ele passaram na casa de Yuko, que não era tão longe do campus, e depois seguiram para a festa. Logo no jardim da casa de Bryan, Jin notou os olhares gulosos de Harley, Jack e Allan.

Cretinos.

Ele sentiu uma pressão em seu ombro. Kim passou o braço ao redor do seu pescoço e lhe exibiu um sorriso. Sem que ele dissesse uma palavra, Jin entendeu o recado. Kim estava ao seu lado e o protegeria.

Era estranho sentir alguém lhe protegendo com tanta devoção e demonstrando tanto afeto. Pi o protegia, mas era muito discreto. E Kamenashi era aquele que sempre precisava ser protegido... Assim, era natural que se sentisse incomodado com essa situação, mas não era de todo ruim, ele tinha que admitir. Sorriu de volta para o coreano.

A fumaça de cigarros, e outros fumos, a pouca iluminação, tanto na rua quando dentro da casa de Bryan, e o som alto provocava aquela sensação de entrar em um mundo à parte. Jin se lembrou das noitadas em Ginza. Festas, baladas. Um momento para esquecer as preocupações, beber e se divertir. Eram poucas horas, um refúgio, uma pausa apenas. Mas era o máximo.

Kim foi pegar bebidas, Yuko e Jin aproveitaram e se aproximaram da garagem para ver o show melhor. De onde estavam, o rapaz era capaz de observar toda a movimentação em cima do palco.

Aquelas imagens vieram naturalmente em sua cabeça. Recordou-se da primeira vez em que subiu em um palco. Naquele tempo, estava nervoso e não conseguia ficar quieto um instante. Foi xingado tanto por Ryo, quanto por Pi, o dois que sempre mais sofriam quanto Jin estava elétrico. E foi aquele garoto pequeno quem o acalmou...

Droga... A conversa com Mayumi-san me deixou sentimental.


Veio à sua mente também, o primeiro dia em que KAT-TUN se apresentou. Sabia que todos estavam nervosos. Faziam piadas sem parar. Incrivelmente, o único tranqüilo era Kamenashi, o caçula. Ele sempre parecia mais velho quando o assunto era a banda. Desde o começo, ele era o que mais levava aquele projeto a sério e não se deixava intimidade por nenhum desafio. Maru, Koki e ele faziam brincadeiras sem parar um minuto, tentando aliviar aquela ansiedade. Junno estava incrivelmente quieto e Ueda, falante. Sim, todos estavam bastante nervosos.

Um sorriso involuntário surgiu nos lábios de Jin que, ao se dar conta de que estava caindo novamente em seu passado, tentou se concentrar em seu presente e afastou a imagem de Kamenashi e os outros de sua cabeça.

Voltou a se concentrar nos outros estudantes que estavam em cima do palco. Não eram artistas. Eram amigos que gostavam de música e dividiam o seu talento para outros amigos. No começo de sua carreira na JE foi assim, ele pensou. Quando apenas era dançarino de outras units, apenas uma criança com um rostinho bonito, que passava despercebido pelas fãs das estrelas do show em questão.

Jin sacudiu a cabeça discretamente. Por que pensava tanto em seu passado?

Ele viu o guitarrista arranhar algumas notas mais ousadas. A platéia vibrou. Jin sorriu, adorava a sua guitarra. Ele a deixou na casa dos pais. Quantas noites ele não perturbou o sono dos pais – e dos vizinhos – enquanto aprendia a tocar? E, naquele tempo, ele não falava em outra coisa. Perturbou Yamapi o quanto conseguiu, trocava conselhos com Ryo, e até tentou ensinar Kamenashi, que, pra variar, não lhe deu muita atenção. Gentilmente, o pequeno o escutava, mas logo se distraía com outras coisas mais interessantes. Jin riu ao se lembrar de como gostava do jeito educado de Kamenashi até quando ele usava para lhe ignorar.

- Ei, japonês!! – alguém veio afastar suas recordações.

Um rapaz loiro e sorridente se aproximou. Era Leonard Maguire, da turma de Kim, divertido e sempre rodeado de garotas. Um dos principais do time de futebol.

- E aí? – Jin o cumprimentou.

- Estamos marcando um futebol no ginásio coberto do prédio do pessoal de educação física... Tá a fim?

- Pode ser. Quando?

Leo lhe informou os detalhes e já estava se distanciando de novo quanto notou a aproximação de um rapaz baixo, troncudo e mal-encarado. Era Harley. Vinha acompanhado de outro dois rapazes, um deles com o dobro do seu tamanho, mulato, cabelos raspados e usava regata para deixar seus músculos a mostra, Alann. E, por último, Jacko, ou Jack, moreno, mais baixo e menos forte que os outros dois, ainda assim, era ameaçador os músculos que possuía.

- O que quer, Harley?

- Nada com você, Leo. Pode ir.

- Eu não vou a lugar algum.

- Relaxa, loiro! – Harley sorriu de modo sacana – Só quero trocar uma idéia com o japa!

Jin o olhou torto e, por instinto, posicionou-se à frente de Yuko. O ato, contudo, não passou despercebido e o americano demorou um olhar guloso em cima da garota que, para diverti-lo ainda mais, não se intimidou nem um pouco e o olhou com descaso. Depois, ela deu as costas e voltou a prestar atenção à banda.

- O que quer? – Jin perguntou, tenso, não estava gostando do modo como o outro olhava para a sua amiga.

- Acho que mudei de idéia... Não quero mais conversar com você. – e ele andou um passo em direção à japonesa.

Jin, porém, entrou em seu caminho.

- Eu pensei que covardia tinha limite. – ele disse – Vai querer atacar garotas, agora?

- Eu sempre ataquei garotas. A única que não consegui foi você... Ainda. – ele sorriu.

- Imbecil.

Jin o pegou pela gola da camiseta, ato que provocou uma certa movimentação das pessoas ao redor. Leonard teve que se colocar na frente de Allan e Jack, que já queriam partir para cima do japonês abusado. O loiro rezava para que os outros jogadores do seu time percebessem a situação e viessem ajudar, ou que o próprio Kim voltasse logo.

- Perdeu o medo, frangote?

- De você? De você eu não tenho medo! – Jin não mentiu de todo. Ele tinha medo era de Allan, mas não admitiria isso. – Se você não fosse tão covarde e não usasse métodos sujos para atacar os outros, certeza de que você perderia essa sua pose rapidinho.

- Isso é um desafio? Quer me pegar no um a um?

- Isso não é um desafio. É a sua realidade... Se protege nas costas desses dois armários! Vai pro inferno, seu imbecil!

- E você que dá a bunda para ter a proteção do coreano??

- Ora, seu...

E Jin perdeu completamente a razão, partindo com um soco no nariz daquele sem-vergonha. A confusão estava armada.

Yuko viu Allan se livrar rapidamente de Leonard para ajudar Harley. Ela olhou ao redor e pegou a primeira garrafa de cerveja que encontrou. Correu até aquele mulato. A garrafa se estilhaçou nas costas do rapaz. A camiseta branca que usava foi tingida de vermelho escuro, mas isso não pareceu abalá-lo. Ele se virou e olhou para a garota abusada.

- Xi...

Yuko saiu correndo quando notou que despertou a zanga de Allan. Para sua sorte, viu alguns garotos correrem em direção contrária a sua, na direção da briga, e dois deles a defenderam do amigo de Harley.

- Acabem com ele!! – ela pediu, com uma certa empolgação.

Ela, porém, não se deixou distrair com aquela luta. Procurava por Jin. Ela o viu tentando se afastar de Harley, com a mão em seu próprio nariz, que já sangrava. Yuko notou que o amigo andava cambaleante, estava tonto. Harley corria para atingi-lo com um pedaço de cano. Onde aquele maldito teria escondido aquela arma? Yuko se perguntou, mas nem ao mesmo deu uma resposta a si mesma e gritou:

- JIN, CUIDADO!!

O japonês se virou a tempo de ver o americano erguer o cano. E colocou os braços acima da cabeça para se proteger, mas não foi preciso. Alguém segurou o cano por trás de Harley.

Yuko respirou aliviada por reconhecer Kim. Correu até Jin para afastá-lo da confusão, enquanto o coreano e Harley começavam a brigar.

6

- Que confusão! Eu te deixo alguns minutos sozinho e você acaba com a festa! – ele comentou, rindo.

- Não enche! – ele resmungou - Ai, Yuko!! Isso arde!!

Eles estavam no pátio do dormitório de Jin e Kim, enquanto a garota fazia alguns curativos no rosto inchado do amigo. Kim não tinha nenhum ferimento à mostra e perceber isso irritou a Jin.

- Tem que lavar as feridas para não infeccionar, imbecil!

- Você é tão delicada quanto um mamute! Não consigo acreditar que um dia já fui apaixonado por você!

- Eu sempre fui assim! E era isso o que te deixava louco, não? – ela piscou um olho – Não seja chorão, Jin! Pronto, acabei!

Jin inflou as bochechas, de mau-humor. Kim bateu de leve em sua cabeça.

- Não fique assim, criança.

- Não enche, já falei.

- Obrigado pelos curativos! Ele não tem muita educação, então eu agradeço em seu lugar!

O comentário de Kim apenas provocou um olhar zangado em Jin, mas ele nem ao menos se abalou.

- Não se preocupe, eu já estou acostumada. Bem, vou indo.

- O Léo vai te acompanhar! – Kim afirmou.

- Não precisa, não é longe.

- O sacana do Harley quer aprontar com você, garota. E você já percebeu que ele não pega leve, não? Espera um pouco que eu vou chamar o Léo.

Kim nem ao menos deu ouvidos aos protestos da garota e foi até o dormitório do amigo. Yuko sacudiu os ombros, vencida. Jin também opinou que era melhor que ela fosse embora acompanhada.

- Eu iria com você, mas como você foi testemunha, não sou de muita ajuda!

- Não fique deprimido com o que aconteceu...

- Como não ficar? E o meu orgulho masculino? E se você dizer que eu não tenho isso porque durmo com homens, a gente vai brigar!

Yuko riu e engoliu a piada, fazendo Jin rir também.

- Ah, Jin, é que aqueles trogloditas brigam todos os dias, você não quer se comparar a eles quer? Jin, me conta uma coisa... O que você fez para aquele tal de Harley aprontar tudo isso?

A resposta de Jin não foi de muita explicação.

- Nasci japonês.

Ela franziu a sobrancelha, então Jin lhe contou que, algum tempo atrás, houve um atentado naquela universidade e o irmão mais velho de Harley foi uma das vítimas.

- E o que isso tem a ver com o Japão?

- Nada. O criminoso era um chinês... Mas você sabe, né, Yuko? Fora da Ásia, somos “todos iguais”, é o que os ocidentais dizem sobre nós. E o Harley não quer saber se somos japoneses ou coreanos. Não que justificasse se fossemos mesmo chineses. Como o assassino se matou depois de atirar contra os alunos, Harley está preso a uma vingança que nunca será saciada. Ele nunca estará frente a frente com o assassino e acho que isso é o que o deixa mais louco... Então ele “recrutou” algumas pessoas que também tem preconceitos contra asiáticos e, pronto... Está formada a liga idiota dos “caçadores de bruxas”.

- É por isso? Que cara imbecil!

- O Kim também acha que é porque eu tenho cara de boneca!

- Esse motivo eu posso compreender.

- OW!! Você tem certeza de que é minha amiga?

Quando Kim e Leonard, acompanhado de outros jogadores do time de futebol, se aproximaram, encontraram o casal de japoneses rindo. O bom humor de Jin estava de volta, o coreano percebeu. Até que ponto aquela garota conseguia fazer bem a Jin, ele queria saber.

Yuko se despediu e foi embora com os rapazes, gracejando com a situação. Kim sentou-se no lugar ocupado anteriormente pela garota e segurou o queixo de Jin.

- Que estrago...

- Agora você não pode dizer que meu rosto é de boneca!

- Claro que posso! Não assistiu ao filme “A noiva de Chuck”?

- Vai se foder! – ele disse, entre risos.

Ainda ficaram algum tempo no pátio, conversando, rindo e fumando. Quando o frio começou a incomodá-los, eles foram para o quarto.

7

- Então, eu estou indo.

Ryo despediu-se dos seus colegas do Kanjani 8, aliviado por ter terminado mais um dia de trabalho e finalmente indo para o seu merecido descanso. No entanto, a sua alegria durou pouco quando a porta se abriu antes que ele alcançasse a maçaneta e entrasse um agitado Koyama.

- Ryo, troque-se rápido. O News vai fazer uma participação no Shounen Club.

- Eh?? Mentira! Eu estou indo embora!

- Estava! – Koyama lhe corrigiu.

- Não era o KAT-TUN quem ia aparecer hoje?

- Era o que estava programado... – o tom de voz e a expressão em Koyama fizeram o moreno perceber que algo grave aconteceu.

- O que foi? Por que essa mudança súbita?

- Parece que Kamenashi discutiu com os diretores e foi punido com isolamento imediato... Não dá para o KAT-TUN se apresentar sem dois integrantes!

- De verdade? O que foi que ele fez?

- Eu não sei os detalhes, mas chega de conversa que estamos sem tempo! O Pi te explica no caminho!

- Ah, sério! Eu estava indo embora... – ele choramingou, retornando para o vestiário.

8

Ele estava furioso. Não costumava ser tão indelicado com seus superiores, mas aquela insistência em substituir Jin fez seu sangue entrar em ebulição a tal ponto que Kamenashi possuía vagas lembranças do que realmente disse. Apesar de ter perdido a cabeça desse modo, ele não se arrependia. Mesmo punido, ele tinha a convicção de que faria tudo de novo.

Kamenashi apenas estava sentido em prejudicar a banda com toda essa confusão, ainda que, em seu pensamento, fazia o que fazia para proteger o KAT-TUN e o lugar de Jin. Também sabia que os seus amigos apoiavam a sua decisão, o que o fazia ter certeza de que estava no caminho certo.

Chegou em sua casa e observou suas opções. Suspirou. Seria uma semana longa de isolamento... Um recorde. Ele nunca tinha sido punido dessa forma antes. E no último isolamento, ele teve a companhia de Jin para acalmar o seu espírito.

Agora, porém, estava sozinho.

9

Acordou com o barulho do chuveiro e assim que a sua consciência prevaleceu ao sono, sentiu seu quadril dolorido. Xingou Kim em pensamento por não ter levado em consideração que seu corpo já estava machucado pela briga com Harley. Contudo, Jin sorriu enquanto se lembrava do sexo da noite anterior.

O coreano não era uma pessoa muito delicada durante o ato, mas não era de propósito. O seu tamanho o tornava um pouco bruto, mas Jin tinha que reconhecer que ele se esforçava bastante para não machucá-lo na maioria das vezes. De vez em quando, porém, Kim não conseguia controlar a própria força. Como na noite anterior.

- Cretino... – dessa vez, foi em voz alta mesmo, mas o tom de sua voz era carregado de carinho.

Suas lembranças do sexo com Kim foram dissipadas quando seu celular começou a tocar. Esticou o braço ao máximo, em uma tentativa de alcançar o aparelho sem se mover muito da cama. Conseguiu o seu objetivo e seu sorriso aumentou ao ver quem ligava.

- Fala, Pi!

- Baka!!!

- Bom dia para você também! Sabe, eu sinto tanta a falta do seu carinho!

- Você é um completo imbecil.

Jin finalmente notou que o outro estava bravo de verdade. Franziu a sobrancelha, irritado e confuso com aquela bronca. Pi logo tratou de explicar o que estava acontecendo com uma simples pergunta:

- Por que você cortou contato com o Kame?

- Ah... Você já sabe?

- Eu entendo que você esteja chateado com muitas coisas, Jin. E, principalmente, com ele... Mas... Você não acha que é um pouco cruel não dar nenhuma notícias a ele e manter contato com os outros? Você acha que Kamenashi não sabe que você continua falando com os outros do KAT-TUN? Comigo? Com o Ryo? E até com o Koyama? O que você quer, afinal de contas?

Jin girou os olhos, incomodado com o assunto.

- Escuta, Pi. Isso não tem nada a ver com você, ok?

- Baka! Você tem coragem em me dizer isso depois de tudo... – ele suspirou irritado – Jin, você continua recebendo e-mails dele?

- Un. Pelo menos um por semana... Por que?

- Em algum deles, ele se queixa da sua falta de respostas?

- Não.

- Ele ao menos te perguntou porque não recebe respostas?

- Também não...

- Isso significa que ele está aceitando o seu castigo e eu sei que você sabe disso... Ainda assim, você continua a ignorá-lo?

- Pi... Eu estou com outra pessoa agora.

O telefone ficou mudo. Nem a respiração de Yamapi, Jin foi capaz de escutar. Ponderou se a ligação estaria com algum problema.

- Pi?

Nenhuma resposta.

- Pi, eu vou desligar...

- O Kame está com problemas.

- Hã? – imediatamente, Jin se ergueu na cama.

- Ele foi isolado. Você sabia disso?

- Não, eu não sabia... Ninguém do KAT-TUN me contou nada.

- É óbvio que ele deve ter pedido segredo sobre isso, mas... Se você estivesse falando com ele, saberia de seus problemas. – Yamapi fez questão de frisar – E ele foi isolado por sua culpa!

- O que está acontecendo?

Jin perguntou com certa hesitação. O tom de voz bravo de Yamapi despejava em Jin a vontade de encerrar logo a conversa. Contudo, não era capaz de não se preocupar com essa informação.

- Querem te substituir na banda e o KAT-TUN não está aceitando isso. Principalmente o Kame. Ele discutiu com a diretoria. Sozinho. Ele enfrentou a diretoria da JE por você...

Aquele pequeno idiota! Porque Kazuya estava se esforçando desse jeito se ele nunca prometeu que voltaria? Se ele havia deixado bem claro que estava saindo da banda, do Japão, de sua vida?

- Né, Jin... Uma vez eu disse ao Kame que ele estava perdendo a pessoa que mais o amava. Você. Eu não acredito que aquele amor todo que você sentia tenha terminado.

Jin refletiu naquelas palavras. Desde que chegou aos Estados Unidos, não pensou mais em Kazuya. Sentia saudades, claro, como sentia de todos os seus amigos. No entanto, não sentia algo mais forte pelo pequeno. Conheceu Kim. Voltou a estudar. Concentrou-se em resolver seu problema com Sayuka. E, durante todo este tempo, esteve incrivelmente tranqüilo com o rompimento com Kamenashi. Acreditava, portanto, que havia terminado.

- Terminou, Pi.

- Eu não acredito.

- Não acredite, se não quiser. Apenas me faça um favor... Diga ao Kame para parar com essa besteira. Eu não vou voltar. E o avise de que eu estou com outra pessoa.

- Se você quer realmente romper com ele, faça direito. Eu não farei isso por você. Preciso desligar, ainda não dormi direito porque ontem tivemos uma gravação surpresa por conta do isolamento do Kame. Boa noite.

Ele não esperou por Jin e desligou. O ex-integrante do KAT-TUN ainda ficou com o telefone em sua orelha por algum tempo. No fundo, sabia que Yamapi tinha razão. Deveria terminar direito com Kamenashi.

Levantou-se da cama e foi direto para o laptop, em cima de uma escrivaninha. Começou a digitar um e-mail. Textos nunca foram o seu forte, por isso, ele escreveu poucas linhas, as quais ele julgou serem objetivas e educadas. Ele nunca imaginava que pudesse causar um impacto tão forte em Kamenashi quando ele as lesse, principalmente porque não era a sua intenção machucá-lo. Entretanto, foi o que aconteceu.

10

Atualizou o seu e-mail. A mensagem continuava a mesma “não há mensagens novas”. Kamenashi suspirou e decidiu arrumar o seu apartamento. Pela terceira vez. E ele apenas estava em seu segundo dia de isolamento. Consolou-se, com a certeza de que finalmente conseguiria se ver livre daquela mancha que existia na parede de sua sala, e que era escondida por um móvel, até o final do seu castigo. Esse pensamento, porém, o deprimiu logo depois por constatar mais uma vez o quanto era viciado em limpeza.

- Isso não é normal... – ele choramingou.

Após a limpeza, que foi rápida, ele pensou em assistir algum filme. Isso distraiu sua mente por apenas duas horas. Ao término do filme, voltou ao computador para, ansioso, verificar se finalmente havia algum e-mail de Jin.

E havia.

Seu coração se agitou, Kamenashi não conseguiu conter o sorriso que se formou em seus lábios. Finalmente, notícias de Jin. Abriu o e-mail.

Kazuya,

Pi me contou sobre seu isolamento. Não seja tão impulsivo, essa é uma característica minha, ok? Não prejudique a banda dessa forma, ela sempre foi muito importante para você, não? Por favor, continue se esforçando e dando o seu melhor pela banda. O KAT-TUN continuará muito bem sem mim.

Kazu... Eu não vou voltar. Não espere por isso.

Além disso, eu preciso ser honesto.

Eu conheci uma pessoa. Estou com ela há algum tempo... No dia em que você me ligou, eu não pude atender porque não sabia como te contar isso.

Gomen, Kazu. Nossas vidas estão realmente separadas, agora. Por isso, concentre-se em você a partir do momento em que ler meu e-mail. Sei que você dará o seu melhor e conquistará muitas vitórias por isso.

Jin.

O choque que Kamenashi levou foi tão grande que ele nem ao menos conseguiu chorar. Espantado, não conseguia compreender o que significa aquilo e estava em dúvida se o que lhe doía era descobrir que Jin estava namorando alguém ou perceber que aquele desmiolado nunca entendeu o que o KAT-TUN significava para ele.

- “O KAT-TUN continuará muito bem sem mim...” – ele repetiu em voz alta – BAKA!! O KAT-TUN não existe sem você...

Kame queria saber se era algo tão complicado entender que a banda era formada pelos nomes daqueles rapazes por uma única razão: nenhuma outra pessoa poderia participar daquele grupo, dividir seus sentimentos, conquistar tantas batalhadas quanto eles. Somente eles. Apenas os seis jovens que foram reunidos em 2001.

Ele jogou suas costas no encosto da cadeira, deixando seu corpo escorregar desanimado. Fitou o próprio teto, não querendo mais encarar aquele e-mail. Antes tivesse preferido o silêncio de Jin. Porque ficou tão ansioso por uma resposta sua? Se não tivesse atualizado a sua caixa de entrada, não teria lido isso logo no início do isolamento... Poderia ter lido no final e regressado ao trabalho, onde teria forças para se distrair.

Agora, porém, teria que esperar mais cinco dias com aquele maldito e-mail martelando em sua cabeça. Sentiu o coração ficar pequeno demais.

11

Fevereiro finalmente chegou e Jin não recebeu uma resposta de Kamenashi. Pensou que fosse melhor assim, eles finalmente puderam romper o que quer que ainda os mantinha ligados.

Ele concentrou em seus estudos, em seu relacionamento com Kim e se divertia com as festas e os jogos de futebol. A sua vida finalmente estava em um caminho bastante tranqüilo. Isso, claro, se comparado com a sua vida no Japão.

Harley e seus amigos o perturbavam sempre que podiam, mas Jin notou que eles estavam um pouco menos confiantes depois daquela briga na casa do Bryan. Aqueles idiotas finalmente entenderam que ele poderia não ser forte, mas não era por isso que permitiria se transformar em saco de pancada deles. Além do fato óbvio de que Kim não deixaria barato qualquer ameaça a ele.

Naquele momento, eles estavam indo a um bazar promovido pelas líderes de torcida da Universidade. Não era algo que entusiasmasse muito a Jin, ou mesmo ao coreano, mas como estava um dia bom para caminhar – a neve havia dado uma trégua naquela semana – eles resolveram dar uma passada pelo lugar.

Havia objetos muito diversificados, alguns sendo resultado de doações e outros comprados pela equipe de torcida. Do dinheiro arrecado, metade seria usado para comprar materiais esportivos e a outra para ajudar uma entidade beneficente. Apenas pelo espírito de ajudar, Kim estava comprando demais, na opinião de Jin. O coreano já havia comprado livros, cds, filmes e até mesmo um chapéu que não combinava em nada com ele. Era de tricô, com duas abas caindo para baixo, como se fossem as orelhas de um beagle.

- Mas não é para mim... É para você!

- Eh??

Jin mal pode demonstrar a sua surpresa, o coreano, sendo mais alto, colocou-lhe facilmente o acessório.

- Rosto de boneca combina com qualquer coisa!

- Pare de me chamar assim! – ele se irritou, tentando tirar o chapéu, mas o outro era evidentemente mais forte. Jin bufou e o olhou com cara de palerma.

- Está bonitinho!

Jin não lhe deu muita atenção. Desviou sua atenção para um violão antigo que estava dentro de uma caixa. Foi até ele e tocou algumas notas. Surpreendeu-se por estar afinado. Ele não percebeu quando alguém se aproximou. Era Mark, o capitão do time de futebol.

- Ei, Jin... Kim falou que você é bom com violão. – Mark disse – Toque alguma coisa para nós!

- Eh??

Ele ficou surpreso com o pedido, mas ficou mais surpreso com aquela vontade dentro de si. Sentia como se algo dentro dele queimasse, produzindo uma quentura em seu peito que era impossível ignorar. Era a mesma sensação de quando ele estava a poucos minutos de iniciar uma música para o público.

Arriscou. Arranhou mais algumas notas. E começou a cantar.

Ah... Há quanto tempo não soltava a sua voz? Ela parecia que tinha sido aprisionada com a sua alma e, tendo esta sido liberta pela mãe de Sayuka, agora parecia que era o momento de sua voz. Cantou uma música que estava fazendo sucesso nos Estados Unidos e entre os alunos. Fez isso para agradar ao seu pequeno público, mas, quanto mais cantava, menos percebia a presença deles... Sentia-se como se estivessem ali apenas ele e a música produzida pelo violão.

Lembrou-se da primeira vez em que foi capaz de tocar uma música inteira em seu violão. Sentiu saudades do primeiro violão que teve, aquele que ainda estava em seu quarto na casa de seus pais. Recordou-se da primeira música que cantou para o público. A primeira vez em que cantou com Kamenashi.

Seu coração bateu com mais velocidade.

Sentia saudades.

12

A JE estava no mais completo alvoroço, mas, como sempre, a imprensa e os fãs de nada suspeitavam. Naquele momento, Ueda, Nakamura, Junno e Koki estavam na sala dos diretores da empresa. O clima era tenso.

- Nós realmente não sabemos de nada. – Ueda afirmou – Por favor, estamos tão preocupados quanto vocês!

- Desculpe, Ueda-san. – Miura pediu – Temos que nos certificar de que isso não é mais uma aventura do KAT-TUN. Lembrem-se do que vocês aprontaram quando Akanishi estava sendo protegido pelos seguranças.

- Seguranças que foram comprados e seqüestraram o Jin! – lembrou Koki – Antes o Jin tivesse ficado conosco!

- Koki! – repreendeu Ueda – Entendo a sua posição, Miura-san... Peço, porém, que acredite em nós. Não brincaríamos com algo tão sério, principalmente por que é uma situação que pode significar que a vida de Kamenashi esteja em perigo... Não sabemos onde ele está, Miura-san. E a família dele acredita que ele esteja viajando para a gravação de um programa, que foi o que ele disse a eles.
- Nunca houve tal viagem! – afirmou Ito-san – Nada disso estava agendado para Kamenashi-san.

- Isso nós já entendemos, Ito-san. – Afirmou Shimada – A verdade é que já faz dois dias que Kamenashi não aparece na agência... Ontem, ao menos, telefonou para seus parentes e contou essa mentira sobre viajar para uma gravação. Se até amanhã não houver nenhuma novidade, teremos que avisar a polícia.

Ninguém disse mais nada depois da declaração de Shimada. Os pensamentos estavam divididos em duas preocupações: a segurança de Kamenashi e o impacto de seu sumiço para o KAT-TUN.
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptyDom Jun 20, 2010 5:22 am

Ai Meus Deus.....to ficando tensa com a FIC uahuahahuaha....passei ela toda pro meu celular e li de novo T________________T

**morre**
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptyDom Jun 20, 2010 5:55 pm

Hum entao Jin ta com um coreano agora
ê Jin mas ate fora do Japao vc arranja confusao rsrs
esse Harley é mtooo idiota ¬¬
agora entendi o motivo de Sayuka, tadinha
bullying é uma coisa bem complicada
ehehe Ryo é bem assim né, termina o trabalho quer logo ir embora, é assim q o vejo tbm
OMG Kame sumiiu?!?!?!?
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySex Jun 25, 2010 12:56 am

Oi Rafa!

A história é meio tensa mesmo né? XD
Obrigada por ler! Fico contente que tenha gostado tanto!!

Beijossss!

Oi Nara!

Pois, o Jin não resistiu a beleza coreana >.< hahahaha E se não arranjar confusão, não é Jin né? Não sei porque, tinha a impressão de que ele é do tipo que atrai encrenca! ^.~

O Harley é um idiota mesmo >.<.

Sim, bullying é complicado =/... Já assistiu o dorama "Life"? Dá muita dó!

Eu também acho que o Ryo seja do tipo que não fique feliz em fazer hora extra XD. Faz o trabalho direito, mas no expediente dele XD!

A tartaruga sumiu >.<''!!! rsrss

Obrigada pelo comentário!

Beijosss
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Kitty
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[END] Eu Não Te Amo - Página 6 Empty
MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySex Jun 25, 2010 12:58 am

Amor

1

Ele o hipnotizava com aqueles olhos que sempre pareciam sonolentos, embora, na realidade, fossem bastante atentos. Koyama não saberia explicar porque o rosto sério de Pi prendia tanto a sua atenção, mais do que quando o líder sorria. Talvez, ele pensava, fosse porque quando o rosto dele estava sério, um tanto entristecido, estava em um de seus momentos mais sinceros...

Koyama o conhecia bem. Sabia que quando Yamapi tinha vontade de xingar, ele ria. Quando queria chorar, sorria. Isso para qualquer pessoa que o rapaz não permitisse adentrar em sua intimidade. Contudo, com o passar dos anos, o mais novo abriu uma brecha para que ele, Keiichiro, pudesse entrar em seu mundo. E, quando estavam os dois a sós, e o loiro lhe mirava dessa forma, era impossível resistir. Ali estava o verdadeiro Yamashita Tomohisa.

Para ele. E só dele.

Contrariando a própria vontade em continuar admirando aquele rosto, Koyama fechou os olhos e isso foi a senha para Yamapi tomar seus lábios. Enquanto sua boca era dominada pela do mais novo, ele sentiu a mão de Pi subindo em sua nuca, segurando em sua cabeça, enquanto fazia pressão com o próprio corpo para que ele deitasse. Os dedos de Yamapi deslizaram gentilmente, deixando a cabeça dele encostar por completo no colchão de sua cama. Durante essa transição, o beijo não foi interrompido.

A mão novamente livre de Yamapi deslizou pela face de Koyama, continuando seu trajeto pelo pescoço e chegando aos botões, abrindo os primeiros e em seguida deixando o mais velho com os ombros nus. Pi, então, deixou a boca dele em paz e provou aquela região.

O carinho contido em cada gesto de Yamapi, regozijava a Koyama, que, naquele momento, estava de olhos abertos para admirar o rosto devoto do caçula.

Desde que começaram a namorar, Yamapi foi se tornando cada vez mais especial e atencioso. Koyama sabia o motivo disso. Pouco a pouco, lentamente, o líder foi se desvencilhando do amor que nutriu por Jin há tantos anos e passou a lhe dedicar mais atenção, deixando-o entrar cada vez mais em sua vida e, ao mesmo tempo, fazendo questão de conhecer melhor o seu mundo.

Eram gestos pequenos que demonstravam isso a Koyama, como naquela vez em que adoecera e, enquanto Tegoshi e Shige lhe torraram a paciência, Yamapi o visitou para perguntar se estava bem e passou a noite com ele, querendo certificar-se de que seu estado não pioraria.

Não era como se antes do namoro Yamapi fosse insensível à sua saúde. A diferença era que, naquela vez, a preocupação no olhar do líder ia além de amizade. E ter certeza desse fato enchia o seu coração de alegria.

Koyama interrompeu os beijos que recebia em seu tórax – aquela altura, Pi já havia retirado a sua camisa, e ele nem havia percebido – e ergueu o rosto do namorado com as duas mãos. Pi o olhou, curioso, querendo saber o motivo daquela interrupção, embora o sorriso do mais velho já fosse o suficiente.

- Eu te amo...

O mais novo sorriu com a declaração, ergueu-se e o beijou demoradamente. Não respondeu, mas Koyama já não precisava de resposta. Sabia que ainda era cedo para Pi ser capaz de declarar um sentimento como amor, mas não era um problema, Pi poderia demorar o tempo que precisasse – e quisesse - que ele era paciente.

Koyama deixou-se aproveitar os toques do rapaz e afastou esses pensamentos. Perdeu-se no embate das duas línguas, delirando com as carícias das mãos de Yamapi, que, naquele momento, já haviam lhe retirado as calças. É, o mais novo só aparentava ser lerdo...

Ele sentiu pequenos arrepios enquanto os lábios de Yamapi desciam novamente em seu tórax, dessa vez, porém, não se deteu ali. Alcançou a intimidade de Koyama e a absorveu com sua boca.

Yamapi desejava proporcionar um intenso prazer com Koyama utilizando sua boca daquela forma, já que ainda não era capaz de utilizá-la para declarar o mesmo sentimento que o outro rapaz nutria por ele. Dedicou-se nessa tarefa, sorrindo quando o corpo de Koyama se arqueava, em um vívido prazer, aumentando a velocidade de seus movimentos quando o outro deixava escapar um gemido.

A voz de Koyama sussurrante era deliciosa a Yamapi. O incentivava a movimentar-se de modo a conseguir outros gemidos. Depois que finalmente levou o mais velho ao êxtase, decidiu saciar-se também. Estimulou o próprio sexo e então se uniu a Koyama por inteiro. O corpo do mais velho deu um pequeno pulo com aquela invasão e ele gemeu.

- Pi...

Sem sair de dentro de Koyama, Yamapi inclinou-se para alcançar aqueles lábios que cobiçava cada vez mais enquanto estava longe deles. Beijou-o com paixão, tendo consciência de que entrava cada vez mais no coração do rapaz. E isso, ser amado com tanta intensidade, era algo inexplicavelmente maravilhoso.

Yamapi sentia-se incapaz de controlar o seu sorriso quando estava junto de Keiichiro.

2

- Please... – ele entregou o papel em que estava anotado um endereço ao taxista.

- Un... Okay, meu chapa, sobe aí.

Kamenashi obedeceu, enquanto pensava que seria uma boa idéia retomar os estudos de inglês. O taxista logo percebeu que seu cliente não era fluente em sua língua, então a conversa morreu logo no começo do trajeto. Ele ligou o rádio em uma tentativa de tornar aquela viagem mais confortável.

O pequeno japonês observava os prédios e as pessoas pelas ruas em que o carro passava. Não era uma diferença brusca de Tóquio, afinal, era uma cidade grande como a capital japonesa. Com o passar do tempo, porém, ele notou que o ambiente foi se tornando mais rural. Os prédios cederam lugares àquelas casas que ele sempre via em filmes, com cercados brancos, belos jardins, em uma simetria perfeita.

Apreciar a paisagem o distraiu por pouco tempo. Quando deu por si, estava estalando os dedos, nervosamente, imaginando como seria a reação de Jin em vê-lo ali...

Aquele e-mail foi o incentivo que Kamenashi precisava para tomar uma atitude. Depois de ler que o ex-namorado já estava envolvido com outra pessoa e que nem ele era capaz de compreender a batalha que o caçula travava para manter o seu lugar na banda, Kame decidiu que precisava fazer algo. No dia seguinte, começou a fazer os preparativos para sua viagem em sigilo total.

Apreensivo, pensou no impacto que isso causaria à banda, mas ele mantinha em sua mente que o resultado disso seria muito maior. Ele traria Jin de volta. Riu ao pensar em seu castigo quando retornasse, mas isso também seria amenizado com o fato de que o KAT-TUN voltaria a ser composto por seis integrantes. Os seis integrantes originais, ele acrescentou a si mesmo.

Contudo, o que mais o deixava aflito era conhecer aquela pessoa que estaria ocupando o seu lugar na cama de Jin. Temia que tal pessoa já tivesse roubado também o seu espaço dentro do coração do mais velho. Poderia ser aquela garota, a tal de Mizushima Yuko? Deveria ser. Eles estavam bastante íntimos, Kazuya se lembrou do dia da viagem.

E se fosse outra pessoa? Outro homem?

Qual era a intensidade do sentimento de Jin por essa pessoa? Mordeu os lábios. Estaria mesmo tudo terminado entre eles?

O veículo estacionou em frente a uma grande área verde com prédios pequenos, dois ou três andares, espalhados pelo local. Kamenashi agradeceu ao taxista, pagou-lhe e desceu com a sua mochila.

Olhando a sua volta, foi que ele percebeu a sua situação. Estava praticamente no meio do nada, sem saber a sua direção, sem saber inglês, sem saber onde estava Jin.

- Jin... Cadê você?

Ele olhou com desalento para o endereço em um papel amassado que segurava desde que desembarcou do avião. Sacudiu os ombros. O jeito seria procurar, mas antes, ao avistar uma hamburgueria próxima, decidiu aliviar a sua fome. De barriga cheia, seria mais fácil vencer mais este obstáculo, ele pensou com confiança.

3

Enquanto saboreava aquele hambúrguer – gorduroso demais, opinou o seu paladar nipônico – Kamenashi folheava o guia de ruas que comprou na loja de conveniências ao lado da lanchonete em que estava.

- Mapas nunca foram o meu forte... Mas acho que eu estou aqui! – ele riscou um círculo no endereço da lanchonete. – Será que eu devia ligar para o Jin? Mas ele não tem me atendido...

Kamenashi decidiu perguntar a garçonete que o servia se ela saberia explicar o caminho. Enquanto tentava arduamente se comunicar com ela, o pequeno não reparou em três rapazes que o analisavam atentamente desde que colocou os pés naquele lugar. Apenas notou a presença deles quando se aproximaram e disseram:

- Estudamos nesse campus... Você precisa de ajuda?

- Anooo... Estou procurando uma pessoa. – ele conseguiu dizer com uma pronuncia bastante precária.

- Qual o nome dessa pessoa?

- Hã??

- Nome... Qual o nome?

- Aka... – Kamenashi se corrigiu a tempo – Jin Akanishi.

O trio trocou olhares e sorriram. Harley se adiantou um passo e sorriu para Kamenashi.

- Jin?? Jin Akanishi! – ele ainda sentia o punho de Jin em seu nariz – Que sorte a sua! Ele é nosso amigo! Venha, nós te levaremos até ele!

Harley precisou repetir as palavras algumas vezes para o garoto compreender o que ele dizia. Kamenashi não gostou muito do modo como eles o olhavam e estava pensando em um modo de recusar aquela oferta, mas eles não lhe deram tempo. Harley pegou em seu pulso e o puxou para fora do estabelecimento, jogando alguns dólares na mesa para pagar o lanche do japonês.

Definitivamente, havia algo errado com aqueles estranhos, Kamenashi concluiu, aterrorizado. Quando bolou seu plano para vir atrás de Jin, não calculou a violência local... Ele nem ao menos cogitou a hipótese de ser assaltado. Apenas queria encontrar o ex-namorado o quanto antes. E, agora, sendo arrastado pelos três armários – embora Harley e Jack não sejam muito altos, a verdade é que para a altura de Kamenashi, eles eram altos o suficiente – a vontade em reencontrar Jin apenas aumentava.

- Anooo... Ligar para o Jin... – ele estava dizendo, mas foi bruscamente interrompido.

- Não! Faremos uma surpresa para o Akanishi! Aposto como ele vai adorar!

Kame notou que eles estavam se aproximando de uma área com muitas árvores e poucas pessoas. A tarde já tinha terminado e o céu ficava cada vez mais escuro. Percebeu que a pressão em seu pulso aumentava cada vez que ele tentava se soltar.

Sentiu o medo crescer. Sua mente, embaralhada com a situação, não conseguia encontrar uma solução. Olhar para a expressão de gula daqueles rapazes não o ajudava a se acalmar.

Enquanto caminhavam, aqueles americanos continuavam a falar, mas Kamenashi já nem prestava atenção ao que diziam. Ele pensava em um meio de escapar, mas sabia que não adiantava sair correndo, não conseguiria ir para muito longe com aquela quantidade de neve. Mal conseguia andar sem afundar a bota que usava. Isso, claro, na hipótese de que ele conseguisse se libertar daquela garra que apertava o seu pulso.

O que eles fariam com ele? A sua mente desistiu de procurar por uma rota de fuga e se concentrou em alguma chance de amenizar o que quer que eles tenham a intenção de fazer.

Jin...

Uma buzina e um farol mais alto chamou a atenção do quarteto. Harley xingou baixo ao reconhecer o carro de Léo e sua fúria apenas aumentou ao ver a garota que estava no lado do carona. Notou vagamente que a buzina chamou a atenção de outros amigos de Léo que estavam próximos.

- KAMENASHI-SAN!!!

Yuko já tinha saído do carro e se aproximava do grupo, ignorando os protestos de Léo, que saiu do veículo pouco depois e foi atrás da garota.

- Mizushima?

Kazuya aproveitou a distração de Harley e conseguiu se desvencilhar de sua mão. Pensou que ele voltaria a lhe segurar quando se dirigiu até a garota, mas percebeu que a presença do rapaz loiro com a japonesa parecia intimidar aquele trio. Kamenashi viu a aproximação de outros garotos, e, então, entendeu que era a desvantagem numérica que os fez hesitar.

- Kamenashi-san... O que você faz aqui e com eles? – ela perguntou, sem qualquer discrição.

- Eu preciso falar com o Jin!

- Com aqueles caras... Essa seria a única coisa que você não faria. Vem, nós vamos te deixar no dormitório do Jin! – Yuko afirmou e depois traduziu a conversa para Léo.

Kamenashi agradeceu e eles voltaram para o veículo, pensando em como a vida era irônica. Agora, estava em dívida com a garota que suspeitava estava envolvida com o seu ex-namorado. Esse sentimento desapareceu alguns minutos depois, quando notou o envolvimento da japonesa com o motorista.

Jin, então, só poderia estar namorando outra pessoa. Alguém que ele conheceu neste país, como ele tinha dito em seu e-mail, alertou sua mente. Kamenashi riu internamente de si mesmo por ter se deixado enciumar de Yuko.

4

- Ele não parava de me agredir. Eu apenas me defendia. Ele já estava zonzo por ter perdido tanto sangue, mas continua a me agredir... E eu me defendia... Até finalmente entender que ele estava decidido a me matar.

Eles eram os únicos que ainda estavam no ginásio depois de uma competitiva partida de futebol em que o time deles venceu. Pouco a pouco, os dois times se dispersaram, mas Jin e Kim aproveitaram a oportunidade para conversarem.

Sentados próximos ao gol, com Jin encostado a uma das traves e Kim na outra, o japonês contou como havia sido a conversa com Nakamura Mayumi e, em retribuição, agora escutava mais detalhe sobre o homicídio que Kim cometeu.

- Na época, eu era menor de idade. – a voz do coreano estava rouca. Jin sabia que o rapaz tentava seguir a vida normalmente e já tinha superado grande parte daquele episódio, mas sabia que nunca seria fácil para Kim falar sobre o assunto - Fiquei sob custódia do estado até ficar provado que foi legítima defesa. Eu não tinha um bom controle sobre a minha força, o meu corpo ainda estava em desenvolvimento...

- Mas porque vocês estavam discutindo? – Jin perguntou, enquanto brincava com a bola de futebol, jogando-a de uma mão para a outra, entre suas pernas.

- Por que disseram a ele que eu transei com a namorada dele.

- Eh? Você roubou a garota dele?

- Eu sou gay, se você ainda não percebeu. – Kim zombou – Eu sou gay desde que nasci, se é isso o que você quer perguntar...

Jin fechou a boca, tendo sua resposta antes mesmo de proferir alguma coisa.

- Nunca me apaixonei por nenhuma garota, como você. Eu sempre gostei de homens. Mas ele não queria nem saber... E veio com aquele facão para cima de mim. Eu o desarmei e tentei paralisá-lo... Mas, como disse, ainda era menor de idade e não era muito esperto. Ele lançou um spray em meu olho, minha vista embaçou, eu fiquei com medo que ele recuperasse aquela arma... Então desferi socos e chutes para tudo quanto é lado, sempre que percebia que ele se aproximava. E ele sempre se aproximava. Ele estava decidido, Jin. Apenas um de nós sobreviveria. No caso, fui eu.

- Tudo isso por uma história que não era verdade... – Jin interrompeu a sua brincadeira, recordando-se da gravidez de Tsubasa.

- Por isso que eu digo que você não entende o que é uma decisão. Aquela pessoa, não importa o seu motivo, ela estava decidida. Uma pessoa decidida se torna muito forte. É difícil impedir uma pessoa assim... Por isso que eu sempre disse que a decisão da Sayuka não seria diferente, mesmo se você a tratasse como uma princesa naquela noite.

- De qualquer modo... Agora eu me sinto realmente aliviado. O que prova que você tinha razão... – ele comentou, rindo, um riso forçado – Eu não passo de um bundão... Não queria ser culpado de jeito nenhum pela morte dela, então só fiquei em paz comigo mesmo quando ouvi da boca de Mayumi-san que ela não me odiava... Mas, se eu tivesse aceitado a culpa, talvez eu teria encontrado essa paz mais cedo... Talvez eu nem precisasse ter saído do meu país... Eu acusei uma pessoa de não querer enxergar a culpa dela, mas no fim, eu fiz a mesma coisa...

Kim lhe sorriu.

- Você está crescendo, criança.

- Ora, não me enche!

-... Mas continua arredio! Venha, vamos para casa!

Jin aceitou e se levantou. Já era noite, as ruas estavam quase desertas e pouco iluminadas. Durante o trajeto, encontraram alguns conhecidos, pararam para conversar e depois seguiram o trajeto.

- Ei, Jin...

Ele olhou para Kim e notou que seu semblante estava sério.

- O que?

- Quando você está pensando em voltar para o Japão?

A pergunta o surpreendeu porque sempre disse para Kim a sua vontade em continuar nos Estados Unidos mesmo depois que o seu visto vencesse. Estranhou que ele ainda tivesse alguma dúvida sobre isso.

- Agora, você não tem nada que te impeça de voltar. – Kim explicou – O seu lugar não é aqui, Jin...

- Você está me expulsando? – ele perguntou com bom humor.

Kim apenas sorriu, mas Jin achou aquele sorriso triste. Então ele se aproximou e, com certa timidez, pegou em sua mão. Inflou a bochecha, tentando disfarçar a vergonha que sentia. O coreano riu e o puxou, soltando sua mão da dele para abraçá-lo.

Quando estavam se aproximando do dormitório, o celular de Jin tocou. Ele franziu a testa ao ler o nome no visor.

- Ta-chan! – ele atendeu - Aposto que não está agüentando de saudades e ligou para ouvir a minha voz!

- Jin... – o tom de Ueda despertou a preocupação do rapaz – Sei que você não tem falado com o Kame, mas...

Ótimo, todo mundo sabe disso... Aquela tartaruga linguaruda!

- Mas esses dias... Ele não te procurou, procurou?

- Não falo com ele desde o mês passado, porque?

Recebeu o silêncio como resposta.

- Ta-chan, o que aconteceu? – ele quis saber. Ao seu lado, Kim o olhou preocupado ao escutar a sua pergunta. Notou o rosto tenso de Jin.

- O Kame... Sumiu.

Jin ficou sem palavras. Sua boca secou, seu coração disparou e um calor tomou conta de seu peito. Não era capaz de raciocinar. Parou de andar no mesmo instante, com a boca aberta.

Contudo, não foi o que Ueda lhe disse que o fez estancar na entrada do seu dormitório. O que paralisou Jin foi aquele garoto, sentado tranqüilamente no banco em frente à casa que dividia com Kim, parecendo alheio à sua presença, conversando com Yuko.

Kazuya...

- Ta-chan... Não se preocupe. – ele estalou a língua, irritado – Kame está comigo.

- Eh?? Desde quando?

- Desde agora! Eu vou ter uma conversa séria com essa tartaruga! Não faça nada ainda... Depois que eu entender o que está acontecendo, te ligo!

Ueda concordou e a ligação foi encerrada. Jin notava vagamente a presença de Kim, perguntando alguma coisa, mas ele não foi capaz de lhe responder. Ainda mantinha os olhos grudados em Kamenashi, questionando-se porque seu corpo estava tão quente, apesar da temperatura baixa da noite?

Alegou para si mesmo que era a raiva pela imprudência – e impertinência – daquele pequeno em vir até ele daquela forma. No fundo, porém, Jin tinha que admitir que seu ego foi às alturas ao reconhecer o esforço do caçula por ele.

5

Jin se aproximou com passos curtos, tentando não fazer muito barulho. Vinha com o dedo indicador colocado aos lábios, pedindo a Léo, que era o único de frente para a direção de onde Jin vinha, que não avisasse sobre a sua presença.

Parou bem atrás de Kazuya. Seus ouvidos registraram aquela voz tranqüila, conversando sobre alguma coisa interessante com Yuko, falando com seu jeito rápido no início da frase e perdendo o ritmo ao final dela. Entrecortando as palavras com riso e um balançar da sua cabeça.

Ah... Há quanto tempo não ouvia aquela voz?

Jin, ao notar-se emocionado, resolveu anunciar a sua presença. Desceu a sua mão com força na cabeça do caçula. Pego desprevenido, o pequeno sentiu seu coração disparar e em seguida, a cabeça latejar.

- Iiiiiiiitttteeeeeeeee... – ele rapidamente levou a mão para esfregar a parte de trás de sua cabeça. – Mas que maldição...

Kamenashi se virou e, no instante seguinte, congelou quando seu olhar repousou naquele que o atingira.

Jin riu com a expressão confusa e dolorida de Kamenashi. Não podia negar que aquele rosto era adorável.

- O que você está fazendo aqui?

O pequeno recuperando-se do choque pela presença tão súbita de Jin, e, enfezado com o tapa que recebeu, praticamente cuspiu as palavras:

- Servindo de idiota pra você, pelo visto! - o que aumentou o riso do mais velho.

Fazia tempo que eles não brincavam assim um com o outro. Jin se perguntava se teria sido a última àquela vez em que levou o caçula à força para um banho gelado, antes do acidente de Tsubasa no apartamento de Yamapi... Depois daquilo, eles mal tiveram algum tempo juntos e, quando estavam na companhia do outro, acabavam discutindo...

Jin havia se esquecido como era divertido atormentar o mais novo. Ele logo afastou essas recordações, havia algo mais urgente a ser discutido entre eles. Por isso, fechou a cara e foi logo repetindo a pergunta:

- O que você está fazendo aqui?

- Eu...

- Anoo... Nós o deixaremos a sós. – Yuko afirmou, levantando-se e puxando Léo. No processo, a japonesa também puxou Kim.

- Por que vocês não conversam lá dentro? – sugeriu Kim, sendo arrastado por Yuko – Eu vou dormir na casa do Bryan.

Kamenashi olhou para aquele rapaz, aquele homem, ele se corrigiu, ao perceber que Kim era mais velho que Jin. O pequeno sentiu alfinetes em seu coração e controlou aquela vontade gigantesca em perguntar a Jin se ele seria o tal namorado.

Era um homem bonito, ele tinha que admitir e, mesmo usando roupa de inverno, era notório o seu porte físico bem avantajado. Era alto e tinha ombros largos. E sabia japonês, ele descobriu. Olhou com certo desalento ao mais velho, esperando alguma explicação.

Jin não lhe deu. Aceitou o conselho de Kim e abriu a porta, oferecendo passagem ao caçula.

Kamenashi adentrou naquela casa escura. Jin entrou logo atrás, acendeu a luz e fechou a porta. Kame notou que não era uma casa muito grande. A sala era separada da cozinha por um balcão. Havia mais duas portas ao fundo, que deveriam levar ao banheiro e ao quarto, ele presumiu.

Apenas um quarto... Ele reparou, enciumado.

- Você já comeu?

O pequeno fez que sim. Ainda que tivesse sido obrigado a largar seu lanche pela metade, quando Harley o retirou a força da lanchonete, naquele momento Kamenashi não seria capaz de comer nada. Em sua garganta, parecia que havia uma bola que impediria a passagem de qualquer alimento. Estava ansioso.

- Importa-se se eu fizer algo para comer?

- Não, de jeito nenhum. – Kamenashi odiou essa formalidade entre eles.

Jin lhe deu as costas e foi até a cozinha. Pegou um macarrão instantâneo.

- Ainda não aprendeu a cozinhar?

- É o que parece. – foi a resposta curta.

Kamenashi engoliu a grosseria e se aproximou do balcão, mas permanecendo do lado da sala.

- Você deveria aprender... Já que insiste em morar em outro país e...

- O Kim sabe cozinhar. – Jin o cortou - Ele é fanático por omeletes, mas ele cozinha bem quando tem vontade. Não se preocupe, eu não morrerei de fome.

O tom de voz de Jin não escondia a sua irritação. Kamenashi novamente ignorou o modo como estava sendo tratado. Ficou um tempo em silêncio, observando Jin preparar a sua janta.

- Desembucha. – o mais velho disse, por fim. - Por que está aqui?

Kamenashi ergueu os olhos para Jin quando ele falou. O mais velho, porém, continuava a ignorar o seu rosto. Os olhos de Jin não caíram sobre ele uma única vez sequer desde que entraram naquela casa.

- Você precisa ser tão seco comigo? Achei que fossemos amigos ainda... – ele riu, nervoso.

Era impossível a Jin não ser atingido pelo tom de voz sofrido do caçula, mas estava irritado para se deixar dominar assim facilmente.

- Kazuya, você tem noção do que está acontecendo no Japão? – Jin interrompeu o preparo de seu jantar, mas ainda não olhou para ele - Ta-chan pensa que você desapareceu! Provavelmente, os outros também! A empresa inteira deve estar em um alvoroço e, logo mais, o Japão também! O que você planeja com tudo isso? Não ficou claro que eu não vou voltar naquele e-mail? Para que essa bagunça sem sentido?

Jin pensou que o mais novo fosse lacrimejar e implorar para que eles voltassem. Pensava que o motivo de Kamenashi estar ali era unicamente pelo namoro deles. Ao contrário do que esperava, o olhar do pequeno endureceu. E a voz de Kamenashi soou determinada quando disse:

- Eu não volto para o Japão enquanto eles ainda insistirem na idéia absurda em te substituir!

- Não é absurda. É a realidade. Aliás, é bem natural, na verdade... Não tem nada de absurda!

- Não é não! – Kamenashi foi incisivo - Você pode estar confuso agora, acreditando que deve seguir outro caminho, mas eu acredito em você Jin... Você nasceu para o KAT-TUN. Ali é que está o seu destino... Você não nasceu com a voz que tem para se trancar em algum escritório, para trabalhar engravatado ou com macacão em alguma empresa ou indústria.

- Inferno! – Jin apoiou as duas mãos no balcão, fazendo o caçula estremecer. - O que eu quero ou não da MINHA vida, não sou eu quem decide?

Apesar do susto, Kamenashi não recuou. Finalmente, Jin lhe encarava.

- Você está sendo guiado por uma história em que não tem a menor culpa... Você está abatido com aquela história do Kirisawa, mas você quer saber de uma coisa? Tsubasa assumiu a culpa pela morte de Sayuka.

- Eh?

Kazuya viu a testa de Jin se franzir. Então ele lhe contou sobre o julgamento de Tsubasa e a sua confissão. Incrédulo, Jin, ao final do relato, indagou:

- Ela não teria feito isso para garantir a pena de morte?

- Bem, há algumas provas... Tsubasa estava com o diário de Sayuka, que lhe entregou, pois a considerava de confiança. E o depoimento de Mitiko, a assessora, confirmou que elas eram muito próximas. Você sabe, é bastante plausível. Tsubasa exerce uma forte influência nas pessoas... Você bem sabe disso... Sabe como ela me ludibriou... – a sua voz soava amarga ao se recordar das manipulações da ex-namorada – Então, não seria difícil para ela influenciar uma garota de quinze anos...

Por um instante, Jin paralisou. Sua cabeça fervilhou com aquela informação. Mais uma vez, até o final, tudo havia sido uma cartada daquela mulher?

- E qual foi a condenação? – Jin quis saber.

- Ela não tem idade suficiente para cumprir os anos a que foi condenada. – Kamenashi garantiu – E, mesmo que um dia ela venha a sair em liberdade, talvez não tenha consciência para aproveitá-la...

- O que quer dizer?

- Mitiko me contou que da última vez em que foi visitá-la, Tsubasa agia como se estivesse cuidando de um filho invisível... Ela não se entrosa com as outras presas, não fala com ninguém, apenas com esse bebê... É uma situação bem triste, mas eu ainda não consigo achar que é suficiente. Queria que ela sofresse mais...

- Esse tipo de sentimento não combina com você, Kazuya. – Jin riu.

- O que você quer que eu diga? Ela me fez perder os melhores momentos de nosso namoro... Sei que a culpa pelo término é minha... Mas talvez tudo pudesse ter sido diferente se não fosse por aquela mulher.

Kamenashi inclinou o rosto para o lado. Jin sentiu um pequeno desejo em erguer aquele rosto em sua direção, ainda mais quando surgiu um sorriso curto naqueles lábios rosado e ouviu o pequeno dizer em voz baixa:

- Talvez... Nós pudéssemos ainda estar namorando...

O pequeno olhou com alguma esperança para Jin, que não ousou desviar o olhar desta vez. Deixou-se perder naqueles olhos rasgados e escuros de Kamenashi, como se procurasse algo, não importava o que, apenas olhava atentamente para aquela orbes tão profundas.

Talvez, procurasse a si mesmo. Aquele Jin a quem o caçula amava, aquele que amava o pequeno de modo tão sincero e intenso... Aquele Jin que tinha certeza de seus sentimentos, que sorria com uma facilidade incrível e encarava os problemas que surgiam com uma tranqüilidade que muitos julgariam como irresponsabilidade.

Seria possível que ele ainda estivesse vivo dentro de Kazuya? Que ele pudesse regressar ao seu corpo e restaurar o que havia sido quebrado por Tsubasa, Kirisawa e Harada e, até mesmo, pelo próprio Kazuya? Seria provável encontrá-lo ali, naqueles olhos esperançosos?

Jin não obteve resposta. Seu nariz, antes de qualquer conclusão, captou algo estranho. Virou-se subitamente para trás e gemeu.

- Ahhh... Minha janta...

O mais velho correu para retirar a panela, já esfumaçando, do fogo e jogar o conteúdo e o utensílio na pia. Olhou com tristeza para a sua comida indo embora.

Kamenashi lamentou aquela interrupção. Ajudou a Jin, depois que seu batimento cardíaco retornou à normalidade.

- Ah-ah! Que coisa! Deixa que eu preparo alguma coisa pra você, seu cabeça de vento! – ele disse, com bom humor, remexendo na geladeira. – Até que sua geladeira está bem cheia, comparada àquela do seu apartamento no Japão. – ele riu.

- É o Kim, ele quem se preocupa com essas coisas...

- Ele é o seu namorado?

Jin lambeu os lábios, depois preencheu sua bochecha com a língua, antes de responder.

- Eu não diria exatamente meu namorado...

-... Mas é a pessoa daquele seu e-mail? – Kazuya notou que seu coração ficou mais lento enquanto aguardava a resposta.

- Sim. É ele.

- Ele é bonito... É coreano?

- É, mas ele nasceu aqui... Seu primeiro nome é Andrew... Ele passa algumas temporadas na casa dos avós na Coréia. Ele é um dos poucos que sabem quem eu sou no Japão. – Jin não estava à vontade com o rumo da conversa – Anooo... Você se importa se eu for tomar banho enquanto você prepara a janta? Eu estava jogando futebol até agora pouco...

- Ok, não se preocupe, pode ir.

- Aproveita e liga para o Ta-chan e diga que você vai voltar amanhã, antes que pensem que eu o seqüestrei!

- Como é que pensariam isso? Um seqüestrador que vai antes que a vítima para o cativeiro???

- Estava preparando o terreno!

- Eu gostaria de saber o que se passa nessa sua cabeça... – Kamenashi o olhou como se o outro fosse a criatura mais inacreditável da Terra.

Jin ignorou o comentário e foi para o banheiro, deixando o pequeno à vontade pela cozinha. Kazuya pegou algumas sobras de carne na geladeira e improvisou um sukiyaki com os legumes e verduras que encontrou.

Depois que terminou, e enquanto esperava pelo mais velho, ele perambulou pelo lugar. Não que houvesse muito aonde ir. Ele não se atreveu a ir até o quarto de Jin e seu novo namorado. Apenas fitou a porta com um sorriso triste. A melancolia não o dominou, no entanto, pois algo chamou a sua atenção em um canto da sala.

Ao lado do sofá, ele viu um violão. Perguntou a si mesmo se isso significava que Jin continuou com suas atividades musicais durante esses três meses... Queria imaginar que sim. Teria composto alguma música? Ele se animou ao se recordar em como Jin vinha sempre alegre lhe mostrar alguns trechos de suas músicas e pedir a sua opinião.

6

Ele deixou a água quente cair sobre seu corpo sem mover um músculo. Relaxava e tentava acalmar a sua mente. Era inacreditável que o pequeno estivesse ali, do outro lado da porta. E que ele atravessou milhas e milhas para encontrá-lo, para defender o seu lugar no grupo, para enfrentar a diretoria da JE sozinho...

Jin não podia ignorar a isso. E não podia negar que não se sentia satisfeito com as atitudes de Kazuya, mas... Já não havia mais tempo para eles, era o que ele acreditava. Precisava deixar isso claro ao pequeno de uma vez por todas, pois percebia que Kazuya estava apenas prejudicando a si mesmo com tais atitudes. Devia fazê-lo aceitar a situação e levá-lo de volta às suas responsabilidades.

Era o que devia fazer. Ele estava decidido. Desligou o chuveiro, secou-se e se vestiu com roupas limpas. Saiu do banheiro com a convicção de que colocaria a cabeça do pequeno de volta ao seu lugar. Esses tipos de loucuras não eram do caráter do mais novo.

Entretanto, a sua convicção pareceu ter ficado no banheiro quando, ao se aproximar da sala, seus ouvidos captaram aquela voz. De costas para Jin, Kazuya tocava o violão que o mais velho tinha comprado no bazar dias antes e cantava o single do KAT-TUN, que foi tema da sua última novela.

- Daremo wo bokura wo keshite...

Jin se aproximou e jogou suas costas contra a parede do corredor. Observou o pequeno cantar sem nem ao menos notar a sua presença. Admirou aquele pescoço alvo, aquela garganta realizando o esforço com as palavras proferidas, o rosto inclinado para o lado...

- Mitome wa shinai darou...

Quantas noites eles já não passaram ensaiando letras e letras? Jin se perguntou, sem entender por que pensava nisso.

- Daremo keshite wakarou to wa...

Kazuya deu uma pequena pausa e abriu a boca para cantar a próxima frase, porém, a voz de Jin soou antes.

- ... Shinai darou...

Ele virou-se, surpreso. Não sabia que Jin estava ali, mas o que o deixava mais curisoso era com o fato de que o mais velho sabia a letra. Como? Ele não precisou fazer a pergunta, Jin logo se explicou:

- O dvd... Da sua novela... Eu recebi do Koki. Ele estava se achando o máximo e nem era o protagonista. – ele riu – Por falar nisso, parabéns... A sua interpretação está cada vez melhor!

O pequeno sacudiu a cabeça, agradecendo o elogio. Jin se aproximou e se acomodou no sofá ao seu lado, sentando-se em posição de índio, ficando de frente para o pequeno.

- Cante a música inteira. – ele pediu, com a voz suave.

Um pouco tímido, ele fez a vontade de Jin. Retomou a letra, desde o começo, prendendo Jin com a sua voz, unindo-se a ele novamente pelo elo mais precioso que sempre existiu entre eles desde que se conheceram: a música.

Ficaram muito tempo ali. Revezando nas canções, Jin até mesmo esqueceu de sua fome, enquanto redescobria o seu gosto em cantar...

Eles riram, como há muito não faziam, esquecidos das confusões deixadas por Kazuya no Japão, das pendências mal resolvidas entre eles, do atual relacionamento de Jin. Eles regressaram a uma época em que não havia preocupações, sofrimentos, lágrimas e sentimentos complicados. A uma época em que, Jin com seus catorze anos e Kazuya, doze, estavam totalmente deslumbrados por terem ingressos em uma das maiores agências nipônica...

A época em que eles se conheceram.
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 EmptySex Jun 25, 2010 5:01 am

sim sim eu vi Life ^^
quer dizer, nao tudo falta 4 caps mas é q por onde eu tava vendo o site nao pega mais, agora tenho q arranjar outro lugar pra ver
pois é beleza coreana *-*
kyaaa a tartaruga foi pros EUA uhuuu
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MensagemAssunto: Re: [END] Eu Não Te Amo   [END] Eu Não Te Amo - Página 6 Empty

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