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 [COMPLETA] Redenção

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Nara
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyTer Abr 19, 2011 2:05 am

aaaaaaaaaaaaaaaaaaa
a mae do Sho descobriu!!!!!!!
e d q jeito hein
mas só ela vendo para crer mesmo
cedo ou tarde ela teria q saber
achei q o Sho ia ficar mto mal pela mae ter descoberto
mas o Aiba pareceu estar bem pior
nhai mas e agora???
mas Sho dizendo q tudo q ele quer é o Aiba é lindo *-*
e Nino, nao volte a ficar doente por favor i_i
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Josiane Veiga
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyTer Abr 19, 2011 3:12 pm

Naraaa
amor
o Aiba sempre foi tratado diferente pela mae do Sho, que o considerava praticamente um filho. Em Rendição, qdo sho e aiba brigaram e sho o humilhou na TV, ela ficou puta com o filho, pq ama Masaki... e agora se sente traida e com nojo de tudo que aconteceu. Vai ser bem complicado, eu ainda nao sei bem se ela vai perdoar aiba-chan...

Nino terá varias recaidas...faz parte do processo de cura...

brigadaaa amoreeeee pelo apoio^^
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Josiane Veiga
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptySeg Abr 25, 2011 6:34 pm

Redenção
Capítulo 23
Por Josiane Veiga
Nota da autora: como prometido, o capítulo da semana. Ele não é tão intenso quanto o interior, porque eu tento alternar as tensões. Então, obviamente, se nesse a coisa está calma, no próximo pega fogo: e pega fogo mesmo!!! Mesmo assim, esse capítulo será muito importante para a sequência de Redenção e a base para Remissão.
Ah, eu sei que o nome da mãe do aba não é Sango. Mas, eu coloquei esse nome por causa de Inuyasha, já que eu acredito que a mãe do Aiba adora animais (Sango tinha uma gatinha) e é uma guerreira^^
Enfim, feliz páscoa a todas e feliz amor Ohmiya ^^


 


 


 


Kazunari aconchegou-se na cadeira, suspirando baixo. Detestava reuniões, mas sabia serem elas necessárias para o bom andamento de projetos.



Ergueu as vistas e observou com atenção o homem que falava.



Eram oito horas da manhã, e já fazia meia hora que ele estava naquela sala, ouvindo atentamente os pormenores do próximo folhetim que entraria no ar no mês seguinte. Como sempre, Kazunari seria o protagonista; o diferencial, entretanto, era que seu personagem não seria o habitual mocinho perfeito, apaixonado por algum bela (e, de preferência, pobre!) atriz de rosto artificial.




-Eu sei que será um choque para a sociedade, mas faremos o trabalho com responsabilidade – o homem explicou.



Miroke Mayaki era um dos principais diretores do Japão. Tinha um currículo invejável, que íncluia projetos televisivos e filmes. Naquele momento, ele falava sobre a próxima novela, "Thorns", que traria temas até então ignorados pela emissora como homossexualismo, adultério e violência doméstica. Logicamente, haviam filmes orientais tratando do tema, mas seria a primeira vez que uma novela nipônica escancaria tais assuntos em um canal aberto, em horário nobre.



-Eu preciso do melhor ator, e este ator é você, Ninomiya Kazunari – Miroke disse, encarando Ninomiya.


 


Com  um pequeno movimento de face, Nino agradeceu o elogio. Era acostumado a eles, e sempre ficava feliz quando tais palavras eram dirigidas a si.



O personagem de Kazunari se chamaria Shinobu Jonji, filho mais velho de uma familia completamente desestruturada, onde o pai, violento, agride a esposa e os filhos, a mãe tem um amante, e ele próprio completa o quadro polêmico quando se apaixona por um colega de trabalho. O texto causaria um rebuliço na imprensa e com certeza renderia muitas críticas na ala conservadora. Mas, era o tipo de roteiro que atrairia muitos telespectadores pela curiosidade, e daria visibilidade a Ninomiya, que buscava o título de melhor ator do ano. Jonji tinha todas as características necessarias para roubar a cena, e ele faria todo o necessário para ser feliz naquela interpretação.



Como já era de se esperar, as cenas teriam muito mais insinuações e sutilizas do que a exposição da situação. As cenas de Keiko Tayama, atriz que interpretaria sua mãe, fazendo sexo com o amante seriam cortadas, da mesma forma que as surras do seu marido não teriam tanto enfoque. Jonji, seu personagem, também não teria cenas de beijo ou carinho, e toda a trajetória dele em assumir sua homossexualidade teria que ser demonstrada pelo olhar, tom de voz e linguagem corporal.



Sorrindo para si mesmo, Kazunari pensou que seria muito fácil. Ele era um excelente ator, e o personagem era apenas mais um dos tantos personagens fortes que já havia vivido.



Devia começar a preparar seu discurso da vitória, pois com certeza o prêmio final era seu!



Yuuri Chinen morreria de raiva!



-Quem será o ator que interpretará Hiro Sacchi? – indagou um dos produtores.



Hiro seria o colega de trabalho pelo qual Jonji iria se apaixonar.



-Nowaki Isaka.



Kazunari arregalou os olhos. As demais pessoas da sala não contiveram um suspiro impressionado. Nowaki era um ator excelente, tinha uma carreira sólida na América, e nunca havia feito uma novela comum. Os motivos pelos quais um ator de tamanha fama estava indo trabalhar numa novela no Japão eram imcompreendiveis. Aliás, metade das pessoas naquela sala indagavam o porquê do proprio Nino estar ali. Quantas produtoras americanas já haviam tentado levá-lo para Hollywood, mas receberam uma negativa de Kazunari? Ninguém ali sabia o motivo de Nino se recusar a deixar o Japão; entretanto, enquanto segurava o broche que Ohno havia lhe dado de aniversário, Nino sorriu pensando na resposta.



Mesmo que amasse sua fama e seu trabalho, jamais poderia ficar longe de Satoshi...




-Ele se interessou pelo texto – Miroke pareceu ler o pensamento de todos. - Encontramo-nos em nossas férias na Tailândia. Comentei sobre o projeto, os atores que iriam estar nele, e Nowaki Isaka me falou que sentia vontade de voltar a fazer personagens fortes, destemidos e reais. Fiz o convite e ele aceitou. Teremos dois dos melhores atores do Japão no elenco, e nossa responsabilidade aumenta bastante – o diretor disse, sério. - Nem mesmo em uma super produção podiamos imaginar ter Kazunari Ninomiya e Nowaki Isaka juntos. Assim sendo, conto com o melhor de todos, para que tudo dê certo. Se for um sucesso, entraremos para a história da teledramaturgia da Ásia.


 


***********************************



-Nowaki Isaka? - Matsumoto exclamou. - Você está de piada!



-Também não acreditei quando Miroke falou o nome – Nino riu. - Estou ansioso para trabalhar com ele...



Um curto e abafado resmungo se fez ouvir. Sho riu alto, e Aiba lhe deu um cutucão. Todavia, Sakurai não ligou a mínima para a discrição e continuou a gargalhar do ciúme de Ohno.



Os membros do Arashi estavam todos dentro do camarim, almoçando na espaçosa mesa central. Nino havia tido uma reunião durante a manhã, e desde então não havia parado de falar do seu próximo trabalho. De início, Satoshi gostou de vê-lo tão animado, mas quando o roteiro foi explanado, e o nome de Nowaki começou a ser dito de forma mais animada do que normalmente colegas de elenco eram citados por Ninomiya, Ohno começou a se irritar.



-Ele já concorreu ao Oscar! - Nino continuou, indiferente ao namorado.


 


-Todos aqui sabem que você também deveria ter sido indicado com "Letters from Iwo Jima" – Ohno desdenhou.



-Deveria, mas não fui. O fato de que Nowaki Isaka tenha conseguido quebrar a barreira da academia já o torna o mais admirável dos atores japoneses.



Ohno bufou.



-Controle sua admiração, Nino-chan – Masaki aconselhou, sorrindo. - Oh-chan não está gostando nada de tanta veneração.



Nino encarou o namorado e o percebeu com os olhos escurecidos de raiva. Sorriu, achando adorável aquele Ohno ciumento. Pousando a mão na coxa do mais velho, ele inclinou-se para Ohno, beijando-lhe nos lábios.



-Ah, que droga! - Jun exclamou. - Por que vocês insistem em fazer essas coisas na minha frente?



Ninomiya ignorou-o. Segurando a nuca de Ohno com a mão livre, ele virou o rosto para uma posição mais confortável e adentrou os lábios delicados com a lingua quente. De repente, a sala ficou quente demais e as roupas pareciam desconfortáveis. Antes que os dois fizessem Matsumoto desmaiar, Kazu separou os lábios, e riu.



-Que nojo! - Jun murmurou.



-Você olha por quer! - Nino o provocou.



-Vocês estão na minha frente! - defendeu-se, enrubescido. - Como não olhar?




Pela primeira vez em uma semana, Masaki riu. Os amigos o encararam, num misto de alívio e surpresa. Desde que a mãe de Sho os havia flagrado na cama, Aiba estava abatido e apático. Sakurai tentava agir com naturalidade, como se estivesse preparado para a oposição, mas Masaki estava mortificado como um zumbi. Seu sorriso, tão comum, havia desaparecido, e o ar dentro do camarim não andava dos melhores.



Yuuky Sakurai ainda não havia cumprido sua ameaça. No primeiro dia após o flagrante, Sho aguardou com óbvia apreensão que a mãe invadisse o estúdio e fizesse um escândalo. Mas, as horas passaram, e a progenitora não apareceu. Assim foi no primeiro dia, no segundo e no terceiro. No quarto, ele já sabia que a mãe não mais viria. Apesar do ódio enorme que ela estava sentindo, não faria nada para prejudicá-lo.



"Ela me ama, afinal...", ele pensou.



Mas, por mais que a situação com a mãe estivesse, momentaneamente, sob controle, o mesmo não poderia se dizer de Masaki. Aiba parecia ter perdido o brilho, não sorria nem brincava. Tampouco sentia vontade de trabalhar. O loiro, que sempre era o primeiro a chegar no estúdio, não conseguia mais cumprir os horários. Durante as gravações, mal abria a boca, e esquecia o texto com facilidade.



Por sorte, os amigos estavam ao seu lado. Cada vez que ele se perdia durante as filmagens, Nino improvisava com suas piadas maldosas que faziam o público rir e Karin suspirar aliviada. Já Sho ajudava o namorado da única forma que era capaz. O carinho que sempre demonstrou em público, subitamente, perdeu a característica pura e tornou-se algo mais carnal. Duas vezes na última semana ele segurou as mãos de Aiba durante uma entrevista, e uma vez lhe fez um cafuné ao vivo. Masaki tentava espantá-lo, mas, para Sho, não havia mais o que esconder.



"Vamos assumir", o mais velho havia comunicado na noite passada, após terem feito sexo.



"De jeito nenhum!", Masaki negou. "E o telejornal? Você será dispensado antes mesmo de estreiar!"



 


Houve uma pequena discussão. Para Sho, o único empessilho era a mãe. Como ela já sabia de tudo,  não via motivos para continuar fingindo. Contudo, para Masaki, havia ainda o novo trabalho de Sakurai que entraria no ar em dezembro. Aiba não queria ser o responsável por uma eventual demissão.



Dormiram de costas um pro outro, e Sho imaginou se aquilo significava uma nova separação. Mas, para sua sorte, ele foi acordado no dia seguinte com sexo oral. E agora, Masaki chegou a rir das briguinhas de Nino e Jun. Aquilo era um bom sinal, não?



-Vocês terão compromissos à tarde? - Matsumoto interrompeu seu pensamento. - Estarei livre e pensei que poderíamos passar o resto do dia juntos.



-Estou livre – o líder sorriu.



-Masaki e eu iríamos consertar a porta no canil – Sho avisou, deixando claro que os dois também não teriam trabalho. - Se vocês quiserem vir, será de grande ajuda.



Nino riu.



-Nossa, que divertido! - ironizou. - Ainda bem que tenho trabalho.




Ohno o encarou.



-Mas, você não terá folga essa semana? Na semana passada você trabalhou todos os dias, em praticamente três turnos.



-Karin quer recompensar o tempo que fiquei fora – explicou.



Ohno pareceu possesso.



-Mas, ela não pode tirar de você o direito de, ao menos, um dia de descanso! Também faltei bastante ao trabalho durante o tempo que ficou internado e, mesmo assim, ela não está me obrigando a trabalhar como um condenado.



Jun, Masaki e Sakurai permaneciam em silêncio, apenas observando o diálogo. Os três sabiam que Kazunari era viciado em trabalho, e provavelmente o mesmo não havia reclamado nem um pouco por estar sendo usado pela agência de forma escravizadora.



-Por causa de "Thorns" não tenho coragem de reclamar – Nino desculpou-se. - Karin me deu um papel que sempre sonhei...




-Você prometeu me dar pelo menos um dia, Nino – Ohno insistiu. - É nosso trato! Nós teríamos um dia juntos durante a semana!



-Prometo que na próxima semana te recompensarei! - Uniu as mãos, em promessa. - Vou pedir o final de semana, e iremos velejar.



Reconhecendo a mentira de longe, Satoshi levantou da cadeira.



-Você odeia o mar!



-Mas, irei mesmo assim!



-Não minta, Nino! Você não irá!



Antes sequer de Nino conseguir retrucar, Ohno deixou o camarim.



O moreno ficou observando a porta alguns segundos, sem saber o que fazer. Estava nervoso. Não queria deixar Ohno irado, mas não resistia ao trabalho. Ele adorava estar no estudio, gravando. Amava os elogios, e o ar de admiração com que todos o encaravam. Por ser uma pessoa discreta e não frequentadora de boates, shows, e este tipo de coisa, Nino tinha uma aurea excentrica, tornando-se inatingivel para a maior parte dos artistas da emissora. Assim sendo, quando ele aparecia em algum programa, ou simplesmente no corredor, era tratado como um mito, e isso causava-lhe uma sensação de poder que muito o agradava.



-Se continuar agindo dessa forma, vai perder o Riida – Aiba avisou.




Nino encarou o amigo, estupefado.



-Você devia ficar do meu lado!



-Estou sempre do seu lado. E é por isso que estou lhe avisando que Ohno-san não vai aguentar isso muito tempo. Você muda de opinião conforme sua vontade, sem se importar com a palavra que deu antes. Faz pouco tempo que saiu do hospital, e já voltou a rotina que o levou a depressão. Deu sua palavra que cuidaria mais do seu relacionamento, mas na semana passada, por dois dias seguidos, você chegou em casa de madrugada. Aliás, tomou seu café da manhã?


Kazunari começou a tremer.



-É claro!



-Uma barra de cereais não é um café da manhã, Nino!



-Eu estou me esforçando! - Protegeu-se, nervoso.



-Você sequer tenta convencer Karin por uma folga! Quando ela fala que precisa de um de nós em alguma gravação, você praticamente se oferece!



Kazunari queria retrucar, mas sabia que Masaki estava dizendo a verdade. Assim sendo, levantou-se e correu atrás de Ohno.




***********************************



Ohno chegou a cantina e pediu café. Karin se encontrava lá, e ele observou a produtora ao longe. Devia ir falar com ela? A mulher estava mexendo num computador portátil e parecia bastante ocupada. Ele quase riu ao pensar que aquela mulher devia ser a alma gêmea de Nino.



Com um copo descartável na mão, deu dois passos em direção a ela. Porém, estancou. Não era ele que devia enfrentar a produtora. Aquila atitude devia partir de Kazunari. Se Nino quisesse enfrentar a agência, ele daria seu apoio, ficaria ao seu lado. Mas, não podia obrigar Nino a desejar essa batalha.



Subitamente, sentiu dedos magros tocando-o no ombro. Virou-se e encarou os olhos negros de Nino.



-Não me interessa suas desculpas – avisou, antes mesmo de Kazunari conseguir abrir a boca. - Vá gravar, se quiser, pode até desistir de suas férias! Não vou mais ficar mendigando seu tempo!



Ohno não percebeu, mas o tom de sua voz havia se elevado bastante. Algumas pessoas da cantina começaram a virar em direção a eles, afim de observar o espetáculo.



-Oh-chan...



-Eu já disse que não quero ouvir! - Ohno gritou. - Me deixa em paz! - Deu um passo em direção a porta.




Todavia, foi impedido por Nino.



-Mas, vai ouvir! - Kazunari foi firme. - Venha comigo! - puxou-o pela mão.



Talvez porque havia ficado curioso com a firme determinação de Kazunari, ou talvez porque já estava arrependido pela forma dura com que havia acabado de tratar o namorado, Ohno deixou-se guiar pela cantina. Logo os dois pararam em frente a mesa de Karin, que simplesmente ergueu os olhos por trás dos óculos de aro grosso.



-Será possivel que não tenho paz nem para um café? - ela reclamou.



-Não poderei ser o convidado especial de um dos programas da tarde – Kazunari falou, firme. - Todos os membros do Arashi terão a tarde de folga, e eu desejo o mesmo.



-Você está de piada com a minha cara?



Ohno arregalou os olhos. Karin havia ficado furiosa, e ele imaginou se Nino iria retroceder.



-Meu contrato diz que tenho direito de pelo menos um dia de folga durante a semana. – Kazunari, no entanto, estava firme.



-Você não trabalha de graça! Todas as suas horas extras são pagas!




-Mas não desejo fazer hora extra. Quero simplesmente ter um dia na semana para ficar com Ohno, e cuidar da minha vida.



Kazunari não parecia disposto a falar baixo, e algumas pessoas começaram a murmurar sobre sua última colocação.



-Eu preciso de você no estudio, Ninomiya!



-Você precisa de mim feliz, alegre e bem disposto. Só fico assim com minha vida pessoal – e sexual – satisfeita. Preciso de um dia, pelo menos, para descansar e fazer sexo com Ohno Satoshi.



Ohno arregalou os olhos. Pelos céus, Nino só podia estar bêbado! Ele havia enlouquecido? Todas as pessoas da cantina ouviram sobre os dois! Observando bem o moreno, o líder percebeu que Kazunari fizera aquilo de propósito.


 
Karin suspirou.



-Na próxima vida devo lembrar de ser agente de pessoas racionais! - ela bebeu um gole do café, indiferente a explosão.



-Pare de reclamar de nós! As outras produtoras varrem a noite atrás dos outros jovens, tentando evitar que eles fiquem se drogando ou aparecendo ao lado de vadias. Nós do Arashi, no entanto, somos caseiros e nunca deixamos a desejar no nosso trabalho. Nenhum de nós usa drogas, ou fica fazendo um escândalo atrás do outro para que você precise encobrir.



-Não sei se você reparou, mas acabou de gritar que precisa de tempo pra dormir com seu melhor amigo.




-Ohno não é meu melhor amigo – os olhos de Kazunari brilharam. - Ele é meu companheiro! Nós vivemos juntos, e somos praticamente casados!



Karin observou as mãos unidas dos dois. Mordendo o lábio inferior, a japonesa parecia pensar. Por fim, suspirou fundo.



-Vá, Kazunari. Descanse e faça bastante sexo. Mas, volte amanhã com muita vontade de gravar.



Nino abriu a boca, espantado. Era realmente tão fácil dobrar Karin?



-Fala sério?



-Eu coloco outra pessoa para te substituir no programa...



-Mesmo?



Karin aquiesceu.



-Agora, de-sa-pa-re-ça da minha frente. - A mulher soletrou as palavras propositalmente. - Me deixe livre da presença de vocês pelo menos na hora do meu café.




Porém, as palavras rudes foram retribuidas com um beijo na bochecha que ela fez questão de limpar assim que a boca saiu de sua pele.



***********************************



Yuuri Chinen chegou a gravação saltitante. O programa da tarde que iria participar era projetado para atender donas de casas e o público de novelas. A entrevistadora, uma antiga atriz, conversava com os atores sobre seus personagens, sobre enredos, e também trazia alguma fofoca do dia. Era um programa incrivelmente chato, mas sua felicidade se devia ao fato de que Ninomiya Kazunari também estaria lá.



Estar num mesmo programa que Nino deixava claro que, aos poucos, estava começando a chegar no nivel de Kazunari. Yuuri imaginava que em alguns meses já estaria no topo, assim se tornava apto a ser um companheiro igualitário àquele a quem amava.



Sentou no sofá do camarim, aguardando ser chamado. A maquiagem já estava pronta, e ele já tinha na ponta da língua as palavras necessárias para divulgar sua novela, que já se encaminhava para o final.



As novelas nipônicas eram curtas, chegando a, no máximo (e na maioria das vezes) vinte ou trinta capítulos. Logo seu trabalho se encerraria, e ele sabia que havia dado seu melhor. Com certeza ganharia o prêmio de ator do ano... Nino ficaria orgulhoso dele, iria elogiá-lo e admirá-lo... aos poucos perceberia que eles eram destinados um ao outro.



Cada pessoa que passava pela porta do camarim fazia com que a atenção de Chinen se voltasse a entrada. Queria tanto ver Nino... sabia que o membro do Arashi era muito responsável e jamais chegava atrasado.



Porém, ao invés de Nino, quem entrou no camarim foi um ator coadjuvante de um programa humoristico que passava aos sábados.



Yuuri gelou. Pelo que sabia, somente ele e Kazunari seriam os convidados. De repente, viu um staff que já havia trabalhado consigo num show de sua banda. Era sua chance! Precisava saber o que estava acontecendo.




-Por favor – chamou o rapaz –, sabe se Ninomiya Kazunari já chegou?



O homem mal o olhou quando o respondeu.



-Cancelaram sua participação. - Os olhos do produtor se escureceram. - Contaram-me que Ninomiya-san estava na cantina nessa manhã e fez um escarcéu porque queria passar o dia ao lado do líder do Arashi...



As fofocas, pelo jeito, seriam grandes naquele dia.



-Sabe para onde foram? - indagou, sem se importar com o que aquilo aparentaria.



-Eles não disseram, mas a moça que trabalha de telefonista da emissora é minha namorada, e quando almoçamos juntos ela me contou que Ohno Satoshi fez uma ligação para o porto...



Iriam para o mar? Mas, Nino odiava navegar!



As mãos tremeram incontroladamente, e sem pensar, saiu disparado porta afora.



***********************************




-Oh... céus... - Nino gemeu.



Assim que saíram da emissora, foram para casa. Prepararam alguns mantimentos e colocaram Junior no carro. Em minutos, estavam na rodovia que os levaria ao ponto onde o barco de Ohno ficava ancorado.



O tráfego estava tranquilo, mas o sol intenso não animou muitos turistas, já que quando chegaram encontraram o local praticamente deserto.



Tão logo distanciaram-se da praia, Nino começou a sentir os enjoos. Fugindo da parte superior do barco, ele foi para o quarto e estirou-se na cama de casal que Ohno mantinha lá.



Pensou que não seria tão ruim ficar lá se mantivesse-se quietinho e dormindo, o tempo passaria rápido e ele logo podendo se livrar daquele infernal barco e balanço marítimo. Mas, logo sentia que Ohno não deixaria as coisas tão simples assim.



"Oh-chan, a gente faz quando chegar em casa" – pediu.



Entretanto, Ohno retirou suas calças com um unico puxão e, diante de um Nino de olhos esbugalhados, arrancou toda a roupa.




-Oh... céus... - Nino gemeu quando Satoshi o penetrou.



Primeiramente, tentou fugir agarrando-se a guarda da cama, já que sua nausea não dava-lhe nenhum desejo de fazer amor. Mas, Satoshi provavelmente pensou que ele estivesse brincando, já que o puxou novamente para a cama e ergueu suas coxas para cima, expondo-o.



Entranhamente, quando os lábios do mais velho beijavam-lhe com luxuria, Nino sentiu-se pronto a ter um orgasmo. Nunca havia sido tão rápido! No entanto, antes que a penetração o fizesse atingir o clímax, viu-se sendo puxado da cama por Ohno, e levado para cima.



-Você está pedindo para eu te matar, Oh-chan! - ralhou.



Assim que avistou a extensão azul, viu todo o seu desejo evaporando. Que se danasse o mundo que considerava aquilo bonito! Para ele,  o mar era simplesmente aterrorizador.



-Deixe-me fazer amor com você ao ar livre – Satoshi pediu, apertando os corpos nus.



-Aqui? E se alguém nos ver?




Ohno riu diante da pergunta idiota. Estavam a léguas da praia, nada se avistava de lá.



-Onde está o Junior?



-Está dormindo na cozinha do barco – a explicação foi seguida por um beijo intenso. - Cala a boca, Kazu... - Deslizando as mãos para o bumbum de Nino, Satoshi continuou: - Abra essas pernas deliciosas para mim...


Em segundos, Nino estava espremido contra o chão do barco. Seu bumbum havia sido erguido por Ohno que havia ajoelhado-se atrás de si, pronto para atacá-lo.



-Oh-chan... faça devagar – pediu, já nervoso pela urgência de Satoshi.



Pouco depois ele gemia sob o domínio de Ohno. O líder acatou seu pedido, estava sendo paciente, e as investidas eram vagarosas e delicadas. Ele não aumentou as entocadas mesmo quando a urgência dos corpos tornou-se praticamente insuportável.



Nino mordeu o lábio inferior com força para não gritar. Quando Ohno despejou seu líquido quente dentro de Kazunari, o mais novo também atingiu o auge do prazer.



Ambos mantiveram-se deitados após isso, de barriga para cima, sob o sol, lado a lado, em silêncio. Kazunari fechou os olhos e sorriu. Era a primeira vez que a maresia não o levava ao banheiro para vomitar.



-Gostou? - Ohno perguntou, baixinho.




Nino riu, diante da pergunta descabida. Satoshi estava com as mãos meladas, aquilo já não era prova o suficiente?



-Não – provocou-o.



Repentinamente, Satoshi estava em cima de si.



-Vou fazer você pedir desculpas por isso, sabia?



Uma gota de suor escorreu pelo pescoço de Ohno, e Nino capturou-a com os lábios.



-Eu te amo, Oh-chan...



Quando as bocas voltaram a se beijar, Nino sentiu como se mais nada no mundo pudesse separá-los.



***********************************



O sol já se direcionava ao seu poente quando enfim Sho pregou a última madeira na porta do canil. Após o trabalho pronto, sorriu. Era incrivel que fosse capaz de realizar uma tarefa manual tão bem!




-Nossa, ficou bom! - Morgan exclamou atrás dele.



O moreno voltou-se para ela.



-Acha que Aiba vai gostar?



A americana estava com uma jara e um copo na mão. Estendeu para o amigo um pouco de suco e respondeu somente após vê-lo levar o líquido aos lábios.



-Tenho certeza que sim. Ele acha isso romântico.



-Romântico?



-Pois é – ela desdenhou. - Por isso que, quando se arruma um namorado, deve-se se arrumar alguém que valha a pena, para depois não ficar se satisfazendo com mixaria.



Audrey Morgan o estava provocando? Sho gargalhou enquanto corria atrás dela. Só a alcançou quando chegaram à sacada.



-Vocês dois querem parar de agir como crianças? - Aiba ralhou, quando os viu correndo pela varanda com os pés sujos. - Jun já foi embora e eu preciso de ajuda para dar banho no Shipou-san...




Sho aproximou-se do namorado e o abraçou.



-Arrumei seu canil – avisou.



-Mesmo?



-Sim, você quer ir ver como ficou?



-Irei mais tarde. - Beijou levemente os lábios de Sakurai. - Sei que o trato era te ajudar...



-Daijobu – Sho sussurrou contra sua boca. - Eu sei que você precisou estudar o script do programa...



Karin já havia reclamado dos brancos de memória de Masaki. E ela jamais reclamava do loiro!




Aiba assentiu, e virou-se em direção a entrada da casa. No entanto foi impedido pela voz de Audrey:



-Um carro está se aproximando.



O coração de Masaki disparou. Desde a fatídica visita de Yuuky Sakurai, estava assombrado e assustado. No entanto, o carro que vinha pela estrada ao longe não lembrava em nada os ricos e luxuosos veículos usados pela família Sakurai.



-Okaasan... - ele sussurrou quando reconheceu o carro popular verde.



Sango Aiba, a mãe de Masaki, era uma fiel cópia feminina do filho. Os mesmos olhos doces, a postura adorável com animais, a ternura e o lado humano de ver a vida se fazia presente em todas as suas ações.



Quando ela desceu do carro, Masaki correu até ela. O loiro visitava a mãe com frequência, e os dois se falavam ao telefone todos os dias.



-Mãe! - Exclamou. - O que faz aqui?




Ela sorriu,  de forma polida. Tocou nos braços do filho, admirando seu belo rosto.



-Como você está? - Foi a primeira coisa que indagou, demonstrando ser uma típica mãe coruja. - Você emagreceu – constatou.



Logo Sho e Audrey também desceram as escadas. A americana já havia visitado a mãe de Masaki algumas vezes e a cumprimentou com um abraço. Porém, quando Sho se aproximou, ela virou-se de costas e fechou a porta do carro, ignorando o rapaz.



-Quero falar com você, meu filho – a voz disse, firme.



Aiba olhou para Sho, e percebeu-o espantado. Sango sempre havia tratado Sho com muito carinho, aquela reação não era normal.



-Mãe... - Masaki balbuciou.



-Onde podemos conversar com privacidadade? - interrompeu-o.



Todavia, Masaki não iria permitir que Sho fosse tratado daquela forma.




-Mãe, a senhora não cumprimentou Sho-san.



Parecendo então se lembrar da presença do outro, a mulher voltou-se para Sakurai. Suas sobrancelhas ergueram-se, e o olhar frio dela causou calafrios ao rapaz.



-Volte para a sua casa, para a sua vida! - ela respirou fundo, como se buscasse forças. - Fique longe do meu filho! - avisou.



E diante dessas palavras, a realidade caiu como um balde de agua fria sobre Sho Sakurai.


Continua...

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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyQua Abr 27, 2011 12:32 am

nhaaa Nino no mar *-*
quero ver ate quando ele vai aguentar hehe
Mae do Aiba é realmente igual a ele, ao menos fisicamente hehe
quer dizer, ele é parecido com ela rs
xii ela tratando Sho friamente
e agora Sho? e agora Aiba?
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyQua Abr 27, 2011 12:42 am

NINGUÉM TRATA O SHO ASSIM BELEZAAAAAAAAAAAAAAAAA???

depois da mãe do Sho vem a mãe do Aiba???
O QUE ESTÁ HAVENDO COM ESSAS MÃES????????
quer saber? Não importa!!!!!!!!!!!!!
Eu vou surgir no meio da história e MATAR ESSAS DUAS u.ú

ok... se eu matá-las eles ficarão tristes..., então, pensando melhor, eu vou só fazer uma lavagem cerebral nelas (depois de um pouco de tortura claro) 8DDDDDD~

SHAUHSUASHAUSH
oks, eu não tenho todo esses instinto assassino, é só raiva mesmo XD
mas, MEEEEEEEEEEEEEEU, eu jurava que a mãe do Aiba ía entender, aceitar... O QUE HOUVE COM ELA =O??


e... bom, eu ainda não processei direito a idéia de que o Chinen gosta do Nino...
não sei nem explicar o por quê, é só tão... estranho... o_O
*ok, n expliquei nd XD*

se bem que, depois de ver o Nino em GANTZ hj (EU FINALMENTE ASSISTI GANTZ) eu entendo completamente o que pode ocorrer com ele... OH YEAH... vou sonhar com aquelas pernas por semanas =O *-*
*e quem diria, eu que um dia achei o Nino totalmente sem graça, agora to suspirando aqui, ai ai...*

enfim, preciso de mais um capítulo *-*
quero só ver o que a mãe do Aiba vai falar pra ele... =O

MUITO bom¹²³¹²²²³ Josy*-*
mais??
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyQua Abr 27, 2011 7:13 pm

amdaasssssssssssssssss
brigadaaa pelo apoio de vocês. Essa historia da mãe do aiba ainda vai dar mtooo pano pra manga...

Surpreender vocÊs é o minimooo q eu posso fazer^^

brigada pelo apoio^^
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptySeg maio 02, 2011 5:38 pm

Redenção

Capítulo 24

Por Josiane Veiga

Nota da autora: Eu havia dito antes que não iria atualizar essa semana devido a enorme preguiça que me pegou... mas, eu tambpém havia dado minha palavra que as atualizações seriam semanais, e precisava cumpri-las! (Também, quero lançar Redenção até a primavera e para isso preciso escrever!). Assim sendo, atualizada! Um capítulo dificil escrito por uma autora que estava sem a menor vontade de escrever...rsrsrs... mas, enfim, boa leitura!

PS: lembram da "plantinha" que o Chinen  plantou na casa do Nino? Agora vocês vão saber o que é!

 

 

 



Sango sentou-se no sofá. Observou atentamente a sala da nova casa do filho. Era a primeira vez que o visitava após a mudança, gostaria que os motivos que a levassem ali fossem diferentes.

-Incrível como você puxou a mim – constatou, observando as paredes verdes. - Se eu pudesse pintaria toda a casa dessa cor.

-Papai enlouqueceria... - Masaki sussurrou, sentando-se à frente dela.

A mãe não parecia possessa, mas também não estava descontraída. Ele sentia uma atmosfera negra provindo dela, como se a progenitora estivesse tentando impedir-se de gritar, esbravejar e praticar qualquer coisa violenta.

-Oh, Shipou-san! - ela exclamou, abrindo os braços para o chimpanzé.

O macaco logo correu em sua direção, abraçando-a da mesma forma que fazia sempre com Aiba. Os olhos de Masaki lacrimejaram.

-Sabia que a vovó trouxe bananas? - Abriu a bolsa.

Um sorriso leve surgiu nos lábios de Aiba. A mãe, assim como ele, não se importava em parecer estranha. Que outra mulher no mundo iria carregar um cacho de bananas dentro de uma bolsa? Aliás, mesmo sendo mãe de um super astro rico, o proprio acessório já demonstrava seu estado simples de viver: a bolsa era reciclável.

O loiro viu Shipou pegando a fruta, e descascando-a. A mãe observava o ato com carinho, beijando de leve a fronte do animal.

-Ele cresceu – constatou Sango, após alguns segundos.

Masaki baixou a face. Respirou fundo. Por mais que gostasse da cena que via, sabia que a mãe não estava ali simplesmente para trazer bananas para o macaco. A cena que tinha acabado de ocorrer fora da residência era uma prova disso.

A mãe havia pedido para Sho ir embora. Tão logo fez isso, deu as costas a eles, e adentrou à casa. Sakurai havia ficado chocado com a situação, mas Masaki tentou tranquilizá-lo.

"Ela deve estar nervosa" disse o loiro ao namorado. " Vou conversar com Okaasan e resolverei tudo..."

Mas, Sakurai já estava em pânico. Aiba notou que nem quando Yuuky Sakurai os havia flagrado transando, o moreno tinha ficado tão desesperado. Desde aquela noite, o namorado estava agindo como se tudo estivesse sobre controle. Talvez, no fundo, Sho pensasse que nem mesmo o choque de saber que o filho não fosse perfeito, faria Yuuky deixar de amá-lo. Para Sho, a mãe procurá-lo para fazer as pazes era uma questão de tempo. Todavia, Sango Aiba, apesar de sempre ter tratado Sho como um filho, não mantinha com ele nenhum laço familiar.

-Mãe... - Masaki começou, mas foi interrompido.

-Você já deve imaginar que Yuuky me procurou.

Aiba ergueu os olhos.

-O que posso dizer, Masaki? - O tom continuava firme. - Estou tão decepcionada com você...

Decepção...

"O que você tem na cabeça? Como pôde tirar fotos nú com aquele tipo de garota?"

A lembrança o assaltou. A mais de uma década havia despertado esse mesmo olhar na mãe.

"Ela era minha namorada!", tentara explicar.

"Você me decepcionou, Masaki! Não só a mim, mas também a todas as suas fãs."

A mãe sempre foi moralista. Mas, não do tipo comum. Ela tinha um próprio código de ética que Aiba havia se esforçado a vida toda para cumprir.

Lembrou-se de Nino. Quando sua mãe soube que o menino frágil estava na rua, expulso de casa, mandou buscá-lo e arrumou-lhe um quarto no porão. Durante o tempo que morou com eles, Kazunari havia comido da mesma comida, ganhado os mesmos presentes, recebido os mesmos abraços que Masaki. Sango havia tratado o rapaz como um filho. De alguma forma, Aiba sempre pensou que a mãe fosse aceitar sua orientação sexual, pois jamais havia recriminado Nino por ser gay.

-O que a senhora Yuuky disse? - indagou.

-Preciso mesmo narrar? - a sobrancelha escura se ergueu. - Como pôde fazer isso?

Masaki encarou a mãe profundamente. Precisava fazê-la entender.

-Eu o amo, mãe...

Sango permaneceu em silêncio alguns segundos, como se estivesse digerindo as palavras.

-Isso não é amor – disse, por fim. - Amor um homem sente por uma mulher.

Aiba suspirou. Como fazê-la compreender algo tão a frente do seu tempo?

-Masaki, não sou tola – disse, surpreendendo-o. - Sei que existem partes no seu corpo que são facilmente despertadas quando tocadas por outro homem.

Embasbacado, Masaki abriu a boca, descrente.

-Mãe... - ele começou, mas novamente foi interrompido.

-Eu já li sobre isso... é a apostata...

-Apostata? - Masaki arregalou os olhos. - Do que a senhora está falando?

A mulher parecia desconfortavel. Ela limpou a garganta antes de prosseguir, num tom baixo.

-Aquela parte que os homens têm... - murmurou. - Aquilo que é estimulado quando um penetra o outro...

-A próstata? - indagou, quase gritando.

O que diabos a mãe andava lendo? Como ela podia saber dessas coisas? Pior, como eles podiam estar conversando sobre isso tão naturalmente?

-Enfim - sua voz parecia desmerecer a correção -, garanto a você, meu filho, que existem prazeres com as mulheres também...

-Já transei com mulheres, mãe! - Masaki explicou.

O rapaz ergueu-se do sofá, andando de um lado para outro. Aquela conversa, pelo jeito, não seria simples.

-Mãe, tente entender: não é algo físico – disse, por fim. - Não é simplesmente ir pra cama com alguém. Estou com Sho-chan a mais de dez anos, se fosse apenas sexo, já teríamos enjoado.

-Vocês devem inovar bastante – ela rebateu.

-Renovar? Com Sho? - Masaki arregalou os olhos. Se o assunto não fosse sério, ele iria rir. - A senhora está brincando? Não é possível que esteja me dizendo essas coisas!

A mulher tirou Shipou do colo e levantou-se também. De frente para o filho, enfrentou-o.

-Estou tentando ser compreensiva, dizer que entendo as coisas que fez. Mas, Masaki, isso tem que parar!

-A senhora está falando como se fosse simplesmente uma brincadeira! Como se nós dois decidíssemos que a vida está massante e resolvessemos ir para a cama experimentar algo diferente! Não, mãe! Não foi assim que as coisas aconteceram! Sho e eu nos amamos! É amor! Não é sexo!

A mulher respirou fundo, buscando paciência.

-Masaki, quando Nino foi morar conosco, eu sabia os motivos pelos quais ele havia sido expulso de casa. Na verdade, a cidade toda ficara sabendo. Foi uma vergonha para a família Ninomiya, eles viraram a chacota da cidade! Mesmo assim, eu abri minhas portas, acolhendo-o.

-Eu sei disso – Masaki sussurrou. - Está pensando que Nino me influenciou?

-Não sei se foi isso que aconteceu, meu amor – foi sincera. - Mas, precisa entender que uma coisa é o filho de Mayumi Ninomiya ser gay. Outra, bem diferente, é o meu filho ser gay!

As palavras magoaram o loiro. As lágrimas surgiram e ele não as controlou. Não precisava, a mulher a sua frente era sua mãe, sabia que ele não tinha o dom de evitar o choro.

-Eu sou gay, mãe – ele falou, firme.

-Não, não é. - A mulher negou. - Isso é uma fase, um erro, algo que você vai enterrar. Acredito que o melhor é que Sho Sakurai e você deixem de se ver por um tempo. A família Sakurai planejou um casamento para Sho. Vi a moça por foto, é incrivelmente linda. Aos poucos, ele também vai esquecer esse ato negro que praticaram, e os vão retomar a vida. - A voz era pausada, como se ela tentasse explicar tudo de uma forma clara e delicada, para que Masaki não se revoltasse. - Por hora, o melhor seria a banda romper. Yuuky acha isso, e eu concordo com ela.

-A senhora tem conciência do que está me dizendo?

Os dedos claros dela tocaram sua face, num carinho confortador.

-Essa ilusão que vocês dois chamam de amor não vai suportar o fardo do preconceito. Sabe porque vocês ainda não foram alvo de piadas ou até mesmo de violência fisica? A condição de ambos é um segredo. Não lê jornal? Não assiste TV? Não sabe o quanto o homossexualismo é alvo de pessoas incrivelmente más? É isso que você quer pra sua vida? Viver as sombras ou viver sendo a vergonha do país?

Um soluço escapou dos lábios finos, antes de Masaki a responder.

-Por Sho, eu suportaria qualquer coisa.

A mãe deu um passo para trás, parecendo revoltada.

-Que tipo de monstro egoísta eu criei? - ela acusou, gritando. - E sua família? Você não se importa?

-Chantagem emocional, mãe? Quem é a egoísta aqui?

As palavras duras de Masaki foram rebatidas com um tabefe na face. Ele jamais revidaria, tampouco ergueu o rosto após receber a violência.

-Seu pai está acamado por sua culpa! - A voz dela, agora, era conflitosa, dolorida. - Ele não come há três dias, e chora sem parar! Este homem te deu tudo! Não tínhamos luxos, mas seu pai levantava de madrugada, pescava o dia todo e ainda fazia trabalho temporário para não te faltar nada! Veja as mãos dele, calejadas das linhas de pesca, seu corpo envelheceu antes do tempo pela dureza dos afazeres... - Ela começou a chorar também, enquanto abraçava a si mesma. - E tudo para que você tivesse a chance de estudar e lutar para ter uma oportunidade na TV. Por seu sonho, ele renunciou aos dele! Agora que está velho, é isso que você faz? Como acha que ele vai encarar o resto da família? Como acha que vai sair a rua e enfrentar os amigos? Ele mal consegue olhar para mim tamanha sua vergonha!

A imagem do pai, sempre sorridente e generoso, adentrou sua mente. Quando quis ser um artista, o Sr. Aiba fazia hora extra para conseguir o dinheiro para as passagens até Tóquio. Eles tinham um pequeno restaurante de frutos do mar, e os lucros daquele estabelecimento foram destinados inteiramente para os cursos de canto e dança que Masaki fez. Estar na agência subtraiu muitas das despesas, mas, para algumas viagens, a família Aiba necessitava desembolsar um dinheiro que não tinha.

O pai nunca reclamou.

Ele não se importava de acordar cedo e dormir tarde. Dizia sentir muito orgulho do filho. Quando Nino veio morar com eles, as despesas de Kazunari também foram pagas pelo progenitor. Tanto Masaki quanto Nino quiseram devolver o dinheiro depois, dar uma vida melhor para a familia. Mas, os Aiba eram orgulhosos e diziam ter o que precisavam.

-Nunca te pedi nada – a mãe pareceu ler seus pensamentos. - Mas, te peço agora...

E, após isso, ela saiu batendo a porta.

***

Audrey Morgan segurava as mão de um Sho até então desconhecido para ela. Sakurai era explosivo, conhecido por elevar a voz com facilidade, ou armar cenas de ciúmes históricas, que causavam verdadeiros turbilhões na imprensa japonesa. Entretanto, agora um novo Sho se apresentava para ela.

Estranhamente, este Sho lhe causava calafrios. Um homem quieto, olhar apagado e sem coragem para entrar dentro da casa de Aiba e saber o que o filho e a mãe conversavam.

Mesmo assim, a americana não disse nada. Palavras, em momentos como aquele, eram desnecessárias. Sho precisava do silêncio da propria mente para decidir o que fazer.

Passos na escada de madeira fizeram ambos se virarem para trás. Sango Aiba decia a escada com legitima pressa. Audrey estava estática, e permaneceu assim ao ver a mulher caminhar em direção ao carro. Sho, em contrapartida, precisava reagir.

-Sra. Sango – o homem a chamou. - Por favor, fale comigo... - pediu, chegando ao lado dela. - Não estou brincando com seu filho, realmente o amo – confessou, os olhos repletos de lágrimas.

Subitamente, a mulher o encarou. Seu rosto era uma máscara de controle.

-Amor? Você, falando de amor? Que tipo de amor é esse que não respeita aqueles que te deram a vida? Sua mãe está destruída, amargurada. Já pensou no seu pai quando descobrir a verdade? Não sei como ficará o Sr. Sakurai, mas garanto-lhe que o Sr. Aiba não está nada bem com isso. Portanto, seu pirralho egocêntrico, não venha me falar de amor! Sempre foi esquisito e fugia de meninas, mas Masaki era um garoto normal antes de você seduzi-lo com sua perversão.

Sho iria retrucar, mas as mãos de Audrey nos seus braços, e o leve puxão que ela lhe deu, o impediu de rebater as palavras. A mulher à sua frente era a mulher mais importante da vida de Aiba, e ele não tinha o direito de insultá-la.

Sem saída, então, o rapaz fechou os olhos com força. Ouviu o som da porta do carro batendo, e os pneus cantando. Quando abriu novamente os olhos, não havia mais nenhum carro lá.

-Você precisa entrar – Audrey o aconselhou. - Aiba precisa de você agora...

Aquiescendo, Sho Sakurai moveu-se em direção a casa.

 

***

-Oh-chan! - Nino exclamou. - Você se tornou um pervertido!

O sol já estava desaparecendo, e eles acabavam de ancorar no porto. Deviam, nesse momento, estar indo para o carro, afim de voltarem a cidade. Tóquio, naquele horário, tinha um trânsito bastante intenso, e Nino ainda queria estar no apartamento para o jantar.

Quando Ohno lambeu sua nuca, abraçando-o pela cintura e o prensando na parede de madeira da embarcação, Nino quis chutá-lo. Será que o mais velho só pensava em sexo? Ele estava cansado, haviam passado a tarde toda transando, testando posições e aproveitado que estavam andando nús no barco para trocar carícias intímas. Tudo que Kazunari desejava agora era um banho quente e sua cama aconchegante.

-Oh-chan – chamou-o sério -, estou cansado, e eu sei que se fizermos novamente, vai doer.

Ohno o encarou.

-Me deixa descansar um pouco. Podemos tomar banho juntos em casa – sugeriu.

Quase riu diante do olhar animado do companheiro. Não importava quanto tempo eles já transavam, Ohno sempre reagia como se fosse a primeira vez.

Terminaram de se vestir. Quando pisaram em terra firme, o mais jovem puxou o cão pela coleia, enquanto Ohno ia até o zelador dos barcos entregar a chave.

-Você gostou do passeio? - indagou Nino ao cão quando se aproximaram do veículo.

Abriu a porta do modelo esportivo, e encaminhou Junior para dentro. O cão latiu e ele soube imediatamente o motivo.

-Abrir a janela? - indagou, baixando os vidros. - Sabia que você fica assustador aí? Essa enorme cabeça saindo de um carro – riu, acariciando a fronte do animal.

De repente, sentiu uma presença atrás de si. Voltou-se imediatamente para trás e, pasmado, visualizou Yuuri Chinen.

-O que você está fazendo aqui? - Nino gritou.

Como aquele moleque desgraçado soubera que ele estava com Ohno no porto? Por que se esforçava tanto para destruir sua paz?

Kazunari olhou ao redor, torcendo para que Ohno demorasse a voltar. Uma parte de si temia Chinen. Mesmo todas as juras e carícias trocadas durante a tarde não lhe davam a confiança necessária em Satoshi. Por algum motivo, Nino temia que Yuuri conseguisse tirar o Riida dele.

-Vá embora agora! - rugiu.

Yuuri pareceu não ouvi-lo. Deu um passo em sua direção. Nino sentiu o ferro gelado do carro às suas costas. Chinen parecia revoltado, Nino imaginou se os dois iriam sair em luta corporal. Seria um fiasco, dois dos mais famosos artistas do país se engafinhando num estacionamento de porto por causa de um outro homem. Mas, Kazunari reconhecia que, se necessário fosse, ele lutaria com unhas e dentes por Ohno.

-Por que falhou à gravação hoje? Não se importa mais com seus compromissos?

Por alguns segundos Nino abriu a boca, sem saber o que dizer. Mas, logo ele retomou o controle.

-Ficou louco?

-Eu também estaria no programa – Chinen confessou. - Esperei pelo senhor, mas sequer apareceu! Como pôde me deixar esperando?

Yuuri havia enlouquecido, fato. Kazunari pensou em dar a volta no carro e sair correndo atrás de Ohno quando sentiu um fungar característico no pescoço. Percebeu Junior mostrando os dentes para Yuuri. Aquilo era muito raro, já que o enorme cão não costumava rosnar. Sem pensar direito, viu-se abrindo a porta do carro, deixando o cão sair. Mantinha-o pela coleira à sua frente, para o caso de Yuuri avançar em sua direção.

Chinen percebeu sua intenção. Um sorriso compreensivo escapou dos lábios do mais novo, e ele encarou Nino mais amistoso.

-Jamais lhe faria mal, Sr. Ninomiya, pois te respeito muito.

Nino não acreditou em uma palavra.

-Por que não foi gravar? Deixou seu trabalho que lhe é tão caro em segundo plano pra vir passar o dia no mar com Ohno-san? O senhor odeia mar!

-Isso é problema meu! - guspiu as palavras.

Repentinamente, Chinen riu. Nino permaneceu em silêncio, aguardando o desenrolar.

-Me preocupo com o senhor – o rapaz disse. - Colocando seus sonhos no lixo por alguém que não te ama!

-O que você sabe de amor? - inquiriu Kazunari. - Você não conhece minha vida, meu relacionamento. Como pode ter tanta certeza...

-No dia do seu aniversário – Chinen o interrompeu – Ohno-san estava comigo nesse porto.

Nino sentiu o ar saindo dos seus pulmões mais rápido do que sua capacidade de captar o ar. Não podia ser verdade! É claro que não era! Ohno nunca teria sido tão cruel! Traiçoeiramente a mente recordou-se de que Ohno não havia dado sinal de vida no seu aniversário, deixando Nino completamente só. Mas, eles estavam em crise, e Ohno havia se arrependido depois.

-Pergunte a ele, se quiser! - Chinen mandou. - Quero ver se Ohno-san terá coragem de mentir-te mais uma vez...

-Por que está fazendo isso? - Nino choramingou.

-Alguém tem que abrir seus olhos, Nino-san.

-Ohno não faria isso... - Mas, ele não tinha tanta certeza. - Todavia, se o fez, tem um motivo. Nós estavámos nos separando, em uma crise séria. - Fechou os olhos com força, ganhando energia. - Mesmo que ele tenha ficado com você no meu aniversário, eu já o perdoei. Não vou voltar atrás...

-Perdoou?

-Quando fui internado, Ohno me pediu perdão por tudo. Ele não exemplificou os erros, pois ele não precisa disso. Seja o que for que ele tenha feito, já está no passado.

Nino congratulou-se mentalmente. Estava agindo de forma madura, como sempre devia ter feito. Aquilo encerrava de uma vez todas as perseguiçoes de Yuuri. Iria falar com Ohno sobre isso, e o perdoaria de antemão. O Riida havia provado durante a tarde toda o quanto o amava e o queria.

-Ele te pediu perdão? - Chinen sorriu, maldoso. - Quando estava internado? - começou a gargalhar.

Junior mexeu-se em direção ao jovem e Nino o puxou pela coleira, com força.

-O que tem de tão engraçado? - questionou.

Estremeceu quando os Chinen ficou sério. Havia mais, Nino sabia.

-Durante o tempo que ficou internado, era eu que fazia sexo com Ohno-san. Frequentei seu apartamento, e tive orgasmos incriveis... na sua cama!

Claro que aquilo só podia ser mentira!

-De onde você tira histórias tão absurdas?

-Quer uma prova?

Não, Nino não queria! Tudo que ele desejava era voltar para casa, tomar um banho e dormir enroscado no seu companheiro. Tudo que ansiava era ter sua tão adorada rotina de volta. Por que a vida insistia tanto em não deixá-lo envelhecer em paz?

-Há quanto tempo não bebe vinho, senhor Ninomiya?

O semblante de Nino denunciou seu desespero.

-Já tem algum tempo, né? Senhor Ohno me contou que, apesar de ele adorar vinho, o senhor enjoou do sabor, e por isso, nunca compra nenhuma garrafa. Ele, sem companhia, também não sente vontade de beber. Assim, quando estamos juntos, é a nossa bebida. Se duvida, pode olhar na sua estante de bebidas, tem um Valpolicella tinto lá.

Tão logo disse essas palavras, deu às costas e afastou-se. Nino ainda ficou observando-o desaparecer no horizonte.

 

***

-Está tão quieto...

Kazunari sentiu os dedos longos de Ohno deslizando por sua coxa. O mais novo encolheu-se levemente e tentou sorrir, disfarçando todas as suas suspeitas.

-Estou dirigindo, Ohno...

-Ohno? O que aconteceu com o Oh-chan?

Mordendo o lábio inferior, Nino voltou sua atenção a estrada. Estavam chegando em casa e ele devia decidir: abrir ou não a estante de bebidas. Desde que passou a tomar medicamentos, não mais ingeria alcool. Ohno só bebia se tinha companhia e, dessa forma, a estante já estava fechada a meses.

Com o canto do olho observou Satoshi. Ele estava feliz, sorridente. Ohno adorava sexo, e eles haviam passado a tarde toda se amando. Não haviam realmente motivos para qualquer desconfiança. Era um fato que os momentos que haviam passado meses atrás podiam ter levado Ohno a trai-lo. Mas, no seu aniversário? Era muita crueldade.

Mesmo assim, nada se comparava a suposição de que Satoshi estivera com Yuuri quando Nino estava no hospital. Seria mais que traição! ...E na sua cama!

Quando chegaram, Ohno desceu saltitando. Só então Nino se lembrou que havia prometido ao companheiro de que eles iriam fazer sexo em casa. Kazunari sempre se esforçou para acompanhar a disposição de coelho do líder do Arashi, mas, naquele momento, realmente, não havia clima.

Em silêncio entraram em casa, e tão logo a porta se fechou, o rapaz percebeu que Satoshi não iria abdicar da sua promessa.

-Ohno – balbuciou, quando foi expremido contra a porta. - Vamos tomar banho antes? - pediu, tentando escapar.

As mãos de Satoshi foram direto contra seu membro.

-Hum – o mais velho gemeu –, vamos tomar banho juntos?

Precisava escapar!

-Não, eu quero comer algo antes. Para ser mais rápido, vá você antes...

Satoshi, crédulo, não desconfiou de nada. Dando-lhe inumeros beijos no rosto, saiu em direção ao quarto. Nino pensou em questioná-lo agora, mas não tinha coragem. E se fosse verdade? O que ele faria? Como viver longe de Satoshi?

Caminhou em direção ao sofá, e se jogou no mesmo. O seu fiel cão sentou-se ao seu lado, como se quisesse aconselhá-lo naquele dificil momento.

-O que eu faço?

Ohno iria desconfiar caso ele não quisesse transar. Mas, como ir para a cama de alguém que você esteja desconfiado? Ele não conseguiria seguir o instinto com a mente levando-lhe até Yuuri Chinen e as suas palavras maldosas.

"Se duvida, pode olhar na sua estante de bebidas, tem um Valpolicella tinto lá."

A marca em questão era bastante famosa. Um vinho refinado, caríssimo, normalmente usado por amantes para comemorar algo íntimo e importante. Nino, mesquinho como era, nunca havia comprado algo tão caro. Ohno, bastante mão aberta, uma vez lhe servira uma taça de tal bebida durante uma viagem que fizeram com a banda para a China. Nino havia adorado, mas ressaltou a Satoshi que ele não devia gastar o suado dinheiro deles com coisas supérfluas.

Levantou-se.

A estante de bebidas estava muito próximo, a três passos do sofá. Três passos que decidiriam sua vida.

Os três passos foram dados. Nino não podia viver com a dúvida. A estante passaria a ser um demônio presente dentro de sua propria casa. Fosse qual fosse a verdade, ele precisava enfrentá-la.

A portinhola abriu. À frente estava os licores e o martini. Havia saque tambem. Mas, não vinho. Quase chorou de alivio quando sua mão esbarrou em uma garrafa fina, negra.

Ergueu-a, em conflito.

Era o vinho.

Chinen estivera no seu apartamento.

Ohno estava enganando-o.

-Kazu?

Virou para o lado, encarando o marido. Ohno demonstrava confusão nos olhos, mas quando percebeu o que Nino segurava, Kazunari viu, e sentiu, o medo.

-Você tem muito o que me explicar – sussurrou.

Ambos sabiam, era o fim do seu relacionamento.



***

Sayuri entrou na sala da mansão Sakurai e encarou Yuuky. A madame parecia estar aguardando-a, e as duas sorriram quando se viram.

-Deu tudo certo – a mulher avisou.

-Audrey Morgan desistiu? - a jovem parecia incrédula.

Yuuky arqueou as sobrancelhas. Não podia contar a jovem a verdade, a perigo de Sayuri desistir do casamento.

-Ela é só uma estrangeira – desprezou. - Não se compara com uma japonesa pura como você – salientou.

Sayuri riu.

-A senhora tem razão. Não sei porque tive dúvidas da decisão de Sho.

Quando as duas mulheres se abraçaram, um pacto foi selado. O casamento aconteceria em dezembro.

 

Continua..

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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyTer maio 03, 2011 4:42 am

a mae do aiba nao consegue entender q eles se amam =/
pobre Aiba, como se ja nao bastasse o baque q ele recebeu ao ser desprezado pela mae do Sho, agora sua propria mae fazia o mesmo com Sho
Sho tem q ser realmente forte para aguentar pelos 2
o q seria de Aiba sem Sho
qto ao Chinen...esse ai tbm viu grrr
da mto odio dele!!!
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyTer maio 03, 2011 4:47 pm

Nara, amore

Pois é... mas, dessa vez Sho nao está em condiçoes de segurar as pontas.., ele tambem esta acabado... será o final de sakuraiba? * voz de locutor de radio*



hehehehe

Chinen é tao irritante, ne? percebeu que ele colocou o vinho na estante de Ohmiya so pra ter o que usar depois? nao é tao bobinho, ne?

brigada pelo apoio amore
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptySeg maio 09, 2011 6:48 pm


Redenção

Capítulo 25

Por Josiane Veiga
Nota da autora: Capítulo atrasado porque meu planejamento de escrever no domingo foi pro beleléu. Domingo em família e com grenal, coloca nossos planos no infinito e além. Mas, me esforcei, e matei meu almoço para trazer a vocês a continuação. Pelo planejamento, esse é o antepenúltimo capítulo. Em nº de capítulos teve praticamente a metade de Rendição, mas em páginas, passou e muito. Assim sendo, verei como vou conseguir lançar por um valor que não seja tão alto... Enfim, espero que gostem^^

Satoshi havia se banhado com rapidez. Estava feliz, após ter passado um dia perfeito ao lado de Nino, esperava que a noite ainda rendesse mais daquela paixão. Impressionantemente, ele nunca cansava. Adorava a forma como Nino fazia amor, sem reservas, sem qualquer tentativa de mascarar as sensações. Gargalhou ao recordar como o amante gritava, esbravejava, gemia ou simplesmente sorria durante o sexo. Cada ato desses o excitava ainda mais.
Foi sorrindo que ele saiu do banheiro, e se vestiu com uma calça velha. Enquanto Nino tomasse banho, prepararia o jantar de ambos. Talvez usasse velas, pois precisava coroar aquele dia com algo romantico.
Ainda mantendo os lábios abertos num sorriso doce, ele entrou na sala. No entanto, parou de forma obtusa, completamente chocado por ver Ninomiya com uma garrafa nas mãos. Imediatamente recordou-se de onde viera a bebida, percebendo também que caíra em uma armadilha.
-Diga alguma coisa... - Nino sussurrou.
Os olhos negros que tanto o faziam fraquejar agora estavam repletos pelas lágrimas. A dor e mágoa igualmente a raiva, representavam o brilho do olhar de Nino.
-Abra essa maldita boca, e se explique!
O grito foi seguido pela garrafa que voou em sua direção e que, por sorte, passou por ele e chocou-se contra a parede atrás de si. Nino nunca havia sido agressivo daquela forma, mas Ohno não podia culpá-lo. Podia ler sua mente, e sabia tudo que Kazunari estava sentindo.
-Não é nada do que parece... - sussurrou, vendo os cacos da garrafa negra no chão.
O lábio inferior de Nino começou a tremer. Os soluços vieram logo em seguida. Ele estava alterado, e Ohno temeu se aproximar e piorar sua revolta.
-Não? Quando fui internado não tinha nenhuma garrafa de vinho aqui! De repente, Yuuri Chinen me avisa que vocês dois beberam vinho nas noites em que passei no hospital...e adivinhe: encontro um vinho caríssimo, que não compraria nem pro meu casamento, adornando minha estante!
-Nino, não bebemos nada! Me deixe explicar!
-Não quero mais ouvir – Nino ergueu a mão, como se mandasse Ohno calar a boca. - Você sempre tem uma desculpa muito plausível, e eu, o idiota, sempre acredito. Mas, não mais. Não confio mais em você!
Nino cobriu a face, para impedir que Ohno visse suas lágrimas. Mais que dor, estava tomado pelo ódio. Mesmo que quisesse muito – e ele não queria! – jamais poderia perdoar Satoshi por tamanha traição.
Não era somente pelo adultério. Surpreendentemente, o sexo não importava. Mas, a falta de piedade sim, afinal não estava ausente por uma ausência de trabalho, ou uma viagem para promover algum filme. Ohno sempre reclamava disso, e Nino sabia que o líder podia simplesmente querer se vingar por tal ato. Não... não era pelo sexo que ele se sentia compelido a voar no rosto de Ohno e bater nele... era sim pelo fato que estava doente, precisava de apoio e solidariedade, e fora recompensado com traição.
-Quando Chinen falou contigo? - indagou Satoshi, que aparentava tentar manter a calma.
-Hoje, enquanto você foi entregar a chave do barco ao zelador – Nino se viu explicando. - Ele me contou também que vocês se encontraram no porto no dia do meu aniversário.
Satoshi baixou a face, constrangido. Nino viu-se subitamente chorando ainda mais, percebendo a culpa estampada no semblante do amante.
-Eu esperei um telefonema seu o dia todo! - gritou. - Passei cada minuto com o celular na mão, na esperança de uma reles mensagem. Eu aceitaria qualquer coisa de você naquele dia, Ohno, mas você sequer apareceu, sequer ligou, sequer se importou! - expulsou de si todas as palavras que estavam intaladas durante meses. Repentinamente seu semblante ficou mais firme, mais convicto. - Eu mereço mais! - exclamou, cruel. - Eu mereço alguém que se importe comigo de verdade, não apenas quando quer me ver na cama!
Ohno ficou pasmo. Seus olhos arregalaram-se diante daquela afirmação.
-Você acha que é só um objeto para mim?
-E não sou?
-Injusto você dizer isso depois de tudo que passamos! Não nos conhecemos ontem, Ninomiya! Eu te amo desde que era uma criança!
Nino riu, fazendo um contraste com as lágrimas que não paravam de cair.
-Amor? Não sei que tipo estranho de amor é esse. Me ama, mas traz Chinen para a minha casa, e dorme com ele na minha cama!
-Nunca fiz isso!
-Não? Quer que eu acredite que Chinen e você simplesmente beberam algumas taças como amigos, e depois ele foi embora. E isso tudo após, segundo aquela fita que ele me mandou, o garoto ter feito sexo oral em você. Acha que sou algum idiota?
Ohno deu um passo a frente. Viu Nino retrocedendo um para trás.
-Yuuri trouxe o vinho, mas não chegamos a bebê-lo. Nem lembro de ele ter guardado a garrafa, estava completamente exausto naquele dia. Conversamos um pouco, e depois Yuuri foi embora. Ninguém dormiu na sua cama a não ser eu e o cachorro!
Junior viu quando Ohno o apontou, mas o dono não parecia estar brincando ou chamando-o. Assim, permaneceu parado, próximo à porta da cozinha.
-Não acredito em você – as palavras de Nino, estranhamente, foram calmas.
Enfim, Nino parecia ter se controlado. No entanto, a calma e a frieza dele foi o que despertou a Ohno o sentimento de que as coisas estavam saindo do controle.
-Nino-chan...
-Quero que vá embora da minha casa.
As lágrimas cessaram. O pranto e o fungar também. A voz era clara, límpida, sem nenhum tremor.
-Você não pode estar falando sério – Ohno sussurrou, em pânico. - Você não pode destruir nossa relação por causa de uma mentira criada por garoto que mal saiu das fraldas!
Nino moveu a cabeça, negando.
-Isso não tem nada a ver com Yuuri, Ohno – afirmou. - Uma vez te disse: Chinen não tem nenhum compromisso comigo, mas você tem. - Um riso triste escapou dos seus lábios. - Ou melhor, tinha.
-Pare com isso! - Ohno gritou. - Não vou ir embora! Não vou sair do teu lado.
-Então eu vou.
-Nem você, nem eu! - O líder sentiu que ia chorar e respirou fundo, tentando se conter. - Tente pensar racionalmente, Nino – implorou. - Nós dois sempre estivemos juntos, nos amamos, e vamos superar isso.
-Não vou superar, porque não quero – foi firme. - Você já fez sua escolha, Ohno. Quando trouxe aquele garoto para meu lar, colocou ele na minha cama, e compartilhou um domingo de sol ao lado dele, deixando-me sozinho no meu aniversário. Agora, assuma as suas consequências!
Ohno enfim começou a chorar diante das palavras. Nino, ao vê-lo naquele estado, sentiu uma dor ainda mais insuportável. Por que Ohno parecia tão em pânico? Se Chinen e ele estiveram juntos durante o tempo da internação, era sinal que se desejavam muito. Assim sendo, provavelmente, no dia seguinte, livre e sem culpa, Ohno poderia ir até o jovem e os dois iriam iniciar uma vida juntos.
Suspirou.
Não é sempre assim que acontece? É o traído que fica só, chorando pelos cantos. Os traidores podiam comemorar sua liberdade sem nenhum receio.
Nino virou o rosto para o espelho ao lado. Ainda estava excessivamente magro, os olhos fundos. Mesmo a alimentação diária não havia devolvido totalmente a ele a beleza de antigamente. Talvez, nunca voltaria a ser o que era. Mesmo que lhe doesse, a verdade é que estava envelhecendo dia após dia, já tinha pequenas rugas perto dos olhos e sentia o cansaço o dominar toda a vez que deitava a cama.
Em contrapartida, havia Yuuri Chinen. O garoto era tudo que Nino um dia fora. Era belo, jovial, bem disposto. Talvez – e isso não era mais somente uma tola possibilidade – Ohno tentara buscar o antigo amante no corpo mais jovem.
-Não posso lutar contra isso – Nino sussurrou. - É uma guerra desleal demais para mim – explicou a Ohno. - Não tenho energia para competir com alguém bem mais jovem e bonito do que eu.
-Cala a boca! - Ohno gritou, aproximando-se e agarrando-lhe pelos ombros. - Não existe luta! Abra os olhos, estão tentando destruir nosso amor.
-Estão tentando? - Nino estava apagado, sem vida. - Lamento afirmar que conseguiram. - Olhou para a porta, e a apontou com a face. - Vá embora, Ohno – pediu. - Mandarei seus pertences amanhã...
De repente, Nino viu-se sendo puxado contra o corpo sólido do Riida. Ohno adentrou sua boca com avidez, quase desespero. Mas, era diferente agora. Nino não conseguia se entregar, ficando completamente rigido, nem recuando, nem correspondendo.
Ao ver que perdera a guerra, Ohno finalmente o soltou. O beijo só havia servido para despertar novamente as lágrimas de Kazunari.
-Vá embora – ele pediu novamente, a voz embargada. - Por tudo que é mais sagrado, vá. Se você não sair daqui, eu irei!
Ohno juntou suas lágrimas as de Nino. Estava com o coração despedaçado diante da dor de Kazunari.
-Vamos fazer o seguinte... - sussurrou, dando pequenos beijos nos lábios finos de Ninomiya -, irei hoje para que você descanse, e pense melhor. Mas, amanhã nos conversaremos, OK? - propôs. - Vou dormir na casa de Okaasan hoje, e amanhã, no camarim, a gente vai poder dialogar melhor, com os ânimos mais frios...
-Minha falta de confiança não vai passar com uma noite de sono, Ohno Satoshi – o tom era zangado.
Ohno sabia que Nino, magoado e ferido como estava, não iria fraquejar. Assim sendo, começou a caminhar para a porta. Atrás da mesma, eles guardavam a guia de Junior, e ele a buscou.
-Vem cá – chamou seu cão.
Sentiu Ninomiya dar um passo em sua direção. Sabia que o moreno amava o cachorro, que o considerava seu. Mas, Junior pertencia a Ohno, havia sido adotado pelo mais velho, e ele não pretendia entregar o cão a ninguém. Se ele iria embora, o animal iria junto.
De costas, caminhou até a porta puxando o vira-latas pela coleira, e abriu-a. Só então voltou-se para trás. Como se fosse a última vez que pudesse ver Nino, procurou-o com o olhar, como se desejasse buscar no menor qualquer esperança de um recomeço.
Porém, tudo que ele viu foi, no fundo da sala, encolhido e abraçando-se a si mesmo, um homem derrotado, reflexo da sua própria solidão. Repentinamente, Ohno percebeu algo que até agora lhe havia passado: estava voltando para o seio familiar, onde seria abraçado carinhosamente pela mãe, e confortado pelo pai. Muito provavelmente, de manhã, seria acordado por um café da manhã recheado de amor, e talvez a mãe lhe prepararia um banho quente na banheira do quarto dela, com os sais que ele tanto amava.
Ohno seria amparado por uma familia, Nino seria recebido novamente pelo frio abraço de seu isolamento.
Não haveria ninguém para lhe abraçar, ou lhe dar palavras de ternura. Ninguém iria arrumar seu café da manhã, ou estar ao seu lado enquanto ele chorava. Nino sempre havia sido sozinho, e assim iria permancer. Trancado naquela casa, companheiro de seus demônios internos, abandonado por todos, inclusive por Satoshi.
Ohno viu, espantado, o olhar de Kazunari baixar até o cão. Acima de tudo, o amante era orgulhoso, e não iria pedir nada ao líder do Arashi após tantas palavras duras que trocaram. Então, Ohno também olhou para o velho cachorro. Percebeu-o ansioso, como se desejasse ficar perto de Nino.
Satoshi soluçou quando se curvou no chão e abriu o feicho que prendia o animal. Assim que se viu livre, Junior voltou-se para ele, e lambeu-lhe o rosto, como se quisesse agradecê-lo. Tão logo cumpriu essa tarefa, correu em direção ao outro.
No instante que Ohno viu Nino sorrindo para o animal, percebeu que, na mente de Kazunari, só Junior amava-o incondicionalmente. Para o cão, não importava os defeitos de Nino, tudo que bastava era que o mesmo sorrisse para ele e fizesse-lhe cafuné na cabeça. Ambos, Junior e Nino, foram tão pouco amados na vida, que contentavam-se com qualquer coisa...
-Eu te amo – Ohno gritou, subitamente. - Eu não vou desistir. Se você não confia mais em mim, vou fazer o que for para que volte a confiar! - O tom continuava alto. - Não importa o que aconteça, ninguém vai substituir você, e eu sei, você também não vai me substituir por ninguém. - E, diante do olhar pasmo de Nino, o homem olhou para o cachorro. - Cuide do papai, Junior – pediu. - Logo eu estarei de volta em casa.
E quando a porta bateu, num estrondo, Nino, de alguma forma, soube que Ohno faria até o impossível para cumprir aquela promessa.
****
-Você está tão bonito! - exclamou sua mãe.
Masaki não tinha tanta certeza assim. A verdade é que não sabia se o cabelo descolorido combinaria com seus olhos. Bom, se perguntassem, ele diria que se sentia um espantalho; no entanto, a mãe havia faltado ao trabalho no dia anterior apenas para arrumá-lo para a entrevista com a agência. Assim, não tinha coragem de reclamar.
-Fique aqui que irei fazer sua ficha – ela avisou, molhando um lenço com a saliva e passando em na sua bochecha que, supunha Aiba, devia estar manchada pela maquiagem.
Por que as mães tem que ser tão esquisitas?Não era mais higiênico molhar o pano no banheiro?
Após isso, o menino de oito anos virou o rosto, observando cada detalhe da sala surpreendentemente quente. Haviam diversas crianças ali naquele dia. Diziam que o dono da Agência JE estava selecionando novos talentos, e lançaria uma banda em pouco tempo. Se fosse uma banda infantil, talvez tivesse chances...
O som de tamancos o fez virar-se em direção a um corredor. Naquele momento percebeu uma das moças do atendimento com um inseticida na mão. Sem perceber ele a seguiu com suas pequenas pernas. Logo a mulher alcançou seu objetivo e ele parou atrás dela, a observar-lhe os movimentos.
-O que vai fazer? - indagou.
Ela voltou o rosto para trás e sorriu.
-Detetizaram a agência, mas esses besouros parecem imortais – brincou.
Foi quando Aiba a viu erguendo o spray. Soube na hora o que ela iria fazer, e saltou em sua frente.
-Pare! - exclamou. - Não sabia que os besouros são importantissimos para o meio-ambiente?
A mulher parecia surpreendida. Mas, ela não teve tempo de retrucá-lo, pois foi chamada por um colega de serviço.
O loirinho baixou em direção ao inseto, e o pegou nas mãos. Por que as pessoas não conseguiam ver beleza naquele tipo de ser vivo? A mãe costumava dizer que os seres humanos estão sujos demais na sua propria maldade para ver a criação de Kami-sama com pureza. Entretanto, salientava ela, pessoas como Masaki e Sango não pertenciam a essa classe.
-Você é tão esquisito.
A voz pertencia a um menino um pouco mais alto do que ele. Tinha cabelos negros como a noite, e os olhos eram tão vivos e inteligentes que intimidariam a qualquer um. Mas, Masaki não era qualquer um! Ele não se incomodava com os modos polidos, ou com a roupa cara.
-Olá! - exclamou para o outro, aproximando-se. - Você veio para o teste?
O menino virou o rosto, ignorando-o. Não se importou.
-Eu me chamo Masaki Aiba e vim de Chiba. Você conhece Chiba?
Nada.
-Qual seu nome.
Nada.
-Você também gosta de insetos? - o loiro praticamente jogou o besouro em cima dele.
Foi somente após isso que a barreira de frieza que adornava o outro garoto se quebrou. O moreno começou a dar saltos, tentando tirar o inseto de cima de si. Masaki primeiramente riu, mas após retirou o besouro.
-Qual sua idade? - questionou mais uma vez, sem ter certeza que receberia uma resposta.
Todavia, dessa vez recebeu a réplica.
-Nove.- A voz era demasiadamente arrogante.
-Nossa, você parece ter uns treze, pelo menos. Você é tão grande, e parece tão assustador com essa cara fechada.
O menino de trajes caros viu-se espantado pela audácia do outro, mas não o contestou.
-Eu tenho oito. Você veio pro teste?
-Sim.
-Sugoi, ne? - riu. - Já imaginou se ficarmos no mesmo grupo, vamos ser amigos pra sempre!
Amigos?O garoto de cabelos escuros nunca havia tido um amigo. Detestava crianças, era a verdade. Preferia a presença do seu professor ou da mãe, com quem discutia política e economia como se já fosse um adulto.
-Sou Sho Sakurai – viu-se dizendo, de repente.
-Nossa, que imponente! Você é parente do homem que aparece na TV? O político?
Seu pai era um dos nomes mais influentes e conhecidos do país. Não foi surpresa para Sho que Masaki reconhecesse o sobrenome.
-Ele é meu pai – respondeu, orgulhoso.
-Nossa! Você é tão importante! - O menino sorriu. - Vamos então ser amigos daqui em diante?
Sho encarou os olhos puros do outro.
-Está bem...
***
Sho aproximou-se Masaki. Era uma noite quente de verão, mas preocupava-lhe o fato do amigo estar sentado num banco de frente ao lago do hotel que se encontravam. A umidade do ar poderia prejudicar seu estado.
-A lua refletida no lago é algo tão bonito, né Sho-chan?
A voz pura e delicada do adolescente fez com que o filho mais velho da familia Sakurai sobressaltasse.
-Você deveria estar na cama – avisou. - Já tomou a medicação?
-Estou bem, Sho-chan – sorriu. - O pior já passou, não vou mais morrer.
Sho baixou a face. Não sabia se Masaki falava da sua grave doença nos pulmões, ou se a frase triste era relativa a ex namorada que o havia chutado tão logo a possibilidade de Masaki ter que deixar a banda se tornou real. E ainda haviam as fotos... Como Aiba estava se sentindo após ter sido exposto de forma tão promíscua por todos os jornais do país?
-Eu podia ficar para sempre aqui, olhando para a lua... - o loiro sussurrou.
-Você se satisfaz com tão pouco – o outro observou.
-E existe algo mais bonito que a natureza?
"Existe! Você!"
Sho, porém, nada disse. Voltou os olhos para a frente e também encarou o movimento das águas.
-Né, Sho-kun? - o loiro o chamou. - Obrigado pelo seu apoio...
E como não poderia apoiá-lo? Amava-o há tanto tempo. Sequer se lembrava da primeira vez que sentiu o coração palpitar perto do amigo, mas sabia que já tinha alguns anos.
Como desejava poder expressar aquilo com palavras! Entretanto, não tinha tanta coragem. Sabia que Masaki gostava de meninas. Ele, aliás, foi o primeiro membro da banda a começar a namorar, e vivia cercado das modelos juvenis mais lindas. Masaki era diferente dele, não era anormal.
No entanto, Sho não sabia se teria outra chance de estarem sozinhos daquela forma, num momento tão apto para a declaração. Sabia que podia receber olhares de nojo do amigo de tantos anos, e talvez até ser estapeado. Mas, podia se libertar de tanta dor, e deixaria de ser escravo do medo que o perseguia há tanto tempo.
-Aiba-chan... - começou.
A voz entalou na sua garganta. Viu Masaki se erguendo do banco e aproximando-se de si.
-O que foi? Vai me contar um segredo? - O loiro percebeu seu conflito interno.
Masaki amava fofocar. Mesmo jamais falando mal de alguém, ele gostava de saber sobre a vida de todos. Um segredo então... era um prazer para ele.
-Sim, é um segredo.
Sentiu a animação do outro imediatamente.
-Fale logo, Sho-kun!
Então os olhos de Sho adentraram os de Masaki. Ele precisava falar, mesmo que aquilo custasse a relação deles! Viver com medo de ser descoberto era pior do que a pespectiva de não sentir mais a amizade calorosa do loiro.
-Eu te amo – confessou, de súbito.
Para sua total surpresa, Masaki sorriu.
-Oh, eu também te amo! Mas, e o segredo?
Sho sabia que não havia sido entendido, então explicou melhor.
-Não amo como amigo, e sim como homem! - quase gritou. - Quero beijar você, andar de mãos dadas com você e saber que você é meu namorado. Quero trocar cartas de amor, e conversar pelo telefone até tarde. Ou seja, eu te amo da maneira que devia amar uma garota!
A boca de Masaki abriu-se num movimento que lembrava a letra "O". Sho sabia que ele estava espantado demais para responder, então apenas se virou de costas. Estava feito, de qualquer maneira. Provavelmente, a partir daquele momento, Masaki iria afastá-lo. Depois, talvez, eles até desfariam a banda, ou o agente deles os colocariam em grupos diferentes. Ele não culpava Aiba pela reação, pois tinha vergonha de si mesmo pelos sentimentos.
Mas, antes de dar dois passos, sentiu seu braço sendo preso. Não teve coragem de se virar e ver a repugnância nos olhos do outro. Imaginou que palavras Aiba usaria para dispensá-lo e precisou conter as lágrimas com custo.
-Não sei se isso é certo – Masaki confessou –; mas, eu sinto o mesmo por você...
***
-A agência está fazendo cortes de custos – Karin explicou, a contragosto. - E nessa apresentação vocês precisaram ficar num hotel não tão bom – suspirou.
Cada pessoa na van sabia que a que mais se ressentia por ter que passar a noite num hotel com três estrelas era ela.
-E precisaram dividir os quartos. Algum problema? - Nenhum dos membros do arashi contestou. - Jun ficará com Ohno e Sho. Aiba e Nino dividiram outro quarto. Está bem assim?
Sho olhou para as mãos. Logo em seguida, falou, com coragem.
-Será que posso ficar com Aiba-chan? - indagou.
Tão logo fez a pergunta, encarou os amigos. Ohno e Ninomiya pareceram adorar a ideia. Estranhamente, aqueles dois amavam ficar juntos o máximo de tempo possível. Jun sequer ergueu o olhar coberto por um chapéu moderno. Sho sabia que o caçula da banda não estava ligando a mínima para com quem iria dividir o quarto.
Após a verificação dos três, seu olhar encontrou o de Masaki. Aiba mantinha os olhos arregalados, como se o temesse. Ninguém desconfiava o que acontecia entre eles. E, bem da verdade, o que acontecia não passava de um segurar de mãos e troca de beijos.
Eles nunca haviam ficado sozinhos num quarto... até agora.
-Alguma objeção? - Karin indagou aos quatro.
-Se eles – Matsumoto apontou Ohno e Nino – começarem a fazer fanservice dentro do quarto, eu vou pedir pra trocar de suíte.
A gargalhada de Kazunari invadiu o ambiente. Sho sabia que havia conquistado aquela pequena guerra.
E de fato, assim que chegaram ao hotel, Masaki e ele se dirigiram ao mesmo dormitório. Era um quarto simples, com duas camas de solteiro, um banheiro e uma televisão. Só. Mas, era o suficiente.
-Escute – disse, assim que fechou a porta do quarto –, não quero que fique nervoso. Só queria ficar perto de você, mas não é minha intenção...
Suas palavras foram caladas com um beijo. Aliás, não um simples beijo, e sim uma fusão capaz de arrancar todo o seu fôlego, transformando seu corpo numa massa de calor e emoção.
-Quero que faça amor comigo... - Masaki pediu, subitamente.
Sho não sabia como se fazia aquilo. Na verdade, nunca foi uma pessoa muito sexual. Mas, naquela noite ele faria todo o possível para aprender.
***
-Aiba-chan?
Sho Sakurai demorou cerca de dois minutos a porta, antes de entrar. Necessitava de coragem para enfrentar o namorado depois da infeliz visita da senhora Sango. Masaki era muito ligado a mãe, talvez mais que o próprio Sho a dele. Como devia estar se sentindo o loiro?
-Você está bem? - ele foi entrando, e parou ao lado do sofá.
Aiba estava de costas para ele, ao lado da janela que dava para a lateral da casa. No chão, próximo aos seus pés, Shipou brincava com uma fruta. O amante parecia calmo, mas Sho sabia que Masaki costumava controlar seus acessos de pânico, pois detestava que as pessoas pensassem que fosse fraco.
-Lembra quando nós nos conhecemos? - Masaki indagou, fazendo com que Sho se sobressaltasse. - Você me assustou com aquela carranca arrogante – confessou. - No entanto, eu já sabia que você ia ser alguém muito importante para mim...
-Por que está dizendo isso?
-Porque naquele dia eu falei com você sobre eternidade. Pedi para que fossemos amigos para sempre...
-Somos mais que amigos – Sho afirmou.
Um leve tremor nos ombros fez Sakurai perceber que o amante controlava o choro. Quis se aproximar, mas a voz dele o interceptou.
-Seu lugar não é comigo, Sho-kun – a afirmativa era firme, sem espaço para dúvidas. - Nosso relacionamento estava fadado ao fracasso antes mesmo de começar.
-Por que diz isso?
-Nós dois somos homens, temos personalidades diferentes e, acima de tudo, somos de origens diferentes. Mesmo que não tivessemos o mesmo sexo, eu nunca teria chance nenhuma. Não tenho uma linhagem importante, ou...
-Você tem conciência do que está dizendo? - Sho gritou, alterando-se ao notar onde Masaki queria chegar.
-A vida não é um conto de fadas, Sakurai. Vivemos em paz porque ninguém sabia de nós, mas agora nossas famílias já sabem a verdade. Não podemos mais fingir...
-Eles terão que nos aceitar!
-Não é tão fácil!
-Você está desistindo? - Sho questionou, a mágoa transbordando em suas palavras. - Está colocando mais de uma década no lixo por causa do preconceito de outros?
Masaki virou-se para ele. Sho pode notar então que Masaki chorava, a dor pulsante em seu semblante.
-Eu não sei amar de forma egoíta, Sho-kun – admitiu. - Não sei rir, me alimentar, assistir televisão e fazer amor despreocupadamente sabendo que nossas famílias choram de vergonha.
-Você está terminando comigo, é isso?
-Meu pai está doente pelo embaraço. Ele é um homem bom, uma pessoa decente que me deu tudo. Não posso fingir que não me importo, não dá pra continuar com isso ignorando nossos pais!
-Fale claramente! - Sho voltou a gritar. - Diga com todas as letras que você está terminando comigo!
-Diga-me você – Masaki reagiu, aos berros – por que se revida na cama? Por que escapa para o banheiro várias vezes por dia e volta de lá com os olhos marejados? Quanto tempo você vai continuar a encenar que não liga para o que Yuuky Sakurai pensa? Seu problema, Sho, é que você interpreta um personagem a todos, inclusive a si mesmo: o herói liberal. Você cria seu próprio senso de ética e exclui todos que não concordam com ele. Mas, agora, precisa esfrentar uma realidade: Yuuky é sua mãe! Ela pode ter todos os defeitos do mundo, pode ter falado mal de Morgan e se mostrado cruel com ela, pode ter me acusado de perversão, ou dito que iria fazer um escândalo na TV; mas, ela é sua mãe! - Aiba limpou as lágrimas com a manga da camisa. - Era ela que levantava a noite quando você sentia frio, ou que beijava suas lágrimas quando você caía ao dar seus primeiros passos. Sua mãe não é qualquer pessoa!
Sho mordeu o lábio inferior, lágrimas espessas corriam por sua bochecha.
-E o que dizer de minha mãe? - Aiba perguntou, emotivo. - Ela fez tudo que pôde por mim. Ela não frequentava shoppings ou comprava coisas bonitas para ela. Todo o dinheiro que tinha, ela investia em mim. Se havia um pedaço de carne na panela, meu pai e ela deixavam-no para mim! Eles choraram de emoção quando eu entrei para a agência, e foram eles que sacrificaram tudo, inclusive bens pessoais e coisas que haviam lutado muito para conseguir, para que eu tivesse uma chance na arte. E, então, você acha mesmo que eu posso ignorar o fato de que meu pai não come há três dias? De que ele não consegue olhar para minha mãe?
Sho ergueu as mãos e deixou-se chorar como uma criança. Foi estranho, mas ele ficou ainda mais desesperado quando Masaki o abraçou, consolando-o.
-O amor nem sempre é um ato físico e feliz – Masaki sussurrou nos seus ouvidos. – O amor às vezes também é dor e sacrifício. Não importa quanto teremos que nos manter longe, eu sempre vou te amar. Mesmo que me doa saber que vai se casar com alguém que não deseja, eu estarei apoiando você. Eu nunca vou deixá-lo sozinho para enfrentar tudo isso...
O abraço que trocaram foi o firmamento do eterno pacto que os manteria.
***
Masaki preferiu ir até o bosque próximo para não ver Sho retirando seus pertences de sua casa. O moreno levou as malas até o carro sem olhar para trás nenhuma vez.
Sentada na escada da residência, Morgan observava o trajeto sem mover nenhum músculo para ajudá-lo. Porém, quando ele terminou de organizar tudo no porta-malas do carro, virou-se em direção a ela, para despedir-se.
-Você sabe que prefiro te ver morto à casado com aquela vadia, não sabe? – o som completamente possesso saiu dos lábios femininos.
-Você tem uma estranha forma de confessar seus sentimentos por mim – ele sorriu, triste.
Morgan se aproximou. Trazendo-o para seus braços, amparou-o.
-A guerra só acaba quando o último soldado morre – filosofou -, e eu estou bem viva.
-Não tenho esperanças... – Sho confessou. – Masaki já desistiu, e eu não tenho escolha. Aiba não disse, mas eu sei que teme um novo escândalo envolvendo sua família. Ele ama muito seus pais...
A gargalhada que escapou dos lábios de Morgan trouxe um estranho formigamento em Sho, como se ela soubesse de algo que o próprio desconhecia, como se até mesmo o fato de que estivesse indo embora fizesse parte dos planos dela.
-O que você está armando? – ele indagou, num misto de apreensão e otimismo.
Os dedos gelados e pálidos da mulher tocaram sua bochecha, limpando o vestígio de uma última lágrima.
-Dance conforme a música, meu amor – ela sussurrou. – Não fique apreensivo, pois o DJ sou eu.
E dizendo isso, virou-se em direção a casa.
Continua...
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptySeg maio 09, 2011 10:44 pm

KYAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!
NAO EH JUSTOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!
TA VENDO CHINNEN SEU VIADINHO DESGRAÇADO, TA FELIZ?????????????????????
TM O OHNO TEM MUITA CULPA DO Q ACONTECEU POR NAO TER FALADO NADA PRO NINO!

NYAAAAAAAAAAA MEU CASAL LINDO SE SEPAROU TBM, O QUE VAI SER DE SAKURAIBA AGORA???????????????? BUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
TO TAO CHOCADA QUE NAO CONSIGO CHORAR APESAR DE ESTAR MORRENDO DE VONTADE E MUITO TRISTE COM ESSE CAP, TO ATE COM MEDO DO PROXIMO

QUEM VAI MORRER???????????????????????????????
EH A AUDREY EH????????????????????

NAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
NINGUEM PODE MORRER QUE NAO SEJA A SAYURI!!!!!!!!!!!!!!
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptySeg maio 09, 2011 11:05 pm

Amor, você faz parte do OHmiya Lovers? Eu coloquei lá algumas dicas de quem vai morrer no cap 27

http://ohmiyask.ning.com/forum/topics/redencao-2-livro-ohmiya18?groupUrl=fanfics&xg_source=activity&id=5816999%3ATopic%3A8521&groupId=5816999%3AGroup%3A73&page=32#comments

Houve duas separações nesse cap, mas ambas foram mto diferentes uma da outra. Houve mais dor em sakuraiba, pois Ohmiya ainda pode superar, mas sakuraiba não tme mtas escolhas...

ahhhh... ansiosa pra vcs saberem o que a audrey ta aprontandooo^^
brigada pelo apoio Re
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyQui maio 12, 2011 12:57 am

nhaaai Nino nao sofraaa!!!
aii q capitulo triste ç_ç
Ohmiya, Sakuraiba ç_ç
tds estao sofrendo tantoooo
mas achei fofo o passado de Sakuraiba
eles pequenininhos *-*
to curiosa pra saber o q a Audrey vai aprontar *-*
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyQui maio 12, 2011 5:20 pm

Nara, cap que postarei hj ou amanha está bem mais pesado.. se prepare.
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptySex maio 13, 2011 6:10 pm

Redenção


 Capítulo 26


 Por Josiane Veiga


Nota da autora: Acho que todas as minhas leitoras estão tentando descobrir quem vai morrer no capítulo 28, não? Essa atmosfera toda de suspense é uma delícia para mim, como escritora, hehehe. Enfim, por sugestão da Tereza resolvi dar um “prêmio” para quem descobrir o “defunto”. Todas as leitoras podem dizer quem elas acham que vai morrer, mas só vale uma opinião. Quem acertar (não importa quantas acertarem) vai ganhar um nº extra pro sorteio de aniversário do Ohmiya Lovers! Assim sendo, nos comentários, podem postar assim: “Eu, fulana(o) de tal, acho que quem vai morrer é [nome do personagem]”.


Os prêmios do aniversário estão no tópico de niver do OL.


Dicas:


-Não é Audrey, nem Ohno, nem Aiba.


-Não excluam Sho ou Jun



-A principal pista está no hospital (não da morte, mas do “consolo” de Nino)


-Chinen quem vai matar


-Não faz parte do time de vilões


-Esteve em Rendição.


Enfim, boa sorte aí^^


 


 


 




Havia chovido durante todo o dia, mas na noite o temporal intensificou-se. Nino esperava que a primavera fosse mais calorosa do que o inverno que tinha terminado há poucos dias. No entanto, aparentemente, se enganou.


O rapaz estava à janela do seu pequeno quarto da casa dos pais, observando o gotejar constante da calha próxima. Os braços estavam arrepiados de frio, e ele esfregou as mãos sobre eles, olhando em volta, a procura do casaco de linho cinza que gostava.



Suas roupas, em maioria, eram presentes da avó, que tentava demonstrar carinho pelo neto de todas as formas que podia. Mas, o casaco em questão era especial, pois havia sido presente da mãe, trazido de uma viagem que ela havia feito com seu pai para o sul do Japão, durante as férias. Como manifestações de afeto vindos dela eram extremamente raras, ele cuidava com muito apreço da roupa.


-O jantar está pronto – a irmã gritou da porta.


Seria muito fácil ele fingir que não ouvira. Ninguém se importaria se não aparecesse para o jantar, sempre tão silencioso e triste em seu lar. Mas, Karin, sua produtora, já havia dito que ele não devia aparecer mais tão magro na agência. “Coma, Kazunari! Espantalhos não vendem uma boa imagem”, ela avisou, deixando claro que ele não conseguiria contratos se continuasse  fingir que comida não existia.


E só Deus sábio o quanto ele precisava de dinheiro!


Apesar dos Ninomiyas serem uma família de posses, os pais não costumavam fornecer muito mais que o necessário. E, na casa do colega de agência Sho Sakurai, o garoto descobriu os tais jogos eletrônicos e se apaixonou. Queria tanto poder ter um! Também pensava que se juntasse muito dinheiro, poderia comprar uma própria casa, onde ele poderia receber os amigos... e Ohno Satoshi.


Baixou a face constrangido, enquanto se aproximava da mesa.


Céus, Ohno sequer desconfiava de seus sentimentos. O líder do grupo estava sempre cercado por meninas, sendo bastante popular com o sexo feminino. Em relação a Nino, provavelmente via-o como um irmão mais novo, e Nino pretendia que as coisas continuassem assim. Não podia perder a amizade de Satoshi, já que o rapaz não era apenas seu primeiro amor, mas também fora a primeira pessoa a lhe demonstrar sentimentos verdadeiros.


Se conheciam a quase uma década. Ainda crianças, Ohno o defendeu no seu primeiro dia na JE. Após isso, o menino pequeno se esgueirava atrás do maior durante as audições e cursos. Estavam sempre juntos, e o Riida o amparava de todas as formas necessárias.



Nino o amava. Mais que tudo e mais que todos. Morreria por ele, se necessário fosse. Todavia, por mais que os sentimentos fossem intensos e reais, necessitavam continuar em segredo. O medo de ser descoberto por Ohno infernizava cada momento de sua vida.


Sentou-se à mesa, e encarou a irmã.


A garota, como sempre, mantinha os olhos baixos. Tão renegada pelos pais quanto Nino, os dois podiam ter se unido em algum momento da sua vida, mas, por algum motivo, mantinham-se afastados. Nino imaginou se ela sentia-se tão só quanto ele...


Baixou a face e começou a comer, quieto.


A mãe também mordiscava um pedaço de peixe, em silêncio. A casa inteira parecia um sepulcro. Kazunari pensava que todas as casas do mundo eram assim, mas quando começou a fazer as refeições na residência de Satoshi, notou que não. Megumi estava sempre sorrindo, contando lorotas e piadas. O Sr. Ohno fazia as refeições com a família quando estava em casa. Era diferente do seu pai, que sempre se alimentava no escritório.


-Kazunari!


O som foi forte. Nino arregalou os olhos, assustado com o berro. Virou-se em direção ao corredor, levantando-se da mesa. O que havia feito dessa vez para enfurecer tanto o pai? Tinha passado a semana inteira fora, trabalhando na agência em Tóquio e havia retornado apenas no dia anterior. Ao entrar em casa, já madrugada, cuidou para que os sapatos ficassem guardados no lugar correto, e também não fez nenhum barulho.


Logo após, foi dormir. O dia seguinte, passou no quarto, compondo. E havia sido cuidadoso nisso também, pois o pai detestava o som do violão.


-Otousan? – indagou, nervoso.



O pai surgiu diante dos seus olhos como um carrasco diante de um condenado. Em suas mãos, o caderno de música de Nino estava aberto. Kazunari começou a imaginar se havia escrito algo comprometedor, mas só se recordava das canções de amor que, diga-se de passagem, eram tão mascaradas que mal se perceberiam a quem eram dedicadas.


-Moleque desgraçado! – o tabefe o fez voar para o chão.


Kazunari arregalou os olhos e então viu, na contra capa, o nome de “Ohno Satoshi” enfeitado com um pequeno coração. Ele nem lembrava quando tinha colocado aquelas letras lá! Céus, como pudera ser tão desatento?


-Eu devia te matar, seu veado!


Um chute no seu estômago fez a comida ainda não digerida retornar a sua garganta. Ele conteve o vômito enquanto se contorcia no chão.


-Imoral, indecente, maldito!


Os chutes se sucederam. Os gemidos eram audíveis, mas ele não tinha coragem para gritar ou implorar por misericórdia.


Fora isso, toda a casa permanecia em silêncio. A irmã de Nino, nervosa, não ousou erguer o olhar e observar a agressão. A mãe, sentada em seu lugar de costume, observava com passividade. Isso até as primeiras gotas de sangue escaparem da sua boca e esparramarem-se pelo assoalho de madeira polida.


-Chega – a mulher interceptou o marido. – Pare com isso, vai matá-lo!



-Isso é culpa sua! – o homem gritou à ela. – Foi você que pôs essa coisa imunda no mundo!


Após isso, saiu porta afora, chutando tudo que encontrasse pelo caminho.


Kazunari logo se viu sendo puxado pelo braço, a mãe querendo que ele se levantasse.


-Vamos até seu quarto – ela disse. – Por sorte ele não machucou seu rosto – salientou, observando-o atentamente. – Amanhã pode inchar um pouco, mas você dirá que caiu e se machucou, entendeu? Afinal, ninguém precisa saber o que aconteceu, não é? Você sabe que a culpa é só sua...


Kazunari deixou-se guiar. A mãe estava certa, ninguém devia saber o que se passava dentro da casa. Talvez os vizinhos desconfiassem de algo, diante do olhar sempre furioso do pai em sua direção, mas nem mesmo a maior fuxiqueira do bairro tinha coragem de falar algo.


O senhor Ninomiya impunha respeito, e todos na rua o aprovavam. Diante disso, Nino nunca se queixou. Também, a culpa por sua anormalidade era somente sua, dizia a si mesmo. A tortura psicológica ou física que sofria era derivada do seu desvio de conduta.


Quando entraram no quarto, ele sentou-se na cama. Um relâmpago cruzou o ar e iluminou seu quarto de forma ainda mais assustadora. O corpo todo doía demais, e o gosto de sangue e vômito ainda estava em sua boca. Mesmo assim, ele não reclamou. Com olhos mortificados, encarou a mãe.


-Não tem mais condições para que permaneça nessa casa – Mayumi disse, firme. – Seu pai não vai mais aceitá-lo.


Kazunari podia compreender totalmente aquilo. Encolheu-se diante da própria culpa a consumi-lo.



-Você precisa ir embora...


Os olhos ficaram repletos de lágrimas, mas ele as reprimiu com todas as suas forças.


-Posso tentar falar com Karin amanhã... – começou, mas foi interrompido.


-Infelizmente, amanhã já é tarde demais – a voz feminina era fria e forte. – Quero que saía daqui agora...


O semblante dela não era agradável. De alguma forma, Nino sabia que Mayumi não desejava expulsá-lo, mas ela necessitava fazer uma escolha, e optaria pelo homem que sempre amou.


-Essa noite? – Kazunari demonstrou surpresa. – Está chovendo – tentou trazer a mãe à razão. – Não tenho para onde ir...


-Você devia ter pensado nisso antes de colocar nomes de garotos nos seus cadernos! – o grito zangado dela demonstrou ao menino de quatorze anos que não havia volta.


Kazunari arrumou seus pertencer em uma mochila que usava quando viajava com a JE. Lá coube as roupas e o caderno. O violão, tão amado, teria que ficar na casa, pois ele não podia levar o instrumento na chuva. Talvez, um dia, pudesse voltar para pegá-lo.


Nos cinco minutos anteriores a sua saída da casa, o menino despediu-se de cada canto do quarto, o único abrigo que havia tido até então. Sentiria falta daquele lugar, onde podia escrever sem ninguém incomodá-lo, e da irmã, mesmo silenciosa como era. Mas, nada se comparava a sensação de perda que seu coração experimentava em relação a mãe.



No corredor, ante a porta de saída, ele a encarou, como se buscasse algo em seu semblante. Ele sempre a amou com devoção, e tudo seria mais fácil se ela o abraçasse na despedida.  No entanto, Mayumi não mexeu um músculo em sua direção.


-Cuide-se – a voz dela era tremida, esforçada. – E seja feliz.


***


A chuva estava gelada. Caminhando pelas ruas vazias da cidade, ele pensou onde poderia ir. Devia ser umas nove horas da noite, mas não haviam muitas casas onde poderia pedir abrigo. O ônibus da agência viria buscá-lo no dia seguinte, de manhã e, até lá, Kazunari necessitava encontrar um local quente e protegido para descansar.


Perto da praça, um pequeno santuário coberto por uma telha larga deixava que alguém sentado pudesse se proteger. Ele esgueirou-se até lá, colocou a mochila no fundo, e enfiou-se naquele buraco. Pelo menos não ficaria molhado. Entretanto, o frio ainda o dominava. Colocou o queixo nos joelhos, abraçando a si mesmo. Era só até de manhã, dizia a si mesmo. No dia seguinte, Karin iria lhe arrumar um abrigo, não? Mas, e se a agência não disponibilizasse a verba, o que ele faria?


Pensou no pouco dinheiro que tinha no bolso. Por enquanto, seu trabalho não rendia muito, e o que ganhava dava para a mãe, de presente. Apenas um pouco ficava com ele, e era gasto em pequenos lanches ou livros.


Um trovão ao longe o fez estremecer.


Sempre temeu a chuva, sentia-se muito pequeno diante da força da natureza. Mas, naquele momento, ele necessitava ser forte, então respirou fundo e começou a orar baixinho, buscando algum tipo de proteção.



Só então um pensamento o dominou: será que Kami-sama protegia pessoas como ele? Deus era capaz de amar pessoas depravadas, que não tinham moral? Será que havia alguma divindade no céu que desejasse cuidar de alguém que desejava outra pessoa do mesmo sexo? Tentando não pensar nisso, fechou os olhos com força.


O gosto amargo o fez levar a mão nos lábios. Um pouco de sangue seco manchou seus dedos e ele buscou uma camiseta velha na mochila para limpar-se. Foi, nesses momentos de distração que alguém se aproximou e moveu um foco de luz em sua direção:


-Ei, o que temos aqui? – a voz do homem, grave e forte, o assustou.


Nino encarou o homem magro e alto, e viu por suas roupas que provavelmente era um pescador.


-É um menino! – o homem parecia espantado. – O que está fazendo aí, nessa chuva, meu rapaz? – ele questionou.


-Eu... eu...


Só então reconheceu o rosto. Yasuo Aiba, pai do amigo e colega Masaki. Ele havia conhecido o homem gentil quando o mesmo fora levar o filho na agência, certa vez. O homem tinha um pequeno estabelecimento que vendia frutos do mar e peixe, mas também trabalhava como pescador.


-Você não é Nino-chan? – o homem indagou. – O Nino-chan que Masaki cita umas dez vezes por dia?


Nino moveu a cabeça, em concordância.



-O que houve com sua boca? E seu rosto?


Porém, ele não necessitou de respostas. O olhar marejado, e a mochila tão bem escondida atrás do corpo magro eram as mais claras evidências do que ocorrera.


-Você não tem para onde ir? – o homem questionou.


Nino enrubesceu.


-Não senhor...


O homem pareceu pensar por alguns instantes. Logo depois estendeu a mão em direção a Nino, puxando-o.


-Vamos embora! – disse. – Eu não deixaria um cachorro ficar desabrigado sobre essa chuva! - Ele exclamou, a voz claramente irritada. - Imagine fazer isso a uma criança!


***


Kazunari acordou assustado. O sonho trouxe-lhe cada detalhe do que havia acontecido anos antes. Sempre colocou as lembranças em locais obscuros de sua mente, e nunca as retirava de lá. No entanto, a recordação dessa vez havia sido com nitidez.



Pôs as mãos sobre os olhos. Ainda estavam molhados, demonstrando que ele havia chorado dormindo também. Lágrimas, aliás, foram tudo que teve na noite que passou.


O corpo quente de Junior ao seu lado fez Nino sorrir, triste. Pelo menos Ohno tinha deixado o cachorro. O que ele faria se tivesse que passar a noite sozinho? O cão ficou lá, lambendo suas lágrimas, e dormiu ao seu lado quando Nino foi vencido pelo cansaço.


O quarto estava iluminado pelo sol que adentrava à janela. Nino havia esquecido de fechar as cortinas antes de dormir, e agora o clarão de luz irritava seus olhos.


Cambaleando, aproximou-se da abertura e puxou o tecido grosso que protegia-o da luz. Logo a escuridão voltou a reinar no quarto. O cão ergueu a cabeça para o seu dono, provavelmente estranhando o fato de que o mesmo não parecia disposto a ir trabalhar.


-Não – ele moveu a cabeça, conversando com Junior -, não tenho condições hoje. Tudo que quero é ficar sozinho...


Voltou a deitar na cama. O respirar acelerado do cachorro o fez levar as mãos no seu pelo macio.


-Esse “ficar sozinho” não inclui você – disse, olhando-o. - Obrigado por ter ficado comigo – sorriu.


Fechou os olhos. Maldito sonho! Tinha medo de voltar a dormir e sonhar a mesma coisa.


Naquela noite chuvosa que o Yasuo encontrou-o embaixo de chuva, uma parte de Nino havia morrido. Talvez, a confiança, talvez a autoestima... A verdade é que a surra, os xingamentos, e toda a tortura eram tão comuns que ele não parecia se importar. Nino aprendera desde pequeno a viver anestesiado daquele tipo de dor. Mas, ficar sozinho, sem ter para onde ir, sem ter um travesseiro para esconder suas lágrimas, ou ficar a deriva de qualquer maldade mundana, isso sim minou seus sentimentos.



Sango Aiba o recebeu na sua casa com os olhos arregalados. Ela arrumou um futon no porão, e deu-lhe tudo que dava ao próprio filho. Nino teve comida, cama, calor. Mas, Nino não teve o que mais desejou em toda a vida: uma mãe. Sango, por mais bem intencionada que fora, nunca conseguiu expressar um sentimento que o rapaz desejava receber com afinco.


Ele ficou na casa da família Aiba durante cinco meses, e só após isso Karin conseguiu levá-lo para Tóquio. A verba para o aluguel de um apartamento só havia saído porque Kazunari havia passado em um teste para uma novela, e estava fazendo muito sucesso.


Dois anos depois, Nino se mudaria novamente para seu próprio apartamento, num condomínio de luxo. Havia enriquecido, tinha fama e sucesso. Mas, o rapaz que era invejado por milhares ainda chorava escondido no Natal.


Nino estava quase cochilando novamente quando o celular tocou. Olhou no visor e leu o nome de Karin. Desligou o aparelho imediatamente, levantando-se da cama e indo passar a tranca na porta. Não iria ver ninguém! Não iria trabalhar! Que tudo fosse pro inferno!


Os cacos da garrafa de vinho tinto ainda estavam no mesmo lugar. Nino desviou os olhos, deixando que as lágrimas voltassem. Tinha que esquecer Ohno, precisava colocar um ponto final naquela obsessão.


-Eu preciso aprender a viver sem ele – disse a Junior, que o havia acompanhado até a sala.


Foi então que, num momento único, recordou-se de uma conversa que havia tido com Ohno antes de romperem. A conversa girou no fato de que ele devia ir procurar a mãe. Ohno havia desmotivado-o, e Nino aceitou sem retrucar. Mas, agora, imaginava o que aconteceria se fosse procurá-la.



É verdade que, alguns anos antes, ao tentar se aproximar dela, a mesma havia batido a porta na sua cara. Contudo, ela havia ido visitá-lo no hospital. E também o pai estava se casando com outra pessoa, reconstruindo sua vida. Talvez sem a imagem do ex marido em sua mente, ela tivesse algum espaço para o filho. Não dava para esquecer que quando a JE lhe arrumou um apartamento, a mãe havia ido vê-lo três vezes!


-O que você acha? - ele perguntou ao cachorro. - Será que ela falaria comigo dessa vez?


Não sonhava com seus abraços, ou com consolo. Sabia que Mayumi não lhe dedicaria esse tipo de atenção. Mas, estava tão carente, tão necessitado de alguém... gostaria tanto de conversar com ela.


Arrumou-se com rapidez, e engatou a guia na coleira de Junior com pressa. Poucos minutos depois, cão e dono já estavam dentro do carro caro, prontos para passear.


Apesar de um tanto precipitado, Nino pensou em tudo. Na rodovia, parou diante de uma floricultura e comprou lírios. Chocolates também. Olhando-se no espelho do carro, percebeu que, mesmo com sua aparência triste, derivada de alguém que havia terminado a pouco um relacionamento, ainda estava apresentável.


Levou cerca de duas horas para estacionar diante do condomínio de luxo. O apartamento havia sido comprado por ele, um ano depois do divórcio dos pais. Contudo, nunca havia colocado os pés dentro do local.


-Você terá que ficar aqui, Ok? - disse ao cão. - Não sei se aceitam cães aí. Mas, eu prometo não demorar muito – piscou.


Junior já era um cachorro idoso. Não se importava de ficar dormindo no banco traseiro do carro. Kazunari deixou um pouco do vidro aberto, e deu ao animal seu osso de brinquedo. Pegou o buquê e os doces, e dirigiu-se a portaria.


Não havia ninguém lá. Podia ser que o porteiro havia ido no banheiro, mas ele achou que não devia esperar. Afinal,  era a sua mãe que estava indo visitar.



-Minha mãe – sorriu para si mesmo, esperançoso.


Apertou o número quatro do elevador e respirou fundo. O enorme espelho traseiro refletia sua preocupação. Era um momento tão importante para ele...


Chegou no corredor e foi direto a porta dela. Parou, encarando a mesma madeira que havia sido fechada para ele num Natal longínquo. Sua fé era que as coisas seriam diferentes agora.


-Me ajuda, Kami-sama – rogou, baixo. - Só dessa vez – salientou. - Nunca mais te pedirei nada, prometo...


Tocou a campainha. As mãos tremiam, as pernas pareciam que estar se preparando para uma corrida e o coração disparava. Se não fosse sua mãe, Nino imaginava que aquilo devia sentir diante de uma namorada.


De repente, a porta se abriu. Mayumi surgiu diante de si. Ela vestia um bonito conjunto azul claro e os cabelos estavam presos num coque. Uma senhora distinta, uma mulher linda, pensou Nino.


-Bom dia – ele a cumprimentou, inseguro. - Estava passando por aqui...



A desculpa esfarrapada foi facilmente captada por ela. Kazunari percebeu nos seus olhos que a mulher sabia que a visita havia sido planejada.


-Bom dia – ela devolveu baixo.


Dentro da casa haviam sons de risos, e uma bela melodia escapava do aparelho de som.


-Eu... - gaguejou -... eu trouxe para a senhora – estendeu as flores e a caixa de bombons.


Os olhos escuros de Mayumi encararam os agrados por alguns segundos. Só então ela estendeu as mãos para pegá-los.


-Obrigada – disse, constrangida.


Nino sorriu.


-Como vai sua saúde?


-Estou bem.



Ele baixou a face, ansioso por prolongar o contato. Mas, sabia que ela aparentava estar recebendo amigos, e ele devia ir embora.


-Eu saí do hospital – disse o óbvio. - Não vim vê-la antes porque estava com muito trabalho pendente. - Diante do olhar frio dela, indagou: - Estou atrapalhando? - indagou.


Mayumi pareceu pensar um pouco antes de responder:


-Sua irmã está gravida – contou. - Ela e o marido, juntamente com a família dele, vieram almoçar aqui.


Nee-chan? Quanto tempo havia se passado desde a última vez que vira a irmã? Ela estava grávida? Era uma noticia maravilhosa! Ele sequer sabia que ela havia se casado!


-Posso vê-la? - animou-se. - Gostaria de...


Porém, a mãe bloqueou a entrada com seu corpo.


-Não, Kazunari – foi firme.



Nino ficou surpreso pela negativa, mas não esboçou nenhuma palavra. Encarou a mãe, e depois observou o interior da casa. Os motivos da mãe eram claros: a festa era intima, de família. Ele não merecia aquele privilégio.


-Ah – balbuciou -, entendo – sussurrou.


Os passos foram dados para trás, num movimento tão lento quanto triste. Ninomiya sentia ânsia de sair correndo, mas ele não tinha para o quê voltar. Uma parte de si considerou que o vazio do apartamento não era tão cruel assim, ainda havia Junior... Outra parte de si indagou por que ele não a forçava a suportar sua presença.


Ela era sua mãe! Por que não o amava?


-Eu virei outro dia, então – disse, um tom tão baixo que mais parecia um ruído mal expressado, mas que ao mesmo tempo carregava algum traço de esperança.


Os olhares se encontraram. Nino sentiu um nó na garganta que não havia sentido nem quando o pai o agrediu, e a mãe o mandou embora. Ele soube então que era a última vez que a via.


-Não Kazunari – ela negou. - Não volte mais, por favor.


A porta se fechou outra vez.


A madeira de cor branca pareceu hipnotizá-lo por alguns momentos. Mais uma vez ele pensou que tudo poderia ser diferente se ele fosse diferente!



-Não seja idiota – disse a si mesmo, limpando suas lágrimas.


Mesmo com toda a traição de Ohno, o sentimento que o uniu a Satoshi foi a coisa mais linda que teve em sua existência. Nada se comparava as juras de amor, e ao calor nas noites de chuva. Trocar lembranças tão preciosas por meras possibilidades de um sentimento que inexistia na progenitora era bobagem.


Cabisbaixo, voltou para o elevador, e logo cruzou pela portaria que, dessa vez, tinha a presença do porteiro. Sabia que algumas pessoas o encaravam, surpresas, à saída do prédio. Mas, não tentou impedir as lágrimas, nem escondê-las dos curiosos.


Trôpego, entrou no carro. Descansou a cabeça no volante, e permitiu-se soluçar.


-Né, Junior? - chamou o cão, que logo estava ao seu lado, lambendo as lágrimas como sempre fazia quando desejava confortá-lo. - Acho que estou ficando velho e sensível demais – sussurrou. - Não costumava doer tanto – confessou.


A mente traiçoeira o fez pensar nos amigos. Quanta inveja sempre sentiu! Pensava na mãe de Sho, na forma como ela venerava o filho. Sango Aiba também, amava Masaki de uma forma quase idólatra. Jun tinha uma mãe tranquila e delicada, oposto dele. A mulher não costumava ir a Tóquio, mas Matsumoto costumava visitá-la com frequência... e ainda havia Ohno Megumi.


Megumi era tudo que ele sempre sonhou. O riso dela, o amor incondicional, a forma como ela se preocupava, suas demonstrações de carinho. Lembrou-se das vezes que ia dormir na casa de Satoshi, quando ainda eram apenas amigos. A mãe do líder estreitava o filho nos braços, beijando-lhe a têmpora enquanto viam filmes. Nino, com o canto dos olhos, ficava a observar aquele carinho materno, algo tão longe de qualquer realidade que já tivera.


Sem perceber, ligou o carro. Não era horário de pico, o que foi sorte, pois ele mal via onde ia, as lágrimas atrapalhando sua visão.


Não podia voltar para casa, ficaria louco com o silêncio do apartamento. Só havia um lugar onde ir, e ele engoliria o orgulho e iria para lá.



***


Ohno encarou a mãe com franco desespero.


-Nino não te perdoou? - ela questionou.


O rapaz caminhou até ela e a abraçou, buscando conforto.


-Ele não apareceu para trabalhar – explicou, a voz transtornada. - Kazu nunca falta ao serviço! Karin tentou ligar, mas o celular foi desligado. Fui até o apartamento, e o porteiro me disse que ele havia saído com Junior.


A mulher deixou os lábios repousarem sobre a testa do seu caçula. O filho havia lhe dito que haviam armado para separá-lo de Nino, e ela acreditava nele. Ohno amava demais a Ninomiya para traí-lo.


-Não entre em pânico, Nino deve ter ido a um local calmo para pensar, meditar...


-Nino não faria isso – Satoshi negou. - Ele se afunda na auto comiseração; mas, jamais vai tentar avaliar a situação. Não sei o que fazer, Okaasan. Sinto que vou morrer sem ele...



Uma risada ecoou ao longe. Ohno olhou para o pai que estava sentado no sofá, lendo um jornal.


-Se eu fosse morrer toda a vez que sua mãe me manda embora de casa... - o mais velho filosofou. - Nesse momento, já estaria na milésima reencarnação.


-Quer parar de ridiculizar a situação? - Megumi ralhou. - Não vê o desespero do seu filho?


-Tanto você quanto eu sabemos que esse “término” tem hora marcada para acabar. Esses dois nunca conseguiram ficar muito tempo um longe do outro. Logo Kazunari vai perdoá-lo e tudo voltará ao normal.


Ohno sorriu diante das palavras. O tom carinhoso do pai deixava claro que ele apenas tentava consolá-lo.


-Bom, eu preciso ir trabalhar – o homem pôs-se de pé.


Ohno ficou observando os pais se despedirem com um beijo romântico. O amor podia ser eterno, a relação dos pais era uma prova disso. O amor que ele sentia por Nino também.


-Você ainda não almoçou – Megumi observou, assim que voltou para a sala, após despedir-se do marido.


-Não sinto fome.



Subitamente, sentiu os dedos dela apertarem seus ombros. Ergueu a face e a encarou.


-Filho, você é inocente – afirmou. - Nino vai perceber isso mais cedo ou mais tarde, mas não deve forçá-lo.


-Eu o amo tanto que dói, mãe...


-O amor normalmente machuca, Satoshi. Mas, vale a pena mesmo assim.


A campainha tocou, fazendo com que ambos encarassem a porta. A empregada estava de folga, então Satoshi inclinou-se em direção a entrada enquanto a mãe voltava para a cozinha, afim de arrumar seu prato.


Quando abriu a porta, espantado, encarou Ninomiya.


-Kazu... - sussurrou.


O coração parecia saltar no peito, as pernas bambearam, e por pouco ele não estreitou Nino nos braços e o beijou com todo o sentimento que o consumia.


-Kazu, onde você estava? Eu te procurei a manhã toda!



Naquele momento percebeu as olheiras, as lágrimas que ameaçavam despencar dos olhos negros. Sentiu os olhos arderem. Sabia ser o responsável pela dor daquele a quem amava.


-Kazu... - repetiu.


Deu um passo em direção ao namorado, mas a guia de Junior foi colocada em suas mãos. Com o cachorro enorme entre eles, não pôde avançar mais.


-Ohno – a voz de Nino era melancólica. - Me empresta sua mãe?


E o menor entrou correndo na casa, deixando Satoshi embasbacado à entrada.


 


Continua... 

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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyDom maio 15, 2011 10:28 pm

Josy vc é mto cruel!!!!
tda essa historia do Nino
td esse passado, o presente
só espero q o futuro seja diferente
Nino sofreu tanto, sofre tanto
e eu chorei aqui
sofri e sofro junto
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptySeg maio 16, 2011 3:27 pm

hehehe
Rendição está chegando ao seu final. Com certeza, mto sofrimento, mas ta dando pra compensar com Remissão, que será bastante feliz^^
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyTer maio 24, 2011 3:50 pm

Redenção

Capítulo 27

Por Josiane Veiga

Nota: capítulo mais curto porque é um capítulo de ligação. Só para avisar, acabou o prazo para as sugestões da morte. Próximo capítulo é o penúltimo, e finaliza a trajetória de um dos personagens da história. Valeu ***!!!!

Nota 2: O capítulo está pronto desde sábado, mas eu não estava no clima para atualizar. Mesmo assim, resolvi tomar vergonha na cara e deixar de me abalar por boatos plantados e ridiculos. OHMIYAÉMAS!




Os dedos pálidos e gentis de Satoshi deslizaram pelo cabelo em desalinho. Kazunari ressonava alheio a carícia.

O sol já estava em seu poente. O dia havia passado tão rápido que Ohno assustou-se quando sua empregada adentrou no quarto e o avisou que o jantar estava servido.

Kazunari havia chegado pouco depois do almoço. Os olhos repletos de lágrimas, os ombros caídos e o lábio inferior tremendo de forma impiedosa... tudo nele lembrava o desespero. Tão logo Ohno abriu a porta, uma mínima troca de palavras aconteceu. Logo Ninomiya corria para o interior da residência. Sua única intenção era encontrar Megumi Ohno, e tão logo conseguiu seu intento, aconchegou-se em seus braços e chorou.

Pranto...

As lágrimas não cessaram, mesmo quando Nino dormiu encolhido contra os seios da mulher horas depois. Megumi continuou a tocar o rosto delicado, extasiada demais para falar após ouvir a história por trás daquele choro compulsivo.

Ohno observou tudo parado próximo ao sofá. Não se atrevia a abrir a boca, pois não tinha mais o direito de consolar Nino. Todavia, seu ímpeto de se aproximar daquele a quem amava era forte demais. Por seguidas vezes viu-se contendo-se e lutando contra o desejo de avançar contra Kazunari, limpar suas lágrimas com beijos e levá-lo ao quarto para amarem-se.

Porém, nada fez. Sabia que de nada adiantava confirmar seu amor a Nino naquele momento. Não era de um amor carnal que Nino se ressentia... seu problema era mais profundo que isso... sempre fora.

Permaneceu ali, apenas olhando, parado como uma estátua.

Quando Nino adormeceu, Megumi chamou o filho, ordenando-lhe que levasse Kazunari até o quarto, para que o mesmo descansasse. A tarefa foi cumprida sem nenhuma dificuldade, já que Nino nunca pesou muito, e Ohno era acostumado a erguê-lo.

Tão logo deitou Nino na cama, a mãe aproximou-se por trás.

-Vou sair – ela avisou.

-Não, Okaasan – negou. - Não vá. Se ele acordar e não vê-la...

-Não o deixe ir embora – ela o interrompeu.

Ohno sorriu.

Não foi tão difícil manter Nino na casa. O menor não havia acordado ainda, e dormia abraçado ao travesseiro de Satoshi.

-Ei, campeão – Ohno deslizou a mão no pelo macio de Junior, que se aproximava. - Está sentindo minha falta?

O cachorro lambeu sua mão.

-Logo estarei em casa. Enquanto isso não acontece, cuide bem do papai – disse. – Prometa-me isso, OK?

O cão sentou-se ao lado da cama. Ohno deixou os olhos voltarem-se a Nino novamente. Kazunari parecia mais calmo agora, como se o colo de Megumi tivesse trazido-lhe paz.

-Oh-chan? – a voz dele sussurrou, assim que seus olhos se abriram.

-Você está bem, Kazu? - Ohno indagou.

Por que Nino tinha que acordar tão cedo? Gostaria que Kazunari passasse a noite lá. Queria que ficasse para sempre ao seu lado! Mas, junto com o despertar, a realidade também teve que ser enfrentada. O olhar de repulsa de Nino abalou-o profundamente.

-Preciso ir... - o moreno disse, levantando-se.

-Espera, Nino!

Mas Kazunari tinha pressa. Na sua ânsia de fugir, quase saiu correndo. Ohno acompanhou seus passos.

-Nino, as coisas não precisam ser assim...

-Assim como?

-Eu te amo, Nino-chan – assumiu. – Jamais te traí!

Aquilo de novo? Nino deslizou os dedos pelo rosto dolorido. Os olhos ardiam pelas lágrimas, e o corpo ansiava por algo que não fosse o silêncio de seu apartamento. Mas, ele estava cansado de ser fraco!

-Acabou, Ohno – foi firme –, desculpe ter vindo até sua casa... – emendou. – Mas, não sabia para onde ir... – confessou, as lágrimas tomando-lhe novamente.

Então Ohno o puxou com força, unindo os corpos num abraço intenso. Kazunari estremeceu, mas permaneceu ereto, sem erguer os braços para devolver o gesto. No entanto, o Riida não agiu da mesma forma; suas mãos espalmadas deslizando numa sucessão de vai e vem nas costas de Nino, os lábios grudados no pescoço do outro, e o nariz enfiado eu seus cabelos.

-Eu sei que você está com raiva – Ohno afirmou. – Sei que não tem motivos para crer em mim. Sei também que omiti muitos fatos, e que tudo me incrimina. Mas, eu não vou desistir! Vou lutar para reconquistar você, e te provar que caí numa armação. E, quando tudo isso acabar, Nino, nós vamos nos casar, e vamos nos assumir publicamente, coisa que nunca fizemos em tantos anos. Eu vou mostrar, dia após dia, até o restante de nossa vida, o quanto eu te amo.

Alguns segundos depois Kazunari deixava a casa pela porta da frente, segurando a guia de Junior. Ele voltou os olhos mais uma vez para a residência dos Ohno antes de adentrar no carro. Secou suas lágrimas e olhou para a frente...

A vida tinha de continuar...

***

Mayumi Ninomiya desceu as escadas com pressa. Toda a família do marido da filha se encontrava em seu apartamento, e ela não queria causar nenhum tipo de desconforto para eles.

Quando a filha comunicou-lhe da visita, fez todo o possível para que os novos familiares tivessem uma boa impressão. Era verdade que sua manhã não fora assim tão perfeita, já que aquele garoto a quem chamava de filho havia aparecido de supetão, causando grande desconforto. Mas, tão logo viu-se livre dele, voltou a rotina de anfitriã.

Pensou que talvez ele voltasse. Kazunari nunca tivera muita dignidade, sempre implorando por atenção. Era assim desde criança, o que lhe causava verdadeiro asco. Kazuyo, a filha mais velha, não era tão desagradável.

O dia já estava chegando ao fim quando o porteiro lhe comunicou que era aguardada no saguão de entrada do condomínio. Pensou em dispensar a visita indesejada quando ouviu-lhe o nome. Megumi Ohno não era do tipo de pessoa passiva, e se ousasse-lhe mandar embora, a mulher com certeza romperia sua recepção familiar e faria um escândalo.

No saguão, o porteiro lhe disse que Megumi estava nas escadarias de entrada, e Mayumi se dirigiu para lá. Megumi era, no mínimo, quinze anos mais velha que ela, mas continuava bastante jovem e bela. Mayumi pensou nos motivos, mas não via nenhum, já que a outra não era dada a vaidade ou ao uso de cosméticos caros e cirurgias plásticas.

-Como vai? - Mayumi a cumprimentou, reservada.

Megumi a encarou. O olhar transbordava indignação, e a mãe de Ninomiya compreendeu instantaneamente os motivos.

-Por que você faz isso? - Megumi indagou. - Como você tem coragem de odiar tanto seu próprio filho?

-Ele foi chorar pra você? Não me admira! Sempre foi fraco!

-Como espera que Kazunari seja forte sem ter tido uma base familiar para tanto?

-Se a base familiar não existe, é por culpa dele! – O tom elevou-se um pouco.

Megumi balançou a face, como se as palavras fossem absurdas.

-Sabe, Mayumi – a voz era pacífica. – Seu filho reencontrou o pai há um tempo atrás, mais ou menos na época que Satoshi e ele resolveram se assumir para a família e amigos.

Nino havia reencontrado Shun? Mayumi arregalou os olhos, espantada demais com a novidade.

-Shun é homofóbico, machista e violento. Quando vi o que ele havia feito com o próprio filho, quis matá-lo.

-O que ele fez? – interessou-se.

-Ele levou Nino contra a vontade para uma casa nas montanhas. Quando percebeu que nenhum de seus esforços mudaria o que Kazunari sentia por Satoshi, agrediu o filho de uma forma cruel.

Megumi respirou fundo antes de continuar.

-Na época, Ninomiya tinha um “namoro” – Megumi moveu as mãos diante da palavra, como se quisesse expor que a relação era uma farsa – com uma moça chamada Audrey Morgan. A garota é americana, e havia ido junto com Shun e Nino para a casa. Foi ela, aliás, que impediu Shun de matar Nino.

Mayumi ouvia a tudo atenta.

-Num Natal passado reencontrei a garota na casa de Sango Aiba. Audrey tornou-se amiga de todos da banda, e acabou virando filha adotiva de Sango. Naquela noite de Natal, conversamos sobre as coisas que haviam ocorrido no passado, e foi ela quem me disse, um tanto receosa, que Shun amava Nino. Não da forma ideal, mas amava. Pensei bem, e depois de um tempo percebi que o mal de Shun foi ter casado-se uma mulher infeliz como você.

-O quê? Como se atreve? – Mayumi praticamente cuspiu as palavras.

-É a verdade! – A senhora Ohno aproximou-se, parando em frente a Mayumi. – Por mais incrível que possa parecer, é tão claro quanto o dia para mim que Shun realmente amava o filho. Ele lutou para mudá-lo, se importava, mesmo que demonstrasse isso com violência. Quando Morgan o convidou para levar Kazu para as montanhas, ele não fraquejou. Quis, na mente dele, dar uma chance a Nino. Todas as ações e erros passados de Shun foram reflexo do seu desespero.

-Por que está me dizendo isso?

-Quero dizer que ele é diferente de você. Você nunca se importou com Kazunari. É menos que uma cadela, pois mesmo um animal se importa com os filhotes. Tudo que quis na vida foi ter Shun Ninomura, e diante da resistência dele, atirou seu fracasso como mulher nos ombros do mais frágil da família.

Mayumi não alterou seu semblante em nenhum momento enquanto ouvia as palavras.

-Para você é fácil falar – a voz permanecia gélida. – Seu marido aceitou o comportamento do seu filho. Sua família continua firme, como se a opção de vida de Satoshi não mudasse em nada o sentimento que um mantêm pelo outro.

Megumi ergueu a mão, apontando o dedo firmemente para a mãe de Kazunari.

-Meu marido aceitou Satoshi, tem razão. Mas, te afirmo sem medo: se ele não aceitasse, nosso relacionamento acabaria, pois eu nunca mandaria meu filho – filho que, aliás, carreguei no ventre por nove meses, que cuidei durante anos, que me orgulho grandemente do caráter e da decência – embora por causa de um homem. Jamais colocaria meu filho na rua, numa noite chuvosa, ainda menino, por qualquer motivo.

Megumi parou um momento para respirar, antes de voltar a declarar:

-A única coisa que me conforta é saber que tudo que fez foi para proteger Shun, que foi uma vadia mal caráter apenas para ficar de bem com um homem; mas que, independente disso, ele te deu um chute no traseiro.

O lábio inferior de Mayumi tremeu. Mas, ela continuou firme e fria.

-Era só isso? - disse, querendo voltar-se.

-Tenho três coisas para te dizer – Megumi segurou seu braço –; primeiro: Nino me contou que o pai está namorando uma outra mulher. Isso deixou-me muito feliz! Eu espero sinceramente que essa nova garota seja o grande amor da vida dele, e mais: que ela seja muito mais bonita, simpática e jovem que você! E, em relação a ti, torço que passe seus dias enfiada naquele apartamento sabendo que nunca foi amada por um homem, e que está sozinha por causa das suas próprias escolhas...

Megumi buscou ar, indicando que continuaria.

-Segundo: Nino agora é meu! Eu juro por Deus que arranco suas tripas se você ousar se aproximar dele.

Mayumi sorriu, indiferente.

-Fala como se eu desejasse isso. Eu odeio aquele pervertido. Gostaria que tivesse nascido morto!

Megumi espantou-se pelas palavras. Sua reação foi percebida automaticamente pela outra.

-Já terminou? – ironizou. – Qual é o terceiro aviso?

Uma mão voou em sua direção. De olhos arregalados, Mayumi sentiu o bofetão e virou o rosto, diante da violência.

-É esse – Megumi disse, mais calma. – Passei uma vida toda querendo fazer isso... – riu. – Adeus Mayumi Ninomiya.

Megumi deu-lhe as costas, entrou no carro e partiu.

***

Um mês depois...

-Maldito inverno! – Matsumoto exclamou, entrando no camarim. – Meus dedos estão congelando!

-Ainda estamos no outono – Aiba devolveu, a voz baixa.

Jun olhou em volta e percebeu o camarim vazio. Somente o amigo se encontrava lá, quieto, lendo um mangá. Os olhos de Masaki estavam escuros, tristes e cansados. Aquele último mês havia sido um inferno para todos do Arashi. Primeiro, Ohno havia comunicado que Nino o expulsara de casa com a alegação de que o Riida o havia traído. Satoshi jurou inocência, mas Jun não conseguia acreditar nele, por mais que se esforçasse. Sentiu que Masaki também não. Mesmo assim, nada disseram. Eram incapazes de defender o líder da banda, ou de recriminar Ninomiya pela atitude.

Poucas horas depois, foi a vez de Aiba contar sua novidade. Sho havia voltado para a casa dos pais, e iria se casar com Sayuri Koshitsu.

-Estão todos malucos! – Jun lembrava-se de ter gritado.

Ninguém lhe deu ouvidos. Nem naquele dia, nem nos seguintes. A rotina da banda tornou-se uma sucessão de desencontros forçados, e momentos constrangedores. Kazunari gravava seus programas e voltava para casa. Recusava-se a receber o carinho dos amigos e só aceitava a companhia do velho cão. Aiba estava irredutível, não queria mais magoar a família de Sho e seus próprios pais, dizia. Sho, pela primeira vez, mostrou-se fraco demais para lutar contra o destino.

Matsumoto jogou a mochila no sofá e sentou-se no mesmo, pegando o controle remoto. Ligou a TV e ficou constrangido ao notar o assunto do momento: A união da família Sakurai e da família Koshitsu.

-O casamento vai ser no Natal? – uma das apresentadoras indagou a outra.

-Sim, não é romântico? Sho aparenta estar tão feliz!

Feliz? Céus, como um país inteiro podia ser tão cego? Desligou o aparelho de televisão, atirando o controle remoto longe.

Ergueu os olhos, observando o amigo loiro. Masaki também ouvira as palavras. Suas mãos tremiam, mas ele não falava nada. Jun, mesmo detestando demonstrações excessivas de carinho, não pode evitar de ir até Masaki e o puxar para seus braços.

-No Natal? Masaki indagou, a voz trêmula e o rosto escondendo-se na curva do pescoço de Jun. – Fizeram isso de propósito, Jun-chan – afirmou. – A senhora Sakurai sabe que meu aniversário é no Natal, e quis me dar esse presente...

-Aiba...

O consolo foi interrompido por Karin, que adentrava no camarim como um furacão.

-Onde estão os outros? – indagou, indiferente a cena entre Jun e Masaki.

-Nino está numa reunião para sua novela. Sho gravando uma matéria para seu telejornal e o Riida está de folga – Jun explicou.

-Certo – ela moveu a cabeça. – Trouxe o levantamento feito pela agência sobre a reação das fãs perante a notícia do casamento.

Havia uma mínima esperança! Jun encarou Karin com apreensão. Se o público rejeitasse totalmente aquele casamento, podiam conseguir impedi-lo. Como ele faria aquilo era um mistério, mas pediria o apoio das fãs para boicotar o casamento!

-Como foram os números? – questionou, ansioso perante a demora de Karin.

-Noventa por cento das fãs adoraram, achando Sayuri fofinha, bonitinha e todos os “inhas” que possam imaginar. A maioria pensa que ela é linda, simpática e que se veste bem. Adoram o bom gosto dela, e admiram a forma como arruma o cabelo. E outras mostraram-se simplesmente aliviadas pela “prova” de masculinidade que Sho estava dando.

Havia mais, mas Karin parou ao notar o olhar lacrimejante de Masaki. A mulher achou crueldade demais comunicar ao loiro que algumas fãs ainda falaram que sonhavam com os lindos bebês que Sakurai teria ao lado de Sayuri.

-E o resto? – Jun sentiu-se desmotivado. – O que o resto das fãs dizem?

-Segundo a pesquisa, sete por cento dizem que odiaram, mas que vão continuar a acompanhar a banda devido aos outros membros. E três por cento mandaram todos se fud...

-Tudo bem – Jun interrompeu-a. – Já entendi! – O moreno respirou zangado. – Uma pena que todas as nossas fãs não são como esses três por cento.

Masaki enfim se manifestou.

-Não importa o que diz as fãs – comentou. – A opinião delas não iria alterar a nossa realidade. A senhora Sakurai exigiria a saída de Sho da banda, caso as fãs rejeitassem a ideia.

-Mas importa o que você diz – Jun afirmou. – Masaki, você pode mudar tudo isso!

-Eu já tomei minha decisão...

-Que decisão foi essa? Afastar-se de Sho para sempre? Isso lá é decisão?

-Sempre estarei ao lado dele para ajudá-lo – Masaki se defendeu.

-Vocês sequer se olham quando conversam! – Jun exclamou, irritado.

-Não é fácil, Jun-chan. Eu preciso ter forças! Se olhar para Sho, vou desistir de tudo, e me atirar nos braços dele!

Jun fez uma careta, e Karin arqueou as sobrancelhas.

-Sei que vou me arrepender do que vou falar. – A voz da mulher se elevou acima das masculinas. – Mas, pense bem, Aiba – aconselhou. – Você está desistindo do seu grande amor.

Porém, mesmo diante das palavras ditas pelos amigos, Masaki estava convicto do que fazia. Sho e ele iriam sacrificar e reprimir os próprios sentimentos pela felicidade de suas famílias.

***

Jun afundou-se na cadeira, deixando-se maquiar. O maquiador realizava seu trabalho respeitando o silêncio da estrela. Matsumoto era sempre muito gentil, mas naquele dia parecia de poucas palavras.

Tão logo terminou, levantou-se com pressa. Precisava estar no ar em quinze minutos e ele ainda não havia se vestido.

-Senhor Matsumoto? – a voz de Yuuri Chinen o fez voltar-se ao garoto.

-O que quer?

Sabia que aquele moleque de rosto angelical era o responsável pelo desespero de Ohno e o pranto de Nino. Nunca o perdoaria!

-Procurei senhor Ninomiya hoje à tarde, mas não o encontrei. Sabe se está gravando?

-Nino está em reunião – explicou, arrependendo-se logo depois. – Deixe-o em paz! Não conseguiu o que quis? Vá atrás de Ohno e pare de torturar Kazu!

-Ele não está em casa, então?

Jun arqueou as sobrancelhas. Que tipo de pergunta ridícula era aquela?

-Você é algum retardado? – berrou.

Um sorriso malicioso brotou nos lábios de Chinen.

Havia algo errado.... muito errado.

***

“Quer jantar comigo?”

Matsumoto sorriu diante da mensagem no celular.

“Só nos dois?”

Aguardou alguns segundos, e então recebeu a resposta.

“É claro!”

Excelente! Já fazia um tempo que Ninomiya e ele não compartilhavam de um pouco de privacidade. Gostava da companhia do amigo, sentia saudades de quando eram adolescentes e passavam as noites de sábado comendo brigadeiro enquanto assistiam algum filme na TV. Desde que Nino fora morar com Ohno, esses momentos rarearam. Amava Satoshi, mas o líder era excessivamente carente, e vivia fazendo bico quando não recebia colo. Isso, se não tivesse o azar de ter que compartilhar um sofá com Sho Sakurai, que vivia colocando as mãos onde não devia. Era tão cara de pau que não reprimia seus atos mesmo na presença de Aiba.

-Qual é a boa notícia? – A voz de Sakurai o fez levantar o rosto, recebendo com um sorriso aquele que chegava.

-Nino me convidou para jantar!

-Que romântico! – ironizou.

Jun observou o amigo com atenção. Sakurai estava acabado. Com certeza havia perdido pelo menos uns dez quilos no último mês. Como devia estar se sentindo? Preso, possivelmente era a resposta. Sho amava sua liberdade, de vida e de consciência. Nunca estava preso a regras ou dogmas. Todavia, agora estava sacrificando sua independência pelo amor da mãe.

-Quer vir conosco?

-Tenho um jantar na casa Koshitsu essa noite.

No exato momento que as palavras foram pronunciadas, Masaki entrou no camarim. O olhar de ambos se encontrou por alguns segundos, e então Masaki baixou os olhos.

-Olá, Sho-chan – cumprimentou o ex namorado.

Jun percebeu o olhar terno que Sakurai lançou a Masaki, e ficou admirado do controle que ambos estavam demonstrando. Se sofriam tanto, por que aceitavam aquilo?

-Como você está?

-Estou bem – Masaki respondeu. – E sua mãe, como está?

-Feliz – foi a resposta.

-Que bom! – Aiba sorriu.

Matsumoto sentiu o rosto esquentar. Não suportava mais aquilo! Abriu a boca, certo de ordenar aos berros que aqueles dois deixassem de ser tão facilmente manipulados, quando uma voz feminina o interceptou.

-Deve estar muito feliz mesmo! – Audrey estava parada a porta, também observava a cena. – Que tipo de felicidade é essa? Que coisa falsa é essa que se baseia na infelicidade de duas pessoas que se amam?

Jun concordava com ela, mas jamais iria dizer isso em voz alta.

Aiba pareceu tremer levemente, e foi em direção a porta. Parou diante de Audrey com um sorriso.

-O que faz aqui?

-Vim falar com Ohno Satoshi.

A resposta dela surpreendeu Jun.

-O que quer com o Riida? – o caçula da banda sentiu-se inflamar.

O sentimento que tinha era de proteção. Seja o que for que aquela psicótica desejasse com Ohno, não devia ser boa coisa! Não podia deixar uma cascavel daquelas ferir ainda mais seu adorado líder.

-Nino está sofrendo – ela o olhou. Sua postura firme, os braços cruzados sobre os seios, a voz num tom anormalmente gentil.

-E o que fará? – Matsumoto quase gritou. – Vai matá-lo? Não importa o que vai fazer, Kazu vai continuar a sofrer!

Um estranho som escapou dos lábios da mulher. Mais parecia um riso, mas Matsumoto duvidava que ela conseguia rir.

-Ohno Satoshi é um imbecil que caiu em uma armadilha tão ridícula que tenho dúvidas se a mesma me causa vergonha ou riso. Mas, ele não sabe como escapar dela, e os amigos, tão leais, sequer são capazes de acreditar em sua inocência.

Vadia, cadela, maldita! Por todos os demônios do inferno, como ela podia ler exatamente o que se passava na sua mente? Como podia descobrir que Jun se culpava por não conseguir crer no seu líder?

-Ninguém aqui dúvida de Oh-chan, Audrey – Masaki se defendeu.

-Oh, certo – ridicularizou. – Por favor, então vão até Nino e digam isso! Falem que ele está sendo tão idiota quanto Ohno por duvidar do namorado! Que está sofrendo porque quer!

Diante do silêncio que se instalou após suas palavras, ela arqueou as sobrancelhas negras.

-Na verdade, eu não ligaria a mínima para isso, se não fosse o fato de que Nino ainda está doente, e ontem ele mal conseguiu tocar na comida.

-Vocês almoçaram juntos? – Jun indagou.

Nino não costumava ter muito apetite no almoço, mas recompensava com o jantar.

-Jantamos – ela explicou. – Nino vai voltar pro hospital novamente! Ele tem crises de choro, está depressivo, e não tem ninguém em quem confia para segurar suas mãos e dizer que deve acreditar naquele a quem ama! Se um de vocês fosse lá...

-É complicado! – Aiba a interrompeu. – Oh-chan realmente mentiu. E assumiu diante de nós que passou o aniversário de Nino ao lado de Chinen. Ainda existe o vídeo, o vinho...

-E Chinen já havia nos avisado isso antes – Jun completou. – Tudo está contra ele. Mas, nós o amamos, vamos ajudá-lo...

-Ajudar no quê? A assumir uma traição que ele não cometeu? Acham que se ele admitir seu suposto erro e pedir desculpas será mais fácil as coisas voltarem ao normal?

-Enquanto Ohno não revelar a verdade, nada podemos fazer a não ser darmos força e estarmos do lado dele...

A garota então voltou-se para Sho, que mantinha-se quieto até então.

-E você – chamou-o –, o que diz?

O tão falante membro do Arashi demorou alguns segundos antes de abrir a boca. Parecia buscar as palavras, sem saber exatamente o que lhe responder.

-Tudo que posso expressar – falou, por fim – é que gostaria que esse tormento acabasse de uma vez!

Após isso, Sho saiu da sala, sem olhar para trás.

***

Audrey Morgan seguiu o melhor amigo, sem sequer despedir-se do arrogante Matsumoto e do nervoso Masaki que ficavam para trás. Os corredores da JE pareciam longínquos demais, e Sho andava rapidamente. Em cima de enormes saltos, ela mal conseguia acompanhá-lo.

-Espere, Sakurai! – gritou.

De repente, ele estancou. Por pouco a mulher não trombou contra suas costas.

-Não aguento mais...

A voz baixa indicou a garota que o homem alto e forte estava chorando.

-Eu não posso mais ficar longe de Masaki...

Ela abraçou-o com força, trazendo-o para junto de si. Indiferente aos olhares pasmos dos funcionários do canal, ninou-o como faria a Steven, caso o irmão ainda fosse vivo.

-Você precisa confiar em mim... – sussurrou contra seus ouvidos. – Sei que sofre, mas só tem um jeito, Sho! Se voltar agora, sua relação com Masaki não vai aguentar a pressão da família.

-E que jeito é esse? Por que não me conta? Não aguento mais as festas familiares, as entrevistas, as fotos oficiais! E existe Aiba! Ele decidiu que precisamos respeitar um limite imaginário. Não podemos nos tocar ou conversamos sozinhos.

-Ele está certo – a voz dela foi firme. – Você sabe tão bem quanto eu que os dois não resistiriam ao sexo caso ficassem a sós.

Um leve tremor nos ombros dele indicou que Sho estava rindo. Um sorriso aliviado surgiu nos lábios de Audrey. Eles afastaram-se um pouco, para se encararem.

-Obrigado – Sho sussurrou. – Tenho consciência que está criando algo e que devo confiar em você.

-Com certeza! – riu. – Tenho tudo planejado. Fique tranquilo e trate de relaxar. Essa cara de choro pode colocar tudo a perder...

Um som abafado de suspiro fez ambos voltarem-se para trás. Surpresos encararam Sayuri.

Vestida num vestido Channel, os cabelos presos num aristocrático coque, e o casaco de peles que com certeza custara a vida de muitos animais, formavam o conjunto que adornava a noiva de Sho. Os olhos possessos dela fez ambos se encararem, antes de desfazerem o abraço.

-Já disse – Sayuri começou – não me importo se continuam a ser amantes. Mas, seu papel nesse teatro, Sho Sakurai, exijo que represente! Quero a discrição do relacionamento de ambos, pois não serei a piada do país.

-Quanta dignidade! – Audrey desdenhou. – Assisti sua participação ontem no telejornal da manhã. Suas lágrimas pelas crianças órfãs do tsunami de 2011 me comoveram demasiadamente.

Sayuri deu um meio sorriso.

-Sou o que as pessoas esperam de mim. Não percebe a reação do público de Sakurai? As fãs dele estão tão felizes que ele vai se casar com uma “princesinha”. O que acham que diriam se vissem-no com uma estrangeira que sequer sabe se portar com feminilidade?

-Sua feminilidade causa tanta excitação sexual em Sho quanto um pedaço de tomate podre! – Morgan devolveu. – Admita, Sayuri! Está tão zangada porque Sho nem olha pra você. Veste-se de forma tão languida e sensual, mas ele nem nota! Você diz que não o deseja apenas para esconder o despeito pela indiferença do seu noivo.

Sayuri emudeceu. Seu olhar ficou negro de ódio.

-Ou será que sua raiva é por causa de outra pessoa? – Morgan continuou, cruel. – Acha que não percebi seu olhar para aquele alguém?

O ódio transformou-se em nervosismo.

-Do que está falando?

-Do que acha que estou falando?

-Não sei – disse, inquieta. – Suas palavras mais parecem joguetes.

Morgan se aproximou. A distância entre elas tornou-se centímetros. Sho apenas assistia a cena, curioso para saber onde aquilo iria dar.

-Está com medo de mim? – Morgan indagou, piscando um olho.

-Deveria?

-Qualquer pessoa em sã consciência deve me temer.

Sayuri deu um passo a frente. Os olhares delas se confrontaram.

-Eu não temo você!

-Que bom! Um inimigo despreparado e que subestima fácil um adversário é muito mais simples de derrotar.

-Está me dizendo que, no final da história, quem vai se casar com Sho é você?

-Estou dizendo que, no final da história, Sho vai se casar com quem ele ama.

Sayuri riu.

-Você confia demais e si mesma. Por que tem tanta certeza do amor que Sakurai sente por você?

Morgan segurou o riso. Era hilário rivalizar com Sayuri sem a mesma suspeitar a quem Sho amava. Não resistindo mais ela aproximou-se de Koshitsu e sussurrou nos seus ouvidos:

-Eu sei a quem você deseja, já notei seus olhos para essa pessoa, e a forma como estremece quando está perto. Não sou tola!

-E o que fará com essa informação?

-Viva e verá!

Depois disso, Morgan afastou-se pelo corredor. Confiava na sua mente, nasceu com o dom de manipular a todos, e criar planos praticamente perfeitos. Não iria perder essa guerra.

-Mas, é justo que alguns soldados tenham que morrer... – filosofou, de forma figurada. – Para se ganhar a batalha, sempre teremos que sacrificar alguém do nosso próprio exército...

Continua...
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyTer maio 24, 2011 11:35 pm

aaaa penultimo ja????
;_;

a mae do Ohno é a melhor !!!!! *------*
se tds as maes fossem assim o mundo seria melhor

quem é essa pessoa q Sayuri ama???
aaa to mto curiosa
e mto curiosa pra saber do plano da Morgan
afinal é da Morgan
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyQua maio 25, 2011 3:57 pm

Nara, é o Jun *soltando spoiler*
no cap 19 aparece isso.. mas de forma bemmmmm discreta. Em Remissão, vai ficar na cara... hehehe

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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptySeg maio 30, 2011 5:24 pm

Redenção

Capítulo 28

Por Josiane Veiga

Nota da autora: Eis o tão esperado capítulo. Sentimento de total anestesia. Odeio me despedir de um importante personagem dessa forma, mas foi preciso. Penúltimo capítulo de redenção... só tenho a agradecer todo o carinho. Sei que muitos vão me odiar ao final desse capítulo, mas faz parte... Como combinado, adianto que Fabiana, Bruh e Denise ganharam numeros extras para o sorteio de Rendição.


Os gemidos caninos foram ouvidos por toda a extensão da pequena propriedade localizada ao sul de Tóquio. Era uma chácara dedicada a horticultura, responsável pelo abastecimento dos tomates dos estabelecimentos de médio porte da região. Os donos, um casal de media idade, mantinham a duras penas aquele local, lutando bravamente contra os poderosos produtores e os exportadores que sempre ofereciam o mesmo produto por um preço bem inferior.

De todo o modo, naquela manhã fria de dezembro, os dois não estavam tão dispostos quanto costumavam ser durante o trabalho. A cadela mestiça de labrador que haviam adotado há alguns anos havia pego cria, e o fato não alegrou a nenhum dos seus donos. Naquele momento, o nascimento de três filhotes tão sem raça quanto a mãe fez os humanos encararem com raiva pras vidas que acabavam de vir ao mundo.

-Como vamos nos livrar dos filhotes? – o homem indagou a esposa assim que voltaram do galpão em que a cadela havia acabado de parir.

-Coloque num saco e atire no rio. – Foi a resposta fria e simples.

O homem chegou a pegar uma das sacolas que guardavam atrás da porta do galpão, mas perdeu a coragem após encarar os olhos da cachorra. O enorme animal de pelos castanhos parecia implorar pela vida dos filhos.

-Não tenho coragem – ele disse a esposa, ao voltar para casa.

-Você sempre foi um covarde de marca maior – o riso irônico dela irritou-o.

Porém, nem a provocação fez com que o homem voltasse atrás na sua decisão.

-Você vai ter que se livrar deles... – a insinuação era clara.

-Darei outro jeito – o homem apenas suspirou.

O tempo passou rapidamente após aquele dia. Um mês, na verdade. Apesar da descrença inicial, foi relativamente fácil encontrar um lar para dois dos filhotes. Eram bonitinhos, de certa forma. A filha de um vizinho se encantou pela fêmea, e o leiteiro trocou dois litros de leite pelo outro macho. Todavia, um dos filhotes parecia não ter tanta sorte.

-Ele não vem quando o chamamos... – a dona o encarava com raiva. – Acho que está pesteado.

Aquela afirmação podia ser verdade. Afinal, a cachorra mãe costumava dedicar àquela pequena criatura uma atenção especial. Costumeiramente lambia suas orelhas pontiagudas, como se desejasse limpar alguma infecção.

-Talvez devêssemos levar o cachorro a um veterinário – o homem comentou a esposa.

-Não vou gastar dinheiro com um cão! – Ela saiu em direção a porta. – Conhece as regras. Livre-se desse animal!

***

O vento batia com força nas madeiras podres. O pequeno cãozinho não se importava com o frio que estava lá fora. Com o focinho apertado contra o corpo quente da mãe, ele suspirou. Havia terminado de mamar, e agora recebia um delicioso carinho nas orelhas.

Gemeu baixinho.

Nada ouvia, desde o dia que nasceu. Porém, aquela região lhe causava dor. Mesmo assim, o conforto trazido pela saliva da sua mãe era a melhor coisa que podia ter. Era tão feliz, estando ali, ao lado do centro do seu universo, alimentado e aquecido... Nada podia ser melhor.

Logo sentiu a vibração no chão. Já percebera que sempre que o chão vibrava, uma daquelas enormes pessoas surgia. A fêmea, sempre zangada, dava-lhe medo. Mas, o macho não parecia tão mal. Até lhe dera um cafuné certa vez.

Subitamente, abriu os olhos e reclamou baixo quando sentiu que as mãos calejadas do homem o levantaram, afastando-o da mãe. O uivo aflito dela, o cachorrinho jamais escutou, mas lembrar-se-ia para sempre do seu olhar... o olhar de despedida.

Logo foi colocado dentro da caminhonete do seu dono. O homem baixou-se para pegar um jornal para forrar o chão do veículo e, naqueles míseros segundos, Junior viu, pela última vez, sua mãezinha.

***

Foi atirado num mundo cruel, sem saber realmente qual era seu crime por tal punição. O antigo dono o levou até o centro da metrópole e o deixou lá. Junior não entendeu porque era abandonado naquela rua repleta de pessoas, e até tentou correr atrás da caminhonete que se afastava rapidamente, mas suas pequenas pernas não tinham nenhuma capacidade de seguir o ritmo de um veículo motorizado.

A primeira sensação que teve assim que ficou desabrigado foi de frio. Não mais tinha sua linda mãe para esquentar seu pequeno corpo. A segunda, era a fome. O leite, tão abençoado, que jorrava dos seios maternos, agora era apenas uma lembrança tenra. Entretanto, nada se comparava ao medo pela crueldade das pessoas que cruzavam por ele.

E essa crueldade foi a terceira sensação. Lembrava-se bem das vassouradas e dos xingamentos. Mesmo sem ouvir, ele sentia o ar pungente que escapava das bocas daqueles desconhecidos.

-Saí daqui – gritavam-lhe no ponto de ônibus.

Também haviam aqueles que lhe chutavam. Junior aprendeu que devia ficar longe dos meninos cruéis, mas isso era algo difícil quando não se podia ouvi-los se aproximar. Certa vez, três meninos de uma escola próxima armaram-lhe um cerco e cobriram-lhe de pedras.

Junior não aguentou a dor e caiu no chão. Quando se cansaram, os garotos foram embora gargalhando. O animal ficou lá, estirado, a dor nas orelhas se somava a dor em todo seu corpo.

Quis morrer, mas na manhã seguinte ele acordou novamente. E assim se sucedeu, dia após dia. Quando mais implorava pela morte, mais vida encontrava. As vezes, chorava a noite pensando na mãezinha, outras vezes dormia antes do sol se pôr.

Mas, nem só de pessoas más foi sua vida. Haviam os mendigos que sempre dividiam o pão, e uma garçonete que lhe guardava os restos da mesa.

-Vem cá, marrom – ela o chamava. – Olha só o que consegui pra você – estendeu um pedaço de salsicha.

Mas, a moça um dia não apareceu mais. Nem ela, nem seu sorriso único. Junior nunca mais a viu.

Nas ruas, ele aprendeu a validade do lixo, e o valor dos papelões por cima das calçadas frias. E, assim, nesse misto de vida e dor, os anos foram passando. Um, dois, quatro... cinco. Já era um adulto, e sequer tinha uma família.

Como sobreviveu a um mundo tão penoso, era um mistério. Mas, seus dias eram uma sucessão de cochilos nos becos abandonados, e roubo de lixo.

Até o dia que, fugindo de alguns garotos, cruzou uma rua. Suas pernas, numa corrida desenfreada para escapar dos machucados que provavelmente os meninos fariam para se divertir, só pararam de se mover quando um choque o atirou para longe.

Junior voou quase dois metros quando chocou-se contra o chão. Havia sido atropelado, como já tinha visto acontecer com alguns colegas de abandono. Morreria afinal, seu corpo ficaria exposto durante dias ao sol escaldante até que alguém reclamasse e a prefeitura mandasse lhe recolher. Era assim que aconteciam a todos os cachorros como ele.

-Eu o atropelei...

Um rapaz loiro colocava-se ao seu lado. Ela aparentava ser um anjo, os olhos marejados pela culpa. Logo, outro homem, um pouco mais velho, também se aproximava. Junior indagou-se o que fariam com ele.



-Acho que não... Está vivo! Vamos levá-lo para um veterinário.

Junior sentiu seu corpo ser erguido do chão. A dor cada vez mais forte. Desmaiou.

Quando acordou, estava em uma mesa, sendo tratado por um homem de roupa branca.

-Você tem muita sorte. O tal Ohno Satoshi vai adotá-lo!

Junior não sabia o que saia dos lábios do homem, mas quando foi levado até a sala de recepção da clínica veterinária, soube pelo olhar feliz do rapaz loiro que o havia atropelado que teria, após tantos anos, um lar.

Seu novo dono era um homem um pouco mais baixo. Cabelos claros, arrepiados, e olhos negros e intensos. Ele não parecia tão disposto a essa nova amizade quanto estava seu amigo, mas Junior já sentia-se grato apenas por um teto e comida.

Quando chegou na nova casa, começaram as dificuldades. De início, não entendia o que o rapaz desejava de si. Só percebeu que o homem queria que ele entrasse em sua residência quando o mesmo apontou a porta, abrindo-a.

Lá dentro, mais de cinco anos após ter perdido o ser que mais amava na vida, Junior enfim encontrou uma nova razão de viver. E seus motivos estava num outro homem, de olhos tão negros quanto a noite em dias chuvosos. O rapaz era mais novo que seu dono, e os dois viviam uma relação que Junior demorou a entender.

Mas, aquelas diferenças da vida não fez a menor diferença para o animal. Junior amou Ninomiya Kazunari no exato momento em que o viu de avental na sala da família Ohno.

Durante anos acompanhou aquela relação, torcendo para que o dono e o rapaz acertassem-se logo, pois desejava morar junto a Nino. Quando isso aconteceu, ele sentiu-se grato. Kazu, afinal, era o que ele sempre havia sonhado.

Desde então, foi feliz. De dia, Nino acordava e lhe servia uma ração gostosa. Depois, ambos caminhavam juntos pela área restrita do condomínio. Quando tinha alguma folga, Nino sentava-se no sofá e deixava com que Junior repousasse a cabeça em seu colo.

Dizem que a vida passa mais rápido quando somos felizes. Talvez, por isso, os anos que morou ao lado de Nino, sentindo seu toque em sua face, e seus beijos no focinho molhado, passaram-se como nuvens em um céu de ventania.

Um dia Junior sentiu-o doente. Os dias o provaram que estava certo. Seu Nino perdia peso na mesma intensidade com que as brigas com seu dono Ohno Satoshi aumentaram de proporção. Não queria perder ambos, então sentiu medo. Não era mais as noites frias e os dias sem comida que o preocupavam. Não poderia mais viver sem Nino...

Então, numa noite calorosa, sentiu que o dono estava febril. Tentou chamar sua atenção, querendo que o mesmo buscasse ajuda, mas Kazunari não parecia perceber seu próprio estado. Ohno chegou, e pela velocidade do ar que saia de seus pulmões, Junior soube que ele brigava com Nino mais uma vez.

Sentiu raiva de Satoshi. Quando viu o mais velho saindo de casa, batendo a porta, se desesperou. No quanto, numa agonia sem fim, seu Nino parecia definhar. Junior sabia que o dono poderia morrer, então começou a atirar-se contra a porta de saída, tentando chamar a atenção de qualquer um que cruzasse pelo corredor. Mas, os minutos se passaram e ninguém voltava. Sem alternativas, voltou ao quarto e deitou ao lado da cama.

Sentiu os dedos magros de Nino repousarem sobre sua cabeça, e o cachorro gemeu baixinho.

De repente, o chão vibrou. Correu até a porta e latiu quando a mesma se abriu. Era Jun, amigo dos seus donos.

***

Junior sentiu muita falta de Nino durante o tempo que o mesmo estava no hospital. Mas, de alguma forma sabia que seu amado dono estava se recuperando de sua doença. Ficava feliz por ele, e torcia por seu rápido restabelecimento. Praticamente, nos mesmos dias, começou a sentir dores no estômago e nas pernas. Não queria preocupar Ohno, tão ocupado em reviver seu relacionamento com Nino, e muito menos ao anjo Masaki, que sempre o levava para caminhar.

Então, apenas fingia cansaço. Estava velho, afinal. Aos doze anos, sentia a vida esvair-se de seu corpo da mesma forma que o brilho abandonava seus pelos.

Numa manhã, a porta abriu-se como sempre. Pensou que fosse Masaki, mas era Audrey.

-Hoje tenho que cuidar de você e de Shipou – ela explicou, enquanto colocava sua coleira. - Então, vamos para o sítio do tio Aiba.

O cão gostava dela, apesar do começo desastroso em que ele devorara-lhe um sapato caro. A culpa não era dele, afinal. Foi ela que provocou dor em Satoshi, e ele defenderia seu dono da forma que pudesse.

Já haviam chegado no sítio há dez minutos quando Junior sentiu um cheiro muito especial vindo de um cercado.

-Nem pense nisso – Audrey balançava as mãos, como se estivesse-lhe negando um doce. - Masaki me mataria!

Bom, ele era surdo, de qualquer forma. Não podiam dizer que estava desobedecendo uma ordem expressa, né? Sequer sabia o que Morgan havia falado...

***

O dia que Nino voltou para casa foi o mais feliz da sua vida. O moreno continuava magro, mas havia vida em seus olhos, algo que tinha desaparecido a algum tempo.

-Junior, eu senti tanta a sua falta...

O cão lambeu o rosto do dono, e deixou que o mesmo brincasse com suas orelhas, da mesma forma que sua mãe fazia.

Mas, Ohno logo roubou Nino dele. O cão, claro, não se importou. Estava feliz. Estava tudo em paz agora...

***

-Abra essa maldita boca, e se explique!

O ar forte, expelido com intenso odio pelos lábios tão lindos e delicados do pai Nino fizeram com que o cachorro voltasse em direção ao outro dono, esperando que o mesmo tivesse boas desculpas pelo que for que tivesse aprontado.

O cachorro não sabia os porquês, mas era claro que Kazunari estava com muito odio de Ohno. O que o mais velho havia feito? Esperava que aquela triste cena terminasse logo, pois odiava que os dois brigassem. Sempre após as brigas, vinham as lágrimas, e Nino chorar era o mesmo que cortar seu coração.

A cena que decorreu durou alguns minutos. O cachorro viu Ohno se aproximar de Nino várias vezes, mas sentiu que a raiva de Nino não findava. Então, depois disso, Ohno se aproximou dele e colocou em si a coleira.

Iriam embora?

Não! Ele não queria se afastar de Nino. Seu Nino... o mesmo Nino que o abraçava com força, que o tratava como alguém especial, como um filho, um parente.

Tentou puxar a guia, mas a mão de Ohno estava firme. Junior voltou-se para Kazunari e o viu, de olhos arregalados, também desesperado em não perdê-lo.

Quem lamberia as lágrimas de Nino agora? Quem estaria ao seu lado, dando-lhe o peitoral para o rapaz frágil chorar? E Kazunari sequer estava curado! E se ficasse doente novamente? E se... e se...

Então sentiu a coleira sendo frouxada. Voltou os olhos para o pai Ohno e o viu chorando. Naquele momento, percebeu que era amado também pelo loiro, que estava deixando-o para trás por pura abnegação.

Correu como um louco até Nino, que curvou-se à ele assim que o teve aos pés.

Não importava mais nada... estavam juntos.

***

O dia seguinte a ida de Ohno fez Junior olhar apreensivo para o dono que acabara de acordar. Como esperava, Nino chorou assim que abriu os olhos. Mas, o cão estava lá, e ajudaria-o da forma que pudesse.

Junior ficou a entrada da porta do banheiro, observando seu pai tomar banho. Surpreso, viu-o sorrindo otimista tão logo se secou.

-O que você acha? Será que ela falaria comigo dessa vez?

Demorou um pouco para Junior perceber que Nino iria ver a mãe. Ficou feliz. Lembrou-se de sua própria mãe, tão linda e quente, que costumava lamber-lhe as orelhas. Tal qual fosse a dor de Nino, ela seria curada pela lambida de sua mãe, tinha certeza.

Nino cantarolou no carro, e Junior pensou que o recomeço iria lhe fazer bem. Claro, desejava ardentemente que Ohno logo voltasse para casa. Mas, sabia que nesse momento, Nino precisava esquecer a raiva antes de reatar com o ex namorado.

Quando Kazunari estacionou diante de um enorme prédio, viu os olhos brilharem. O dono sorriu para ele, dirigiu-lhe algumas palavras e estendeu-lhe um osso de brinquedo.

E então o deixou.

Junior abanou o rabo pensando no quanto Nino estaria feliz. Com certeza a mãe de Nino também era quente, e tiraria o frio da alma do seu amo.

Mas, cerca de quinze minutos depois, Nino voltava. Os ombros caídos, o choro que não conseguia ser contido. Junior observava tudo sem saber exatamente como agir. O que havia acontecido, afinal? Também haviam afastado Nino de sua mãe, assim como fizeram a ele tantos anos atrás?

-Acho que estou ficando velho e sensível demais. Não costumava doer tanto.

Junior sentia a dor. Sabia o quanto era triste, nada poderia se comparar aquilo. Recordou dos olhos negros da própria mãe, e da forma como ela o amparava e cuidava dele.

Aproximou-se de Nino e secou suas lágrimas com sua enorme língua. Talvez, sua saliva também tinha o poder de curar a dor, assim como a saliva de sua genitora.

***

Um mês se passou. No entanto, as lágrimas dos primeiros dias eram uma constante dentro daquele apartamento. Junior costumava se sentar ao lado de Nino no sofá. Na televisão, os programas de comédia não surtiam o menor efeito. Nino chorava assistindo pautas que faziam todas as demais pessoas do país gargalharem, e escondia seu rosto no pescoço do cão mesmo assim que via qualquer novela com alguma história de amor.

E comia pouco. A cada dia, menos. O peso voltou a cair. Junior observava apreensivo o rosto preocupado de Kazunari cada vez que o dono subia em cima de uma pequena balança no banheiro. Era verdade que Ninomiya se esforçava para comer, mas a comida parecia ter perdido o sabor.

O anjo Masaki e a mulher Audrey vinham com frequencia no apartamento, e preparavam comidas que cheiravam bem. Nino comia a tudo, mas assim que os dois iam embora, ele corria ao banheiro e despejava tudo que tinha dentro do estômago na privada.

***

Numa tarde de folga, o chão vibrou perto da porta. Junior correu até ela, e logo o seu dono estava atrás de si. A pessoa que chegava pareceu incomodada com o tamanho do animal, entregou um pacote a Nino, e foi embora.

O cão observou o dono rir assim que o mesmo viu o que tinha dentro do pacote. Era um script. Nino voltaria a atuar e, se Kami-sama assim permitisse, a vida também iria retornar aos seus lindos olhos negros.

Quinze minutos depois, o dono se sentava no sofá afim de atar o cadarço do tênis caro.

-Vou me reunir com a equipe de "Thorns", mas volto em uma hora – Nino disse, como se o cão fosse capaz de ouvi-lo. – Tio Jun vai jantar conosco, então nessa noite vou te deixar comer o spaguetti que ele vai preparar!

Junior abanou o rabo. Nino não estava feliz, mas ao menos estava mais tranquilo. O cão acompanhou o dono até a porta, como sempre fazia, e recebeu um agrado na cabeça antes da porta se fechar.

Estava sozinho novamente. Ele gostava daquela tranquilidade. Sua vida havia sido o completo silêncio, mas não podia reclamar. Existia Nino, e isso bastava.

O chão vibrou novamente. Pensou que talvez o dono estivesse voltando, mas a sensação não vinha da porta que Nino costumava usar, e sim da porta de serviço, utilizada semanalmente por uma senhora de idade, que vinha limpar a casa.

A mulher costumava sempre lhe trazer balas. Nino nunca o deixou comer doces, mas Ohno dava-lhe as guloseimas escondido. A mulher também, e por isso gostava dela. Correu até a porta, mas não era o cheiro dela que provinha da porta que dava acesso a cozinha. Quando a mesma se abriu, ele reconheceu o rosto de um rapaz jovem, que havia vindo visitar seu pai Ohno certa vez, e que também havia causado pânico em Ninomiya na praia.

Rangeu os dentes. Sabia, de alguma forma, que aquele rapaz não era bem vindo na casa.

-Calma, calma – Chinen sorriu. – Vim lhe trazer um presente e você me trata assim?

Junior o encarou surpreso. Nas mãos de Chinen, um tipo enorme de linguiça crua, saborosa, apetitosa e cheirosa o provocava. O instinto foi mais forte que a desconfiança e logo o cão sacudia a enorme cauda.

-Está com fome? - Yuuri o provocou.

Kazunari só o deixava comer comida de gente em momentos especiais. "A ração é melhor pra sua saúde", dizia-lhe. Mas, a ração enjoava e a carne parecia ser feita para ser degustada por seus enormes dentes.

Subitamente, Chinen colocou o pedaço no chão. Junior se aproximou cuidadoso. E então Yuuri saiu por onde entrou. Junior ainda escarou a carne por alguns segundos. Nino costumava ficar furioso se o cachorro comia algo que caía no chão. Mas, Nino não estava agora, certo?



***

Nino saiu do carro carregando enormes sacolas. Estava com saudade do tempeiro de Jun. Adorava a comida do caçula do Arashi, mas não podia de forma alguma contar isso pra ele. Matsumoto já era arrogante ao extremo, não precisava de mais esse carinho no ego.

O elevador estava parado no subsolo, o que facilitou o tempo de espera de Nino. Estava com pressa. Queria terminar de ler o texto do primeiro episódio da sua nova novela. Sorriu ao pensar que um novo trabalho era tudo que necessitava para recomeçar. Dedicar-se-ia totalmente a seu novo personagem. Uma pena que o seu par romantico, o ator Nowaki Isaka, ainda não havia retornado ao Japão. Nino sentia-se ansioso para trabalhar com ele.

Constrangido, pensou que não havia nenhum outro ator no Japão do seu nível. Costumava apagar a todos do elenco com suas atuações, e seria bom ter um rival a sua altura, num papel tão polêmico quanto o seu.

Balançando a cabeça, afastou os pensamentos. Essa noite era de Matsumoto Jun, e ele dedicaria ao amigo toda a sua atenção.

Ao abrir a porta do apartamento, a primeira coisa que estranhou foi a ausência de Junior. Onde estaria o cão?

Como não adiantava chamá-lo, Nino caminhou em direção a sala. Nada. Largando as compras em cima do sofá, foi até o quarto. O velho cachorro as vezes adormecia na sua cama. Mas, não havia nenhuma presença lá.

Já estava começando a ficar preocupado quando avistou um corpo grande e peludo deitado no chão da cozinha. Sorriu.

-Garoto, não faça mais isso! Quase me matou do coração! - brincou, aproximando-se da enorme bola de pelos.

Mas, o cão parecia não sentir seu cheiro, pois não ergueu a face em sua direção.

-Ei, Junior – baixou-se ao lado do cachorro.

A barriga movia-se freneticamente para cima e para baixo, como se o cachorro sentisse dificuldade para respirar. Assim que Nino postou-se ao seu lado, ele gemeu baixo, como se uma dor forte o tomasse.

-Junior, o que foi?

O cachorro abriu os olhos, erguendo a face em direção ao dono. O brilho emocionado e leal que ele costumava transmitir a Kazunari não estava mais lá. Tremendo, Nino começou a sentir o ar escapar de seus pulmões e um pânico enorme tomar-lhe.

-O que aconteceu, Junior?

O cão deitou novamente a cabeça no chão, como se não tivesse mais forças. Kazunari permaneceu alguns segundos completamente chocado com a cena. De repente, começou a chorar.

-Ei garoto, não tenho mais ninguém... não faça isso comigo...

Ele também fazia Nino chorar? Junior nunca quis isso. Sempre pensou que seu objetivo de vida era causar sorrisos naquele a quem amava...

O celular tocou, mas Nino o ignorou. Tinha problemas mais urgentes agora. Pegou Junior no colo, algo bastante dificil devido ao peso do animal. Mas, Ninomiya pareceu adquirir forças, e não hesitou em nenhum momento.

Na garagem, acomodou o corpo de Junior no banco traseiro. Secou as lágrimas com o braço direito e correu até o banco do motorista. Dirigiu naquele final de tarde como um louco, quase cego pela cascata que derramava de seus olhos. Logo estava em frente a clínica onde o veterinário de Junior o atendia.

Os dois assistentes do veterinário levaram Junior para dentro de uma sala clara, e Nino ficou sentado em uma cadeira na recepção.

Devia ser um pesadelo... claro que era! Por que, naquela noite em que estava tão otimista, em que teria um jantar com Jun, que voltava a sentir esperanças pelo seu novo trabalho, tinha que ocorrer algo do tipo? Ele não tinha mais nada, nem mais ninguém. Só Junior. O que faria caso o cão viesse a morrer?

Afastou os pensamentos pessimistas, Junior estava velho, é claro que ficaria doente. Mas, com certeza o veterinário teria a solução.

-Aguente firme – Nino pediu, baixinho.

O tempo passou. O celular tocou cerca de dez vezes naquela primeira hora, mas Nino não conseguia ter forças para atender a ninguém. Ignorava o olhar das demais pessoas, ignorava o som alto que escapava do seu telefone, ignorava o mundo todo. Tudo que pensava estava concentrado na sala ao lado.

-Senhor Ninomiya? - uma assistente jovem o chamou.

Kazunari seguiu a mulher até uma sala. Numa mesa alta, Junior estava deitado. Os olhos abertos, o mesmo som doloroso escapando de sua boca.

Nino aproximou-se da cama e acariciou o focinho do seu amigo. As lágrimas voltaram, e ele não tentou escondê-las do veterinário. Estava preocupado demais para importar-se com seu orgulho.

-Senhor Ninomiya, as paredes do estômago do seu cão estão machucadas. Tentamos fazer uma intervenção com um tubo, mas não foi possivel. Infelizmente, uma cirurgia na idade de Junior será apenas para prolongar a dor, pois não será possivel tirar os cacos de vidro que já estão alojados no intestinos.

Nino encarou o médico chocado. Cacos de vidro? Paredes de intestino? Estômago machucado?

-Não entendo... - sussurrou.

-Infelizmente, preciso dizer que o melhor para acabar com o sofrimento dele, será colocá-lo para dormir.

Colocar pra dormir? Nino piscou várias vezes. Matar Junior? Eutánasia? Não!

-Ele está sofrendo muito, senhor Ninomiya – o médico explicou, percebendo sua hesitação. – O cão comeu vidro moído misturado com carne.

-Junior não come carne! - Nino quase gritou. - Ele só come ração!

-Infelizmente, existe bolas de carne e muito vidro moído no estômago dele. Os cacos perfuraram as paredes do estômago, ele está com sangramento interno. O mediquei para aliviar a dor, mas ele não vai aguentar muito tempo...

-Está querendo me dizer que alguém...

-Não lido com suposições – o médico foi claro. - Infelizmente, como o senhor não permite que ele coma carne, alguém deu a ele carne crua misturada a vidro.

Isso não podia estar acontecendo. Nino curvou-se perante o corpo do cachorro e chorou, a cabeça colada na testa do animal.

-Vou lhe dar alguns minutos para decidir. Mas, saiba que quanto mais demorar, mais dor ele vai sentir.

O veterinário saiu da sala, deixando-os sozinhos. Nino sabia o que era certo, mas não tinha coragem para dar esse passo. Como iria reagir a vida sozinho? Junior era tudo que lhe restava.

Sempre gostou de cães, mas nunca pôde ter um. Não tinha intimidade o suficiente com os pais para pedir um animal quando criança, e a vida ocupada o fez colocar os planos de ter um cão para o fundo da sua mente carente. E então veio Ohno com Junior, e ele enfim soube a sensação de ser amado de uma forma única. Todo o amor que os pais o negaram, ele recebeu daquele enorme cachorro que ninguém queria.

-Ei Junior – chamou, a voz embargada. – Você foi a melhor coisa da minha vida, sabia? Nada no mundo poderia se comparar ao seu amor. Você foi o unico que notou quando fiquei doente, o unico que nunca ligou se eu não estava mais tão bonito, nem se eu não conseguia me sair bem em algum trabalho. Você foi o unico que me amou pelo que sou, de forma incondicional... e eu trocaria tudo que tenho para ficar com você para sempre.

O cão moveu a cabeça, o olhar agora também lacrimejava. Junior sabia que iria morrer? Sabia que nunca mais receberia afagos nas orelhas de Nino, ou que dormiria aos pés do dono, sendo aquecido da mesma forma que sua mãe fazia?

Era a segunda vez na vida que perderia a quem amava. Primeiro a maezinha de olhos negros, e pele quente. Agora, seu amado Kazunari... E Nino precisava tanto dele. Quem faria companhia a Nino quando chorasse a noite? Quem lamberia suas lágrimas e deixaria claro ao outro que não estava sozinho?

-Obrigado por ter ficado comigo – Nino molhava a face do cachorro com as proprias lágrimas. – Eu nunca vou esquecer você...

Os soluços foram abafados pela boca colada do pescoço do cachorro. Nino chorou por Junior e por si mesmo. Queria ser egoísta, levantar o cachorro daquela mesa e o levar pra casa. Mas, o amor era mais alto que sua vontade própria.

-Senhor Ninomiya? - a voz do veterinário o fez erguer o olhar.

Nino assentiu com a face. Foi forte, e ficou lá durante todo o procedimento. Todavia, não olhou. Seus olhos ficaram fixos no cachorro a quem amava de forma demasiada. Quando o médico cravou a agulha com o líquido claro na barriga do animal, ele sentiu a respiração de Junior ir acalmando, até desaparecer totalmente.

Quando o cão fechou os olhos, Nino mordeu o lábio tentando impedir um grito sufocado. Era o fim de tudo, não havia mais nada, o vazio agora era completo.

Como um zumbi, ele assinou as notas para a cremação de Junior e pagou as despesas da clínica. Nada via atrás dos olhos mortificados. Seus passos o levaram ao carro, e o carro o levou até a ponte sobre a baía de Tóquio.

Estacionou o carro um pouco antes da ponte, e desceu. Caminhou a passos lentos pelo corredor de pedestre, e aproximou-se do corrimão. E foi lá, com os olhos fixos na água turbulenta e gelada, que ele decidiu pular.

Não havia mais motivos para viver. Para que deixar os dias continuando a decorrer, sem ter quaiquer esperança de um futuro melhor? Desde o começo, seu nascimento foi um erro. Nasceu homem, mas não se sentia totalmente assim. Foi odiado pelos pais, e traído por Satoshi. E, a única coisa que possuía havia desaparecido como as folhas das copas das árvores no outono.

Ergueu um dos pés, colocando-o sobre uma leve elevação que havia no corrimão. O vento forte quase o derrubou para trás, mas ele segurou firme os canos de ferro. Naquele exato momento seu celular tocou mais uma vez. Havia ignorado as ligações a noite inteira, e pensou que devia fazer o mesmo novamente, mas o desejo de ouvir pela última vez qualquer voz que pudesse estar lhe chamando o fez voltar as mãos para o bolso da calça.

-Alô – sussurrou.

-Por Deus Nino! – Era Masaki. – Estamos procurando você há horas! Jun foi até seu apartamento, mas ninguém o viu saindo. Por que não atendia as ligações? Sho e Ohno estão virando a cidade de carro, Jun foi até a casa da sua mãe, Audrey está percorrendo todos os bares do centro, e eu estou no estúdio para...

-Junior morreu – Nino o interrompeu. – Alguém deu... – soluçou – vidro...

-Nino, o que está dizendo? – Aiba parecia preocupado. – Como assim Nino?

-Mataram o meu cachorro, Aiba-chan – O choro interrompeu o relato. Nino deixou-se soluçar e Masaki somente o ouvia, incapaz de poder falar. – Por que me odeiam tanto? Me tiraram tudo que eu tinha...

-Nino...

-Eu não aguento mais, Aiba-chan...

Masaki sentiu as lágrimas descendo por sua face. Entretanto, as conteve.

-Nino, onde você está?

A resposta demorou um pouco para ser dita.

-Estou na ponte da baía de Tóquio...

Mais silêncio. Masaki sentiu o corpo inteiro se arrepiar.

-O que você está fazendo aí?

Ao longe, uma embarcação pequena se aproximava da margem. Kazunari observava a cena com uma impessoal admiração. Parecia tudo tão pequeno naquele ambiente magistral.

-Nino?

Kazunari buscou o ar. O choro não o permitia falar.

-Então é assim, Nino? – A voz de Aiba demonstrava sua revolta. – Sua vida se resume a sua mãe, Ohno e Junior? Esqueceu totalmente de mim? Não se importa com mais nada? Como achas que vou conseguir suportar meus dias longe de você? Egoísta, desgraçado! – gritou.

-Aiba-chan...

-Eu também estou sofrendo! Também estou longe de meus pais, e sem Sho. Mas, existia um sentimento em mim de que você não me abandonaria, de que eu era importante pra você...

-Eu te amo, Aiba-chan...

-Se é verdade, você vai entrar no seu carro, e vir até seu apartamento. Estarei te esperando, Nino. Mas, só vou esperar meia hora. Se você não aparecer, pode se suicidar se desejar. Porque para mim, tanto faz! Estará morto de qualquer maneira!

***

Masaki deixou que Ninomiya recolhesse os pertences de Junior sozinho. De pé, parado no meio da sala, ele viu o amigo com uma caixa na mão a guardar a almofada, o osso de brinquedo e as vasilhas do cachorro. A tarefa precisava ser feita por Nino, era um direito seu essa despedida.

Aiba nem tentou esconder o choro ao saber do ocorrido. Mas, nada o machucava mais do que fez a desesperança nos olhos triste de Kazu. Até quando Nino sofreria tanto? Por que aquela tristeza era sem fim?

-Quem poderia ter feito isso? – questionou, pela terceira vez naquela noite.

-Alguém que queria me destruir, me machucar – Kazunari respondeu. – E alguém que tinha acesso a minha casa.

-O porteiro disse que não viu nada de estranho.

-Ele me disse isso também.

Nino pousou a caixa em cima da mesa de centro da sala. Seus olhos voltaram-se para o amigo loiro.

-O que vai ser de mim agora, Aiba-chan?

-Eu estou aqui Nino...

Meia hora depois, Nino deitava na cama abraçado fortemente ao melhor amigo. Aiba acariciou seus cabelos com o mesmo carinho que o fez quando Nino havia sido expulso de casa anos antes. E naquele balanço suave, Kazunari dormiu como há dias não fazia.

O moreno não percebeu sequer o balanço na cama quando mais três corpos se juntavam a ele. Ohno abraçou fortemente sua cintura, Sho, que postou-se atrás de Aiba, acariciava seu rosto, e Jun massageou seus pés.

Junior podia ir em paz... Nino era amado, mesmo que não soubesse disso.

Continua...
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptySeg Jun 06, 2011 11:53 pm

NAAAAAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!
JUNIORRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR!!!!!!!!!!!!!!!!!!
SABIA DESDE QUE O VIADO DESGRAÇADO DO CHINNEN VIU O JUNIOR QUE ELE IA FAZER ALGUM MAL E ELE!!!!!!!!!!!!! VIADO MAL AMADO DESGRAÇADO!!!!!!!!!!!!!!!!!!
AI O JUNIOR, QUE MALDADE, TOMARA QUE O CHINNEN SOFRA BEEEEEM MUITO POR CAUSA DISSO!!!!!!!!
AI CONFESSO QUE CHOREI E TO CHOCADA, SO CRIEI CORAGEM PRA LER O CAP HJ

nao aguento ver o meu casal favorito- sakuraiba forever- separado nao , to triste por eles!!!!!
ai to com medo agora e ansiosa demais
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyTer Jun 07, 2011 12:35 am

NAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!
JUNIOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORRRRR!!!!!!!!
mto triste isso
eu chorei TToTT
Chinen desgraçado, FDP!!!!!!!!!!!!!!!!
por que???? por que???? por queeeeeeeee??????
quero so ver o que farao qdo descobrirem
seu maldito Chinen!!!!!
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptyTer Jun 07, 2011 4:52 pm

AHHH meninas, no fundo eu sabia que todos ficariam tristes, mesmo que quem não morresse fosse um dos membros. Junior foi um personagem que TODOS amavam profundamente. Ficara para sempre na historia dos meus livros...
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MensagemAssunto: Re: [COMPLETA] Redenção   [COMPLETA] Redenção - Página 6 EmptySeg Jun 13, 2011 5:28 pm

Redenção

 Capítulo 29

 Por Josiane Veiga

 

A mão caiu ao lado da cama. O ato foi instintivo. Conforme ia acordando, Kazunari habitualmente levava o braço para a esquerda, a procura do cão que costumava dormir ali. Os pelos macios eram a primeira sensação do seu dia, e ele amava isso. Logo depois, Junior lambia seus dedos e então Nino acordava feliz, pronto para os desafios diários.

Mas, a ausência do corpo naquele lugar eram a prova definitiva que o pesadelo da noite anterior havia sido real. Sua cabeça começou a doer de forma insuportavel, e ele gemeu, baixo. Logo, as mãos firmes e tão conhecidas de Ohno o prensavam na cintura. De forma leve, Nino sentiu todo o seu corpo sendo puxado contra o do ex namorado, suas costas praticamente coladas no peito do outro.

Os lábios leves e deliciosos de Satoshi deslizaram por sua nuca, num carinho consolador. Os olhos de Nino enublaram-se de lágrimas, e ele mordeu o lábio inferior com força, para impedir-se de soluçar.

As vozes de Jun, Aiba e Sho na cozinha fez Ninomiya perceber que os amigos também haviam passado a noite no seu apartamento. Quando deitou-se a noite, só Masaki estava ali... não havia notado os outros chegarem.

Pensou que devia ir até a cozinha, pedir para que todos fossem embora. Tudo que queria era ficar sozinho, mas, as mãos quentes de Ohno na sua barriga eram tão... atenuantes. Queria tanto ser amado, queria tanto sentir novamente a sensação de que não estava só... mas, Junior havia ido embora. Todo o resto, era apenas uma representação.

Sabia que estava sendo injusto com Aiba, Jun e Sho; entretanto, a respiração pesada de Ohno na sua nuca o tirou dos pensamentos racionais. Aquele carinho, num misto de conforto e paixão, era falso, fruto de mais uma das interpretações de Ohno naqueles anos todos.

-Chega, Oh-chan – disse, firme.

Logo empurrou o outro, e ergueu-se.

O olhar pasmo de Satoshi o encontrou. O Riida estava sem camisa, vestido apenas com uma calça jeans velha. Seu olhar demonstrava que também havia acabado de acordar.

-O que está fazendo aqui? – Nino indagou, firme.

-Kazu...

-Saía da minha cama – ordenou.

Sentia o corpo tremer. Era raiva? Ressentimento? Não conseguia identificar seus próprios sentimentos. Tudo que reconhecia era a dor, pungente e agoniante, corroendo-o.

-Não vou embora, Kazu – Ohno avisou, procurando a camiseta atirada no chão. – Vou ficar com você, Nino. Eu também amava Junior! Sei que está sofrendo, também estou! E...

-Você está sofrendo? – A boca de Nino abriu-se, um riso irônico escapando dos lábios, contradizendo os olhos que não mais continham as lágrimas. – Não ligo a mínima pro seu sofrimento!

-É mentira – confrontou-o.

-Quero que vá embora da minha casa! – Nino repetiu. – Não quero vê-lo nunca mais!

-Não desconte em mim sua dor, Nino...

O tom da voz de Ohno era compreensivo, delicado e doce. Ohno agia como se estivesse diante de um doente mental que necessitava de paciência. E foi isso que tirou o resto de sanidade de Kazunari.

-Eu mandei você ir embora! – gritou, perdendo o controle. – Suma da minha vida! Vá ser feliz, curtir sua saúde, seu sucesso, sua família, sua mãe! Vá sair com garotos jovens, cheios de energia. Aproveite o mar, o dinheiro, a sua beleza! - avançou, empurrando Ohno em direção a porta. - E me deixe em paz!

-Pare, Nino! – Ohno tentou segurar suas mãos.

Mas, Kazunari não parecia mais raciocinar. Ele tentava lhe agredir com os punhos, e com pontapés. No entanto, estava tão magro, tão sem força, que tudo que conseguia era ser seguro firmemente por Satoshi.

Logo os três amigos que estavam na cozinha entraram no quarto. Sho postou-se atrás de Nino, segurando-o nos braços e o puxando para trás. Não foi nada dificil. Pela primeira vez em anos, Sakurai notou o estado do amigo. Mesmo no hospital, ainda não tinha percebido o quanto Nino tinha perdido peso. Mas, agora, erguendo aquele corpo que pesava tanto quanto uma criança, e observando os olhos repletos de olheiras negras e lágrimas grossas, entendeu o real estado do amigo.

-Daijobu... – sussurrou, beijando delicadamente a têmpora de Kazunari.

Masaki também se aproximou. Sakurai e Aiba então expremeram Nino num abraçado forte, que mais tentava dar-lhe forças do que impedi-lo de avançar contra Ohno.

Jun, ao lado de Satoshi, observava a tudo chocado. No último mês, Nino havia perdido o pouco peso que recuperara no hospital, mas mesmo assim, ainda tentava sorrir e ser otimista. Agora, com a perda do cachorro, seu estado apático causou-lhe confusão.

Matsumoto então voltou os olhos para Satoshi. O líder da banda estava nervoso, choramingando. Jun quis sentir piedade, pensando que devesse erguer a mão e pousá-la no ombro do amigo. Mas, não o fez. Tudo que acontecia agora era culpa de Ohno. Não fora ele, afinal, que tivera um caso com Chinen? Jun lembrou-se do garoto o interceptando no camarim, e contando-lhe que estava com Ohno...

Jun respirou fundo, tentando não deixar sua raiva ser mais forte que sua amizade. Era claro que Ohno e Nino estavam em crise, devia ampará-los e não colocar ainda mais inimizade entre os dois.

-Quero que vão embora – Nino murmurou, em lágrimas. – Todos... vão embora...

Masaki negou com a face, enquanto Sho afundou o rosto na nuca de Nino. Mas, Jun parecia mais compreensivo.

-Aiba-chan – chamou.

O loiro virou-se para o caçula da banda.

-Sho tem um compromisso de agenda, hoje – contou. – Por favor, leve Oh-chan para casa – pediu.

Masaki balançou a cabeça novamente, recusando-se.

-Eu vou ficar com Nino – Jun explicou, deixando claro que não aceitaria retruco.

Poucos minutos depois, o silêncio voltou a reinar dentro do apartamento. As cortinas que haviam sido abertas de manhã por Masaki, foram novamente fechadas, dessa vez por Nino. A escuridão reinou dentro do apartamento.

Jun ficou num canto, observando as reações de Ninomiya, chocado. Nino andava de um lado para o outro, completamente desnorteado. Toda a comida do apartamento foi colocada dentro de sacos pretos e, ao indagar a Nino os motivos daquilo, a voz fraca o explicou:

-Outras pessoas vão aproveitar mais isso. Vou doar para algum asilo...

As estantes foram limpas de qualquer fotografia de Satoshi. Lá, ficou agora apenas as fotografias de Junior e um ou outro livro.

Os sacos negros começaram a se amontoar próximo a porta de serviço. Não somente a comida e os porta retratos agora preenchiam-os, mas também roupas e papéis antigos.

-São suas poesias – Jun pareceu espantado quando percebeu o que Nino estava jogando fora.

-São poesias de outra pessoa.

Um outro Nino, um outro alguém.

Quando uma hora se passou da saída dos amigos da casa, Jun decidiu que não mais poderia ficar passivo assistindo aquilo tudo. Quando Nino foi até o banheiro para tomar banho, Matsumoto o seguiu.

-Nino – chamou, calmo, como se temesse despertar-lhe raiva. – Quando você tem consulta com seu médico novamente?

Nino sorriu ao responder. O rapaz parecia não notar a preocupação nos olhos de Jun.

-Semana que vem. Mas, não vou mais – contou. – Eu já estou bem.

Ninomiya começou a arrancar a roupa. Diante do olhar assombrado de Jun, ele tirou a camisa, e a calça. Suas pernas pareciam dois pedaços circulares de madeira, e os ossos do tórax estavam visiveis. Ele estava horrível, sem qualquer forma, uma aurea negra de sofrimento o cobrindo inteiramente.

-Nino...

Matsumoto o puxou, a pele de Kazunari estava fria.

-Eu te amo, Nino – Jun sussurrou. – Eu te amo muito...

-Eu também, Jun-chan...

-Me perdoa... por favor, me perdoe... – sussurrava baixo, os lábios colados nos fios negros.

Matsumoto segurou as mãos do amigo e o levou até o espelho. Colocou Ninomiya diante do reflexo, e então aguardou. Não entendia seus proprios motivos de estar fazendo aquilo, mas desejava que Kazunari recuperasse a razão.

O olhar de Nino ao se ver foi assombrado, como se estivesse se encarando pela primeira vez.

-Eu engordei...  – Ninomiya sussurrou, aflito. – Não sou vaidoso, mas não quero perder o papel...

O restante de sua frase foi interceptada por Jun. O mais novo colou os lábios no amigo, num beijo casto e delicado.

Pouco depois, Matsumoto estava sentado sobre o sofá. A sala, num breu horripilante, parecia mais uma faceta da nova personalidade de Kazunari. O som do chuveiro ao longe era um alento, de certa forma, o antigo Nino estava em algum lugar dentro daquele corpo magro.

-Meu Deus... – gemeu.

O que fariam? Nino parecia um demente. As pessoas depressivas reagiam assim diante de obstaculos? E por que ele jogou toda a comida fora? E seus pertences? Decidido, disse a si mesmo que iria diariamente àquele apartamento. Se o mesmo não tinha comida, ele levaria da sua própria casa, e faria Nino comer nem que fosse forçado!

Subitamente, o telefone tocou. Tremendo, ele atendeu.

-Nino?

Era Audrey.

-Jun – respondeu.

-Como Nino está?

-Ele surtou – foi sincero.

A garota havia ajudado nas buscas. Na noite anterior, também havia ido para o apartamento, mas voltara para o sítio porque alguém necessitava ficar com Shipou. Pela primeira vez naqueles muitos anos, Matsumoto a admirou. Nunca pensou que ela fosse renunciar a vontade de ficar próxima de Kazunari, cedendo o lugar a um dos membros da banda.

Audrey permaneceu em silêncio por alguns minutos, parecendo absorver aquelas palavras.

-Ele tomou café da manhã?

-Está brincando? Não percebe a gravidade do que eu disse?

-Já surtei muitas vezes – ela explicou. - Nino vai se recuperar. Você sabe, não é? Foram as junções de situações que causaram esse surto. Mas, precisamos dar uma esperança para ele, qualquer coisa. Talvez esse novo trabalho...

-Nino coloca toda a sua dor pela família em cima do trabalho desde que era uma criança. Isso tudo só adiou o surto, mas não o evitou.

Ela pareceu pensar um pouco antes de responder.

-Fique calmo. Eu já sei o que fazer...

-Pelos céus, quando você não sabe? – ele gracejou. O coração, por alguns segundos, pareceu até aliviado. Estava ficando igual a Sho Sakurai que a considerava uma salvadora? – Você sempre tem uma saída – completou, disfarçando.

-Dessa vez a saída não foi planejada por mim...

-E foi por quem?

-Por Junior.

***

Nino gemeu quando sentiu a cortina ser aberta. O sol forte adentrou o quarto, e ele reclamou. Haviam se passado três dias desde a morte de Junior, e o rapaz se tornou refém de um mundo de medo e dor. Jun, Sho e Aiba apareciam todos os dias, e Audrey insistia em dormir no apartamento, mais precisadamente no sofá próximo a janela, como se temesse que ele fosse tentar pular de lá durante a madrugada.

-Vão embora! – ele disse, para ninguém em particular, afundando o rosto no travesseiro.

-Trouxe seu café da manhã – a voz feminina avisou.

-Não quero comer – Nino gritou para Audrey, furioso, diante da menção da comida. – Me deixe em paz!

-Megumi Ohno nos contou que tentou subir, mas você disse ao porteiro para impedi-la. – Foi a voz de Aiba que agora o recriminava.

Nino sentiu os olhos umidecerem. Não era justo aceitar o amor de Megumi depois de tudo. Ela tinha o proprio filho, que com certeza lhe traria muitas alegrias. Não precisava perder seu tempo indo ver alguém que perdia uma batalha contra o próprio passado.

-Avisarei a ele para bloquear vocês dois também! – disse alto.

-Como se o porteiro fosse capaz de me impedir – Morgan riu.

Mas, Masaki não achou a menor graça.

-Se fizer isso, Nino – apontou o dedo para o outro –, te levarei a força para o sítio!

Morar naquele lugar afastado da cidade era algo que, com certeza, não atraía Nino nem um pouco.

Kazunari suspirou, fechando os olhos. Estava de bruços, e se recusava a olhar para o rosto dos amigos. Por que ninguém entendia que tudo que desejava era ficar sozinho?

Aiba aguardou que Kazunari falasse algo, mas Nino simplesmente ressonou tranquilo.

-Nino, eu quero te apresentar alguém – Masaki sorriu.

-Não me interessa quem é! – O tom era agressivo. – Quero que o mundo se foda!

Os dedos delicados de Morgan acariciaram seus cabelos. Nino gemeu diante do toque. Gostava de cafunés.

-Tem certeza?

-Sim.

-Mesmo?

-Não quero ver ninguém! – gritou, novamente. – Por que ninguém respeita isso? Por que insistem em tentar me apresentar pessoas, trazerem visitas, ou me levar pra jantar? São cegos? Não percebem que tudo que quero é ficar só?

E desabou a chorar. Estava nervoso. Não somente a menção de visitas o agoniava, mas também o cheiro de café e pães recém assados que vinha da cozinha.

Puxou a coberta por cima da cabeça, destapando os pés. Queria tanto dormir, mas Aiba e Audrey o acordaram totalmente. Sabia que na próxima semana as gravações da novela começariam, e Karin não lhe daria paz. De certa forma, era bom. Quanto mais se ocupasse, menos tempo teria para pensar na sua situação.

Repentinamente, sentiu um molhado nos dedos dos pés. Não era algo muito intenso, mas causou-lhe cócegas. Levemente foi puxando as cobertas, destapando a cabeça, afim de olhar o que era aquilo que lambia seus membros inferiores.

-Junior? – sussurrou diante dos olhos negros do filhote que lhe encarava curioso aos pés da cama.

Na verdade, o animal mais parecia uma miniatura do antigo cão de Kazunari. Os mesmos pêlos castanhos, e os olhos atentos. Mas, a semelhança parava por aí. Junior sempre foi um cão reservado e calmo, enquanto que aquele pequeno filhote latiu em resposta a pergunta de Ninomiya, e também já começava a modiscar o cobertor.

-Lembra que Junior engravidou a minha cadela na época que esteve no hospital? – Aiba questionou, esperançoso ao ver um pequeno brilho nos olhos de Nino.

-É o filho de Junior, Nino – Audrey contou. – Não é um graça?

-É lindo... – Nino concordou.

As cobertas foram puxadas, e ele observou o cãozinho correr em direção a sua barriga.

-Céus, ele é igual ao pai – admirou. – Como se chama?

Masaki sorriu.

-Acho que Junior gostaria que você escolhesse o nome...

Nino segurou o filhote nas mãos, levando-o até o rosto. Aspirou o perfume, uma mistura do sabonete anti-pulgas – que Masaki usava para banhar seus cães – com leite. Beijou o focinho, encantado com aquela criatura tão pequena e tão bonita.

-É meu neto – riu. – Claro que vai se chamar Mago-chan!

Aiba sentou-se na cama, admirando o amigo a brincar com o cachorro. Deixou que ambos se conhecessem um pouco, antes de continuar.

-A cachorra teve 2 crias. Um macho e uma femea. A femea é igual a mãe, mas Mago-chan, como você mesmo pode perceber, nasceu uma cópia fiel do pai. – Tocou os pelos macios do cachorrinho. – Ele já desmamou, e tenho certeza que Junior gostaria que ficasse com você.

Masaki nunca dava seus cães. Ele era completamente obcecado pelos animais, tratando-os como filhos. Nino sabia que aquele ato, de doar o filhote para si, era algo de completa abnegação.

-Leve-o para ver sua mãe e a irmã sempre, ouviu? – o loiro brincou.

Os olhos de Nino voltaram a se encher de lágrimas. No entanto, dessa vez, eram de alegria.

-Obrigado, Aiba-chan...

***

 

/** 

Kazunari entrou sorrindo no camarim. O pequeno Mago estava em suas mãos. Ele não iria deixar o cachorro em casa antes de trocar todas as fechaduras e instalar uma camera de vigilância na cozinha. Nunca mais ninguém iria envenenar um cão seu!

-Olha só, um vovô feliz – Sho gracejou, ao vê-lo rindo.

-Ele não é perfeito?

Sakurai ergueu-se do sofá, e aproximou-se de Nino. Acariciou o filhote e então beijou Kazunari nos lábios.

-Você já tomou café da manhã? – questionou, sério.

Nino respirou fundo, irritado.

-Matsumoto me levou para tomar café da manhã fora – explanou. – E Aiba-chan? – Indagou, pois não via o amigo desde o dia anterior, quando o mesmo fora lhe entregar Mago.

Sho baixou a fronte, constrangido.

-Pediu uma folga para Karin. – O moreno voltou os olhos para Nino. – Vou participar de um especial de noivos hoje, num programa matinal, e Masaki preferiu evitar um encontro com Sayuri.

-Como você pode aceitar se submeter a isso?

Sho deu os ombros.

-Audrey mandou eu ir...

-Ela parece toda certa do que está fazendo, mas até agora não vi resultado nenhum! – Nino ralhou. – Vou perguntar qual seu plano, porque estou me cansando disso tudo!

-Eu confio naquela mente demoníaca – o outro rebateu. – Lembro-me muito bem da sua armação com Melanie Vardin.

-A modelo que fingiu estar grávida de você?

Sho assentiu.

-Morgan sabe o que fazer. E eu preciso confiar nisso, pois Masaki não está disposto a ir contra os pais por causa do nosso relacionamento.

O cachorro começou a latir e Nino o colocou no chão antes de continuar:

-Aiba-chan está sofrendo muito...

-Ele prefere se sacrificar – Sho murmurou.

Naquele momento um produtor apareceu à porta do camarim, chamando Sakurai. O amigo beijou Nino no rosto antes de ir. O camarim só para si era algo raro, e Kazunari decidiu aproveitar melhor o novo "neto" antes de começar a estudar o script do programa que iria participar antes do horário de almoço.

Os ossos de brinquedo que Junior usava ainda estavam no camarim. Aquela sala de tons verde sempre fora uma extensão da casa dos membros do Arashi. O rapaz pegou um dos brinquedos e jogou para Mago.

-Vamos rapaz! – disse. – Pegue!

Entretanto, aparentemente, os sapatos de Jun pareciam mais interessantes.

-Não! – Nino gritou. – Tio Jun não deixa ninguém tocar nesses calçados! Você não pode comê-los, entendeu?

O cachorrinho o olhou curioso antes de afundar os dentes no couro caro.

Nino percebeu enquanto tirava os sapatos do chão e os escondia em cima da mesa, que Mago não seria tão obediente quanto Junior. Mas, ele tinha tempo e paciência para educar aquela miniatura adorável, assim tudo ficaria bem.

-Kazu?

A voz de Satoshi fez com que a concentração de Nino voltasse para a porta. Não havia percebido o ex namorado entrar. Sequer sabia que Ohno tinha compromissos naquele dia. O Riida exigia alguns dias de folga na agenda apertada deles, nunca deixando-se escravizar pela agência.

Nino baixou a face. Estava envergonhado, principalmente depois da última vez que eles se encontraram. Não conseguia se lembrar direito, mas sabia que havia agredido Ohno.

-Como está se sentindo? – Satoshi questionou.

-Bem... – Nino mal podia ouvir sua própria voz. – E você?

-Os meninos me mantiveram informado sobre sua situação nesses dias que a gente não se viu – Ohno contou, ignorando a pergunta de Kazunari. – Eu quis ir até você, mas fiquei preocupado em piorar...

-Me desculpe – Nino o interrompeu. – Pelos tapas, pelos gritos – completou. – Não quero perder sua presença na minha vida, Ohno-san – disse, surpreendendo a si mesmo. – Então, por favor, não se afaste.

Ohno sentiu todo o corpo vibrar, o coração batendo numa velocidade incontrolavel. Desejou correr até Nino, prende-lo nos braços e beijá-lo a exaustão. Mas, tudo que fez foi permanecer em pé, observando Kazunari baixar o corpo até o chão, e erguer de lá um pequeno cachorrinho de pelos marrons, igual a Junior.

-Nosso neto, Oh-chan – Nino riu. – Mago-chan, esse é seu outro avô! - disse ao cão.

-Filho... de Junior? – Indagou, com a voz embargada.

-Sim, o nosso cachorro garanhão! – brincou. – Ele se foi, mas deixou-nos um presente...

Os dedos de Ohno e Nino se tocaram quando Kazunari entregou o animal a Ohno. O olhar de ambos também se cruzou, e por alguns instantes, ficaram se encarando, carinhosamente. Mas, então o cachorrinho gemeu, e Ohno o levou até o rosto, beijando seus pelos macios.

-Ele é lindo...

-Eu disse a mesma coisa quando o vi.

O cachorrinho quase mordeu o nariz de Ohno quando o mesmo foi beijar-lhe o focinho. Os humanos gargalharam com aquilo.

-Ele é meio diferente do pai, psicologicamente.

-Os sapatos de Jun já sabem disso – Nino sussurrou.

Ohno continuou a brincar com Mago, parecendo absorvido por aqueles momentos. Nino observava a tudo, espantado com sua propria calma. Então, assim era o fim de tudo? Terminava-se a mágoa e a raiva, e uma resignação tomava conta?

Nunca mais teria Ohno em seus braços, mas poderia tê-lo como amigo. Faria o impossivel para aceitar Yuuri Chinen e suportaria o ciúme de saber de seu novo relacionamento. A dor poderia nunca passar, mas ele tinha experiência em suportar a dor.

Quando Ohno baixou-se ao chão para libertar o cão para brincar, Nino estendeu a mão a Satoshi.

-Amigos, Oh-chan? - indagou.

Ohno observou os dedos por alguns instantes antes de erguer a própria mão a Nino.

O mais velho segurou a mão magra e a moveu por alguns instantes. Nino sentiu um sentimento enorme de tristeza o tomar, mas ele segurou qualquer demonstração de pesar. Era tudo que teria de Ohno, e aceitaria aquilo de bom grado.

Repentinamente, porém, viu-se sendo puxado com força pelo outro. A boca máscula e dominante de Ohno afundando-se contra seus lábios, a língua vivaz, sedenta, explorando cada recanto de Nino. Zonzo, Kazunari quis reclamar, mas os dedos de Satoshi deslizavam por suas costas, seu bumbum e suas coxas de forma desordenada.

-Amigos uma ova! - Ohno disse com raiva, assim que as bocas se desgrudaram. - Eu fiz uma promessa diante de Junior que iria recuperar sua confiança e seu amor! - Lembrou-o. - E, custe o que custar, você vai voltar pra mim, Nino! Doa a quem doer, antes mesmo do ano se findar, nós vamos voltar a fazer amor na sua cama!

Ohno deu as costas a Nino e, pisando firme, saiu do camarim. Os olhos de Ninomiya, espantados, ainda permaneceram fixos na porta por alguns segundos. Todavia, um latido fraco fez com que o moreno voltasse os olhos para o chão.

Mago o observava curioso, e Nino riu.

-É, eu sei – ele comentou ao cachorro. – Seu avô sempre cumpre as suas promessas.

 











Notas finais do capítulo


Fim.



Nota da autora: Fim????????????? Hahaha... Não! Nada de fim! Agora dou-me as minhas férias para arquitetar bemmmm certinho Remissão, e volto com a história da banda. Também vou "retrabalhar" em Redenção, para que o livro seja lançado de forma acessível (ou quase, já que o nº de páginas ficou muito alto). A capa, aliás, está meia pronta, e ficou LINDAAAA.. de verdade!

Enfim, quero agradecer a TODOS os meus leitores, do OL, do Nyah, do JE Brasil, dos emails, do Live, enfim, a todos. Nunca pensei que Redenção fosse superar Rendição em nº de comentários (tendo em vista que tem a metade dos capítulos, praticamente!) mas superou. E, acredito, Redenção tem muito mais qualidade literária, o que me causa verdadeiro orgulho. Muito obrigada, de verdade, a cada uma de vocês que faz com que eu me sinta verdadeiramente amada e querida. Cada comentário, por mais simples que tenha sido, foi muito importante para o desenvolvimento da obra.

Meu agradecimento especial:

-Junior, obrigada pelo personagem que foi, por ter me trazido lágrimas de todas as formas, por ter aceitado morrer sem reclamar (alguns personagens reclamam comigo, vocês não tem idéia), e por ser eterno!;

-Mago, seja bem vindo!;

-Audrey: Você é meu maior orgulho nessa obra. Te amo para sempre! Estou ansiosa para seu momento DESTRUIR A VIDA DA SAYURI em Remissão. Minha amada louca psicopata, você é O CARA da saga!

...

E é isso gente...

Muitoooooooooooooooooo obrigadaaaaaaaaaaaaaaa de verdade!

Não me abandonem! Aguardem as novidades

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