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 [INC] O Pilar

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Josiane Veiga
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MensagemAssunto: [INC] O Pilar   [INC] O Pilar EmptyQui Dez 30, 2010 10:32 pm


 


Título: O Pilar


Paring: Ohmiya



Genero: romance, aventura, UA


censura: + 80 anos! rsrsrs


 


Sinopse:


Ohno Satoshi é um estudante normal, vivendo uma vida comum e chata. Uma de suas muitas caracteristicas é o fato de que odeia literatura. No entanto, tudo muda quando o timido e calado rapaz encontra um livro abandonado na biblioteca, e acaba dentro da história!


Como ele poderá fugir de lá? E principalmente, como vai se livrar das artimanhas e armadilhas de Nino, um personagem sedutor e arrebatador, que o irrita e o desperta ao mesmo tempo.


 


 


 


 


Nota da autora:



Essa história é um original hetero meu. No entanto, resolvi reescrevê-lo, como yaoi. Portanto, se alguém já leu o texto por aki, saiba que vai ter MUITASSSS coisas diferentes da minha historia escrita aos 15 anos!!! E quem não leu, não leia o original, para não perder a graça^^

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MensagemAssunto: Re: [INC] O Pilar   [INC] O Pilar EmptyQui Dez 30, 2010 10:32 pm

O Pilar


Capitulo I


Por Josiane Veiga


 


Nota da autora: Obrigada ao Fabiano pela betagem^^





Tudo começou num verão a muitos anos atrás. Numa manhã simples, estava eu
acompanhando uma aula de português, dentro daquele enorme colégio

destinado a descendentes de japoneses. Sentado numa cadeira

desconfortável, apoiei as mãos no rosto, tentando não bocejar enquanto a


professora explicava todas as regras de gramática que existiam, e que

eu desprezava.


Tinha dezessete anos, idade das típicas neuroses adolescentes. Formando-me no ensino médio, pensava em fazer vestibular,
só não sabia para quê. Absolutamente solitário, eu não tinha nenhuma

namorada, e meus amigos eram um ou outro nerd que me seguiam sem

convite.


Perdido em um mundo que não considerava meu... Era assim que me sentia... Quando se é uma adolescente se tem muitas idéias
confusas. Existe um mundo a desbravar, uma vida a viver... E eu não

tinha certeza absoluta se que a queria.


Os meus dedos começaram a badalar uma antiga canção. Odiava o colégio, odiava aquela classe e,
especialmente, odiava a professora que me encarava com arrogância por

trás dos enormes óculos.



-Todos para a biblioteca – a mulher avisou, subitamente.


Tenho horror à biblioteca. Talvez, até fobia. Um espaço limitado, amontoado
de livros empoeirados, e um bando de "cdf"s demonstrando sua

superioridade.


-Adoro a Biblioteca – A voz pertencia a Sho Sakurai.


O aluno mais inteligente da classe era, ironicamente, meu único amigo
dentro daquele lugar. Talvez porque o rapaz não se incomodasse com meus

olhos sonolentos, nem com minha total falta de vontade de estimular

alguma conversa.


-Eu odeio – respondi, em troca


-Ah Ohno-san, não fala assim! Você precisa encontrar um livro legal... Daí descobrirá o mundo fantástico da literatura...



Por que era tão difícil para as pessoas perceberem que aquilo era impossível para mim?


Assim que chegamos à biblioteca, a professora começou a dar as suas ordens.


-Bem, isso aqui é uma biblioteca, pra quem não sabe – avisou a professora,
tentando fazer uma piada que, obviamente, não tinha a menor graça –, e

vocês estão encarregados de encontrar um livro para o trabalho de

português.


Os ratos (como são chamados os alunos que gostam de ler) correram em direção as prateleiras. Já os desinteressados – como eu
– ficaram imaginando como escapariam dessa.


"– Perda de tempo" – pensei – "Mas, o que pode se fazer?"



Tão animado quanto um gato diante de um cachorro, comecei a caminhar por
entre as prateleiras. Não havia como escapar, pois eu necessitava de uma

nota média na matéria para não reprovar.


Suspirei, irritado. Jamais pensei que naquele momento minha vida ia mudar.


-Encontrei! – Exclamou Sho, pegando "Vidas Secas" de Graciliano Ramos nas mãos.


Meu Deus, o moreno era um ET! Pior, daqueles que fazem você se sentir um lixo tamanha a sua inteligência!


-Você está louco? – perguntei.


Mas ele não me escutou. Com os olhos brilhando, saiu dali saltitando com
"Vidas Secas" entre os braços, como se fosse algum prêmio misterioso.


Pasmo, ainda falei baixinho:


-Mas, que ótimo! Meu único amigo nesse buraco é um rato.



No entanto, algo chamou minha atenção antes que eu reclamasse mais. Num
canto escuro havia um pequeno livro com uma capa aveludada, vermelha.

Aproximei-me, peguei-o e, antes que conseguisse tomar qualquer atitude,

notei alguém atrás de mim.


-Puxa, que bom que você já escolheu um livro, Ohno! – era a professora.


"-O quê? Ela devia estar louca se considera que vou ler um livro com, provavelmente, mais de trezentas páginas!"


-Você já tem idade pra começar a ganhar responsabilidade – o suspiro dela me
irritou. - Eu me preocupava com a sua falta de vontade em relação à

literatura... Mas, agora vejo que quer mudar.


-...


-Pode retirá-lo com a secretária. – E a escravizadora de cérebros ainda olhou o
título do livro que eu tinha nas mãos. – "O Pilar", nunca ouvi falar,


mas espero que goste.


Sem saída – e desesperado para me afastar daquela psicopata -, comecei a caminhar em direção a mesa da secretária
da biblioteca. Retirei o livro, e fui pra sala de aula.


Cheguei na classe, e o silêncio me recepcionou. Todos os alunos já estavam
absorvidos em suas próprias leituras. Sem ninguém para conversar – já

que Sho aparentava estar mais que feliz em sua concentrada leitura -,

comecei a ler meu próprio livro.


"A mais de mil anos atrás, na época que a Terra era governada por Deuses, Hades o Deus do Inferno,
trancafiou o único povo que fazia o bem em uma localidade no centro da

Terra. Ao seu redor havia muralhas indestrutíveis, e um pequeno rio

corria entre uma fenda no muro para dentro da pequena cidade. Dessa

maneira, com a água e a terra, eles plantavam e conseguiram sobreviver


todos aqueles anos de reclusão.


Mas, um profeta havia dito que nasceria um menino que seria chamado de Satoshi, o sábio, e ele
seria a escolhida para salvar aquele povo. Teria um sinal (a ave Fênix)

na mão direita. Era um presente de Zeus para que os demais tivessem a

salvação. Seria um ser celestial que teria poderes pra traspassar o

murro e iniciar uma jornada atrás do cristal do Fogo, que ficava no

Oráculo de Abel. O menino seria chamado para sua missão assim que

tivesse 17 anos."


Fechei o livro. Já havia percebido que era um conto de fadas, e daqueles bem chatos por sinal! O protagonista, um
adolescente bonzinho e boboca teria que salvar o povo contra os bichos

feios e maus, e no final apareceria uma bela princesa, doce e gentil, os


dois se apaixonariam assim que se vissem. Casar-se-iam e seriam felizes

para sempre.


Que chatice! Isso não existe, e nunca vai existir!


Cheio de preguiça, me debrucei em cima do livro... Fechei os olhos um pouco, para cochilar... Mas, algo aconteceu nesse momento.


Todavia, como vou explicar? O mais fácil e simples seria dizer que quando abri
os olhos novamente não estava mais na sala de aula. O lugar era

estranho. Era uma aldeia com casas simples feitas de madeira, com seu

teto coberto de palhas. Com algumas arvores no centro, parecendo uma

praça e uma enorme muralha ao redor.


Por alguns segundos, fiquei pasmo, como se não acreditasse em meus próprios olhos. Porém, assim que
recobrei a consciência do que acontecia, assustei-me. O que estava


acontecendo? Como eu havia parado naquele lugar? Onde estava Sho e minha

escola?


Olhei-me, tinha roupas estranhas. Um vestido longo, branco, como os usados pelos gregos em épocas remotas. Calçava sandálias
e os meus cabelos, estavam mais compridos.


Hipnotizado com o que via, fui trazido de volta a realidade por uma voz atrás de mim.


-O que houve?


Virei e fitei-o. Um ancião mantinha um sorriso nos lábios e me olhava com curiosidade.


-Senhor, por favor, onde estou?


Ele me encarou, sério.


-Como? Do que esta falando Satoshi?



Aquilo reagiu em mim como um soco.


-O que? Satoshi? Desculpe, eu não sou Satoshi nenhum.


-Menino, pare de falar besteiras!


Assustado, implorei para que me explicasse. Mas, antes que ele começasse a falar,
me veio a compreensão. Sim, o impossível aconteceu! Eu havia sido

transportado para dentro de "O Pilar" e, agora era Satoshi, o personagem

principal.


Continua...

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MensagemAssunto: Re: [INC] O Pilar   [INC] O Pilar EmptySex Dez 31, 2010 9:14 pm

waaaa essa fic aqui tbm
bem, eu ja li la no jimusho ai e comentei
achei mto legal a ideia
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MensagemAssunto: Re: [INC] O Pilar   [INC] O Pilar EmptyDom Jan 02, 2011 2:41 am

Ahhhh Nara^^ essa historia é taooo fraquinha comparada a rendição e redenção... mas enfim.. acho que da pra desestressar um pouco pq ela é leve. Eu tava precisando de algo assim... algo bem fora dos meus padroes^^
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MensagemAssunto: Re: [INC] O Pilar   [INC] O Pilar EmptyDom Jan 02, 2011 2:49 am

O Pilar

Capitulo II

Por Josiane Veiga






Não podia ser realidade... Não podia! Todos esses acontecimentos provavelmente deviam ser uma brincadeira de mal gosto da minha própria mente. Uma alucinação causada por alguma coisa que eu comi no recreio. Como podia estar vivendo um pesadelo desses?

No entanto, era tudo real demais. Eu tinha essa consciência.

-Sei que está nervoso. Mas, tente se acalmar. – A voz passiva pertencia ao ancião, que aparentava não entender a minha reação.

Fui levado do pátio para uma cabana infestada de moscas e cheiro de ervas, forte e enjoativo. Aquele ambiente lembrava um inferno, tamanha pobreza e podridão em todos os lugares.

-Você precisa descansar – a voz do velho foi taxativa.

Entretanto, não dormi. Como poderia? Estava nervoso, chocado e espantado demais para conseguir fechar os olhos tranquilamente. Mesmo eu, tão acostumado a preguiça e a sonolência, havia sentido pela primeira vez o deslumbre da insonia.

A madrugada foi infernal, mas antes do sol nascer, consegui cochilar. Na manhã seguinte fui acordado pelo velho ancião. Pelo que pude perceber ele era meu mestre.

-Já está pronto para partir? – Ele perguntou assim que eu terminei de tomar o chá.

-Partir?

-Para o Oráculo de Abel, Satoshi!

O quê?

Comecei a investigar minha própria mente. Como era mesmo a sinopse do livro?

-Olha – disse, por fim -, isso deve ser um mal entendido! Eu não sou Satoshi nenhum. Sou Ohno, estudante do ensino médio, irresponsável e idiota. Não Satoshi, o maravilhoso menino escolhido, perfeito, corajoso e forte que salvará seu povo!

Ele riu compreensivo. Tomou minhas mãos entre as suas, e me encarou.

-Nós já conversamos sobre isso. Sei que está receoso, eu entendo. Mas deverá ser forte. Estamos em suas mãos, Satoshi. Nosso povo não conseguirá viver muito tempo dentro dessa prisão. Só você poderá trazer a paz que tanto desejamos.

-Mas... - comecei, mas acabei ficando em silêncio.

Não adiantaria dizer mais nada. Minha vida estava destroçada. O tal Satoshi provavelmente havia sido treinado para tão sagrada missão, e eu não sabia nem dar um tapa. Se tinha medo até de baratas como iria enfrentar... Kami-sama, o que eu iria enfrentar?

De repente olhei para minhas mãos entre as do ancião. O medo perdeu para a curiosidade. Sobre minha mão direita havia um desenho de uma pássaro.

-O que é isso? – indaguei, apontando o desenho.

-Você está muito estranho - ele riu. - Isso é o seu sinal: A ave Fênix!

Levantei-me, e o homem achou que eu já estava pronto pra partir. Quando dei por conta já me encontrava em uma pequena rua, sendo guiado pelo ancião. Uma multidão ficava nas suas laterais, todos me dando seus cumprimentos e seus desejos de boa sorte. Logo eu e o velho paramos em frente a um enorme portão.

-Senhor – tentei pela última vez –, está enganado! Não sou quem pensa!

-Conversamos sobre isso na sua volta.

-Mas...

Então ele me empurrou sobre o portão, mas não aconteceu o que eu esperava... Não me choquei no velho portão de pedra. Passei por ele como se não existisse nada ali. Já do lado de fora, voltei os olhos e só vi a muralha... Encostei no murro com a esperança de que eu pudesse voltar, mas não havia mais volta.

A verdade? Por mais aterrorizante que pudesse ser aquela vila, eu sabia pela pequena leitura que havia feito, que lá era um local seguro. Agora, sem as muralhas que me protegeriam, o que aconteceria comigo?

Olhei para frente. Uma imensa floresta se colocava assustadoramente no meu caminho. Temi pelo que podia me acontecer. Zonzo, sentei em uma pedra, choramingando:

-Maldita hora em que fui pegar esse livro! Isso só podia acontecer comigo mesmo... Tudo dá errado pra mim!

-Pare de chorar!

Assustado, levantei-me olhando para todos os lados...

-Quem está ai?




O Pilar

Capitulo III

Por Josiane Veiga






-Quem está ai? - perguntei, em pânico.

Olhava para todos os lados, mas não via ninguém. Todavia, tinha certeza que ouvira uma voz. Sabia que alguém falara comigo. Comecei a tremer por impulso. O que eu poderia fazer?

-Você não sabe quem eu sou? – A voz era firme, grossa, mas seu timbre era quase como se estivesse desconsolado.

-Não... - fui sincero.

-Que povozinho inútil esse aí! Não explicaram a você que teria um acompanhante?

Acompanhante?

-Quer dizer que não estarei sozinho. Que bom! Mas, vem cá... onde você está?

-Aqui.

Onde? Eu não via nada! Estava desconfiando da minha sanidade mental quando senti algo mexendo-se nas folhagens.

-Você é um... tigre! - constatei, assombrado.

-Por que a surpresa? Você não sabia que seria acompanhado por um tigre?

Me sentei em cima de uma pedra que havia por lá. Aquilo não podia estar acontecendo, era mágico, impossível demais. Mas estava sim... um tigre que falava... era um absurdo.

Quando voltei novamente os olhos em sua direção, percebi que o tigre me olhava decepcionado.

-O que foi? - perguntei, constrangido com aquele olhar intenso.

Queria ele me devorar?

-Você não parece ser forte e nem saber lutar – a voz cruel. - Que tipos de técnicas de artes marciais aprendeu?

-Nenhuma.

-Como? – ele quase engasgou. - Como acha que vai passar por todos os perigos até chegarmos ao Oráculo de Abel?

Olhei para baixo, chateado. Parece que meu "ajudante" não era muito amigável... e pior... como iria explicar a situação a ele se não conseguia explicá-la nem a mim?

-Como você se chama? – tentei puxar assunto.

-Fogo Branco.

-Fogo Branco... que bonito...

-Isso. E o seu?

-Ohno.

-Ohno, mas que nome esquisito. E sua cara é chata, como um roda.

-Esquisito? Meu nome é lindo. E eu não não tenho cara chata! O seu nome é que é cheio de enrolações.

-Você acabou de dizer que era bonito.

-Eu menti. – disse bufando.

-Oh! Satoshi não pode mentir.

Mostrei o dedo médio pra ele, mas o animal pareceu não se importar muito.

-Vamos parar com isso? - prossegue. - Temos que caminhar. Há um longo caminho pela frente, e a cada dia que passa o povo vê sua possibilidade de vida se findar – o animal parecia preocupado.

-Caminhar?

-É claro. Como achas que vamos chegar ao oráculo? Transportados? - Fogo Branco foi irônico.

-Não seria nada mal... mas, achei que a gente ia ter um carro... sei lá... ou você pode me levar nas costas...

-Te levar nas costas? Vá te enxergar, moleque! Eu sou um tigre lendário. Quase um rei entre os animais... eu sou um animal dos deuses!

Suspirei.

-Em que direção vamos? - perguntei, por fim.

-Para o sul.

E começamos nossa jornada. Caminhamos em silêncio total por umas 2 horas. Ele não parecia muito a vontade de falar, por mais que eu desejasse muito poder contar meus problemas a ele. Não sou falante por natureza, mas naquele momento eu queria alguém que me ouvisse. Todavia, mesmo o meu sorriso mais doce parecia não ser muito charmoso para Fogo Branco.

-Você disse que é um animal dos Deuses... - comentei. - A qual Deus pertence?

-Não te interessa.

Mas, que filho da mãe! Tão mal educado assim, devia ter um Deus ainda pior. Se estava ali ajudando o tal povo trancafiado era porque estava obrigado.

-Vamos para um pouco? - pedi. - Estou cansado...

E com sono também, mas resolvi não dizer isso a ele.

Fogo Branco me encarou.

-Está um trapo! O que aconteceu? Não foi treinado para aguentar a caminhada? Como conseguirá chegar ao oráculo? O que fez nesses anos todos trancado dentro da muralha?

Não respondi.

Senti-me constrangido, e resolvi não brigar. Estava decidido a voltar pra casa, mas a única saída ser-me-ia recuperar o tal cristal. Se assim conseguisse, provavelmente o efeito mágico que havia me trazido para dentro da história desapareceria. O que eu não podia aceitar era o fato de ficar ali para sempre.

-Falta muito para chegarmos? Já escalamos uma montanha? - indaguei, tão logo voltamos a caminhada.

Ele deu uma gargalhada.

-Você esta brincando? Temos que passar por umas sete ou oito montanhas como aquela.

-Sete ou oito? Ai, meu Deus!

Ele caminhava com rapidez e, sem saída, o segui. Mais uns quinze minutos e saímos da floresta, tendo um belo tapete verde a nossa frente.

-Oba! –Vibrei. - Finalmente um lugar plano!

Mas, havia alguém que acabaria com a festa...

-Em compensação - começou o tigre -, estamos mais visíveis e ficara fácil de nossos inimigos nos encontrarem.

-Puxa vida, será que não pode acontecer algo de bom sem que ocorrera algo de ruim depois?

Dito e feito! Não tardou para que notássemos que não estávamos sozinhos. O primeiro que percebeu foi Fogo Branco que me alertou.

-Escuta!

-O quê?

De repente, uma jovem de cabelos claros e porte físico considerável se colocou em nossa frente.

-Ora, ora – a voz era carregada de ironia. - O que temos aqui?

Olhei para Fogo Branco, e notei-o nervoso.

-Quem é você? - perguntei.

Ela me olhou esnobe, e respondeu sorrindo.

-Estou vendo que Satoshi quer saber o nome de sua assassina.

Meu coração disparou.

-Me chamo Rally, sou espadachim...e vou te matar!

E agora? O que fazer, meu Deus?

Continua...
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MensagemAssunto: Re: [INC] O Pilar   [INC] O Pilar EmptyDom Jan 02, 2011 10:35 pm

O Pilar

Capitulo IV

Por Josiane Veiga








Fogo branco me olhou como se eu pudesse fazer algo, como se esperasse que eu fizesse. No entanto, eu esperava que ELE reagisse.

-Não vai fazer nada? - enfim ele perguntou.

Eu havia explicado que não sabia lutar. Mas, naquele momento percebi que o tigre não havia acreditado em mim. Minha cabeça girou... estávamos perdidos. Iríamos morrer na mão da espadachim.

-Eu não sei o que fazer!

Algum de vocês já imaginou a boca de um tigre se abrir em espanto? Garanto a vocês que por mais difícil que seja de acreditar, a boca do meu ajudante abriu-se dessa forma. Entendo que Fogo Branco esperasse que eu mostrasse as minhas habilidades... só que eu não tenho nenhuma.

-Mostre o que você aprendeu no treinamento – ele insistiu.

-Treinamento?

-Meu Zeus, você não sabe mesmo lutar?

-Eu não... achei que você soubesse...

-Eu não sei... sou apenas um guia.

-Então o que vamos fazer?

-Correr!

Nunca obedeci tanto alguém em toda a minha vida. Corri para o sul, onde se iniciava uma floresta com árvores corpulentas. Mas, olhei para o lado, e não vi Fogo Branco. Deus, o tinha perdido de vista! Transtornado, escutava a voz de Rally atrás de mim, gritando que me mataria. Foi nesse momento que tropecei em cima de uma pedra, caí e bati a cabeça. Desmaiei.

Quando finalmente acordei já estava escuro. Estava deitado sobre um cobertor, e tinha uma fogueira na minha frente, me aquecendo. Apesar do ambiente precário, me encontrava muito confortável. Não fiquei nervoso porque Fogo Branco dormia tranquilamente do meu lado.

Que tigre útil! Além de me fazer um curativo na cabeça, tinha despistado Rally e ainda me fazia de companhia.

-Até que enfim você acordou!

A voz quase fez meu coração parar.

Da mata um rapaz de cabelos negros surgiu com pedaços de madeira na mão. Ele era magro, um pouco mais alto do que eu, e tinha olhos tão intensos que pareciam demoníacos. No entanto, o que realmente chamou a minha atenção foi o fato de que o estranho era oriental, de olhos tão puxados quanto os meus.

Colocando as madeiras na fogueira, me encarou. Vestia uma roupa escura que ficava bela em contraste com a pele clara. Sua voz não tinha despertado apenas a mim, Fogo branco também acordou. O tigre olhou para o rapaz.

-Não imagina como foi bom você aparecer – disse o felino.

-Quem é você? – perguntei, espantado com o grau de intimidade do animal com o rapaz.

Mas, nenhum deles me deu atenção

-Esse é Satoshi? – dirigiu-se a Fogo Branco.

-Sim.

-Não acredito – ele negou com a face. - Ele é ...idiota demais pra ser um guerreiro.

O quê? Como aquele infeliz falava assim de mim? E pior, na minha frente!

-Eu também não entendo – Fogo Branco balançou a cabeça. - Ele não foi treinado, parece que não está se preocupando com nada... Mal consigo acreditar que é Satoshi.

Ótimo! Agora Fogo Branco se aliou a ele.

-Esperem um pouquinho! – berrei. - Podem parar de falar de mim desse jeito? Eu não sou Satoshi! Nunca tive obrigação nenhuma de ajudar vocês. Portanto, é melhor parar de me encher porque estou aqui de boa vontade.

-Como assim? Você não é Satoshi? Quem é você? E a sua marca de Fênix?

Então contei-lhes a história. Desde a hora que peguei o maldito livro na biblioteca até aquele momento. Quando terminei o relato, os dois me olharam divertidos.

-Eu não disse, Fogo Branco? É uma completo irresponsável...

-Que asneiras!

-Mas uma coisa não se pode negar... – disse o rapaz para mim -, você tem uma imaginação muito fértil. Ah, só uma coisinha... o que é escola?

Tremi de raiva. Estavam me tratando como criança. Emburrado, virei de costas pros dois e voltei a deitar.

-Se não é Satoshi, como passou pelo portão? – perguntou Fogo Branco.

Não respondi. Logo ouvi um suspiro vindo atrás de mim. Era aquele cara irritante.

-Ele é um covarde, está com medo de Abel e quer escapar de qualquer jeito.

Não aguentei, fiquei de pé e respondi aquele maldito.

-Alguém já lhe disse que você é insuportável?

Aquelas palavras o chocaram. Seus olhos brilharam de raiva. Parecia que ninguém nunca tinha falado daquela forma com ele anteriormente. Pelos olhos de Fogo Branco vi que o tigre tinha medo que ele me matasse. Mesmo assim, fiquei firme.

-Você foi muito audacioso, Ohno. Peça desculpas – a apreensão em Fogo Branco era palpável.

-Não!

O rapaz encarou Fogo Branco.

- Não confio nele. – disse apenas.

- E daí? – gritei. - O que me interessa se você confia, ou não, em mim? Vá pro inferno com a sua confiança!

Ele não me respondeu, saiu dali e voltou a floresta.

-É um idiota! – resmunguei

-Você não devia falar assim com ele – Fogo Branco me reprovou. - Ninguém nunca o recriminou.

-Deve ser por isso que ele é tão arrogante.

-Ele salvou sua vida! Se não fosse por ele, eu e você estaríamos mortos agora. Ele matou Rally.

Ok. Houve um pequeno vestígio de dor na consciência. Quis pedir desculpas, mas o rapaz havia sumido, e eu não o vi mais durante aquela noite.

Continua...
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MensagemAssunto: Re: [INC] O Pilar   [INC] O Pilar EmptyTer Jan 04, 2011 4:09 am

vi q vc tinha postado, mas esses dias nao deu pra entrar direito
se é fraquinha ou nao eu nao sei
mas to adorando *----*
gosto de fantasia
é dificil ver uma fic sua sendo fraca
ainda mais vc sendo uma escritora de mao cheia
e criar uma historia assim aos 15 anos
poxa...
é uma escritora mesmo
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MensagemAssunto: Re: [INC] O Pilar   [INC] O Pilar EmptyTer Jan 04, 2011 6:33 pm

Nara..nem me fala..eu to arrumando este trabalho, corrigindo os erros mais fortes de portugues, mas tipo... tem coisas nessa fic que tive que reescrever pq sao MTO RUINS..HAUAHAAUAHAUAH


Mas, mtooo obrigada pelo seu apoio^^



O Pilar

Capitulo V

Por Josiane Veiga


-Acorde – um focinho gelado grudou no meu pescoço.

Fogo Branco foi muito seco e frio ao me despertar. De alguma maneira, o tigre se ressentia por eu ter tratado mal o seu amigo. No entanto, que culpa tinha eu de o moreno ser arrogante?

Logo começamos a caminhar novamente. O felino ia à frente, em uma postura brava e autoritária. Cansado daquela situação, tentei puxar assunto:

-Fogo Branco, como eu vou fazer pra voltar?

-Para a sua aldeia?

-Para a minha escola. Eu odeio a escola, mas, neste momento, daria a vida pra voltar lá...

-O que é escola?

-Um lugar onde a gente estuda...

-Nunca ouvi falar num lugar assim. Aqui todos aprendem com seus familiares.

-Queria muito estar lá agora... - choraminguei, reclamando.

-Olhe Ohno, acho que você não está bem do juízo.

Me calei. Fogo Branco nunca acreditaria em mim.

De repente, um barulho incomum tirou-me de meus devaneios. Fogo Branco soltou uma pequena e breve gargalhada. Aquele som foi tão surpreendente quanto bem vindo. Eu até me animei ao ouvir a risada franca, sem máscaras. Ele parecia mais amigável assim, sorrindo.

-Escola... – ele murmurou e depois ficou resmungando mais algumas coisas que eu não entendi.

Logo o som de seu riso foi substituído por um barulho de águas de chocando com pedras. Rapidamente vimos uma bela cachoeira a nossa frente.

-Que lindo! – exclamei.

Mal pronunciei meu elogio, e uma voz surgiu do nada:

-Você é Satoshi?

Uma voz desconhecida. Instintivamente, me virei em direção a ela. Um homem de cabelos escuros me observava.

-Quem é você? – perguntei.

-Era só o que nos faltava... – suspirou o tigre.

Não precisei colocar o cérebro pra funcionar pra perceber que era um inimigo... mais um inimigo!

-O que vamos fazer? – perguntei ao tigre.

Ele me olhou zangado.

-Se você não tivesse ofendido "aquele rapaz" nós não estaríamos nessa situação.

Agora sim, aquele era o Fogo Branco que eu conhecia, me recriminando como sempre.

-A culpa é minha agora? Porque você confia tanto nele? Nem o nome dele você sabe!

-E quem disse que eu não sei? Eu o conheço muito bem.

-Como é o nome dele então?

-Ele não quer que eu lhe diga, pois não confia em você.

Em nossa discussão havíamos esquecido completamente o homem que ainda nos olhava. No entanto, ele fez questão de nós lembrar de sua presença.

-Podem parar com isso?

Nós o olhamos.

-Posso me apresentar?

Eu e Fogo Branco fizemos afirmativo com a cabeça.

-Eu me chamo Fanel! Sou um imperador das trevas e vim aqui para matar você Satoshi.

Suspirei.

-Mas, será possível! - exclamei. - Vocês não tem criatividade não? É sempre a mesma coisa! Parece até episódio dos cavaleiros do zodíaco.

Ele não riu da minha observação... pelo jeito era difícil de conseguir conquistar as pessoas daquele lugar. Até agora não tinha tido sucesso. O homem musculoso começou a caminhar em nossa direção. Fogo Branco gritou para corrermos mas eu estava congelado no lugar.

-O que foi, Satoshi? – ele se colocou no chão e caminhou em minha direção. – Estas com medo? - indagou. - Sempre pensei que o menino escolhido não temeria a nada...

Fechei os olhos. Imaginei que aquele seria meu fim. Mas, algo aconteceu, pois Fanel não chegou até a mim. Quando a coragem se manifestou e abri os olhos, o vi deitado com uma rosa na garganta. Estava morto. Completamente chocado, estanquei no lugar, fixando-me naquela pavorosa cena.

Levantando um pouco mais o olhar, vi, alguns metros adiante, o rapaz que eu odiava (ou assim achava).

Aos poucos meu coração começou a voltar ao ritmo normal.

-Por que não correu? – isso foi tudo que ele me perguntou, após dirigiu-se a Fogo Branco: – O que houve com você?

O tigre, claramente afobado foi logo se explicando.

-Nunca encontrei um imperador maligno. Fiquei assustado... me perdoe...

Os olhos do rapaz se suavizaram, e ele sorriu.

-Tudo bem, amigo.

Os dois então começaram um dialogo me deixando de fora.

-Vai nos acompanhar? – começou Fogo Branco.

-Não.

-Não vamos conseguir chegar até o Oráculo de Abel. Há muitos inimigos pelo caminho.

-Aparecerei para ajudar se for necessário.

-Creio que será – o animal admitiu. - Senhor, e se o matarem? – Fogo Branco me encarou.

-Não se preocupe... eu não permitiria...

Meu coração disparou naquele momento. Foi simplesmente a reação mais ilógica possível. Por que aquela frase suave, dita num tom tao delicado causou arrepios em todo meu corpo?

-...Além disso – ele continuou-, ele é tão cabeça dura que mesmo que se alguém jogasse uma montanha na cabeça dele, não quebrava.

Pronto. Agora estava-o reconhecendo. Me aproximei para xingá-lo, mas ele mantinha um sorriso nos lábios, e então percebi que apenas tinha sido irônico.

-É da minha vida que estão falando – tentei aparentar calma, apesar do meu coração dar saltos enormes no meu peito. - Será que posso participar da conversa?

Para meu espanto, ele virou as costas e começou a caminhar em direção a outro lado, simplesmente me ignorando. Ah, mas dessa vez não ia me fugir assim tão fácil!

-Pode parar ai! – Segurei seu braço.

O moreno me encarou, seco. Gelei. Pela primeira vez notei que os olhos castanhos dele eram intensos... lindos.. não... estava vendo coisas!

-Quero saber como se chama? Ou como posso chamá-lo!

Achei que não fosse me responder; mas, surpreso, o vi respirando fundo e falando.

-Pode me chamar de Chefão!

-Vai te danar!

-Olha a boca, Ohno – recriminou-me Fogo Branco.

-Que nome achas que combina comigo? - ele sorriu.

-Não sei... sinceramente não sei.

-Acho melhor você não saber meu nome.

-Por quê?

-Porque será o melhor para você.

Abaixei a cabeça. Percebi que ele nunca seria meu amigo. Eu estava sozinho naquele lugar, e nem ele nem Fogo Branco manifestavam interesse amigavel.

-Fale um nome, e pode me chamar por ele.

-Já disse que não consigo imaginar um nome para você.

Senti seus dedos no meu queixo, erguendo-me o rosto, me fez encará-lo.

-Você tem lindos olhos, Satoshi!

Quase engasguei.

Eu era um homem! Ele era um homem! Mesmo assim, tinha absoluta certeza que o moreno flertava descaradamente comigo.

-São escuros – nervoso, acabei por dizer o obvio. - Não a nada de beleza na escuridão – comentei, incerto.

Ele sorriu.

-Na escuridão muitas coisas maravilhosas acontecem – o sussurro dele me enrubesceu.

Não resisti a curiosidade.

-Tipo o quê?

-Está me provocando? - o tom era quase uma carícia.

Não! Não era uma provocação. Eu realmente não sabia do que ele falava! Percebendo que fazia papel de bobo, puxei meu rosto e voltei caminhando em direção a Fogo Branco, que apenas nos olhava curioso.

-Pode me chamar de Nino.

Voltei-me rapidamente para ele.

-É seu nome verdadeiro? –perguntei esperançosa.

-É apenas uma abreviação - e virou-se caminhando em direção a mata.

Eu sorri. Pelo menos agora eu teria um nome pra chamar meu guardião.

Naquela noite sonhei com ele...

Continua...
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MensagemAssunto: Re: [INC] O Pilar   [INC] O Pilar EmptyQua Jan 05, 2011 5:24 pm

O Pilar

Capitulo VI

Por Josiane Veiga


Acordei com o barulho da água que corria perto de nós. Poderia me sentir recompensado pela aquela cachoeira ser a primeira visão que tive naquele dia, todavia, a situação era péssima demais para fazer-me esboçar um sorriso.

Sim, sou rabugento. Não todos os dias, não todas as horas. Mas, sou rabugento quando meu pequeno mundo cômodo é alterado. Dormir, por exemplo, é uma das coisas que eu mais gosto. No entanto, dormir sobre o chão duro, sem um bom travesseiro, e tendo que espantar as moscas e pernilongos durante toda a madrugada não é exatamente o tipo de prática que me gera felicidade.

Foi resmungando que cheguei até a cachoeira afim de lavar o rosto.

"-Você tem lindos olhos, Satoshi".

Subitamente, a minha mente se recordou daquelas palavras... e, sem aviso, meu corpo entrou em tal estado de euforia que tive que me conter para não gargalhar. Ao mesmo tempo que a adrenalina me tomava, uma sensação de pânico também me seguia. Por que aquelas palavras tão simples ecoavam nos meus ouvidos e passavam pela minha mente, fazendo-me sentir culpado por estar feliz?

-Já acordou? – Fogo Branco apareceu com uma cesta na boca.

-O que tem aí? - indaguei, curioso.

-Comida! Nino mandou para você.

-Que gentileza a dele. – Mal podia acreditar que eu pronunciava aquelas palavras.

Ataquei o cesto de comida e descobri o quanto tinha coisas boas e gostosas lá. Sorri ao pensar que ele tinha tido um grande trabalho para conseguir aqueles bolos e doces. Como, alias, ele havia providenciado tais alimentos não me preocupou... mas... porque ele tivera tal trabalho, sim.

-Acho que ele esta começando a me aceitar – pensei em voz alta.

-Não se iluda! – Fogo Branco me cortou.

-Por quê?

-Pelo seu bem. Percebi a maneira como olhou para ele ontem. Ele não é pra você. Não vá se apaixonar!

Eu quase engasguei. Era a coisa mais absurda que eu já havia ouvido em toda a minha vida. Eu era um homem! Como poderia me apaixonar por outro? O que Fogo Branco achava que eu era?

-Não seja idiota! – Enrubesci. – Só quero ser amigo dele. Sou assim, muito ... amigável as pessoas.

-Sei... - desdenhou.

Parei de comer e comecei a guardar o que havia sobrado dentro do cesto. É claro que eu não iria me apaixonar por um cara... muito menos por um cara como ele! Aquele tigre estúpido estava vendo coisas demais. Agora ser simpático com alguém significa desejar ter algo em especial com aquela pessoa?

Alguns minutos depois, Fogo Branco me avisou que logo iríamos partir. Ele achava que, um pouco mais a leste, existia um local em que poderíamos cruzar a cachoeira sem ter perigo de nos matarmos afogados.

Fazia uns quinze minutos que caminhávamos quando uma densa névoa nos encobriu.

-Não estou conseguindo ver nada - reclamei.

-Caminhe em linha reta - o felino aconselhou. - E devagar - completou. - Não esqueça que estamos perto do barranco do rio, e não quero que você se machuque.

Aquelas palavras me emocionaram. O tigre começava a gostar de mim?

-Obrigado - disse, comovido.

-Sem você, não poderemos chegar até o Oráculo de Abel.

-Nossa, como você se importa comigo. – ironizei.

Fiquei zangado. Estava na hora de parar de tentar fazer com que aquele tigre gostasse de mim pelo que eu era, e não somente pela missão que tinha.

Tropecei em uma pedra que tinha perto do barranco. Cai de joelhos e acabei esfolando-os.

-Fogo Branco! Eu cai!

Silêncio. Olhei para frente, mas não o enxergava. A névoa tinha ficado mais densa e forte.

-Fogo Branco! – gritei.

Nada. O silêncio era tão forte que apenas o barulho do rio era audível.

-Fogo Branco - gritei novamente.

Agora sim, eu podia ficar preocupado. Meu companheiro de viagem simplesmente havia desaparecido. Me levantei, e comecei a dar uns tímidos passos a frente. Um barulho perto das árvores chamou a minha atenção a esquerda.

-Fogo Branco? – Eu me aproximei. – Esta aí?

Logo senti mãos grandes taparem minha boca. Um cheiro insuportável inundou-me as narinas. Fechei os olhos para tentar readquirir forças e brigar com o dono daquela mão mas não consegui mais abri-los.

Não sei quantas horas se passou até que eu conseguisse acordar. A escuridão já adentrava a noite e quando eu havia sido capturado era de manhã.

-Que bom que acordaste, Satoshi!

Olhei para a direção da voz. Um rapaz incrivelmente belo, de cabelos escuros encaracolados nas pontas, pele pálida e aparentando ser um pouco mais jovem que eu, se encontrava encostado em uma árvore, observando-me.

-Quem é vc?

-Sou Matsujun! - Ele se apresentou, fazendo uma revêrencia. - Você já deve ter ouvido falar de mim, já que sou muito importante, ilustre e maravilhoso. Por favor, não fique eufórico, eu sei que você deve estar emocionado.

-Na verdade, nunca ouvi falar de você.

Ele ficou surpreso.

-Não? Tem certeza?

-Tenho certeza. É a primeira vez que ouço seu nome!

-Mas, minha fama adentrou todo o mundo. Sou um ladrão de recompensas.

-Bom, no meu mundo, ladrões são presos, não idolatrados - expliquei. - Mas, o que quer de mim?

-Abel pagará uma fortuna por você.

Ah, então eu era uma mercadoria à venda?

Mordi o lábio inferior. Um pedaço de carne queimava em uma fogueira perto de nós, e ele o tirou do fogo e me ofereceu.

-Tome! Está com fome?

Peguei a carne, e a comi. Sim, eu estava esfomeado... e, ao mesmo tempo, curioso. Não entendia direito o porquê dele me contar seus planos. Após me alimentar, fechei meus olhos por alguns instantes, pois a droga que ele usou pra me fazer dormir quando pegou-me, ainda fazia um pouco de efeito. Quando abri os olhos, o rapaz estava muito próximo de mim. Com o susto quase saltei pra trás.

-Não tenha medo! Não te farei mal... se quisesse, já tinha feito.

Um tanto envergonhado, respirei fundo. As pessoas daquela era eram muito estranhas...

Ele me entregou uma caneca com água. Bebi com sofreguidão.

-Você não me parece um cara malvado.

-Não se deixe levar pelas aparências...

Mesmo assim, não custava tentar:

-Não me entregue a Abel, por favor!

Ele riu. Perdi as esperanças com aquele riso. Meus olhos se encheram de lágrimas.

-Quero voltar pra minha casa... – murmurei.

-Você é muito bonito... – Matsujun me falou.

Levantei os olhos para ele.

-Eu soube que Abel não é o único que se interessa por você - contou-me.

-Pela história, isso não teria lógica...

Ou teria. Deus, por que eu não li o livro inteiro?

Encarei Matsujun. Ele tinha um ar confuso diante das minhas palavras.

-Vou te leiloar pra quem dá mais! - exclamou, de repente, parecendo feliz.

-E ainda me conta?

-Por que eu teria que esconder? É mais fácil você sabendo. Não vou te matar, você só tem validade pra mim, vivo.

Abaixei os olhos de novo, e resolvi ir dormir. Olhando pelo lado positivo, eu não iria morrer naquela noite. E ainda estava alimentado e havia bebido água.

-Boa noite Satoshi! – ele disparou assim que me viu deitar sobre a manta no chão.

Inferno que, mesmo sendo um cafajeste, ele conseguia ser encantador.

-Boa noite.

Continua...
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